quarta-feira, 1 de abril de 2020

aepl.estetempo 1.abril.2020


01/04/2020
Querido Diário,
Não queria escrever, mas precisava desabafar, e então cá estou eu… Por que razão é que sempre que penso que o ano vai me correr bem, acontece algo?...
Hoje, estaria noutro país, com os meus amigos a aproveitar um momento que provavelmente não teria como aproveitar uma vez mais na vida, mas cá estou eu em casa, sentada a estudar ou pelo menos a tentar.
Com isto tudo ando ansiosa com os exames, será que vão ser adiados? E para quando? Vou perder as minhas férias por isto? Já pensava que provavelmente seria um dos meus últimos anos a passar o verão com amigos na praia, a passar tempo com eles e que seria um dos meus últimos anos a estudar naquelas salas, a almoçar na cantina, a estudar na biblioteca… ainda nem me tinha caído a ficha sobre isso… e agora provavelmente já não vou sentir isso… já não vou saber como é estar no último dia de escola, como é ter aquele sentimento de que posso finalmente apagar todo que tem a ver com a escola do meu telemóvel e libertar espaço…
A parte boa é que tenho conversado com vários amigos e à noite sempre pela mesma hora, fazemos videochamada e conversamos e jogamos juntos… não é a mesma coisa, mas fazemos de conta que é, porque acreditamos que é só por um tempo.
Hoje, o meu avô faz anos, pensava eu que não iria poder vê-lo por estar noutro país, mas estou a pouca distância e mesmo assim não posso ir ter com ele e fazer a mesma piada que faço, só para o ver sorrir: “O avô faz anos hoje? Oh, não faz nada, está a mentir, olhe que eu sei muito bem que hoje é o dia das mentiras!” Não posso ir ter com ele e brincar com ele a vê-lo a ficar cansado de me ouvir e de me aturar.
Contudo, eu sei que vai ficar tudo bem, e logo vou poder ver os meus avós e o resto da minha família e rirmos desta situação…
Até amanhã.

Juliana Alves (12.ºA)



Querido diário,
Hoje iniciamos um novo mês, abril. E como é dia 1, celebra-se o Dia das Mentiras. Nunca tive grande interesse em brincar com isso, mas, às vezes, também pregava as minhas partidas.
Contudo, o coronavírus não permite que este dia, pelo menos para mim, seja divertido. Parece que nos prende numa bola de espelhos em que apenas é refletido todo este tema; o vírus, as medidas de contenção, as consequências, o número de pessoas infetadas, o número de mortos, o futuro de crise que nos espera… e então não deixa muito espaço para coisas mais alegres, divertidas, excêntricas, “normais”.
O governo falou que está a planear aulas pela televisão, sem esquecer as restantes plataformas digitais, e que, no melhor dos cenários, as escolas poderão abrir no início de maio, mas nada é garantido e eu penso que poderá não acontecer visto que preveem que o pico da pandemia em Portugal seja no fim desse mês. Eu estou um pouco preocupada com todo o sistema, a sua eficácia, as aulas, a matéria, a produtividade que os alunos terão e os exames nacionais, importantes para a nossa aprovação e depois ingresso na universidade.
Todos os dias, em Portugal, o número de pessoas com COVID-19 aumenta e hoje atingimos os 8251 casos e os 187 mortos, infelizmente. Considero que é imprescindível que todos mantenhamos a calma e tentamos cumprir o isolamento para que juntos ultrapassemos isto.
Que sejamos “um por todos e todos por um”!

Marina Peixoto (11ºD)



Quarta-feira, 1 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no décimo sétimo dia de quarentena e, tal como ontem, senti-me um pouco desmotivada para estudar – este é o tema de hoje: a motivação nos nossos ambientes de trabalho.
Apesar de estar, neste momento, de férias (que, considerando a situação, são tudo menos férias), tenho tentado manter o meu ritmo e ir estudando, diariamente, até porque este é um ano de exames, porém, a motivação não tem sido muita.
Acho que, no geral (e generalizo a partir das pessoas que conheço), todos nós temos bastante menos produtividade quando estamos em casa – num ambiente aconchegante como o nosso lar, parece que tudo nos chama a atenção, menos aquilo que deveríamos estar a fazer. Quando temos alguma tarefa importante a realizar, resolvemos sempre ocupar o nosso tempo com coisas que poderíamos perfeitamente fazer nas horas de tédio – e, pior ainda, nas horas de tédio, não fazemos nenhuma dessas tarefas.
Este período de isolamento tem provado precisamente isso – tem sido muito difícil manter exatamente a nossa rotina “normal” nestes últimos dias. E este é um dos principais pontos positivos da quarentena – por muito que te possa parecer contraditório, não o é: esta é a melhor altura para desenvolvermos a nossa motivação e capacidade de estabelecermos uma rotina que não seja “forçada” (por exemplo, pelos horários de trabalho ou da escola). Portanto, podemos retirar algo de útil desta situação menos boa…

Maria João Fontão (11ºC)



Dia 19 da quarentena, 01/04/2020 

Hoje seria o dia das mentiras. Seria impossível escapar a uma partida de algum dos meus colegas. 
Dediquei o meu dia um pouco ao lazer e um pouco ao estudo. 
No final da tarde, assisti ao filme “Os Maias”. Confesso que me perdi um bocado visto que muitos personagens ainda eram por mim desconhecidos. 
Agora estou a escrever à pressa porque já se faz noite e ainda tenho que te finalizar. 
Até à próxima. 

