quinta-feira, 30 de abril de 2020

aepl.estetempo 30.abril.2020


Quinta-feira, 30 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no quadragésimo sexto dia de quarentena e estive a pensar no quanto tivemos de mudar os nossos hábitos e rotinas, para nos adaptarmos a esta fase tão diferente.
Sei que já te disse várias e várias vezes que o vírus trouxe bastantes mudanças nas nossas vidas e, ao longo desta quarentena, falei-te de algumas delas. Mas, se banalizarmos as coisas, o facto de alguém, num país tão distante do nosso, ter ingerido um alimento contaminado, fez com que o mundo inteiro parasse, devido a uma pandemia. Logo no início do surto de Covid-19, achei “curioso” o facto de, num espaço de tempo tão curto, o vírus ter atingido vários países (apesar de, é claro, se achar que o vírus já circulava entre as pessoas antes de o primeiro caso ser diagnosticado).
Isto prova o quanto a globalização se tem desenvolvido nos últimos tempos, visto que todos os países estão intimamente conectados, quer pelos mecanismos de importação / exportação, quer pelo transporte de pessoas, etc. E essa mesma globalização, que até agora pareceu ser exclusivamente vantajosa, foi o maior problema no que toca à propagação do vírus – mais uma vez, o coronavírus provou-nos que há sempre uma forma diferente de ver as coisas.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Será que todos nós temos um destino traçado? Será que a nossa vido está “escrita” em algum lado e tudo o que fazemos está predestinado? Ou será que simplesmente cada um constrói a sua própria história a cada segundo, a cada ato, a cada decisão que toma?
Bem… eu não sei, mas por vezes acho que sim. Que é o destino que delineia o nosso caminho e, por isso, não temos qualquer poder de escolha para mudá-lo. Por outro lado, acho que isso nem sempre faz sentido e que nós somos seres racionais que, livremente, esboçamos o nosso trilho. Sabes porquê? Porque se existir destino ele consegue ser muito cruel e eu não consigo aceitar isso. Espero mesmo um dia conseguir, de algum modo, compreender esta dimensão mais abstrata e controversa.

Marina Peixoto (11ºD)



Este tempo… dia 48
30.Abril.2020

Quando nos sentimos pequenos, percebemos a pequenez. Quando nos magoamos, percebemos quem se magoa. Quando sofremos, percebemos o sofrimento. Quando nos apercebemos dos nossos limites, percebemos os limites dos outros.
E este é o tempo em que nos sentimos assim. Neste tempo experimentamos (e tocamos!) estes limites. E descobrimos o nosso lugar. No mundo. Com os outros. Aprendemos a viver com paciência – sabendo esperar pelos outros!

Margarida Corsino

quarta-feira, 29 de abril de 2020

aepl.estetempo 29.abril.2020





Querido diário,

Mais uma semana complicada aqui no trabalho, as 35 horas semanais transformam-se, na maior parte das vezes em 40, trabalhamos 12 horas por dia e durante esse tempo, não paramos um segundo. Está um caos aqui no hospital, todos os dias vejo entrar mais e mais pacientes com a suspeita deste vírus que por todo o mundo se espalhou em tão pouco tempo.
Depois do trabalho, sinto-me exausto, tanto a nível físico como a nível psicológico, os pacientes foram proibidos de receber visitas, então, nós não podemos ser somente profissionais de saúde como também assumir o papel dos seus familiares.
Todos os dias o medo me atormenta, penso no que irá acontecer para lá das portas do hospital, levarei o vírus para casa? Será que algum doente estava infetado e eu não sabia? Será que tive todos os cuidados necessários? Tudo isto torna o desgaste emocional muito maior que o desgaste físico.
Este tempo não só destrói aqueles que lutam contra o vírus, mas também aqueles que são obrigados a estar no hospital por outros motivos de saúde. No internamento todos os dias se nota um agravamento no estado de saúde dos pacientes, por se sentirem abandonados, por não poderem ter contacto com o exterior e por não verem aqueles que faziam todas as semanas um esforço para os ver.
Esta, querido diário, é só mais uma página da realidade que eu e muitos outros enfermeiros estamos a passar.

Filipe Barros (enfermeiro – primo da Tatiana)



Quarta-feira, 29 de abril de 2020

Querido diário,

Estamos, hoje, no quadragésimo quinto dia de quarentena, o Dia Mundial da Dança.

A dança é uma das sete artes, e talvez uma das que mais vemos, principalmente nas redes sociais. Para além de ser uma arte, a dança é um desporto, mesmo que algumas pessoas não o vejam como tal, por considerarem que “não cansa” – o que não é, de todo, verdade.

Mas neste Dia Mundial da Dança não se pode, como nos restantes, realizar espetáculos presenciais. Por isso, o palco das atuações é online – mesmo sem a emoção e beleza que um espetáculo ao vivo traz, as companhias e bailarinos podem apresentar novas criações ao mundo, através das inúmeras plataformas que a tecnologia nos disponibiliza.

Como sempre disse: mesmo em tempos de dificuldade, há sempre uma forma, seja ela melhor ou pior, de se resolver os problemas.

