domingo, 31 de maio de 2020

aepl.estetempo 31.maio.2020

Domingo, 31 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo sétimo dia de quarentena. A meu ver, a nossa sociedade tem vindo a perder a esperança. Como já te disse, o pessimismo está cada vez mais presente, tendo vindo a substituir a esperança.
Sei que pode não parecer, mas a esperança é um dos sentimentos essenciais para a nossa saúde mental. Quando deixamos de a sentir, é como se não tivéssemos motivos para sermos felizes. Acreditar naquilo que sonhamos é crucial para que continuemos a lutar por isso.
Por vezes, parece não haver razões para nos sentirmos esperançosos, porém, há sempre um espaço, ainda que muito pequeno, para ela. Aquele ditado que diz que “a esperança é a última a morrer” pode parecer um cliché, mas é real – enquanto ainda há esperança, os restantes sentimentos positivos (felicidade, amor, etc.) têm um sustento; pelo contrário, se numa má situação da nossa vida não nos mantivermos esperançosos, tudo parece correr pior.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

O verão vai ser mais quente, disseram, e a temperatura tem aumentado cerca de 0,3 graus Celcius por década. À primeira vista parece pouco, mas este crescimento é muito grave para o planeta, para a natureza, para os seres vivos, para os ecossistemas.
As alterações climáticas, até há pouco tempo, foram imensamente faladas e surgiram muitas revoluções e greves em diversos países, incluindo Portugal, para que os governos tomassem medidas. Todas estas manifestações foram incentivadas por uma jovem ativista ambiental sueca, Greta Thunberg. Todo o mundo, ou quase todo, estava unido nesta causa, que nos afeta a todos, e que está a colocar em risco o ambiente, aquático, terrestre ou aéreo, e, por consequência, a vida do ser humano.
Os icebergs estão a derreter, levando à destruição de habitats e à subida do nível do mar, fenómenos extremos como secas, tornados, ondas de calor ou chuvas torrenciais são mais frequentes, contribuindo para a morte de muitos animais e plantas, e os incêndios são mais ferozes, devastando hectares e hectares de floresta. Estes são alguns exemplos de mudanças no nosso planeta. O Homem tem levado a que estes fenómenos ocorram devido, principalmente, à queima de combustíveis fósseis, à desflorestação, à atividade pecuária e à utilização de certos fertilizantes. Ou seja, com a ansia de ter uma maior qualidade de vida, um maior conforto e de evoluir e descobrir sempre mais e mais, nós temos destruído a nossa casa, somos o pior inimigo da natureza e já é um pouco tarde para remediar isto.
Contudo, apesar dos já visíveis impactos destrutivos das alterações climáticas, das previsões nada animadoras e das falhas no combate a esta crise climática por parte dos governadores e comunidades internacionais, limitar o aquecimento global e lutar contra esta emergência deve ser sempre um objetivo de cada um de nós.
“O aquecimento global poderá ser sanado quando, entre outras coisas, houver um crescimento global de mentalidades!”
Marina Peixoto (11ºD)



“Os hábitos são a vitória do tempo sobre a vontade” Michel de Montaigne

  Instante, passado, presente e futuro fundamentados indiretamente numa expressão não popular mas especial no sentido em que a vitória é algo literário e não físico.

O hábito é o regular. Aquilo que fiz ontem, o que faço hoje, o que farei amanhã, talvez até a última ação daquilo a que chamamos caminhada, a que chamamos “vida … implica  passagem do tempo.

Ontem já passou, hoje está a prosseguir… alterações e semelhanças! Sendo a semelhança o esplendor do dia, o mesmo “bom dia”, o mesmo “olá”, o mesmo “aspeto”, não será completamente igual. A alteração de horário, de método ou de espaço de concretização, mostram-nos que o tempo vivido não é exatamente o mesmo, mas tomámo-lo por um hábito.

A importância do ontem ou do anterior é apenas a pequena ação que muda o rumo do estilo de vida, da relação social ou da autoestima muito influenciada pelo que vivemos e com quem vivemos, daí a importância do tempo passado.

  “ (…) a vitória do tempo” como  a vitória da preguiça ,a vitória do vício, a vitória da comida, a vitória da palavra, que por vezes nos levam a ultrapassar o correto ou o incorreto, o  irracional,  o instantâneo não deverão ser encarados como vitórias mas como aprendizagens.

  “ (…) sobre a vontade”, o esquecimento das capacidades humanas ,ultrapassadas por todos nós ora  pelo vício ora  pela ordem natural ora…

  Sem moralidades, o reflexo da vida e da essência humana está , em minha opinião, bem espelhada nas palavras de Michel de Montaigne.

