terça-feira, 30 de março de 2021

 

O voo é um sonho


Vós, pequeninos e inocentes,

Voais levemente e sem cansaço

Com o vento manso ou forte.

Vejo-vos passar despreocupados

Vindos de uma bela árvore

Onde o vosso canto alegre soou.

Viveis em plena viagem que

Vos leva aonde o coração

Bate veloz e apaixonadamente.

Eu, contudo, sonho em voar

Embora sempre voe sonhando.

Ai! Que encantadoras aventuras…

Enchesse-me a alma de belas,

Engenhosas e complexas fantasias

Que leves flutuam no meu ser.

Este desejo de o corpo alcançar

Eternamente o céu fá-lo a mente

Que endoidece a cada arroubo. 


                                     Marina Peixoto 12ºD


segunda-feira, 29 de março de 2021

 

Porque hoje é sábado (27 de março)

E eis que quase termina o mês e um período de aulas assaz difícil. E veio o sol, a primavera, a vacina, a esperança de dias melhores, de uma nova liberdade e muita responsabilidade.

Serão poucos os dias de descanso, mas os suficientes, dadas as circunstâncias, para recarregar energias e recomeçar uma nova etapa.

Não haverá almoços com a família alargada, não haverá deslocações entre concelhos, mas continuará a haver um livro para viajar pelo mundo-mundo ou pelo mundo da fantasia! Um passeio para descobrir os mistérios e maravilhas da natureza! Uma tarde na cozinha a aprender aquelas receitas da avó, da tia ou da mãe que nunca ousaram experimentar! Rever ou organizar o álbum de família… E quantas outras mais ocupações!

Em mais uma sessão de livros, leituras e leitores, promovida pela biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, falou-se da importância do livro-objeto, dos livros pop-up sobretudo no ensino pré-escolar e eu tive uma saudade imensa dos tempos em que brincava com os meus três filhos e lhes lia tantos e tantos destes livros! E mesmo passados de mão em mão e por muitos amigos deles na escola e noutras escolas por onde fui passando como professora bibliotecária, ainda conservo alguns e não me canso de os reler, de os mexer, de os partilhar.

O livro pop-up é o livro que se torna tridimensional, as imagens 3D são formadas por dobras (feitas com uma arquitetura extremamente detalhada e sofisticada) do papel que se transformam em cenário, personagem ou objeto da história narrada.

A história do livro pop-up começou em 1300 com livros feitos para explicar a astronomia em três dimensões, e só muitos anos depois é que passou a fazer parte da literatura infantil com um anuário chamado Daily Express Children’s. Só em 1930, com o escritor Harold Lentz, é que o termo pop-up surgiu.

 


Como não ficar enfeitiçado?



 Rosa Sousa     

sábado, 27 de março de 2021

 

Na disciplina de Português muitos são os temas tratados, os textos lidos e também os escritos.

O amor impossível dos adolescentes Teresa e Simão, as personagens de Amor de Perdição, levou-nos ao tratamento de um tema que foi ao encontro de uma das problemáticas que podem ser tratadas no âmbito do Projeto de Educação para a Saúde.

Aqui ficam alguns excertos dos textos feitos pelos alunos, a propósito do tema,

 

 

Namoro e crises na adolescência

 

Os namoros na adolescência podem parecer um mar de rosas se falarmos de dois adolescentes que têm maturidade e mentalidade para o fazer, caso contrário podem ser início de problemas, de vária ordem, incluindo os mentais. Muitos namoros entre adolescentes não acabam bem, precisamente pela falta de maturidade de um ou dos dois lados, e muitas vezes essa falta de maturidade pode até levar a agressões verbais ou físicas e as pessoas podem passar a ser oprimidas pelos namorados/parceiros.

António Ferreira, 11C

 

A primeira vez que um adolescente se apaixona provavelmente não dá conta. Escolhe essa pessoa entre todas as outras sem saber o porquê. Por isso mesmo se diz que o amor é imprevisível. Ninguém adivinha quando sentirá essa conexão entre duas pessoas.

“Amor é fogo que arde sem se ver”.