Maria João Fontão (11ºC)




Querido diário,

Hoje esteve um dia frio, nublado e chuvoso. É aquela ambiente que dá vontade de não fazer nada, ficar a ver um filme ou uma série, dormir, ouvir música e refletir. Mas não pode ser, porque tive tarefas para fazer e dediquei-me a português quase em exclusivo.
Eu nunca tive o hábito de ler, talvez porque os meus pais nunca me incentivaram a isso e eu própria não achava muito cativante. Mas ultimamente tenho ganho esse gosto. Os livros são muito ricos e ajudam-nos a melhorar a concentração, memória, imaginação e, provavelmente duas das coisas mais importantes, a ganhar vocabulário e a escrever muito melhor. Eu já notei isso em mim e nos progressos que tenho vindo a fazer. Existe, contudo, algo que me desanima um pouco, que é os significados por de trás das palavras, como, por exemplo, a estação primavera simbolizar o começo de um novo ciclo, vivacidade, energia, vida, prosperidade, fertilidade. Isto torna toda a história muito mais subjetiva e difícil de compreender.
Hoje deparei-me com isso. A tarefa foi pesquisar a simbologia de alguns elementos presentes no quarto de Maria Eduarda na Toca, no capítulo XIII d’Os Maias. Isto preencheu bastante tempo do meu dia. Posteriormente, com toda a informação adquirida, redigi um texto sobre este tema. Outro trabalho que, posso dizer, deu “dores de cabeça”. Não porque foi difícil escrevê-lo, mas porque eu não conseguia cumprir o limite máximo de 200 palavras, ultrapassando-o largamente. Acabei, quase milagrosamente, por conseguir e “fiquei na rolha”, com as duzentas palavras certinhas, nem mais, nem menos. Sempre tive este problema e ainda não descobri um truque para superá-lo, pois, para a escrita, a minha mente “só tem metas e não limites”.

Marina Peixoto (11ºD)



terça-feira, 28 de abril de 2020

aepl.estetempo 28.abril.2020


27/04/2020
Olá querido diário,

Já passaram alguns, ou talvez muitos anos desde a última vez que te contei algo. Durante todos estes anos cresci, mudei, progredi, mas também regredi… Porém, o mais importante é que durante todos estes anos tentei ao máximo ser a melhor versão de mim e de me tornar cada dia melhor pessoa.
Tu sabes o quanto exigente era comigo mesma e o quanto isso me levava muitas vezes a chegar ao fim do precipício apesar de nunca lá ter caído, pelo menos enquanto estavas presente.
Pois houve uma época que eu, acidental e lentamente me deixei escorregar e mergulhei de cabeça. Perdi tudo o que eu era, tinha-me desencontrado. Via o tempo a correr à velocidade da luz, os meus amigos a evoluir, algumas vidas que me rodeavam a desaparecer e outras a aparecer como dádivas e eu? Eu parecia parada no tempo, na vida, como uma mera telespectadora perante um cenário que me parecia em ruínas.
Sentia que quando o despertador, inoportuno, soava, o novo dia não era mais uma oportunidade de viver, mas mais uma tentativa de não morrer (metaforicamente). A ideia de envelhecer assustava-me, parecia sinónimo de solidão, de perda, de angústia. Não conseguia ver o ter mais idade como um ter mais experiência, mas como uma diminuição, uma falta e uma contínua das desculpas para errar.
Até que graças aos meus amigos, aqueles que realmente terão sempre uma morada no nosso coração e a minha família incrível, encontrei uma corda de escalada no final do precipício. Sim, uma corda, pois tive de trabalhar muito e de superar tudo aquilo de que me escondia para voltar a ser finalmente eu. Não tive direito a um trampolim que me levasse diretamente para o topo mas, ainda bem pois sei que graças a essa corda e todas as cordas que hoje me aparecem pelo caminho, aprendi que tudo na vida acontece por um motivo e se algo sai da nossa vida é porque algo melhor está por vir. E a todos que durante a minha caminhada se foram tornando estrelinhas, as estrelinhas mais bonitas e radiantes que alguma vez vi, irei levá-las para sempre comigo e estarão sempre a olhar por mim e eu por eles.
Desejo-te a ti e a todos que por curiosidade lerem esta página de diário, que sem precisarem de passar pelo que eu passei, consigam conhecer o sabor da vitória e o verdadeiro valor da vida e dos verdadeiros amigos.
Com saudades me despeço,
Um beijinho grande da restante metade da [tua/minha] vida que ficou por escrever.

Catarina Vieira, 12.ºA



Terça-feira, 28 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no quadragésimo quarto dia de quarentena. Ontem, contei-te que o estado de emergência seria levantado e que temia que a população portuguesa estragasse o ótimo trabalho feito até ao momento. Agora, é oficial: o estado de emergência será levantado à meia-noite do dia 2 de maio.
Era suposto estar feliz com esta notícia, mas a verdade é que não estou. Não porque queira ficar mais tempo em casa, mas porque o que já se esperava aconteceu: hoje, em cidades como Porto ou Lisboa, o trânsito voltou quase ao normal. Entendo que todos nós queiramos a normalidade das nossas vidas de volta mas, mesmo após o levantamento do estado de emergência, várias medidas serão tomadas, e o governo fez questão de enfatizar isso, para que não ocorram excessos. E, ainda em estado de emergência, várias pessoas mostraram-se despreocupadas.
Esta atitude claramente transparece egoísmo e irresponsabilidade o que, mais tarde, poderá trazer consequências graves, levando, novamente, à implementação do estado de emergência.

Maria João Fontão (11ºC)


Querido diário,

A minha mãe tem estado a fazer um pano em croché, inspirando-se numa imagem que viu, há alguns dias, no facebook. Era muito giro e formava duas espirais que partiam do mesmo centro e divergiam para lados opostos. Ela já tinha feito uma roda com cerca de catorze voltas com muitas “casinhas abertas” e ia começar a formar definitivamente as espirais, mas algo estava errado. Eu fui pesquisar e essas voltas iniciais deveriam de ter sido totalmente preenchidas para que o pano ficasse mais espesso, grosso e seguro. Então ela desfez todo o trabalho de horas e recomeçou minuciosamente.
Com isto deu para perceber que quando queremos algo perfeito, bonito, seguro e cativante demora tempo. Temos que nos dedicar inteiramente e estar sempre informados e inteirados sobre a matéria abordada. Como se diz, “devagar se vai ao longe”. É necessário persistência e atenção. Devemos “construir” uns bons alicerces para que todo o projeto fique bem e não caia ou venha a dar problemas mais tarde. Por vezes, até nos podemos deparar com um muro que não nos deixa avançar, mas aí, não desistimos. Derrubamos o muro e usamos essas pedras para calcetar o caminho e tudo ser mais fácil ou encontramos outro caminho com o mesmo destino. São os pequenos pormenores que, muitas vezes, fazem a diferença, que nos tornam autênticos e, áquilo que fazemos, distinto e inovador.
Este tempo de quarentena é uma boa altura para nos descobrirmos e para tomarmos consciência disto e, assim, melhorarmos a forma como agimos ou pensamos.