  

João Rodrigues,12.ºB 


Este tempo… dia 79
31.Maio.2020

Neste momento, chove. E a frescura que vem com a chuva como que responde ao nosso apelo de hoje ‘rega a nossa aridez’. E os Domingos voltaram a ter o seu sabor.

Margarida Corsino

sábado, 30 de maio de 2020

aepl.estetempo 30.maio.2020


Sábado, 30 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo sexto dia de quarentena. Sempre achei que o trabalho feito pelos estudantes não é suficientemente valorizado.
Claro que nem todos os estudantes se aplicam da mesma forma, porém, estudar acaba por ser um trabalho, tal como os outros, mas sem remuneração. Muitos dizem que é “a nossa obrigação” estudar, pois estamos a fazê-lo por nós, e não o nego; mesmo assim, ainda que não tenhamos um salário, já estamos a lutar pelo nosso futuro.
Gostava que todos reconhecessem o estudante como alguém que se prepara e esforça para contribuir economicamente para a sociedade, e não como alguém que apenas “cumpre a sua obrigação”. Estudar é tão exaustivo como um longo e cansativo dia de trabalho. E é cada vez mais difícil ter um longo e cansativo dia de trabalho sem um bom desempenho escolar prévio.


Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Ontem, durante cerca de meia hora, ocorreu uma forte tempestade. Foi algo um pouco assustador. O vento estava muito forte, o que levou à queda de ramos e algumas árvores, a temperatura baixou alguns graus, o céu ficou de forma uniforme cinzento, trovejou agressivamente e a chuva caía incontrolavelmente e com força, intercalada com bolas consideravelmente grandes de granizo, levando a que algumas tampas de esgoto saíssem com a força da água e a ruas se inundassem em alguns centímetros. Depois, o céu ficou azul e o sol ainda raiou um pouco como se nada tivesse acontecido.
Hoje voltou a estar um dia quente e abafado. Este clima de verão ajuda-me a concentrar e a manter a minha produtividade elevada, deste modo, dediquei-me a um trabalho de filosofia que já te tenho falado. A parte pior está feita. Já juntei toda a informação necessária de vários documentos e sites e, agora, só falta reduzir tudo perfeita e coerentemente.
“Algumas tempestades chegam apenas para testar a força das nossas raízes!”

Marina Peixoto (11ºD)




Querido diário,

      É interessante como a vida muda. A mudança é algo essencial para nos fazer crescer enquanto pessoas. Nem sempre as pessoas querem mudar, porque se sentem acomodadas e têm medo do que poderá vir, mas a vida é um carrossel que não para de girar e cabe-nos a nós acompanhá-lo.
      Hoje, no momento mais fresco deste presente que nos envolve, encontramo-nos a passar por uma pandemia mundial, a enfrentar medos e inibições que nos levarão ao futuro. Mas, de certa forma, é impossível encarar o presente e desejar o futuro sem que as nossas memórias apelem ao passado. Hoje, temos cuidados e preocupações que há um ano não nos ocorreriam. Este ano foi, sem dúvida, um ano de mudanças: uso de máscara, aulas presenciais em tempo de pandemia, exames especiais, etc.
      Quem poderia imaginar? Tenho a certeza que a criancinha que ia todos os dias para o infantário pintar e a adolescente que tinha acabado de entrar no curso de ciências e tecnologias não tinham a mínima ideia do que viria a acontecer. Mas a vida é assim. A pessoa que somos hoje é um aglomerado de tempos, vivências e desejos que tanto nos prendem ao passado como nos levam ao futuro, tendo sempre em mente que temos uma vida que precisa de ser vivida, no presente.

              Bárbara Fernandes, 12.ºB

sexta-feira, 29 de maio de 2020

aepl.estetempo 29.maio.2020


Sexta-feira, 29 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo quinto dia de quarentena. Tenho-me apercebido que vivemos numa época de falsos moralismos. Hoje em dia, todos transmitem a ideia de que agem segundo o “politicamente correto”, repreendendo e criticando todas as más atitudes que vêem acontecer.
É relativamente fácil (pelo menos para mim) estabelecer um ideal do que seria a forma mais correta de agir face às diversas situações. Por isso, também é fácil transmitir esse ideal, usando-o para repreender aqueles que agem de forma errada; difícil é reconhecer os nossos erros e modificar a nossa mentalidade de forma a usar o ideal que nós próprios criamos. É claro que as atitudes incorretas têm que ser evitadas e que nem sempre os “ideais” que criamos são os mais corretos. O que quero dizer é que criticar algo que nós próprios fazemos é uma forma de hipocrisia: repreender o que está mal é necessário, para tentar ajudar as pessoas a reconhecerem o seu erro, porém, quando nós próprios cometemos exatamente o mesmo erro, é difícil dar o exemplo.
Por esta razão, sempre defendi que é necessário refletir frequentemente sobre as nossas atitudes, para que não caiamos no erro de fazer o que nós próprios criticamos. Viver à base de impulsos, sem pensar naquilo que fazemos e nas suas consequências, dá origem a vários dos problemas morais / éticos da atualidade. Só refletindo é que podemos melhorar o nosso eu e, consequentemente, o mundo ao nosso redor.