Rúben Silva, 11C

 

Amor e crises na adolescência podem fazer lembrar um barco à deriva no meio do mar sem uma bússola, sem rumo próprio e um bom pai/mãe é a bússola desse barco, pode dar-lhe uma orientação e ajudar a escolher o rumo certo.

O segundo passo é bem simples - dar espaço à pessoa. Como se fosse o vento da navegação, sem ele o barco não sai do lugar.

Reforço que quanto melhores forem os laços de parentesco que os rodeiam mais rápido o “barco” encontra o seu rumo e melhor é o seu velejar.

Rui Pereira, 11C

 

Nos dias de hoje, cada vez é mais comum a ansiedade e depressão entre os jovens, o que está relacionado com as crises existenciais na adolescência.

Na minha opinião, isto tem a ver com a valorização que cada um faz de si mesmo. Quando uma pessoa sabe dos seus valores e confia em si, não se pergunta o motivo da sua existência. Já quando não confia no seu valor tem pensamentos em que acha que, por exemplo, os outros são melhores.

Não tirando o facto de que toda a gente já passou por uma crise, acho relevante o facto de termos apoio de quem nos é mais importante e estabelecermos posições na nossa vida.  Assim excluiríamos os pensamentos absurdos de alguns momentos de crise.

 

Sandrina Freitas, 11C

sexta-feira, 26 de março de 2021

 

E o convite a continuarmos esta viagem sobre os contos.

Uma agradável surpresa que estes alunos nos proporcionam.



Beatriz Araújo do 12ºE: «O Tesouro» de Eça de Queirós aqui


Ana Cláudia Fernandes do 12ºB: «O suave Milagre» de Eça de Queirós aqui


Marina Peixoto do 12ºD: «Um poeta lírico» de Eça de Queirós aqui


Diana Amarante do 12ºB: «Civilização» de Eça de Queirós aqui


 Íris Castro do 12ºB: «O cavaquinho» de Miguel Torga aqui


Fabiana Catarino 12ºE: «A aia» de Eça de Queirós aqui


Pedro Fernandes do 12ºE: «Homens de Vilarinho» de Miguel Torga aqui


Leonel Grandinho do 12ºB: «O Senhor Diabo» de Eça de Queirós aqui


Cláudio Silva do 12ºB: «A aia» de Eça de Queirós aqui


quinta-feira, 25 de março de 2021

 

Como já foi aqui divulgado em trabalhos anteriores, 

várias obras foram mote para algumas reflexões 

acerca da evolução do papel da Mulher na sociedade. 

Sob que prisma nos irão colher estes alunos dos 11º e 12º anos? 

Só surge uma resposta possível: vendo, ouvindo e lendo!


Por Maria Silva do 11ºD para ver e ouvir aqui.


Por João Vale do 11ºD aqui.


 E, agora, algumas leituras:


A mulher na lírica trovadoresca e na Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente

O conceito de mulher “ideal” tem vindo a alterar -se. Na literatura é bastante notória a evolução do conceito de Mulher Ideal. Verdadeiramente não existe uma definição precisa para este assunto, dado que os gostos, as virtudes de cada um são diferentes.

Na época medieval, as mulheres estavam “destinadas” ao meio doméstico quase sem liberdade e deveriam ser submissas. Eram, de certa forma, obrigadas a casar, a constituir família e a cuidar a tempo inteiro dos filhos. Na poesia trovadoresca e, principalmente nas cantigas de amor retrata-se   a mulher ideal, “a senhor”. A mulher era verdadeiramente bela e única (aos olhos do trovador). Nas cantigas de amigo, de origem galaico-portuguesa, o trovador assume o papel de voz feminina que canta o seu amor. A mulher nestas cantigas é mais real.

 No século XVI, podemos encontrar uma outra visão da mulher nas obras de Gil Vicente. Na escrita vicentina a mulher é diferente. Tomemos como exemplo a Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente torna a mulher na personagem principal para criticar a sociedade, onde domina o oportunismo. Inês não tem a vida que queria, queixa-se por ter de fazer os trabalhos domésticos e também pela falta de liberdade, portanto queria casar com um homem à sua escolha para garantir a sua “liberdade” – como se enganou!

