Carta
para a minha avó
Por muito mais que eu quisesse, seria impossível expor nesta
carta tudo o que passamos juntas, são 16 anos de incríveis histórias, que
ficarão guardadas para sempre nos nossos corações.
Contigo tive a oportunidade de conhecer o passado, através
das histórias que me contas carregadas de memórias que te fazem encher de água
os olhos. Certamente por saudade das boas lembranças, das pessoas que passaram
pela tua vida e foram levadas com o tempo, saudade dos momentos simples e que
na altura pareciam rotineiros e até aborrecidos. Falas sempre dessa época com
uma certa pena de não ser sido diferente. Foram tempos muito difíceis, com
muita dor, é de cortar o coração saber que alguém teve de passar por isso para
sobreviver. A tua alma foi sendo desgastada pelas adversidades, o tempo foi
deixando marcas, e marcas são sinal de história. História que tu fazes questão
de passar para as gerações futuras com o objetivo de que não cometamos os
mesmos erros que tu. Sem sombra de dúvida, tu és uma fonte de inspiração.
A vida nem sempre te sorriu, mas tu sempre lhe sorriste e
sempre me mostraste que é com um sorriso no rosto que temos de a encarar.
Para sempre hão de ficar-me na memória lembranças do tempo
que vivemos juntas, lembro-me de te ver naquela cozinha a preparar os almoços
para toda a família, sempre gostaste de cozinhar, talvez seja uma das tuas
formas de levar o amor. Lembro-me de te chatear todos os dias para brincares
comigo e, ao fim de alguma insistência, conseguir. Lembro-me dos carinhos que
me fazias, eram tão reconfortantes. Lembro-me de me ires buscar à escola. E de
tentas outras coisas...
É praticamente impossível separar a minha infância de ti,
porque estiveste presente em todos os momentos, desde os mais simples aos mais
importantes, estiveste sempre ali. Talvez seja por termos estado sempre tão
próximas que desenvolvemos um afeto enorme uma pela outra.
Apesar de hoje não vivermos mais juntas, não existe um único
dia em que não falemos. Já faz parte da minha rotina estar sempre contigo no
fim de cada dia. E quando não podemos estar juntas fisicamente, usamos a
tecnologia em nosso benefício.
Estimo muito a nossa relação, o carinho e o amor que
desenvolvemos. Vais estar para sempre no meu coração porque te amo.
Jéssica Pereira (11ºF)
Esta é a minha avó
Glória, Maria Glória, Glorinha, como lhe queiram chamar
– esta é a minha avó. A dona Glória, mãe do meu pai, tem 84 anos e vive numa
pequena rua pacata, que se mantém bastante semelhante desde que existe (ou,
pelo menos, é o que me contam). Tem oito irmãos e irmãs, todos eles com feitios
bastante semelhantes – conservadores, mas ao mesmo tempo alegres, sempre prontos
para animar os convívios de família.
Assim como os seus irmãos, a dona Glória é muito
conservadora, com uma mentalidade bastante típica da sua faixa etária. Foi
criada no seio de uma sociedade machista e, por conseguinte, alguns ideais
típicos desta forma de ver o mundo permanecem na sua forma de ser; um reflexo
da sociedade em que foi educada é o facto de nunca ter trabalhado: sempre foi
dona de casa e ocupou-se da educação dos seus nove filhos, que lhe deram um
trabalho inimaginável.
A infância e adolescência dos meus tios (e do meu pai,
é claro) foram marcadas, essencialmente, por todas as suas asneiras e
peripécias, que davam constantemente grandes dores de cabeça aos meus avós e,
até hoje, rendem histórias para contar nos encontros familiares. Para além
disso, a casa da minha avó (a mesma desde que casou com o meu falecido avô) é
muito pequena e, como é de esperar, educar nove crianças traquinas tornou-se
mais difícil ainda, dentro de um espaço tão restrito.
O trabalho de dona de casa é constantemente
desvalorizado mas, a meu ver, é tão importante como os que são economicamente
rentáveis. A minha avó conta-nos com frequência várias histórias daquilo que
fazia quando “ainda podia” e orgulha-se de tudo o que fez carinhosamente pela
sua família. Sempre mimou os filhos, tentando fazer comidas diferentes para
cada um (para que todos gostassem) e cobrir as consequências das traquinices
que eles faziam.
Atualmente, a dona Glória não prevê mais nada para o
seu futuro: apesar de nunca ter saído muito da sua zona de conforto, vive na
sua rua pacífica, onde viveu a maior parte da sua vida. A sua paz interior tem
origem na felicidade de receber visitas da família, nas tardes de domingo, onde
se contam histórias diferentes da vida de cada membro da família.
Mulher de família, lutadora e vivida – esta é a minha
avó.
Maria João Fontão (11ºC)
As alterações laborais ao longo do tempo
Com o decorrer dos tempos, os ideais que regem
a maneira de pensar de uma determinada sociedade vão sofrendo diferentes
alterações. Isto acontece, principalmente, devido à evolução do pensamento
humano que é impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico, pela arte e também
por certos movimentos revolucionários. O trabalho, entre outros diferentes
aspetos, foi alvo de inúmeras mudanças.
Segundo o relato de um individuo
que viveu no século anterior, no passado, existia uma grande distinção entre as
diferentes classes sociais, sendo que, o trabalho que predominava na maioria do
povo estava relacionado com o cultivo de vários alimentos a mando de um
senhorio, estando sujeitos a deploráveis condições de trabalho e a imensas
horas de trabalho. Apenas as pessoas que pertenciam a uma classe social mais
elevada e que possuíam mais recursos monetários é que tinham a oportunidade de
exercer profissões de maior responsabilidade, de maior consideração e mais bem
remuneradas, como por exemplo, médicos, engenheiros e comerciantes. Atualmente,
ao olhar para o passado, as pessoas mais idosas percebem realmente a injustiça
a que foram sujeitas e arrependem-se de não ter feito nada que pudesse mudar a
sociedade daquele tempo.
Na minha opinião, hoje em dia,
vivemos numa época marcada pela igualdade de géneros e das classes sociais.
Apesar de ainda existirem alguns aspetos que devem ser aperfeiçoados como a
remuneração, posso afirmar que, comparativamente ao passado, houve uma
considerável melhoria. É dado a todo o cidadão a oportunidade de exercer o
ofício que deseja, independentemente das suas limitações económicas, uma vez
que existe, por parte das universidades, a atribuição de fundos monetários às
pessoas que mais necessitam. A nível do salário, estão a ser feitos progressos
relacionados com a igualdade do homem e da mulher. Em vários países da Europa,
como por exemplo Islândia e Noruega, tal igualdade já foi totalmente atingida,
existindo vários indivíduos do sexo feminino em altos cargos de empresas e do
governo, o que não acontecia no passado. Apesar de isto ainda não ter sido totalmente
aplicado em Portugal, creio que estamos a fazer progressos.
Em conclusão, a sociedade tem vindo
a ser alterada desde sempre, sendo que tais mudanças avançam para um mundo mais
igual e mais justo, levando a uma maior qualidade de vida a nível geral. Existindo
ainda hoje, vários aspetos a melhorar, cabe a cada um de nós contribuir para
estas alterações de mentalidade.
Fábio
Rodrigues (11ºC)