Maria João Fontão (11ºC)




28 de maio de 2020

Já não me recordo tão bem da sensação de normalidade. Acordar de manhã, seguir para a escola para um dia de aulas, aprender com gosto, sem a pressão do tempo. Costumava estar este calor que aquecia as minhas manhãs quando eu apenas desejava ir para a escola para estar com os meus amigos e conversar. Mas agora nada é igual... O calor manteve-se, mas tornou-se um desespero que me abafa com a máscara que tenho de colocar à entrada da escola. Esta máscara protege-nos, mas arrancou-nos os nossos sorrisos. Já não vejo expressão na face de quem me rodeia, apenas uma falta de brilho agoniante nos seus olhos, que mostra a tristeza e o desejo de que as coisas voltem ao normal.
Vejo os meus amigos, mas estão mais distantes que nunca, já não me lembro de os abraçar, e sinto falta desse afeto. As longas conversas no intervalo tornaram-se apenas num rápido cumprimento, pois temos de preservar a distância de segurança. Eu sentia-me segura perto dos meus colegas, agora sinto-me sozinha longe deles.
Sinto saudades... Saudades da normalidade que desesperadamente anseio.


Selma Ferreira, 12.ºB



28 de maio de 2020

Vivo o presente sempre com um olho no passado, porque já todos sentimos saudade da “normalidade”. Quem diria que algum dia iria acontecer algo assim?
Aulas com a máscara colocada, apenas 10 alunos e o professor na sala. Nada de grupos de amigos muito próximos, barreiras no exterior dos pavilhões para nos indicarem como devemos circular e não nos chocarmos com outras pessoas. Que mundo paralelo é este? Que ilusão a minha… é o mesmo mundo. Por alguns tempos esta será a normalidade. Só nos resta aceitar e cumprir para que tudo volte ao que era antes o mais rápido possível.
Já dizia Fernando Pessoa, “O homem é do tamanho do seu sonho”. Então, nós somos “enormes” porque não só sonhamos como fazemos de tudo para que o nosso sonho seja realizado e se isso implicar tudo isto durante algum tempo, assim o faremos.

Mónica 12.ºB

quinta-feira, 28 de maio de 2020

aepl.estetempo 28.maio.2020



Quinta-feira, 28 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo quarto dia de quarentena. Ontem falei-te de racismo, mas não te falei de uma história em particular, ocorrida na segunda-feira, em Minneapolis.
Como, infelizmente, é o mais comum, a vítima era de cor negra: George Floyd foi assassinado por um polícia (se é que lhe podemos chamar assim), cuja intenção era puramente maldosa e racista. George foi asfixiado, enquanto pedia ajuda ao agente, já sabendo qual seria o seu destino.
Não tenho palavras para esta situação. E se o assassinato já era suficientemente angustiante, saber que o assassino era um polícia, agrava a situação. A função de um polícia é ajudar, socorrer; não é rebaixar, nem agredir, muito menos matar.
Vivemos num mundo em que o desenvolvimento económico é muito mais valorizado do que o desenvolvimento de mentalidades, de ideais. É triste saber que num país como os EUA, tão desenvolvido em termos económicos, há tantas mentes retrógradas e ignorantes, que constantemente agem de maneira racista e preconceituosa. É claro que, infelizmente, várias pessoas agem desta forma, por todo o mundo, mas na história dos EUA estão várias pessoas, que lutaram e morreram pelo combate ao racismo; penso que já estaria na altura da população daquele país (generalizando) e, acima de tudo, o seu governo, reconhecerem que todas essas pessoas estavam /estão certas: a cor da pele não passa disso – uma cor.
Porquê odiar alguém apenas porque a sua cor de pele é diferente da nossa? Essa aversão não tem qualquer fundamento ou justificação válida – apenas maldade.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