As outras personagens femininas como a mãe de Inês, que representa todas as mães da época que só queriam o melhor para os seus filhos, e Lianor Vaz, a típica alcoviteira,  demonstram como Gil Vicente perceciona  a mulher da sua época.

Em suma, a partir da Lírica trovadoresca e da Farsa de Inês Pereira, que já estudamos, pudemos analisar duas visões diferentes, em tempos diferentes, mas cada mulher tem características muito próprias.

 Cláudia Silva, 12.ºA

 

 

Como é do conhecimento geral, a forma como é olhada/vista a mulher foi sofrendo uma grande alteração ao longo dos tempos.

Inicialmente, a mulher era vista como um objeto, algo a possuir, uma pessoa que não tinha liberdade nem opção de escolha. Mas, felizmente, com o decorrer dos séculos, esta realidade foi-se alterando e existe cada vez mais igualdade de género.

Na literatura, ocorreram também grandes mudanças no que diz respeito à representação da mulher.

Na Idade Média, através da lírica trovadoresca, a mulher era encarada com uma certa pureza e ingenuidade. Em última instância, a figura feminina servia apenas para ser amada e dar conforto aos que estavam à sua volta.

Na obra de Gil Vicente “Farsa de Inês Pereira”, a mulher demonstra ter desejos e ambições para a futuro. Contudo, ainda está dependente dos homens para ter o mínimo de liberdade, ou seja, o casamento é algo indispensável para uma mulher daquela altura. Esta obra aborda também o lado mais astuto da mulher, pois, através da personagem principal – Inês Pereira – somos confrontados com a perícia desta mulher para cometer adultério e contrariar o que eram as normas da época para a figura feminina.

Com a poesia de Luís de Camões, a mulher alcança um estatuto quase divino, mas é inalcançável, pois representa a perfeição física e espiritual. A mulher é elevada a um patamar não terreno, contudo, trata-se apenas de uma idealização da mulher que não corresponde à realidade. É novamente ligada às noções de integridade e inocência.

Em “Frei Luís de Sousa”, “Amor de Perdição” e “Os Maias”, a mulher é multifacetada, marcada por diversos tipos de sentimentos e ideais. Obviamente ainda é assolada pelos modelos sociais adotados, mas é possível distinguir as personagens típicas da época daquelas mais vanguardistas, que impulsionam uma nova visão da mulher e que pretendem quebrar os padrões culturais.

Na poesia de Cesário Verde, conhecida pelo seu realismo, a figura feminina apresenta fragilidades, é humana. Vemos tanto a mulher trabalhadora com a mulher fatal.

Com a constante aproximação ao século XXI, na literatura, a mulher vai sendo uma figura inspiradora, capaz de nos causar reflexões introspetivas e nos assegurar que um futuro melhor é possível, se lutarmos por ele.

O conto “George” de Maria Judite de Carvalho, dá-nos a conhecer uma personagem tripartida, ou seja, três fases da vida da mulher que se assemelham com a realidade. A fase jovem, marcada pela incerteza e pelos sonhos grandiosos, a fase adulta em que conseguimos realizar, se nos esforçarmos, os nossos sonhos e ambições e, por fim, a última fase que é um momento de reflexão e arrependimentos. Através deste conto, a figura feminina revela-se equivalente à do homem, pois tem liberdade total e permissão para desejar, ambicionar e conquistar tudo o que pretende. Por exemplo, conseguir uma carreira (antigamente nem a possibilidade de sonhar com ela…).

A literatura tem registado a evolução da figura feminina ao longo da história, para que nunca nos esqueçamos das dificuldades que inúmeras mulheres tiveram de enfrentar para que nós, hoje, sejamos capazes de usufruir da nossa liberdade e dos nossos direitos!

 Matilde Carvalho 12.ºC


quarta-feira, 24 de março de 2021


Do conto tradicional ao conto de autor, eles fazem parte de nós, 
da infância aos bancos da escola, da realidade à ficção, do sonho à imaginação.
Os alunos de 12º ano decidiram recontar-nos, 
atrair-nos para o mundo paralelo dos contos, 
viajando da proa telúrica de Miguel Torga 
às entrelinhas de Camilo Castelo Branco. 
E um saltinho a Maria Judite de Carvalho.
Viajem com eles e deixem-se surpreender!


