sábado, 26 de dezembro de 2020

 

Lar natalício

 A lareira crepita cintilante,

O ambiente é mágico e acolhedor.

Pela casa espalha-se um aroma

Doce, quente, macio, farto, místico.

No presépio, ao pé do pinheirinho,

O menino descansa nas palhinhas,

A estrela guia ilumina o senhor

E todos lhe damos graça e louvor.

A mesa tem doces tradicionais,

Jingle bells, jingle bells, jingle all the way...

Soa e embala as crianças alegres

E entusiasmadas com os presentes.

Família virtualmente reunida,

Corações que brotam imenso amor;

Mas, este ano, mais do que nunca, o Natal

É união, boa vontade e ajuda ao próximo.

 

                                               Marina Peixoto 12ºD

 

 

 

Dia de Natal

Não sei explicar porquê, mas sempre gostei deste poema de Pessoa. E penso.

Eu não estou só, mas sonho saudade. Eu tenho um lar, mas aqueles que o não têm?

                Natal... Na província neva.
                Nos lares aconchegados,
                Um sentimento conserva
                Os sentimentos passados.


                Coração oposto ao mundo,

                Como a família é verdade!
                Meu pensamento é profundo,
                Estou só e sonho saudade.

                E como é branca de graça
                A paisagem que não sei,
                Vista de trás da vidraça
                Do lar que nunca terei!

                Fernando Pessoa, in 'Poesias'

                                                               Rosa Sousa


 


Porque hoje é sábado, 26 de dezembro 

(e sábado passado também foi sábado - 19 de dezembro!)


Mais um dia de sábado doméstico: compras, a correr e até às 13 horas apenas. E nada de presentes!

À tarde, e como cá por casa os livros estão por todo o lado, comme par hasard, peguei no Diário XII de Miguel Torga e, curiosamente, a página em que abri tinha um poema em sintonia com o meu estado de espírito… muda.

Coimbra, 12 de Outubro de 1974

Se cantasse

Se cantasse, talvez o coração

Sossegasse no peito.

Mas vou perdendo o jeito

De cantar

A vida, devagar,

Leva-nos tudo,

E deixa-nos na boca o gosto de ser mudo

.

Miguel Torga, in Diário XII


Hoje, passado que está o Dia de Natal, o sábado de compras foi mais curto e tranquilo. Apenas pão fresco e os jornais do dia (que o computador e o tablet não substituem ainda!).

Na província não neva, mas está muito frio, o frio de dezembro, o frio da pandemia.

E a vacina? Uma nova esperança para dias mais calmos e calorosos? Para um abraço daqueles bem apertados? Um beijo repenicado? Um tête à tête?

Oxalá!

 Como sabem, esta interjeição, do árabe in xā llāẖ, "se Deus quiser" exprime o desejo muito forte de que certa coisa aconteça.

E eu quero, nós queremos que a vacina nos traga saúde, liberdade, normalidade; o fim da máscara, do confinamento, do sofrimento, em suma, desta maldita Covid - 19!

Rosa Sousa