A nossa sociedade quase que forçadamente impõe certos modelos que massivamente são apresentados à população como algo que esta deve seguir. Estou a falar da publicidade ou das publicações nas redes sociais que nos apresentam uma marca, um estilo de roupa, um produto ou uma forma do corpo. Isto faz com que as mentes fiquem muito restritas e que os leques de oferta nem sempre sejam diversificados. Tudo o que é produzido vai seguir essa moda e nós somos obrigados a seguir aquilo, independentemente da nossa opinião.
Quando falo em roupa, calçado ou acessórios, refiro-me concretamente a um estilo dominante que leva todo um conjunto de pessoas a adotar e a comprar compulsivamente, não porque precise, mas porque tem que estar atualizada, dentro do padrão e como este ou aquele influencer. Isto torna todos iguais e deixa de existir um espírito inovador, diferenciador, original e genuíno, muitas vezes visto com desdém. Ironicamente, quem não segue a moda é excluído, só porque tem uma opinião, porque não é consumista e porque quer ser livre e feliz.
Em termos de ideal corporal, existe um padrão de beleza bastante rígido. Constantemente, deparámo-nos com modelos, manequins, cartazes publicitários em que aparece alguém com um corpo fit. Acha-se que esse tipo é o ideal e que quem não é assim, é imperfeito. Algo absurdo e irracional.
Cada um é como é, e ninguém tem que criticar. Quer eu tenha roupa dos anos 90 (até estilosa), quer eu tenha um telemóvel de teclas (bem práticos e duradouros por acaso), quer eu seja plus size (um corpo lindo como qualquer outro), quer eu use os mesmos ténis há anos (porque estão perfeitamente bons), ninguém tem o direito de manipular o meu eu.
“Cuidado ao seguir os padrões impostos pela sociedade e esqueceres-te dos padrões que realmente te fazem feliz!”
Marina Peixoto (11ºD)



Póvoa de Lanhoso, 28 de maio de 2020

Cresci em liberdade. Liberdade de movimentos, de afetos. Nunca a questionei, pois era o nosso padrão de vida. O beijo e o abraço de saudação ou de despedida, a gargalhada solta e próxima, o toque amigo e fraterno, os almoços de família nos avós eram hábitos de uma normalidade inquestionável. Nem nos pesadelos mais soturnos, surgiu qualquer indício de que esta vida nos fosse roubada. Guerras. Sim! Epidemias. Sim! Desgraças também! Mas estavam lá longe! Na História, no papel do passado, num tempo longínquo, absolutamente irrepetível.
Chegou 2020! Mais um ano, ainda mais promissor, adivinhando grandes mudanças pessoais. E a mudança, esperada apenas no final do verão, chegou mais cedo, em março. Inesperada, abrupta, esmagadora! E o beijo e o abraço de saudação ou de despedida, a gargalhada solta e próxima, o toque amigo e fraterno, os almoços de família nos avós foram obrigatoriamente guardados na bagagem das lembranças sem data de entrega. Mergulhados no confinamento, estes atos emergiram com outras roupagens, e, na ausência física, as tecnologias foram os nossos coletes de salvação. Mantivemos o beijo e o abraço, a gargalhada, o toque, os almoços de família. Virtuais, sim, mas reais! Sofridos, sim, mas sentidos!
E, afinal, a liberdade, que achei perdida, nunca esteve em causa. Apenas assumiu outro rosto: porque “Continuamente vemos novidades”, temos de mudar o ser, temos de mudar a confiança.

Inês Lopes, nº8, 12.ºB


O Jornal. Nos dias de hoje, um pergaminho, uma relíquia em desuso, quer pelos mais jovens, agarrados aos pequenos e grandes ecrãs, quer pelos mais velhos, pois, a vista já não é o que era.
Espalhados pelas ruas em pequenos quiosques e cafés, vão tardando o seu final infeliz. A imprensa cor-de-rosa não! Essa ainda cativa um povo curioso, coscuvilheiro será o adjetivo mais certo, que anseia desvendar as vidas dos famosos e compará-las às suas vidas medíocres.
Já não estamos naquele tempo em que a pequena criança percorre as ruas, na sua bicicleta, deixando o jornal do dia à porta das casas. Bem, devo confessar que não tenho memória de algum dia a ter visto. Talvez seja mesmo apenas uma cena de um filme ou de uma peça de teatro.
As escolas bem tentam preservar esta arte. Algumas mensalmente, outras trimestralmente, oferecem aos seus alunos os seus próprios jornais. As atividades que existiram, alguns textos escritos pelos próprios alunos nas “aulas de línguas”… Contudo, a magia de escrever continua a ser realizada pelos professores, pois, quando pedem voluntários para o jornal da escola a resposta é um não. Ninguém deseja dispensar o “pouco” tempo livre que tem com mais trabalho.
Mas este tempo de confinamento que vivemos trouxe algo de bom. Páginas de diários escritos pelos alunos foram publicadas na plataforma virtual do nosso “Preto no Branco”. Diariamente podíamos ler o que os outros compartilhavam e inspirar-nos a escrever também. Afinal, tempo agora é o que nos sobra!
O que será necessário para trazer o jornal de volta ao nosso quotidiano?
A prática da escrita, sem dúvida!
Comecemos por escrever qualquer coisinha… uma página de diário… um simples comentário como este que estão a ler… uma frase por dia…
Com a prática surge o interesse e é nesse momento que dizemos sim! Sim, quando o professor pede para escrever uma composição de duzentas a trezentas palavras no teste ou em casa. E quando se sentirem confiantes o suficiente, participem no jornal da escola, tornem o “Preto no Branco” a vossa referência. Quem sabe se não será o início do vosso futuro.
Acreditem em mim, quando virem um trabalho vosso publicado no jornal vão sentir-se orgulhosos!