Civilização de Eça de Queirós, por Miguel Almeida do 12ºB: aqui 

 

Solidão de Miguel Torga, por Rodrigo Gomes do 12ºB - é possível ver e ouvir aqui 


Memórias de uma forca de Eça de Queirós por Luís Ferreira do 12ºB para ver e ouvir aqui.

 

O moinho de Eça de Queirós por Carina Viegas, do 12ºB: aqui


Maria Lionça de Miguel Torga por Helena Neves do 12ºB para ver e ouvir aqui


A aia de Eça de Queirós por Margarida Mendes do 12ºB: aqui




E o conto "George", de Maria Judite de Carvalho, por alguns alunos do 12ºC


Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.(…)

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.

Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1982. - 387. (com supressões)

 

O conto “George”, de Maria Judite de Carvalho retrata vários temas como a liberdade, a vontade de viajar e o desapego das nossas raízes para explorar o mundo. Existem inúmeras obras de literatura, pintura, música e outros tipos de expressão artística que exploram estas temáticas nas mais variadíssimas formas. Por exemplo, o poema de Jean-Louis Chrétien “Apenas um viajante sem bagagem”, vai ao encontro da linha de pensamento da nossa personagem principal, dizendo-nos que o mais importante é conhecer novos lugares, ser completamente livre, sem medo do mundo exterior. Um outro poema que aborda as questões referidas por George no conto é “Viajar! Perder países!” de Fernando Pessoa. Este poema indica-nos que, ao viajar, podemos ser pessoas totalmente diferentes, sem nos prendermos a ninguém. De certa forma também nos estamos a conhecer a nós próprios, a descobrir quem verdadeiramente somos e talvez seja essa a razão pela qual George gosta tanto de viajar. Este viajar sem rumo de George pode ser uma busca incessante pelo seu verdadeiro “eu”.

Matilde Carvalho 12.ºC

 

 

A família de George é marcada pela pobreza e pela impossibilidade de aquisição de um conhecimento que esteja para lá do lugar onde vive. Assim, com o decorrer do tempo, um sentimento de insatisfação e um desejo incessante de liberdade foi crescendo dentro de Gi, levando-a à saída da aldeia em que cresceu, algo que não era muito aceite naquela época, visto que as mulheres eram vistas como seres muito vulneráveis e dependentes. É possível relacionar as ideias presentes neste excerto com o conto “Civilização”, de Eça de Queirós, visto o protagonista, ansioso por uma mudança, decide sair do ambiente a que estava acostumado, mudando de uma forma radical todo o seu estilo de vida.

Gi é caracterizada como alguém que não atribui qualquer importância aos bens materiais e às relações interpessoais, o que vemos através do número reduzido de cartas escritas à família, dos poucos amigos que pensa ter, questionando a autenticidade das suas amizades e ao facto de viver em quartos alugados, para não se sentir “presa” a nada. Podemos ver que em “Sou um viajante”, de Jean-Louis Chrétien, também nos é referido que só podemos aproveitar totalmente uma viagem, caso não levemos qualquer tipo de bagagem ,sendo que só assim seremos “livre[s] em direção ao que verdadeiramente interessa”.

 Fábio Rodrigues, 12.ºC

 


“George”, de Maria Judite de Carvalho, uma leitura…

Em “George”, surge a imagem da memória – a memória da juventude, a memória de Gi. Essa memória surge representada por “uma fotografia que tem corrido mundo numa mala qualquer”, ou seja, George tenta, a todo o custo, esquecer o passado – como bem dizia Freud, acabamos por nos esquecer daquilo que nos traz angústia, que prejudica o nosso bem-estar. George é uma mulher inconformada, que não se prende aos bens materiais, seguindo o lema de Pessoa – “Ter é tardar.” (“O das Quinas”, em Mensagem). É por isso que se ausenta do passado, assim como Portugal deixou desvanecer a memória de D. Afonso Henriques, filho de D. Teresa – “O homem que foi o teu menino / Envelheceu” (“D. Tareja”, em Mensagem).