Pedro Carvalho (11ºC)




Póvoa de Lanhoso, 1 de abril de 2020

Querido diário,

Tenho-me obrigado a acordar cedo porque trabalhar em casa exige esse esforço da nossa parte. Não me quero dispersar nem pensar que os exames poderão ser adiados para setembro pois isso faria com que eu facilitasse e, consequentemente, não estudasse nestas férias. 
Apesar do esforço que faço, parece que as horas de estudo não rendem por estar tão saturada de estar em casa. Tenho tanto para fazer, tanto para estudar, mas aquilo que eu queria mesmo era poder ir dar um passeio, poder ter um dia normal passado na escola, qualquer coisa fora de casa.
Nem quero imaginar se o terceiro período tiver de ser "online". Será mesmo muito difícil e tenho medo de não conseguir acompanhar. 
Nestes dias difíceis o medo é algo constante. Tento manter-me sã, distrair-me com coisas boas, aproveitar o tempo com a minha família. O que me assusta, não é o vírus em si mas sim, aquilo que ele me tem tirado e pode vir a tirar. 
Bem, acho que já chega de pessimismo por hoje! "Tudo vai ficar bem!"


Beijinho,
Mónica Silva (12.°B)




01/04/2020
Um desabafo…
Receava este dia porque sabia que, mais tarde ou mais cedo, ia acabar por acontecer, sonhei vezes sem conta de como seria, de como reagiria e os meus sonhos e a realidade foram por rumos totalmente diferentes. As circunstâncias no meu pesadelo eram muito mais favoráveis à despedida, ninguém se preocupou a que distância tinha que estar de quem quer que fosse, houve sim a preocupação de reconfortar quem cá ficou. Hoje, as circunstâncias foram terríveis... Não houve um reconhecimento em condições por quem trabalhou a vida toda, houve sim o reconhecimento que tínhamos de estar a x distância uns dos outros, não houve uma despedida pessoal em condições como no sonho que tive, há apenas neste momento algo que me entala, que me incomoda e não me deixa continuar. Talvez ainda seja cedo para o fazer, ainda me estava a tentar levantar de uma rasteira pregada pela vida e mal me decido pôr a pé, a vida fez-me tropeçar outra vez.
Talvez toda esta situação do vírus seja um abrir de olhos para a humanidade. Se calhar já estamos tão habituados aos telemóveis touch que nos esquecemos do quão é importante tocar alguém de verdade, do quanto isso nos faz falta. Este vírus proibiu-me do último toque, porque tive medo, medo de contagiar alguém mais frágil que eu, então evitei. Evitei para zelar pela segurança de quem me é querido, porque no fundo, é disso que este vírus se trata, do próximo.
É com as dificuldades da vida que aprendemos, que crescemos. Acho que quando ficar tudo bem, todos nós vamos deixar de estar numa mesa de café agarrados ao telemóvel e vamos rir mais, conviver mais, porque é isso que realmente importa. Geralmente, não damos valor ao que nos acostumamos a ter por perto diariamente e não percebemos a importância das coisas até ficarmos sem elas, é mais um dos defeitos do ser humano. Espero que quando tudo passar, voltemos a um novo normal, a uma sociedade melhor que faça pelo outro e não só por si e que, essencialmente, saiba dar o devido valor a tudo o que o rodeia.

Inês Fernandes (12.ºA)



Este tempo… dia 19
1.Abril.2020

Porquê isto? Porquê a mim? Porquê o que quer que seja? Posso passar este tempo a fazer estas perguntas, enfiada e fechada num canto qualquer de mim mesma. Ou posso viver este tempo em liberdade, não ficando escrava das circunstâncias. Vivendo bem o que me é dado viver. Sabendo que a minha vida não se reduz ao sofrimento – seja ele qual for. Aprendendo que a liberdade não é fazer o que quero, mas aprender a querer aquilo que faço.
Será importante não me esquecer de viver e de aproveitar a vida em tudo isto. Tudo o que acontece, cada segundo que me é dado é único e uma dádiva preciosa. E nada há que o coronavírus possa fazer para mudar isso.

Margarida Corsino da Silva