Marina Peixoto (11ºD)



Este tempo… dia 46
28.Abril.2020

Hoje, por momentos muito breves, o sol esteve aí. Deixei-me ficar a saboreá-lo na minha cara. Quando abri os olhos, reparei que a Primavera chegou já. Com toda a sua força a fazer a vida (re)nascer. E recordei-me de um projecto no Paraguai do qual ouvi falar há uns anos – fazer instrumentos musicais a partir do lixo. Latas de óleo, colheres de metal, martelos, pedaços de madeira atirados para o lixo ganham nova vida em violinos, violoncelos, caixas, sopros. Como que numa Primavera que permite que a semente lançada à terra apodreça para nascer na beleza das flores.

Que bom seria que as nossas vidas conseguissem transformar o lixo que, por vezes, fazemos (o lixo dos nossos gestos, das nossas palavras, dos nossos egoísmos, de…) em lugares de beleza.

O nome do projecto? LandfillHarmonic. E como continuo a achar que, um dia, será possível ouvir música a partir do papel fica aqui.


 Margarida Corsino


segunda-feira, 27 de abril de 2020

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Segunda-feira, 27 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no quadragésimo terceiro dia de quarentena e parece que tudo está a voltar ao normal. Hoje, o aumento percentual de novos casos de Covid-19 foi de apenas 0,7%. O estado de emergência começará, aos poucos, a ser levantado e as escolas deverão abrir no dia 18 de maio, apenas para os 11º e 12º anos.
Em Portugal, vê-se, assim, uma luz muito brilhante ao fundo do túnel. Ainda que a situação não esteja totalmente ultrapassada, é gratificante não termos os números avassaladores como têm a Itália e os Estados Unidos, por exemplo. Espero, seriamente, que a população portuguesa não estrague o ótimo trabalho feito até agora, caso contrário, o governo não terá outra solução senão voltar a declarar o estado de emergência. Repetindo novamente: tudo depende de nós.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Hoje foi mais um dia de trabalho. Tive várias tarefas e consegui organizar bem o meu dia. Mas sei que amanhã será um pouco mais desafiante. Vamos ter que fazer uma banda desenhada, no âmbito da disciplina de geografia, sobre o tema: Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) e a COVID-19. O objetivo é refletirmos sobre as TIC, os cuidados a ter, as vantagens e o seu impacto no mundo atual e especialmente a importância das tecnologias para todos nós neste tempo.
Sabias que podemos afirmar que estamos a viver a Era digital? Pois é verdade. Ao longo dos últimos anos, tem-se verificado uma revolução digital na vida de toda a população e a rápida evolução das tecnologias permite acelerar o desenvolvimento da sociedade e a melhoria da qualidade de vida da população.
Todos percebemos que, neste momento em especifico, não éramos nada sem todas as tecnologias existentes. Somos obrigados a usá-las! Os jovens têm que ter internet e computador ou tablet para terem aulas digitais. Muitos adultos estão em regime de teletrabalho e obviamente precisam do mesmo tipo de meios. As empresas que continuam abertas usam, em maior ou menor quantidade, máquinas, computadores, telemóveis, internet e outro tipo de aplicações para, da melhor forma, continuarem a produção e sobreviverem a esta crise que já se começa a sentir. As inúmeras informações que recebemos são-nos transmitidas pelos diversos meios de comunicação, como o rádio, a televisão ou redes sociais.
Isto é o que todos sabemos. Mas há muito mais e mais importante nesta situação atual. A inteligência artificial tem sido essencial para desenvolver estratégias de prevenção e combate desta doença. Na China, por exemplo, têm sido utilizados capacetes de inteligência artificial para medir a temperatura; drones capazes de usar reconhecimento facial para alertar quem não usava máscaras em público e para entregar medicamentos ao domicílio; aplicações móveis para controlar as viagens dos cidadãos; robôs que esterilizam, entregam alimentos e realizam outras tarefas em hospitais, já que não são suscetíveis de contrair o vírus. Além disso, há empresas que puseram os seus supercomputadores a trabalhar numa vacina contra o coronavírus, uma vez que a sua velocidade de executar cálculos e modelar soluções é muito maior. Assim, em tempos de pandemia, as tecnologias e a inteligência artificial tornaram-se indispensáveis para a sociedade conseguir lidar com o vírus.
É óbvio que existem algumas desvantagens, como o roubo de informações pessoais ou ainda a limitação da nossa privacidade e liberdade, pois somos constantemente controlados. Contudo, em tempos excecionais isso, a meu ver, não é prioritário.

Marina Peixoto (11ºD)


domingo, 26 de abril de 2020

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Domingo, 26 de abril de 2020
Querido diário,

Há dias que te desprezo. As atividades letivas começaram e os dias são preenchidos com a realização de inúmeras tarefas. Logo, à noite, tem-me sido difícil escrever os meus pensamentos. Mas hoje é um dia especial. O meu primo Pedro faz 13 anos. Hoje seria um dia de visita à sua casa para, em família e na companhia de alguns amigos, lhe cantarmos os parabéns. Fizemo-lo de forma diferente, com saudade no coração, mas também alegria por nos mantermos juntos. Um telefonema animado logo pela manhã, com cânticos para o felicitar por mais um ano de vida e por nos ter escolhido para fazermos parte da sua. Uma videochamada no final do dia para constatarmos o quanto tem crescido. Os avós choraram. E eu, mais uma vez, não sinto dúvidas de que há primos que são irmãos. Em breve, faremos a festa todos juntos! Já temos uma história para contar aos nossos filhos e aos netos que certamente estudarão este período da nossa história, meu primo. É este o tempo… fomos os escolhidos para o viver. Que vivas a tua vida sempre com alegria e que eu continue a fazer parte das tuas melhores companhias. No próximo ano será melhor… Sempre juntos!