Critica-se, também, o machismo. Numa sociedade retrógrada e sexista, considerava-se que as mulheres que partiam “à descoberta da cidade grande” se perdiam. No entanto, George não se deixa levar pelas convenções da sociedade, tornando-se numa pessoa livre. Tal como dizia José Gomes Ferreira, “Mas qualquer balouçar do vento me parece Liberdade.”. George passa a ser, então, uma pessoa em metamorfose, o que nos é mostrado pelas constantes mudanças no seu cabelo, que ocorrem “por cansaço de si”, tal como Álvaro de Campos se considera “a charada sincopada / Que ninguém da roda decifra nos serões de província” (“Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo”, em Poesia dos Outros Eus), cansando-se, também, de si próprio, da sua inutilidade.

George pode, assim, e mais uma vez, ser associada a Álvaro de Campos, quando este dizia, em “Lisbon revisited (1923)”, “Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?”.

Como referido, George considerava que os bens materiais não possuem qualquer interesse. O desapego face aos materiais pode simbolizar o desapego em relação às memórias, ao passado. Assim como Pessoa dizia em “Quinto Império” (Mensagem), “Triste de quem vive em casa, / contente com o seu lar”.

Assim, George é uma personagem inconstante, mas revolucionária, que junta vários pedacinhos daquilo que de melhor há na literatura portuguesa.

Maria João Fontão, 12.ºC

terça-feira, 23 de março de 2021


Dia Mundial da Poesia

21.março 


A aula de Português espreita o sentir de cada um no sentir da poesia…

ao interrogar e, para mim, o que é a poesia…

 


Eu vejo a poesia como um abraço reconfortante.

Muitas vezes somos consolados por alguém que só está a par de metade da história ou então não sabe sequer o começo, mas um abraço e palavras de apoio são sempre bem-vindos. Eu sinto que a poesia tem o mesmo efeito pois ainda que os poetas não estejam a par da situação que estamos a passar, as suas palavras fazem-nos sentir seguros.

A poesia é frequentemente desacreditada por ser demasiado dramática, no entanto, quando estamos a sós com a nossa mente, todos os problemas parecem impossíveis de resolver, porém, ler as experiências doutros através de versos com tanto sentimento, faz com que a luz brilhe um pouco mais.

Carolina Pereira, 12.ºA


 

Para mim, a poesia é a liberdade. Consiste numa oportunidade de expressar as emoções. Nenhuma outra tipologia de texto oferece tanta liberdade emocional a alguém quanto a poesia.

Assumo que prefiro criar poemas, embora já não o faça desde a minha infância, do que ler ou até interpretá-los. O que me cativa na poesia é o ato de criar, passar para uma folha aquilo que surge no nosso pensamento, que é refletido pelas nossas próprias vivências. Este registo promove o conhecimento individual, que pode conduzir a um desenvolvimento de nós mesmos.

Dependendo do contexto, poesia pode surgir como a libertação de fardos emocionais ( escrever os nossos sentimentos numa folha, pode não só ajudar a identificar  alguns incómodos que  passaram por despercebidos, e que porventura, causavam um certo desconforto, como também faz com que esses problemas não ocupem tanto espaço no nosso pensamento ). Pode surgir também como a expressão de sentimentos alegres promovendo a gratidão.

A poesia abre caminhos e perspetivas diferenciadas…

 Cláudia Otília Coelho, 12.º A

 


A poesia não é algo muito presente na minha vida, confesso… Não tenho muita motivação para a ler porque a verdade é que é uma escrita tão, mas tão diferente. Na poesia quem escreve não se limita a informar, a relatar, … A poesia penso, vai muito para além disso. É lá que que somos livres de expormos aquilo que sentimos, aquilo que nos vai na alma, e de uma forma muito diferente.

Na poesia conseguimos dizer algo sem o dizer propriamente. É, como escreveu José Prata, “um espaço de liberdade único na literatura”.