João Frei, 12.ºB

quarta-feira, 27 de maio de 2020

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Quarta-feira, 27 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo terceiro dia de quarentena. Nos últimos anos, um dos temas mais abordados é o do estabelecimento de padrões de beleza.
Considero que esta seja uma tendência tóxica da nossa sociedade, uma vez que o conceito de beleza é bastante subjetivo, pelo que não deve criar-se um padrão de “pessoa perfeita”. A meu ver, cada um tem o direito de fazer o que desejar com a sua aparência (desde que isso não prejudique a sua saúde); por isso, não acho errado que alguém lute por ter um corpo que se encaixe nos padrões, desde que o faça por vontade própria e não por causa de opiniões (geralmente destrutivas) de outras pessoas.
Devemos sempre preocupar-nos em fazer aquilo que nos faz sentir melhor e “filtrar” aquilo que nos dizem, de forma a perceber quais as “opiniões” maldosas e quais têm como objetivo ajudar-nos. Ao mesmo tempo, é importante que percebamos de que forma os nossos comentários podem afetar os outros – sinceridade não se trata de criticar tudo o que vemos e não nos agrada, mas de dar a nossa opinião (sincera), pensando sempre em como esta pode afetar o próximo.

Maria João Fontão (11ºC)

Querido diário,

Já estamos a meio de mais uma semana. Passou tão rápido que mal dei por isso. Tenho preenchido os meus dias com aulas presenciais, aulas à distância, trabalhos, tarefas, exercício físico, preparação para o exame de Economia.
Já me estou a habituar às novas regras e ao uso da máscara. Por vezes ainda é complicado, principalmente agora que está muito calor, fica muito abafado e fica toda húmida, mas fora isso, têm sido momentos agradáveis, com os professores e amigos, e tenho aprendido mais.
Nas disciplinas à distância, português, já começamos o estudo de Antero de Quental e, matemática, estamos a resolver problemas de otimização. São ambas bastante complexas e importantes não só porque teremos exame nacional para o ano, mas também porque são essencial para a nossa vida futura.
De um modo geral, tem sido uma semana bem completa.

Marina Peixoto (11ºD)



O tempo passa
Mas a saudade permanece,
O futuro continua incerto
Porém a esperança prevalece.

Ouve-se o vento bater na janela,
Como se me estivesse a chamar.
Sente-se o sol a bater na cara,
Como se viesse para me salvar.

 Marco Silva, 12.ºC
 



Houve vezes que perdi a minha fé quando achei que o mundo não ia conseguir. Nesses momentos apareceu-me sempre uma luz para acreditar. Comecei a dar mais frutos aqui dentro fechada. E às vezes penso como mesmo sem sair de casa, cada um não deixou de   lutar pela sua ave, pela sua água, pelo seu habitat, pelo seu viver …. Foi também tempo de refletir que em vez de ficarmos uns contra os outros a hora é de união. E é de luta contra este fogo infernal que nos mata. 