Nuno Cunha (10º A)



Domingo, 26 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no quadragésimo segundo dia de quarentena. Acabei de ver uma notícia que mostrava uma imagem inédita do espaço, lançada pela NASA, de comemoração dos 30 anos do telescópio Hubble.
A imagem era, de facto, extraordinária. O espaço é mais uma das coisas pela qual sempre me interessei bastante, não só pela sua beleza, mas também pela sua dimensão e mistério. Para nós, humanos, o nosso planeta já é suficientemente grande e não conseguimos, ainda, explorá-lo na totalidade. E se o nosso planeta já é tão difícil de entender na totalidade, que fará o Universo?
Sempre me fez uma certa confusão ouvir que o espaço é infinito, visto que é algo que nenhum de nós consegue alcançar. Isso, aliado ao facto de existirem tantas barreiras que nos impedem de explorar o Universo, levanta ainda mais questões. Uma dessas barreiras é a de que a Terra, continuando neste ritmo, tem “os seus dias contados”; desta forma, levanta-se uma outra questão – será que existe um planeta B?
Ainda que a ciência pareça ter resposta para tudo, há inúmeras coisas cujo estudo ainda está bastante atrasado. Isto porque por trás da ciência está uma enorme fragilidade: o Homem.

Maria João Fontão (11ºC)


sábado, 25 de abril de 2020

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25/04/2020
Querido diário,

Já faz tempo desde a última vez que te escrevi. A confusão gerada à nossa volta, tem-me deixado um pouco desnorteada e por vezes esqueço-me de parar para refletir sobre os meus dias e sobre a vida. Sinto-me mais atarefada do que em tempo normal, o que faz com que não tenha grande tempo para fazer algo de novo ou que realmente goste. Mas hoje foi diferente, acordei e achei que estava na altura de fazer algo melhor. Já desisti de contar os dias que passaram desde a última vez que as nossas vidas estavam nos eixos, a certa altura já me sentia uma louca a contar pelos dedos e a pensar se não teria sido mais o tempo em que estamos nesta situação. Acabei também por deixar de ver tanto as notícias. Ainda que ache ser bastante importante mantermo-nos informados em tempos como estes, estavam a ter impactos negativos no meu dia-a-dia, pois estava constantemente preocupada com o mundo lá fora e não conseguia ser tão produtiva e otimista como gostava.
Os dias têm passado sem que eu dê conta, talvez por parecer sempre segunda-feira, ou então domingo. Não há quase nada de novo em cada um deles que me ajude a distingui-los. Queria contar-te algo de interessante, mas eu não estou a conseguir ser criativa…. Começo as aulas bem cedo como de costume, ainda que de um método bem inovador. À tarde continuo o trabalho da manhã, uma vez que aproveito para estudar e compilar tudo o que foi dado em aula durante a manhã. Quando sobra um pouquinho de tempo, obrigo-me a fazer exercício… sempre ouvi dizer, “mente sã, corpo são” e acredito mesmo que esta tem sido a única forma de me manter ativa e mentalmente saudável.
É incrível percebermos como em tão pouco tempo o mundo parou sem que tenhamos o controlo total sobre isso, como o Homem está habituado a ter. Resta-nos apenas sermos pacientes e responsáveis, só assim conseguiremos chegar ao fim de dias tão difíceis como estes. Mas tenho esperança.

Ana Margarida Guimarães (12.ºA)



DIÁRIO1
Seja o que for
Será bom.
É tudo.

Hoje, quando lia o texto da Marina Peixoto no aepl.estetempo, ocorreu-me, de imediato,  a visão de Diário de Daniel Faria. Também ela me foi dada a conhecer pela professora Margarida.
Quando contactei com poema a primeira vez não consegui ver o alcance daquelas palavras. Hoje, tento bebê-las. São um néctar para os meus dias. Baixo a guarda e a riqueza da mensagem faz-me num instantinho agradecer o que tenho … e é tanto.

1Daniel Faria, POESIA, Vila Nova de Famalicão, Quasi, 2006
Lurdes Silva



Dia 23 (25 de abril de 2020)
Querido diário,
Hoje é um dia muito especial, um dia que marcou, por completo, a história do nosso país.
Um feriado nacional, símbolo da liberdade, que hoje foi passado, ironicamente, dentro de casa. No entanto, a liberdade não é só física. Felizmente, nos dias de hoje temos liberdade para pensar, para falar e para sermos quem desejamos.
Há 5 décadas, tínhamos os heróis de abril a lutar pela quebra do estado ditatorial. Agora, compete-nos a nós definirmos o rumo desta pandemia.
“É importante que não deixemos murchar o cravo que abril floriu”.
Miguel Almeida (11ºC)



Sábado, 25 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no quadragésimo primeiro dia de quarentena, marcado pelo Dia da Liberdade, bastante diferente do usual: celebra-se a liberdade em casa.
Há algum tempo, falei-te da liberdade, e da importância dela. Hoje em dia, o regime político português presa pela aplicação dos Direitos Humanos (havendo, mesmo assim, quem fuja à “regra”). Mas nem sempre foi assim: de 1933 (este foi o ano em que o regime do Estado Novo teve início, porém, a ditadura militar teve início em 1926) até 1974, Portugal viveu uma ditadura, marcada pela ausência de liberdade e igualdade. Aqueles que se opunham ao governo eram punidos severamente; o marido tinha total controlo sobre a mulher, podendo, legalmente, matá-la, em caso de adultério (a violência doméstica não era crime); só quem tinha posses económicas podia estudar; coisas tão banais como beber Coca-Cola ou dormir num banco de jardim eram proibidas. Estas eram apenas algumas das restrições que o regime salazarista impunha, as quais só tiveram fim após a Revolução do 25 de Abril.
Por muito que ainda não vivamos numa sociedade em que haja total igualdade e justiça, devemos o nosso livre-arbítrio a quem arriscou a vida por um golpe militar, com vista a garantir um melhor futuro para o nosso país. Mesmo celebrando este dia em casa, devemos sempre lembrar-nos destas pessoas, e nunca fazer com que esta data caia no esquecimento.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Hoje é dia 25 de abril e esta é uma data muitíssimo importante para Portugal. Comemora-se a Revolução dos Cravos com a qual se pôs fim à ditadura e se implantou a democracia. O cravo vermelho é o grande símbolo da Revolução de Abril de 1974, porque estes foram distribuídos pelos soldados que os colocaram nos canos das espingardas.
Por este ato revolucionário há 46 anos, agora, somos livres, nunca esquecendo os deveres que temos enquanto cidadãos. Este ano, o país não pode celebrar esta data como acontecia dantes. Não houve manifestações antifascistas nem uma grande comemoração na Assembleia da República. Foi algo restrito, sem guardas de honra, com poucos deputados e com meia dúzia de convidados, devidamente espalhados pelo parlamento para manterem a distância de segurança.
Tenho pena que em algumas partes do mundo existam ainda situações como aquela que os portugueses viviam antes deste dia tão especial.
Viva a liberdade!