Para além de tudo isto, a poesia é uma companhia para aqueles que se sentem sozinhos, uma ocupação para os que não sabem o que fazer, uma paixão para aqueles que a adoram, uma cura para alguns problemas, tal como eram para Dona Aurora, a personagem do texto de José Eduardo Agualusa, mas pode ser, também, uma grande confusão para aqueles que, como eu, ainda não estão totalmente despertos para este tipo de literatura e que ainda não ganharam um olhar diferente perante esta escrita.

Bárbara Silva, 12.ºA

 


"E, para mim, o que é a poesia?”. Bem, boa pergunta. Sinceramente não sei muito bem como definir o papel que a poesia tem na minha vida. É um misto de emoções. Por um lado, às vezes, sinto que é apenas mais um dos muitos conteúdos que é lecionado e que somos obrigados a aprender, um conteúdo que não me chama muito à atenção, que não gosto muito e que acaba por ser, também, um pouco (muito!) aborrecido. No entanto, quando sou eu a ler, por iniciativa própria, o sentimento é totalmente diferente pois passa a ser uma atividade gratificante. 

Há poemas e poemas, é claro. Há muitos que não gosto, não percebo e que nada me transmitem, no entanto, alguns são realmente capazes de me “aquecer a alma”, e isso é bom. Umas simples palavras podem mesmo ajudar-nos.

Inês Silva, 12.ºA

 


Perguntar a alunos do décimo segundo ano o que é poesia é, na minha opinião, um ato arrojado. Desde Fernando Pessoa a Luís de Camões, muitos são os poetas que nos dão dores de cabeça. Quantos poemas nos fizeram duvidar da nossa capacidade de interpretação…. Quantos poemas traziam com eles palavras desconhecidas pela maioria…

São estas e outras características que, por vezes, levam os mais novos a menosprezar este tipo de texto, mas será realmente esta a ideia que devemos reter da poesia?

Primeiro de tudo, haverá realmente forma de definir poesia? Conseguimos pôr limites a algo que pode assumir todas as formas e desenvolver todo o tipo de temas?

Mais importante que perceber o conceito de poesia, é perceber o que podemos retirar dela, de forma a aproveitarmos e termos a melhor experiência possível.

Enquanto a poesia for o estudo intensivo do seu conteúdo e da gramática à sua volta, torna-se impossível apreciar o seu real valor, mas penso que assim que possamos ler e sentir a poesia, vamos vê-la como algo que cura e nos permite viajar em torno de toda a nossa imaginação.

  Pedro Carvalho, 12.ºA

 


A meu ver, poesia é muito mais do que um tema textual escrito em verso, ou até mesmo, uma das 7 artes do mundo. Escrever poesia é como despejar todos os sentimentos para cima de uma folha branca, na esperança que alguém se identifique e consiga realmente perceber. Poesia é um refúgio, um abrigo, no qual o poeta pode abrigar-se nas maiores tempestades. Pode escrever-se com a criatividade de uma pequena criança, ou com a sabedoria de um velho sábio. Poesia é isso mesmo, versatilidade e capacidade de encantar quem realmente a busca perceber.

Poesia é vida,

Poesia é paixão,

Por versos é construída

A poesia do meu coração

                                                                  Marcos Oliveira, 12.ºA

 


A poesia é, para mim

Uma amiga, uma confidente,

Que por vezes faz de mim paciente

E expande horizontes sem fim

Ela planta a semente

Que germina indefinidamente

E de uma simples leitura

Surge um amor ardente

                                                        Carlos Fernandes, 12.ºA

 



Poesia é desabafar com um papel

São vidas de frases e palavras

Pensamentos guardados

É o poder voar sem asas

 

Imaginação sem fim

Um fogo sem controlo

Consome os nossos medos

E transforma-os em consolo

 

Mas e o poeta?