Milene Meira, 12.ºC



terça-feira, 26 de maio de 2020

aepl.estetempo 26.maio.2020



Terça-feira, 26 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo segundo dia de quarentena. Há uns dias, vi um vídeo que falava sobre racismo. Esse vídeo fez-me refletir bastante sobre o assunto: é frequente ver pessoas que dizem que não há racismo contra a raça branca, pois nada supera o racismo que vitimizou, desde sempre, a raça negra.
De facto, a história (e o presente) prova-nos que a raça negra foi a que mais sofreu com o racismo, porém, racismo é qualquer atitude que discrimine / ofenda / exclua alguém, por ter características diferentes das do ofensor – portanto, ainda que seja inegável que a raça negra é, e sempre foi, vítima de um grande preconceito, não podemos desculpabilizar atitudes racistas contra qualquer outra raça, apenas porque não toma as mesmas dimensões.
É importante que se reconheça que toda a atitude que faça alguém sentir-se excluído / atacado (quer física, quer psicologicamente), devido à sua etnia, região ou cultura (entre outros fatores) é racista, sendo que só reconhecendo as atitudes racistas se pode combater este problema tão grave para a sociedade.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Neste tempo de pandemia os nossos heróis vestem capa branca, e mais uns acessórios que lhes salvam a vida, como máscara, luvas, viseira, touca, batas descartáveis… Eles são os enfermeiros e os médicos que dia após dia lidam com os doentes, quer sejam eles infetados ou não pelo coronavírus. Todos eles estão na linha da frente, dando o corpo às balas, lutando por cada um de nós, lidando com os seus sentimentos e vezes sem conta com os dos outros, sobrevivendo a este monstro invisível.
No entanto, não consigo perceber como é que um casal de enfermeiros, que ficou contaminado porque estava a trabalhar, a cumprir a sua função, a ajudar aqueles que mais necessitavam nos hospitais, e que teve que ficar em casa em isolamento, recebe somente pouco mais de 60€ no final do mês quando, segundo a lei e se não me engano, teria direito a cerca de 70% do salário. Chega até a ser vergonhoso isto acontecer, principalmente por serem o que são e pela função indispensável que prestam ao país.
É uma enorme desconsideração para todos os profissionais de saúde algo assim ocorrer. Eu sinto como se esta injustiça, este incumprimento, esta desvalorização, afetasse todos os profissionais que se depararam no meio deste furacão. Acho inaceitável e revoltante.

“A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos!”

Marina Peixoto (11ºD)




Esta fase veio surpreender toda a gente, principalmente aqueles que davam a liberdade como um bem garantido/adquirido. Eu, pessoalmente, sempre tive bastantes dificuldades em lidar com o facto de estar fechada em casa sem poder sair ou fazer alguma coisa que me fizesse sentir útil. Lembro-me de ter uma necessidade enorme de interagir com pessoas fora das minhas quatro paredes até quando ainda só estava em casa há dois ou três dias.
Por essa razão, esta época tem-se tornado muito difícil para quase todos. Para mim tem sido um momento de superação e de aprendizagem. Aprendi a vencer um medo que tinha e entendi que somos nós que criamos os nossos próprios limites, podendo quebrá-los sempre que possível e evoluindo, assim, como pessoas.
Para combater a dificuldade de aceitar que temos e devemos seguir as recomendações que nos foram dadas, ocupo o meu tempo a estudar e a fazer exercício, essencialmente. Estes são, muito provavelmente, os únicos momentos do meu dia em que não me sinto a viver um estado de emergência que nunca pensei viver e que me consigo abster deste período menos bom.

Lara Marques, nº18, 12ºC




Isto é tão estranho, olho à minha volta vejo um filme. Reparo, como nunca antes o fizera, no toque entre as personagens, estão próximos e abraçam-se. Que estranho tudo me parece nestes dias, querer abraçar e não poder, querer estar com os meus amigos e não poder, querer… Pediram-nos para ficar em casa (com o tempo, a irritação floresce, a cabeça entra em distúrbio permanente, o estado melancólico torna-se normal. Há toda uma vida parada, com rumo incerto, o que nos deixa preocupados com o futuro). Sabemos que é altura para ficar, todos nós, e assim sermos também um pouco como os heróis que lutam para salvar vidas, que foram amarrados por este vírus em forma de bola que tanto ansiamos chutar para longe daqui.
A vida é “vela”, “ontem” estávamos com a vida a mil, com sonhos e desejos com uma vida planeada, com a chama bem acesa, e hoje a chama quase se apaga, na vela que vai acabando porque o tempo a consome…. também nós, em casa sem um futuro definido, sem ânimo e sem vontade num tempo que também nos corrói por dentro.

Leandro Gonçalves, 12.ºC


segunda-feira, 25 de maio de 2020

aepl.estetempo 25.maio.2020


Querido diário,

Estou um pouco à nora. Estive a analisar a minha parte de um trabalho que temos que fazer sobre Filosofia da Religião e não sei por onde começar nem como descodificar a informação. O mais estranho é que eu percebi aquilo que li nos vários documentos e livros, mas não sei a melhor forma de passar os conteúdos para o papel.
Toda a matéria é nova, cada tópico tem palavras ou expressões que nem sempre são fáceis e eu quero muito que o trabalho escrito fique bem estruturado, o máximo completo e perfeitamente compreensível. Neste sentido, estou meio perdida entre tanta coisa e tenho receio que não consiga encontrar o melhor caminho para resumir e explicar tudo.