Marina Peixoto (11ºD)



Este tempo… dia 43
25.Abril.2020

Não sou de lutas partidárias. Mas sou de causas políticas. [São coisas diferentes – o homem é um animal político.] E luto e dou mesmo a cara por elas. Hoje, 25 de Abril, acho que nos faltou liberdade para festejar a liberdade. Não falo da liberdade em falta por causa do confinamento que nos foi imposto. Falo da falta de liberdade criativa para festejarmos aquilo que nos é permitido viver em cada dia (confinados ou não). Nos últimos tempos, têm-nos sido pedidos, individual ou comunitariamente, gestos criativos e inesperados para celebrar datas e momentos essenciais na nossa vida. Hoje, como país, a meu ver, não fomos capazes de o fazer – como país, tivemos de celebrar como sempre o fizemos. O que diz isto da forma como vivemos a liberdade que, entretanto, - achamos nós - alcançámos? A liberdade define-nos. Não deixemos que nos escravize.
Que a força e a beleza das palavras cantadas então nos permitam ver, hoje, em cada rosto, sem idade, onde quer que seja, um irmão. A igualdade. Mesmo!

Margarida Corsino da Silva


sexta-feira, 24 de abril de 2020

aepl.estetempo 24.abril.2020


Querido diário,

Eu nunca tinha escrito um diário até a minha professora de matemática ter sugerido como uma “boa maneira de olharmos o nosso dia e deixarmos ressoar o que, realmente, foi importante. Sensações. Sentimentos. Factos.”, já que íamos iniciar um tempos difícil e diferente. Eu aceitei esta proposta e tem sido uma experiência bastante desafiadora e benéfica para mim e, quem sabe, para aqueles que o leem todos os dias no jornal da escola “Preto no Branco”. 
Mas hoje lembrei-me que há anos, uma menina alemã de origem judaica vítima do Holocausto, enquanto vivia escondida num quarto oculto durante a invasão alemã nos Países Baixos, escreveu as suas experiências em documentos. Ela chamava-se Anne Frank e o seu diário foi publicado anos depois da sua morte. Atualmente, este livro está acessível a todos e a história desta jovem sobre uma “situação inaudita” é inspiradora para muitos. Infelizmente, nunca tive o interesse em lê-la, mas, depois desta reflexão e talvez da aproximação entre os contextos, eu quero ler atentamente o Diário de Anne Frank.

Marina Peixoto (11ºD)




Querido Diário,
Garfe, 24 de abril de 2020

O dia do meu aniversário foi há dois dias. Celebrei os meus 18 anos de idade. A transição tão esperada pela maioria dos adolescentes, a “mudança” para adulto.
Infelizmente, não passei este dia como queria. Mas acabei por ter um dia não muito diferente do que teria na dita situação normal… passei a minha manhã em aulas. De tarde, foi um pouco diferente. Passei o tempo todo em casa em vez de passar uma tarde com os meus amigos. A dor maior foi a de não poder estar com a minha família e, principalmente, com a minha mãe o que me entristece ainda mais.
Apesar de saber que nunca mais me vou esquecer como passei o dia do meu aniversário dos 18 anos, sigo de cabeça erguida, ainda que um bocado triste, mas não faltarão oportunidades de festejar e o que me importa mais neste momento é que todas as pessoas que amo estejam seguras e saudáveis.
Adeus, querido ouvinte,

Diogo Ferreira (12.ºC)



Sexta-feira, 24 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no quadragésimo dia de quarentena. É verdade: aquilo que parecia, no início, algo que duraria bastante pouco, já dura há quarenta dias. E é nestas alturas que temos de recorrer, mais ainda, a formas de entretenimento.
Por muito que estejamos numa fase em que tudo o que vemos nos traz ondas de pessimismo, há sempre formas de melhorar o nosso dia – uma delas é o entretenimento. Como é óbvio, este tem sempre grande importância mas, por vezes, no meio de tantos afazeres, não nos resta tempo para que possamos abstrair-nos um pouco. Agora, ainda que surjam sempre tarefas para fazer, temos mais tempo para aproveitar as várias fontes de entretenimento.
Portanto, nos últimos tempos, o entretenimento tem sido extremamente valorizado, até porque se torna difícil produzi-lo quando não se pode sair de casa. Permite-nos esquecer todos estes problemas, quer retirando o nosso pensamento deles, quer humorizando-os – sempre considerei que encarar os nossos problemas de forma mais divertida nos ajuda a ultrapassá-los.
Pode ser que, a partir de agora, as diversas formas de entretenimento sejam mais valorizadas, porque entretenimento, para além de fazer o que a própria palavra o diz – entreter – também nos ajuda a viver “melhor” e, muitas vezes, torna-nos mais cultos.