O poeta é a fonte

Fonte da vida em versos

Homem que cria universos

Sem limite ou horizontes…

                                                                     Frederico Fernandes, 12.ºA

 

 


E agora a poesia em acrósticos…

 

A poesia é…

 

Pensativa

Objetiva

Emocionante

Sentimental

Intrigante

Admirável

                                 Ana Veloso, 12.ºA


 

Poderosa

Oceano de emoções

Espetaculat

Sentir

Importante

Arte

                               Margarida Henriques, 12.ºA

 

 

Paixão

Ouvir o silêncio

Esperança

Saudade

Inteligência

Agitação na alma

                                  Rodrigo Araújo, 12.ºA

domingo, 21 de março de 2021

 

Porque hoje é sábado (20 de março de 2021)

Dia límpido e primaveril, porque brilha o sol, sopra uma leve brisa e ela foi chegando de mansinho, dizem que pelas 9 e pico…

Verificando neste link http://oal.ul.pt/equinocio-da-primavera-2021/ fica a saber-se que “Em 2021 o Equinócio da Primavera ocorre no dia 20 de março às 09:37 horas. Este instante marca o início da Primavera no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 92,7465 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de junho às 03:32 horas. (…) A partir daqui até ao início do outono, o comprimento do dia passa a ser maior do que a duração da noite, devido ao Sol percorrer um arco mais longo e mais alto no céu todos os dias, atingindo uma altura máxima no início do Solstício de Verão.”

Embora todos os dias sejam dias de qualquer coisa, a verdade é que neste março temos três dias  muito marcantes. Ontem foi Dia do Pai, Dia de S. José; hoje é dia da Primavera e amanhã é Dia Mundial da Árvore e Dia Mundial da Poesia.

Da Primavera já dei uma breve nota. Do Dia do Pai, consultando https://www.calendarr.com, fiquei a saber que existem duas histórias sobre a origem do Dia do Pai.:

1 - a origem da data é atribuída à americana Sonora Luise, filha de um militar que resolveu criar o Dia dos Pais motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart.

2- consta que em 2000 A.C., na Babilônia, um jovem rapaz de nome Elmesu escreveu uma mensagem numa placa de argila em que desejava saúde, felicidade e muitos anos de vida ao seu pai.

Certo certo é que O Dia do Pai em Portugal é comemorado no dia 19 de março, dia de São José, santo popular da igreja católica, e ainda em Espanha, Itália, Andorra, Bolívia, Honduras e Liechstenstein.

Para homenagear todos os pais, cito o poema de Vinicius de Moraes “Teus velhos sapatos manchados de terra “

Meu pai,
dá-me os teus velhos sapatos
manchados de terra
dá-me o teu antigo paletó
sujo de ventos e de chuvas
dá-me o imemorial chapéu
com que cobrias a tua paciência
e os misteriosos papéis
em que teus versos inscreveste.
meu pai,
dá-me a tua pequena
chave das grandes portas
dá-me a tua lamparina de rolha,
estranha bailarina das insônias
meu pai, dá-me os teus velhos sapatos.

E como amanhã é dia da árvore, o meu apelo para que preservemos as árvores centenárias, as plantemos em vez de as abatermos, as respeitemos não as cerrando como se vê tão frequentemente em Braga!

     

Para celebrar o Dia Mundial da Poesia amanhã, termino com o poema onde fui “roubar” o título para esta crónica.



 


Vinicius de Moraes  

Dia da Criação

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.(…)

                                                                                                            Rosa Sousa

quinta-feira, 18 de março de 2021

 

O estatuto e o papel da Mulher:

do tempo de Amor de Perdição aos nossos dias


O estatuto e papel da mulher na sociedade nem sempre foram como os conhecemos hoje. De facto, a realidade das mulheres do século XIX era bastante diferente da realidade das mulheres do século XXI.

No século XIX, o papel das mulheres limitava-se, essencialmente, ao cuidado do lar e dos filhos, à ida à igreja e a festas e romarias, sempre acompanhadas quer pelo marido (quando casadas), quer pelos pais (quando solteiras). Pode até dizer-se que quando se nascia mulher, no século XIX, era quase como nascer com uma condição “inferior”, pois a mulher tinha que numa primeira fase da vida obedecer ao poder paternal e, posteriormente, ao poder do marido.

