sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Um poema dedicado às crianças da guerra

 

Encontro-te nos meus sonhos,
Criança calada entre destroços de ira.
Vejo o teu corpo rasgado
E sei que nada será mais esperança.
Ruas de desordem e trapos.
Cinzas e pedra e dor.
 
Ninguém vem à janela.
Ninguém corre nos parques que não vês. 
Ninguém passa na fonte de Eliseu, 
Nem na verde Nahal
Onde as fadas enterraram os teus abraços.
 
Perco-te nas ruas entulhadas e chorosas,
No frenético voo dos pássaros de fogo, 
Nas vestes férreas de soldados
E nas flores murchas da terra fria.
 
Um cântico para ti.
Somos mãos vazias no teu silêncio.

 

Glória Pires de Lucena