quarta-feira, 12 de junho de 2024

Dia Internacional do Brincar

 Decisão Histórica da ONU: 11 de junho passa a ser o dia Internacional do Brincar 

 Foi também importante a participação das próprias crianças e jovens, através de inquéritos e workshops, no apelo aos estados membros da ONU para apoiarem esta resolução.

Este ‘World Play Day’ é um evento celebrado em mais de 40 países do mundo, incluindo Portugal, que pretende lembrar que brincar é um direito (artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas) e uma alegria essencial para pessoas de todas as idades, não apenas porque traz vantagens tanto pela diversão, como fomentando a educação, o aumento da concentração, a criatividade e a convivência.

Apesar do ser uma das manifestações mais comuns da infância, ela é muitas vezes negligenciada, com os pais a não terem tempo para os filhos, com a crescente urbanização e perda de locais de brincadeiras, assim como com a comercialização do brincar e o crescimento dos videojogos. Em certos países, o brincar é até um acto interdito, sendo mesmo preterido pelo trabalho infantil e pelo recrutamento de crianças para a guerra.

A UNICEF estima que 160 milhões de crianças em todo o mundo estão a trabalhar em vez de brincar ou aprender.

É com enorme satisfação que, como o Professor catedrático de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, Carlos Neto, me regozijo com esta decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Embora a figura do professor e sobretudo as ideias que defende não tenham sido novidade, gostei de o ouvir, no passado dia 22 de maio, no Theatro Club, como orador das Jornadas da Educação e da Família: aprendendo, navegando e brincando juntos.

Para além do seu entusiasmo e da sua natural forma de estar descontraída e jovial, o professor foi lembrando o quanto é importante o ato de brincar e não apenas na infância.

Brincar é um comportamento visível em todos os seres humanos, em todas as culturas e latitudes. Brincar é ser ativo.

Com uma certa bonomia e um toque de ironia frisou: brincar e ser ativo é o melhor antidepressivo que existe, cura e é de borla!

Nos Estados Unidos o remédio para a obesidade passa pela recomendação ”go out and play!”

Em quase 3 horas de conversa em que ninguém deu pelo cansaço ou aborrecimento (ele é que precisou de água e de pigarrear um pouco) elencou uma série de comportamentos negativos e alertou para a necessidade de os corrigirmos, quer individualmente, quer colectivamente, tanto na família, como na Escola e na sociedade.

Lembrou que os filhos passam 50H na escola e que a maioria das crianças não tem 15 minutos de atenção por parte dos pais ao fim do dia!

Não fazendo a apologia da escola do Estado Novo, lembrou, no entanto, que a par havia a escola da rua, hoje totalmente impraticável!

Na sua opinião, a partir da década de 70, em Portugal, perdemos o brincar.

Hoje, 73% dos portugueses com mais de 15 anos não se mexe!

A prática de Educação Física na escola não é suficiente, pois a OMS recomenda 60 minutos de actividade física por dia, 9 a 11h de sono (que poucos cumprem) e sobretudo para as crianças, não estar mais de 2h por dia nos ecrãs ou mesmo tempo nenhum até aos 2 anos de idade.

Entre muitos outros dados, memórias, recomendações, exemplos de espaços públicos nas cidades pensados para as crianças e para todos nós sermos mais felizes, enfatizou que brincar não é um passatempo, brincar é fundamental para crescer e aprender, brincar é a busca do prazer.

Ouçamo-lo e façamos, todos nós, mais exercício físico nos corredores ecológicos, nos jardins e brincadeiras, muitas brincadeiras!



Rosa Sousa