Cristina Tinoco (Encarregada de Educação) |
Educar uma criança vai muito para além de fornecer alimentação, de dar roupa e brinquedos. Consiste também em transmitir valores e em preparar a criança para os desafios da vida adulta. De facto, é inegável o peso que a forma como a criança é criada nos primeiros anos de vida, tem nas suas atitudes e na sua maneira de ser enquanto adulto. Esta é, sem sombra de dúvidas, uma tarefa complicada. A criança tem de ser educada impondo-lhe limites e regras, dando-lhe amor, explicando-lhe porque não pode fazer determinadas coisas. Os pais devem mostrar autoridade, mas não autoritarismo. No passado, assistia-se muito à replicação do tipo de educação que os pais recebiam dos seus pais. Essa educação era, na maior parte dos casos, baseada no medo, nos castigos corporais e na rotulação negativa. Poder-se-ia falar de respeito? Sinceramente, não me parece! Neste tipo de educação, a que poderei chamar de “educação tradicional”, a criança não era nem respeitada, nem estimulada e nem aceite na sua individualidade. Apenas lhe eram impostos deveres e regras.
Hoje em dia, -- embora possamos ainda encontrar alguns pais que seguem uma educação do tipo tradicional -- encontramos posturas diferentes quanto ao que é “educar” um filho. Por um lado, há pais que impõem a sua autoridade, estando esta assente no diálogo e na compreensão. As regras são explicadas e, por isso, são aceites mais facilmente pelas crianças. Os sucessos são recompensados, enquanto que as atitudes desviantes são penalizadas. Estes pais procuram passar “tempo de qualidade” com os seus filhos. Crianças educadas neste ambiente são, por norma, crianças com menos propensão para desafiar e desrespeitar o adulto e, por isso, aumenta a probabilidade de serem, mais tarde, adultos com uma sólida formação moral e cívica.
Contudo, há outros que, devido ao facto de terem cada vez menos tempo para os seus filhos, procuram compensá-los oferecendo-lhes brinquedos, não lhes impondo nem limites, nem autoridade, nem respeito, dando-lhes mais liberdade e menos responsabilidades. Na prática, as crianças fazem tudo o que lhes apetece, levando-as a pensar que apenas têm direitos e não deveres. A verdade é que muitas destas crianças estão entregues a si mesmo e os pais abdicam da sua responsabilidade e dever de educar verdadeiramente os filhos, passando essa tarefapara a Escola. Ora, esta instituição sente muitas dificuldades em lidar com alunos a quem nunca foram impostos limites, que não demonstram qualquer respeito pela autoridade dos adultos e que ostracizam tudo e todos.
A Escola pode dar um contributo para a formação integral dos alunos, ajudando a torná-los cidadãos bem formados, em que valores como respeito e solidariedade fazem parte do seu dia-a-dia, no entanto, os pais não se podem esquecer que o dever de educar é, em primeira e última instância, deles.
Póvoa de Lanhoso, outubro 2017
Cristina Tinoco
[Encarregada de Educação]