Maria João Fontão (11ºC)


quinta-feira, 23 de abril de 2020

aepl.estetempo 23.abril.2020


Quinta-feira, 23 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no trigésimo nono dia de quarentena. As aulas à distância estão, agora, bem organizadas, e penso que o trabalho esteja a ser bem doseado.
É agora que percebo, mais do que nunca, aquilo que sempre me disseram: a organização é muito importante. Nunca fui uma pessoa desorganizada, mas também nunca precisei de uma organização extrema para realizar as minhas tarefas “normais”; porém, um estudo constante em casa necessita de bastante mais organização, caso contrário, é relativamente fácil esquecer-me de alguma tarefa que tenha de fazer.
Penso que este seja mais um dos poucos aspetos positivos da quarentena: desenvolver a capacidade de autonomia, que será bastante importante para o futuro. Por muito que pareça que estamos apenas encurralados em casa, sem qualquer vantagem, não é bem assim; podemos sempre melhorar pequenos detalhes enquanto lidamos com algum problema.

Maria João Fontão (11ºC)




Quinta-feira, 23 de abril 2020
Querido diário,

Era bom que houvesse notícias para te dar, mas tudo está igual. Tudo se repete dia após dia. Sempre a mesma rotina. Acordo cedo, ligo o computador e começo as atividades e as tarefas propostas pelos professores. Tento fazer tudo e tento acabar cedo as tarefas para no final do dia dar uma caminhada, pois é a única coisa que podemos fazer fora de casa. E que bem que sabe!
Há tantas emoções e tantas coisas em que pensamos nesta quarentena. Achamos que só nós, os jovens, sentimos isso e ficamos aborrecidos, chateados até. Olhando à nossa volta vemos um país inteiro, posso até dizer, um mundo inteiro a sentir o mesmo. Não podemos ser egoístas e enfadarmo-nos com isso, é uma nova experiência, não a melhor, mas tenho de encarar como algo mais positivo. Aproveito este tempo para o passar com a minha família, aproveitar tempo desperdiçado, acabando por dar mais valor a quem amamos. Estar longe dos amigos com quem convivemos diariamente, acho que para mim, e para maior parte das pessoas, é o mais complicado.
As saudades apertam, mas há de positivo retermos um tempo como o que vivemos até há aproximadamente um mês. Para hoje resta despedir-me de ti e aproveitar o resto do dia da melhor maneira.

Érica Gonçalves (12.º B)



Querido diário,

Os sentimentos são algo que fazem parte do ser humano desde o primeiro dia de vida.
Todos nós, de um modo ou de outro, sabemos e já experienciamos o que é a felicidade, a tristeza, o amor, o ódio, a esperança, o medo, a diversão, o estresse, a satisfação, a frustração, o entusiasmo, a vulnerabilidade, a euforia, a ira, a motivação, a vergonha…
 Estas emoções podem ser agradáveis e provocar o bem-estar, mas também podem ser negativas e causar mal-estar. Neste tempo difícil que todo o mundo está a passar muitas vezes surgem sentimentos desagradáveis e indesejados que nos transtornam os pensamentos e nos deixam vulneráveis, frágeis. Contudo, é importante que cada um consiga lidar com eles, porque são essenciais para o nosso desenvolvimento e progresso enquanto pessoas. Além disso, uma boa gestão dos mesmos é fulcral para que não surjam problemas de saúde física e psíquica, como transtornos depressivos.
Estar em isolamento com a família ou sozinho em casa, com uma rotina monótona e chata, por vezes, sem ninguém por perto para desabafar e a receber informações constantes sobre a COVID-19 leva as pessoas a desesperarem e a querem quebrar as normas. Eu por isso considero importantíssimas as linhas de apoio e a ajuda entre todos para melhor combatermos este turbilhão de sensações.

Marina Peixoto (11ºD)


Este tempo… dia 41
23.Abril.2020

Hoje, dei comigo em pensar em tantas pessoas para quem esta anormalidade que me sinto a viver agora é a normalidade dos seus dias. Quantas pessoas estão sempre em casa? Quantas vivem a sua vida fechadas onde quer que seja? Seja por estarem doentes. Seja por terem sido feitas escravas. Por serem perseguidas. Por viverem num país que a isso as obriga. Ou por outra razão que seja. Acho que nunca tinha pensado muito nestas pessoas a partir deste lugar, agora, mais próximo.
Este momento trouxe-me esta possibilidade. O distanciamento que me é pedido daqueles que me são habitualmente próximos aproximou-me de tantos tão distantes. Espero mantê-los por perto. Espero não me esquecer deles…

Margarida Corsino da Silva

quarta-feira, 22 de abril de 2020

aepl.estetempo 22.abril.2020



Póvoa de Lanhoso, 22 de abril de 2020

Mais um dia em isolamento… Felizmente o de hoje é especial! É dia mundial da Terra! Como eu amo a Terra e tudo o que ela envolve: as plantas, os animais, a água e até as rochas! Espero que todos parem para pensar no mal que temos feito à nossa querida Terra e o quanto a estamos a destruir com a nossa ganância. É em tempos como os que estamos a viver que todos valorizam o que há de melhor neste nosso planeta, que saudades que tenho de acordar e tomar o pequeno almoço a olhar para o mar, de ver os barcos à pesca de madrugada, e não acredito que vou escrever isto, mas até saudades de adormecer a ouvir as barulhentas gaivotas tenho!
Anseio o dia em que possa reviver estas sensações. Esta tristeza há de passar e, no fim disto tudo, havemos todos de valorizar as coisas pequenas que o mundo nos dá.

