domingo, 21 de junho de 2020

21 de junho de 2020


O distanciamento dos acontecimentos leva-nos, por vezes, a esquecer aquilo que, nalgum momento, parecia tão importante. Olhando à volta, nesta fase de desconfinamento gradual, o ritmo tão acelerado da nossa vida parece retomar-se e corremos o risco de deixar para trás os bons propósitos feitos numa altura em que, efetivamente tínhamos percebido o que é essencial nas nossas vidas.  
Neste próximos dias, a equipa do Preto no Branco online publicará algumas reflexões críticas escritas durante o período de confinamento na disciplina de Filosofia. 


COVID-19 - esta é a doença do século que resulta das palavras “Corona”, “Vírus” e “Doença” com indicação do ano em que surgiu (2019).
Esta enfermidade causada pela infeção do coronavírus SARS-CoV-2 teve origem na China no final do ano transato e desde então tem-se alastrado rapidamente pelos vários países do mundo.
No início, quando o vírus ainda estava em território chinês, ninguém se importou com a gravidade desta moléstia. “Só acontece com os outros!”. “Não é nada comigo!”. “A mim nada se apega!”. “Já passei por coisas piores!”. “A China é do outro lado do mundo, não chega aqui!”. A maioria pensava assim e estavam demasiado preocupados com o carro novo que viram no stand, com a aparência, com a nova coleção de inverno que acabara de sair, com a moda, com a publicidade e o marketing que nos bombardeiam todos os minutos para que compremos mais e mais, com as redes sociais, com a popularidade, com o número de likes e seguidores, em fazer piadas com a desgraça daqueles que estavam no começo de meses muito complicados, com o seu “próprio nariz”.
Mas qual não foi o espanto quando ele começou a espalhar-se como um mancha de sangue pelo mundo inteiro e o problema deixou de ser a China. “Ninguém levou o vírus a sério”, os países europeus relaxaram-se demasiado e tomaram providências tardiamente e algumas delas insuficientes e a Europa é agora o centro da pandemia global.
Tudo isto me deixa triste. Triste pela inconsciência dos humanos, pelos milhares de mortos, pelos inocentes, indefesos e desprotegidos.
Tudo isto me deixa preocupada. Preocupada com o que virá, com o meu, o nosso e o futuro de todas as pessoas, com os idosos e todos aqueles que são mais vulneráveis e fazem parte do grupo de risco, com as empresas que não se conseguirão manter de pé, com os profissionais de saúde que estão a ficar exaustos, com a falta de meios para apoiar todos os doentes, com a economia do país que vai “tremer” muito e com o nosso Sistema Nacional de Saúde que é bastante débil.
Tudo isto me deixa com medo. Medo que o vírus chegue aqui, que os meus amigos, familiares e pessoas mais próximas contraiam esta doença e com pavor do desconhecido e prejuízos que o coronavírus causou, está a causar e causará.
Mas também tenho esperança e fé de que tudo isto vai melhorar, vai ser apenas uma memória e que, em conjunto, os países vão conseguir descobrir uma vacina eficaz.
Atualmente, a população está em isolamento social, principalmente naqueles países que não tomaram medidas tão rapidamente nem com tanta firmeza, e a maioria, embora me deixe angustiada e revoltada não ser toda, está a cumprir. O nosso comportamento e a forma como agimos são importantíssimos para sermos capazes de lutar contra este detestável, cruel, odioso, demoníaco vírus e, como disse uma professora minha, “obriga-nos a estar atentos, a sermos solidários e a olharmos para os outros como se fôssemos nós”.
Contudo, existe sempre o reverso da medalha e, por isso, nem tudo é mau. Este tempo que ultrapassamos é um balde de água fria que está a acordar muita gente. Fá-las entender, incluindo eu de um certo modo, o quão importante é um beijo, um abraço, o toque, a presença física, o convívio, os amigos, a família, a interação, as brincadeiras, o lazer, a partilha, a liberdade, a saúde, a paz, a estabilidade,… Imensos cidadãos estão a abrir os olhos e a perceber que o dinheiro não é tudo, que a roupa e os ténis de marca não impedem de contrair esta doença e que os likes, os seguidores, o estatuto, todo isto não nos salva, porque o vírus não escolhe idades, géneros, classes sociais e raças. E, neste tempo em que quase todos estão em casa, as nações devem refletir, analisar o seu modo de viver e agir e pensar na importância que todos aqueles que, mesmo assim, se levantam cedo e vão trabalhar, colocando a sua própria vida em risco, para que o mundo não pare e, com isto, refiro-me não só aos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde, mas também aos polícias, aos GNRs, aos funcionários dos supermercados, aos farmacêuticos.
O mundo está em suspenso e a Humanidade está mais unida do que nunca por uma grande causa, por isso, vamos ser “um por todos e todos por um” neste combate doloroso e cansativo que vivemos.  

 Marina Peixoto 11º C