Esta situação é claramente retratada na obra que estudámos - Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, através da figura de Teresa de Albuquerque e de seu pai, Tadeu de Albuquerque. No capítulo IV, Tadeu de Albuquerque, com uma brandura planeada, tenta obrigar Teresa a aceitar casar-se com Baltazar Coutinho. O discurso de Tadeu de Albuquerque mostra bem como funcionava a sociedade naquela época:  era regida pela prepotência, pela submissão total da mulher ao pai e/ou marido. É precisamente esta sociedade que Camilo critica, através das personagens Teresa e Simão, que se manifestam e lutam contra estas injustiças sociais, movidos pela força magistral do amor.

Teresa mostra-se determinada na sua decisão de não se subjugar às decisões do pai, instalando definitivamente o conflito e desafiando as normas e convenções sociais, pois, na sociedade do século XIX, não era aceitável uma donzela desobedecer às ordens de seu pai, não aceitando o marido que ele lhe escolhia.

                É a força do amor que leva Teresa a enfrentar a sociedade da época e tornar-se numa heroína romântica. Por amor a Simão, Teresa revela-se irredutível e intransigente na recusa em submeter-se à vontade do pai, seja em que circunstância for. Teresa e Simão, valorizam a liberdade do coração- “A liberdade do coração é tudo”, cap. VII.

                Atualmente a mulher assume cada vez mais um papel de destaque nas várias valências da sociedade. Para tal, em muito contribuíram figuras históricas femininas nas suas lutas pela igualdade de género.

Ainda que algumas mentalidades pareçam ter parado nos séculos anteriores e continuem a ver a mulher como um ser inferior, a verdade é que o papel e estatuto da mulher mudaram, evoluíram e hoje não há diferenças, os papéis e os direitos são, hoje, iguais!

  Assim deveria ter sido, sempre!

 

Catarina Soares e Diogo Fernandes 11ºC


sábado, 13 de março de 2021

 

Porque hoje é sábado (13 de março 2021)

Fazendo jus aos muitos provérbios sobre o tempo irregular deste 3º mês do ano, novamente um sábado cinzento, melancólico e de confinamento.

Antes da hora estipulada para o “Fique em casa”, merquei, cozinhei, telefonei, pesquisei, li e escrevi. Isto.

1. Uns quantos ditos da sabedoria popular, tão verdadeiros uns, tão sui generis outros e, curiosamente, até um bem criativo e humorístico!

Março marçagão, de manhã cara de carvão, à tarde sol de Verão.

Março marceja, pela manhã chove e à tarde calmeja

Março molinhoso, São João farinhoso.

Março chuvento, ano lagarento­

Queres bom cabaço, semeia-o em março

Páscoa em março, ou fome ou mortaço

Quem em março não merenda, aos mortos se encomenda.

Em Março, cada dia chove um pedaço

Aí vem meu irmão Março, que fará o que eu não faço.

Vento de Março e chuva de Abril, fazem o Maio florir

In: https://www.lapismagico.com/proverbios/marco/



 


2-  Efeméride e Iluminuras 


https://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com/2014/03/efemerides-de-marco.html

Rosa Sousa     


quinta-feira, 11 de março de 2021

 

Há noites assim! …

09/03/2021, 19.30h, estava tudo preparado para se dar início a mais um encontro de leituras, partilhadas. Desta vez, nós, os leitores adultos, não partilhámos o espaço escolar, mas mesmo confinados, unimo-nos nos espaços uns dos outros, nas leituras, nos gostos… a internet possibilitou-nos a aproximação possível.

Curioso: a partilha foi tão agradável que pareceu física!

Tudo começou com um anúncio e um convite:



E lá começámos, mais uma edição das nossas já habituais sessões de leitura.



O que se seguiu foi muito bom, traduziu-se em momentos em que todos partilhamos boa disposição e leituras…

Altino do Tojal



E mais leituras…

 

Camões



Eça de Queirós



Contos tradicionais



Tantas, tantas leituras…

Pois, 



As imagens são o testemunho de uma noite tão bem passada!

Sim, mesmo confinados, juntámo-nos à distância de uma videoconferência.

Tivemos de resolver um Quizz, que nos obrigou a pensar…


E sorrimos juntos, sorrimos muito!




Obrigada, a todos.

 Até à próxima partilha!

                                           Rosa Maria Martins