Ana Rita Oliveira (12.ºB)



Querido diário,

Hoje foi um dia bastante mais calmo pois tivemos menos tarefas. Também era o dia em que tínhamos tarde livre e talvez por isso sintamos a diferença.
Quanto ao coronavírus, já há algum tempo que não te atualizo. Em Portugal, os casos de infetados continuam a aumentar entre os 500 e os 700 e morrem cerca de 30 pessoas por dia, infelizmente. Em alguns países a situação vai ficando cada vez mais regularizada, como é o caso da Espanha ou da Itália. Contrariamente, o Brasil ou os Estados Unidos, por exemplo, têm vindo a registar grandes aumentos de novos doentes e mortos.
Hoje celebra-se o Dia Mundial da Terra que foi criado especialmente para criar uma consciência comum acerca dos problemas ambientais e preocupações para a proteger. E há boas notícias, pois prevê-se que as emissões de CO2 baixem 6%, por causa da pandemia que vivemos e que nos obriga ao isolamento, e a “natureza sente-se mais livre” com o aparecimento de animais raramente vistos em “público”, mas mesmo assim não será o suficiente para reverter a crise climática.
Este 50º dia da Terra é também muito preocupante, porque nos países em desenvolvimento, devido à COVID-19 e todas as normas que ela implica, a sobrevivência está difícil e o dinheiro está parado. As famílias não têm acesso a bens e os produtos agrícolas estão a apodrecer nos campos, uma vez que os produtores não têm forma de os vender, em certa parte, pelo isolamento e distanciamento social e os escassos transportes que cumprem estas mesmas regras, e tudo isto acresce já às imensas dificuldades que estas pessoas viviam até então. Se os países desenvolvidos estão a sofrer muito com todo este caos nem imagino nestes países onde vivem pessoas como nós sem as mínimas condições e onde a fragilidade da economia, das infraestruturas, de tudo, é elevada.
Espero que nós tenhamos consciência e nos esforcemos para melhorar e em conjunto ajudar os outros a recuperarem também.

Marina Peixoto (11ºD)


Quarta-feira, 22 de abril de 2020
Querido diário,

Cumpro hoje o quadragésimo dia de quarentena, não tem sido tão fácil como esperava que fosse no início, mas é um esforço e, de certa forma, uma obrigação para o meu bem e para o de todos à minha volta. O meu foco tem sido mesmo esse. Apesar de encarar as coisas de uma forma realista, tendo noção de todas as repercussões que esta pandemia irá causar quando tudo estiver devidamente controlado e de saber que tão cedo nada será como antes, já só espero o dia em que digam que tudo está de volta ao normal.
O pior destes dias tem sido a incerteza que se sente em relação a tudo, por momentos foi quase como se tivesse colocado a minha vida em pausa, não saber quando tudo ficará melhor, que decisões iriam ser tomadas relativamente a vários aspetos da nossa vida, o facto de tudo poder mudar a qualquer momento é, sem dúvida, algo assustador.  A verdade é que à medida que os dias passam e que tudo fica mais claro e com a sensação de que está a ficar tudo melhor, fica também mais difícil e estes 40 dias têm sem dúvida um teste à capacidade e saúde mental de todos. As saudades de tudo o que podíamos fazer antes, as coisas tão simples às quais tenho a certeza de que irei dar muito mais valor quando as voltar a fazer.
Acabo hoje com o sentimento de esperança de que da próxima vez que escrever já tudo se encontre bem.

Bruna Pereira (12.º B)



Quarta-feira, 22 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no trigésimo oitavo dia de quarentena. Hoje, recebi a “confirmação” de que, realmente, a total normalidade demorará a voltar.
A Organização Mundial de Saúde garantiu que o vírus iria ficar durante muito mais tempo. Esta é uma realidade que vai demorar a ser assimilada por muita gente. Por muito que já estejamos a viver este cenário há alguns meses, parece que nem todos entenderam que uma pandemia (principalmente desta dimensão) demora muito tempo a passar. Mas, como é óbvio, tudo depende da forma como é controlada que, por sua vez, depende não só do governo, mas da forma como as pessoas levam mais ou menos a sério as medidas de contenção.
Portanto, mesmo com o abrandamento da pandemia, ainda somos nós que decidimos o nosso futuro. Como sempre, é o Homem que decide o rumo do planeta e espera-se, sempre, que este tome as decisões mais acertadas, ainda que isso não tenda a acontecer. Pessoalmente, espero que as decisões que se venham a tomar no futuro sejam as corretas, porque um reagravamento da pandemia é tudo o que não precisamos.

Maria João Fontão (11ºC)

terça-feira, 21 de abril de 2020

aepl.estetempo 21.abril.2020



Terça-feira, 21 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no trigésimo sétimo dia de quarentena. Neste tempo, para além das ondas de solidariedade, vêem-se ondas de furtos. Entre muitas outras notícias, li uma que dizia que, em Santa Cruz, algumas pessoas ligam a idosos, fazendo-se passar por funcionários da Câmara Municipal, pedindo para ir a casa destes entregar-lhes máscaras e explicar-lhes como usá-las.
Por muito que coisas deste género (mas noutros contextos) sejam bastante comuns, ainda me admira a maldade de algumas pessoas, que se aproveitam de outras mais frágeis para subir na vida, digamos assim. Ainda que as boas atitudes tenham abafado as más, estas ainda ocorrem, o que desilude, pois espera-se que, nesta altura, a humanidade se sensibilize com a fragilidade a que estamos sujeitos.
Como já repeti inúmeras vezes desde que te comecei a escrever, as atitudes solidárias e de união são aquelas que nos podem salvar desta situação, e não o contrário. Mas parece que a maldade humana (generalizando) se mantém praticamente intocável, independentemente da situação pela qual o mundo esteja a passar.
Maria João Fontão (11ºC)


Querido diário,

As aulas digitais continuam sem nenhum percalço. Temos tido tarefas de todas as disciplinas e estou a conseguir dar conta do trabalho. Mas eu sinto que, apesar de todos os esforços, a matéria fica menos aprofundada e acabam por nos passar pormenores por vezes importantes. Estamos bastante focados em fazer e entregar a tempo que provavelmente esquecemo-nos de ler atentamente e tentar perceber. Hoje parei e apercebi-me disso, então reservei um pouco de tempo para organizar melhor o meu estudo e examinar a matéria já lecionada neste tempo.
Tenho sentido uma grande ocupação do meu dia que já não leio Os Maias há pelo menos cinco dias. Isso deixa-me estressada porque eu quero e sei que tenho mesmo que lê-lo, mas não encontro um furinho para o fazer. Além disso, eu leio bem devagar para tentar captar tudo e ainda faço alguns apontamentos, demorando o dobro daquilo que em média necessitaria.
Apesar disto, tento manter-me positiva, dinâmica, ativa, atenta, informada, focada.