“Forte por fora, tantas confusões por dentro!”

Marina Peixoto (11ºD)




Segunda-feira, 25 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo primeiro dia de quarentena. Recentemente, e com as temperaturas mais quentes, um dos assuntos mais falados é o da grande afluência às praias.
Neste calor, é normal que as pessoas queiram sair e distrair-se um pouco. Contudo, a meu ver, têm havido demasiadas precipitações por parte de vários portugueses, que insistem em visitar determinadas praias mesmo sabendo que estão lotadas, pelo que se torna impossível cumprir a distância de segurança.
Agora que a pandemia está mais estabilizada no nosso país, temos mais liberdade para sair, mas não nos podemos esquecer que as medidas de contenção têm de ser estritamente cumpridas, para que a nossa situação continue estabilizada.

Maria João Fontão (11ºC)




Hoje, olhei pela janela do meu quarto. Lá fora vi Natureza, vida! Vi flores, árvores de todos os tamanhos, vegetação, animais, terra, folhas, frutos, o céu, nuvens, o sol... É engraçado como são as coisas mais mundanas que nos fazem mais falta durante este tempo, talvez por nunca termos pensado que algum dia poderíamos ser impedidos de usufruir da sua companhia, talvez por só agora aprendemos a atribuir-lhes o seu devido valor, não sei! Ao olhar pela janela senti algo estranho, senti que apesar de estar no conforto e segurança do meu quarto, me tinha transportado para fora dele, para o meio da Natureza... ver tanta vida à minha volta deu-me esperança, fez-me perceber que apesar de os tempos que passamos serem difíceis, melhores virão! 

José Afonso Maior, 12,ºC




Aqui à janela onde ninguém me vai ouvir
Fico a pensar no mundo,
que outrora vi rir.
Mas toda esta felicidade que o mundo tinha,
Foi-lhe retirada,
assim como uma flor que outrora foi minha.

Essa flor que hoje toma vida,
 É como a liberdade.
Nunca a considerei a coisa mais importante,
Porque a tomei sempre por garantida.
Mas hoje percebo o quanto essa flor é a vida.


Juliana Antunes, 12.ºC




Tenho a felicidade de acordo todos os dias de manhã com o som das aves. É um espírito de vida em liberdade na natureza. O que hoje nós no mundo inteiro não podemos ter. Nunca lhes tive tanta inveja. Talvez por nunca ter tirado um minuto para as apreciar, por ter dado tudo como garantido.
Agora, sento-me na relva a ouvi-las, fecho os olhos, e sonho com o dia em que tudo vai voltar à normalidade. É difícil passar dias fechados em casa, agarrada às tecnologias e não aproveitar o mundo lá fora. Um ser invisível tirou-me tudo isto que sei que vai demorar até que o consiga reaver.

Juliana Sousa, 12.ºC



domingo, 24 de maio de 2020

aepl.estetempo 24.maio.2020



    Domingo, de maio de 2020
    Querido diário,

    Estamos, hoje, no septuagésimo dia de quarentena. Li uma notícia que dizia que, se todos os países consumissem tanto como os portugueses, os recursos do planeta acabariam segunda-feira.
   Esta informação, aliada à redução da poluição causada pelo isolamento, deveria fazer-nos refletir acerca do quão consumista a nossa sociedade é. Adquirimos vários recursos desnecessários, pelo que deveríamos controlar as nossas compras, para além de evitar desperdícios (alimentares, por exemplo).
  Por muito que achemos normal acompanhar os lançamentos de todos os produtos (como os dispositivos tecnológicos), não é: devemos pensar e tentar entender se realmente necessitamos de comprar um telemóvel novo, ou um computador, ou roupa, ou o que quer que seja. Só assim conseguimos melhorar a "saúde" do nosso planeta.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Hoje pareceu um dia em pleno verão. A temperatura esteve alta, o que convidou muitas pessoas a irem à praia ou ao rio, contudo eu fiquei por casa, mas adoro este tempo de calor, com o sol a brilhar permanentemente, o céu azul claro, toda uma harmonia.
Estive, durante a tarde, a preparar a minha atividade de português. Agora, vamos iniciar um novo capítulo onde iremos abordar dois poetas, Antero de Quental e Cesário Verde. A verdade é que eu sempre tive algumas dificuldades em poesia, pelo facto de a interpretação dos poemas ser muito subjetiva e cada palavra ou expressão ter um significado ou simbologia diferente, dependendo do contexto. Mas, eu decidi manter-me imparcial e começar esta fase poética de espírito aberto, tentando perceber o lado bom e maravilhoso do texto lírico.
“A poesia é o sentimento que sobra ao coração e sai pela mão!”

