Lar natalício
A lareira crepita cintilante,
O ambiente é
mágico e acolhedor.
Pela casa
espalha-se um aroma
Doce,
quente, macio, farto, místico.
No presépio,
ao pé do pinheirinho,
O menino
descansa nas palhinhas,
A estrela
guia ilumina o senhor
E todos lhe
damos graça e louvor.
A mesa tem
doces tradicionais,
Jingle bells, jingle bells, jingle all the way...
Soa e embala
as crianças alegres
E
entusiasmadas com os presentes.
Família
virtualmente reunida,
Corações que
brotam imenso amor;
Mas, este
ano, mais do que nunca, o Natal
É união, boa
vontade e ajuda ao próximo.
Marina
Peixoto 12ºD
Dia de Natal
Não sei explicar
porquê, mas sempre gostei deste poema de Pessoa. E penso.
Eu não estou só, mas
sonho saudade. Eu tenho um lar, mas aqueles que o não têm?
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Fernando Pessoa, in 'Poesias'
Rosa Sousa
Porque hoje é sábado, 26 de dezembro
(e sábado passado também foi sábado - 19 de dezembro!)
Mais um dia de sábado doméstico:
compras, a correr e até às 13 horas apenas. E nada de presentes!
À
tarde, e como cá por casa os livros estão por todo o lado, comme par hasard, peguei no Diário XII de Miguel Torga e,
curiosamente, a página em que abri tinha um poema em sintonia com o meu estado
de espírito… muda.
Coimbra, 12 de Outubro de 1974
Se cantasse
Se cantasse, talvez o coração
Sossegasse no peito.
Mas vou perdendo o jeito
De cantar
A vida, devagar,
Leva-nos tudo,
E
deixa-nos na boca o gosto de ser mudo
.
Miguel Torga, in Diário
XII
Hoje, passado que está
o Dia de Natal, o sábado de compras foi mais curto e tranquilo. Apenas pão
fresco e os jornais do dia (que o computador e o tablet não substituem ainda!).
Na província não neva,
mas está muito frio, o frio de dezembro, o frio da pandemia.
E a vacina? Uma nova
esperança para dias mais calmos e calorosos? Para um abraço daqueles bem
apertados? Um beijo repenicado? Um tête à tête?
Oxalá!
Como sabem, esta interjeição, do árabe in xā llāẖ,
"se Deus quiser" exprime o desejo muito forte de que certa
coisa aconteça.
E eu quero, nós
queremos que a vacina nos traga saúde, liberdade, normalidade; o fim da
máscara, do confinamento, do sofrimento, em suma, desta maldita Covid - 19!
Rosa Sousa