Marina Peixoto (11ºD)


Este tempo… dia 39
21.Abril.2020

Há uns minutos, lembrei-me da entrada de 22 de Setembro de 1942 de um diário ao qual volto muitas vezes: o Diário de Etty Hillesum. As suas palavras: Gostaria muito de viver como os lírios do campo. Se as pessoas entendessem esta época, seriam capazes de aprender com ela a viver como os lírios do campo., hoje, tornaram-se as minhas.

Margarida Corsino da Silva



segunda-feira, 20 de abril de 2020

aepl.estetempo 20.abril.2020


Querido diário,

Nós, os seres humanos, nascemos com uma natural necessidade de viver em grupo e de estabelecer relações mais ou menos profundas com os outros.
Contudo, com o passar dos anos e o rápido desenvolvimento da sociedade, das mentalidades, das culturas, das ciências, das tecnologias… verifica-se que os Homens são mais egocêntricos, egoístas, solitários, indiferentes, individualistas e superficiais. A empatia entre as pessoas vem a diminuir, tal como, o amor, a solidariedade, a humildade, a gratidão.
Esta sociedade cada vez mais fragmentada, onde multidões enchiam e partilhavam o mesmo espaço sem estarem atentas aos que as rodeavam naquele momento que diziam ser tão importante e por vezes marcante, sem perceberem que estava ali um pobre mendigo que realmente necessitava de ajuda, sem verem uma criança que passava triste e sozinha, sem se aperceberem da senhora idosa que passava a rua carregada com as suas compras, sem que intervenham na violência entre um casal no meio da rua, sem se importarem com a jovem grávida que ia em pé no autocarro, sem pensarem no outro que estava mesmo ali ao lado, a um metro, a um passo, a um palmo ou a um milímetro… sofreu um choque! O coronavírus disse: Ninguém se pode tocar, têm que estar com uma distância mínima, têm que se isolar. Neste momento, o mundo parece que acordou e achou que aquilo que nem existia era importante. Agora, todos os indivíduos estão entediados porque estão sozinhos em casa, sem os amigos e sem os familiares, sem poderem passear naquela rua onde não viam nada, sem poderem frequentar os seus espaços favoritos onde ficavam muitas vezes isolados.
Pois é… muitos aperceberam-se que realmente NÓS é uma palavra onde estamos todos juntos e somos um só. Nós precisamos de socializar e interagir. Nós não podemos viver sem o beijo, sem o abraço, sem o carinho e afeto do outro. Todos nós não dispensamos a ajuda mútua, a convivência, a caridade, a atenção. Somos seres sociais, limitados e frágeis e estamos ligados sem mesmo darmos por isso.

Marina Peixoto (11ºD)



Segunda-feira, 20 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no trigésimo sexto dia de quarentena e parei, um pouco, para pensar no que será a vida depois do fim de tudo isto. Todos sentem falta da sua vida “antiga”, quando podiam fazer quase tudo, sem todas estas restrições. Mas o problema é: o que faremos quando acabarem todas as restrições?
Como já te disse, a vida totalmente “normal” demorará o seu tempo para voltar. Ainda hoje, a OMS afirmou que começar a levantar o confinamento poderá trazer perigo para o país. Mesmo assim, algum dia, voltaremos a viver como antes. Ou será que voltaremos mesmo? A meu ver, não será bem assim. Penso que a pandemia nos trará hábitos um pouco diferentes nos próximos tempos, como higienizar as mãos com mais frequência, por exemplo.
É certo que são hábitos pouco significativos, mas deverão durar durante algum tempo. E digo algum tempo, porque talvez voltem a ser esquecidos novamente: por muito que, por vezes, tentemos evitar que determinadas coisas voltem a acontecer, acabamos por nos esquecer de o fazer, depois de algum tempo. Tirando os hábitos diários que passaremos a adotar, há ainda as consequências mais drásticas: as económicas, que já começaram a destruir empresas e famílias.
Tento, sempre, tirar uma lição de todos os problemas - depois disto, pode ser que as pessoas entendam que uma pandemia não se trata apenas de ser ou não contaminado, mas de vários outros fatores que, de uma ou de outra forma, destroem o mundo.

Maria João Fontão (11ºC)


Querido diário,

Já fez  um mês que estamos isolados do mundo, que estamos preocupados pela nossa saúde e pela de quem amamos, mas parece que passou muito mais tempo. Os dias parecem todos iguais, não fomos feitos para ficar entre 4 paredes... As saudades da minha família e amigos são insuportáveis e o facto de não saber quando os vou poder abraçar novamente deixa-me muito desolada. Mas se este é o preço a pagar para que todos fiquemos bem então não há outro remédio se não aceitar.
Hoje, decidi ir dar um passeio pela freguesia, sentir o sol e a natureza ao meu redor. Foram 2 horas que me souberam a liberdade.
Em casa, tento entreter-me com o que posso, ajudo a minha mãe nas tarefas domésticas e aproveito o tempo livre para estudar também.
Temos de ter esperança em tempos como este, pensar que não tarda muito tudo estará melhor e voltará ao normal. Já estive mais nervosa com toda a situação, mas tendo lido as notícias sobre o que vai acontecer relativamente à avaliação escolar e aos exames deixou-me mais tranquila, penso que tudo vai correr bem. Assim o espero.
Também já começou o 3º período, ainda não está tudo completamente definido mas sei que irão ser tomadas decisões conscientes, com a finalidade de nos ajudar da melhor maneira e sempre colocando a nossa saúde em primeiro lugar.
Por hoje é tudo, mais um dia se passou. Amanhã o sol nasce outra vez e cá estaremos todos a aguardar respostas.

Selma Ferreira (12.ºB)