Marina Peixoto (11ºD)



Tenho a sorte de neste tempo poder fazer caminhadas. Vejo as aves a voar, a cantar em plena liberdade… e nós em liberdade e com medo …
Eu sinto-me mais uma ave, pois consigo ter o privilégio de dar a minha caminhada e sentir-me livre como as aves.

Ernesto Pereira, 12.ºC




A realidade dos dias de hoje desencadeou um conflito de emoções em mim.
Comecei por me sentir revoltado e perdido, com constante receio deste vírus letal e desconhecido.
A palavra "mortes" e a palavra "infetados" despertavam em mim uma sensação de revolta e de medo…
Não podia continuar assim. Decidi abster-me das notícias tristes e avassaladoras de todos os dias
Hoje dou graças a Deus por Portugal estar numa situação muito positiva, sinto-me mais alegre e esperançoso e olho para a vida de uma forma diferente…

Francisco Oliveira, 12.ºC



A cada dia que passa,
Sinto que perco a definição de liberdade,
E questiono-me se
algum dia lhe dei o verdadeiro valor
Sinto-me escravo de mim próprio,
limitado no movimento e no pensamento.
Olho as aves,
E consigo perceber a mais pura definição de liberdade,
Ah! Quem me dera poder voar!

João Oliveira 12.ºC


sábado, 23 de maio de 2020

aepl.estetempo 23.maio.2020


Querido diário,

Hoje estive de volta de um relatório sobre uma palestra que tive ontem, dada pelo Dr. Tiago Cabral, sobre o impacto da pandemia na União Europeia.
Esta palestra, para além de ser uma forma de iniciar o novo módulo de Geografia A, fez-me perceber que a UE tem bastantes fragilidades, ainda mais vincadas e postas a descoberto com esta crise sanitária e, consequentemente, económica.

Contudo, excluindo as dificuldades de solidariedade entre os Estados Membros, o egocentrismo, as competências insuficientes e as medidas nem sempre rápidas e por vezes contestáveis, a UE é muito importante, pois caso esta se desintegrasse a maioria dos países pertencentes, como Portugal, ficariam pobres e não conseguiriam “sobreviver” no plano internacional, cada vez mais voraz e competitivo. Além disso, não podemos esquecer que a União Europeia apenas tem um lugar de enorme prestígio mundial pelo facto de ser composta por 27 Estados Membros.


Marina Peixoto (11ºD)



Sábado, 23 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no sexagésimo nono dia de quarentena. Ultimamente, a profissão de enfermeiro tem sido bastante valorizada, pois é crucial no combate à pandemia. Todos os aplaudem, todos se emocionam pelo trabalho que fazem – mas, no meio de todos os elogios, continuam a ser injustiçados.
Como já é de esperar, os enfermeiros têm trabalhado muito mais nos últimos tempos, para poderem dar conta de todos os pacientes. O problema é que todo este trabalho não tem sido recompensado – não são devidamente pagos e as regras referentes aos horários de trabalho não estão a ser cumpridas.
Admirar e aplaudir os enfermeiros não é suficiente para os recompensar – a sua remuneração deve ser justa, dado que são eles quem salva vidas.

Maria João Fontão (11ºC)




Será que já passamos pelo pior?
Ter medo é um bom sinal?
O pior ainda está para vir?

Hoje, ter medo é um bom sinal
Mostra a nossa fragilidade
Mostra como um vírus
Pode mudar Comportamentos
Mostra o valor da nossa vida.

                                         Daniel Teixeira, 12.ºC



Dias cinzentos
Que também são dias bonitos
Eu tenho a luz que a natureza me dá
Ela, sim, é que me conforta

Gestos de ontem
Hoje fazem-me falta
Liberdade, carinho, toque, …
Hoje têm outro sentido.
Daniela Peixoto, 12.ºC



Poder ver o desabrochar da primavera, flores a embelezar e a perfumar todo o espaço, sentir o cheiro dos eucaliptos, apreciar a fonte, ainda que distante da minha casa, ser o espelho do brilho do sol que pairava nesse dia deram-me a esperança dos dias que virão.

Diogo Antunes, 12.ºC



Mais um dia a ver a vida pela janela. Estou preso em liberdade. E não posso responder ao sol.
Que me chama como uma brasa!

Diogo Silva, 12.ºC