Lá, atrás ou à frente
Lá, o ódio e a raiva
Destruiram e venceram;
A vida foi brutalmente
Ameaçada e
muitos morreram.
Lá, o egoísmo e o racismo
Fomentaram o atentado
E o extermínio racial
Ideológico
e de tudo!
Lá, Homens como tu
Plantaram campos de dor,
Nenhuma estrela listada
Conseguia
fugir ao predador.
Aqui, a liberdade luta,
O amor une e prolifera,
A dignidade vigora...
Parece uma
longínqua era!
Aqui, tu que vives
Sem medo e atarefado,
Nunca esqueças e sempre
Recorda este
sofrido passado.
Aqui, tão longe, tão perto,
Escreve-se amargamente
Este episódio bárbaro.
Que não se repita, lá, à frente!
Marina Peixoto, 12ºD
Hoje…
Lembro-me,
desde que tenho memória, de acordar neste dia de forma diferente. Os meus pais
acordavam-nos com um poema, um excerto de um livro ou com uma música que nos
fizesse recordar este dia. Porquê? – perguntávamos nós. Porque não se pode esquecer o que aconteceu – respondiam os pais - para que não volte a acontecer.
Durante muito tempo, enquanto pequenita, não percebia bem. Mas também não tinha
de perceber. Só tinha de saber que algo horrível tinha acontecido. A tradição
continuou na geração seguinte da família e os pequenitos e jovens de hoje têm
também direito a um acordar diferente. Curiosamente, desde há alguns anos, neste dia, por proposta da ONU, faz-se esta memória. Como professora, costumo
começar cada aula de cada turma, neste dia, com um poema ou um excerto de um
livro (porque os pais não me deixaram esquecer…). Hoje, estamos em casa. Deixo,
por aqui, aquilo que leria na sala de aula.
Se isto é um homem – de Primo Levi
Vós
que viveis tranquilos
Nas vossas
casas aquecidas,
Vós que
encontrais regressando à noite
Comida
quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um
não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai
que isto aconteceu:
Recomendo-vos
estas palavras.
Esculpi-as
no vosso coração
Estando
em casa andando pela rua,
Ao deitar-vos
e ao levantar-vos;
Repeti-as
aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa
casa,
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a
cara.
ps. como sugestão: amanhã, dia 28, na rtp2, às 22:48h, Debaixo do Céu.
O HOLOCAUSTO OU MEMOSHOÁ
Neste ano, passaram 76 anos desde que a Humanidade ficou chocada com a revelação do que foi o Holocausto Nazi. Por isso, lembramos mais uma vez esta realidade histórica, para que não se repita!
Foi a 27 de janeiro de 1945, nos finais
da 2ª Guerra Mundial, que as tropas russas, pertencentes aos Aliados,
libertaram Auschwitz-Birkenau (Polónia), o maior e um dos mais conhecidos campos
de concentração nazis. Nele ainda encontraram vestígios do que foi o horror do
Holocausto! Um dos maiores atentados aos mais básicos Direitos Humanos!
Este atentado aos mais básicos
Direitos Humanos começou a ter mais impacto na década de 1930, uma década de
crise para a Europa. Quando, quem aparecesse com discursos populistas,
atraentes, de salvador da pátria e de limpeza dos parasitas, conseguia
mobilizar massas de apoiantes!
Ontem, como hoje, líderes que
dizem o que as pessoas gostam de ouvir são levados ao poder através de
processos democráticos ou por apatia e indiferença da maioria. Propagam, em
nome do bem de um pequeno número, a exclusão de muitos outros, através de
discursos de ódio, estrategicamente pensados, elaborados, encenados e
propagados… Discursos que enfatizam a ameaça ao conforto egoísta de uns poucos,
pela disponibilidade do mínimo de dignidade humana a muitos outros.
Um deles foi Adolf Hitler. Este chegou
ao poder em 1933 como chanceler da Alemanha e, ressentido pela humilhação do
Tratado de Versalhes, prometeu “rasgar” o tratado internacional, elevar a
Alemanha à categoria de grande nação - “A grande Alemanha” e limpar a raça
ariana. Esta, considerada por ele e pelos seus apoiantes, uma raça superior,
criadora de toda a cultura da Humanidade e que tinha sido vítima da influência
de grupos degenerados. Ele e todo o aparelho nazi comprometem-se em “limpar” a
pureza da raça ariana, levando à prática a vocação da Grande Alemanha como
dominadora do mundo na conquista do seu “Espaço Vital”. Lançaram assim o Mundo
numa segunda guerra mundial.
A negação dos Direitos Humanos foi levada ao
extremo na Alemanha com o racismo, apoiado no “Espírito Volkisch” e na teoria de ciência genética que defendia a
criação de uma raça superior através da reprodução seletiva e da eliminação dos
mais fracos.
O racismo alemão foi particularmente violento
em relação aos judeus, configurando um dos maiores e melhor organizados
genocídios da História da Humanidade, que infelizmente não foi o único, nem o
último... Os judeus, excluídos da cidadania, impedidos da prática de qualquer
profissão, isolados socialmente, proibidos de casarem com arianos e de
frequentarem locais públicos, foram obrigados a usar a estrela de David na
roupa, para serem facilmente identificados. Numa fase posterior acabaram por
ser levados para guetos e daí para campos de concentração - os campos da morte
ou alguns, de extermínio.
No período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
o aparelho nazi deportou primeiro da Alemanha e depois dos territórios
ocupados, milhões de pessoas que usou como mão-de-obra grátis até à exaustão, ao
serviço do Estado Nazi.
Quando não serviam para trabalhar, eram
enviados para campos de extermínio, onde eram eliminados: judeus, opositores
políticos, Romi (vulgarmente chamados de ciganos), deficientes, homossexuais e
todos aqueles que, de algum modo, se opunham ao regime nazi, ou simplesmente,
procuravam prestar ajuda humanitária aos perseguidos.
Auschwitz (Polónia) foi o campo de
concentração mais conhecido da era nazi. Para este e para outros campos, foram
transportados milhões de pessoas em vagões de comboio, sem quaisquer condições e
sem saberem que destino as esperava.
Quando os vagões chegavam aos campos, as
pessoas eram separadas por filas: umas de mulheres, outras de homens e, ainda,
outras de crianças. As que ainda serviam para trabalhar, eram exploradas e
torturadas pelo trabalho árduo em minas, pedreiras (exemplo de Mauthausen –
Áustria), construção ou até nas grandes fábricas, consideradas os apoios do
regime nazi. As outras eram mortas de imediato nas câmaras de gás.
De seguida, os seus corpos eram reduzidos a
cinzas em fornos crematórios.
Inúmeros foram, também, os fuzilados e os
enforcados. De destacar os que pereceram pela ação dos Einsatzgruppen (tropas especiais das SS treinadas para fuzilamentos
em massa e que acompanhavam o exército alemão nos territórios ocupados durante
a 2ª Guerra Mundial, principalmente ativos no Leste europeu). Humilhados, eram
mortos a sangue frio, em condições degradantes e, atirados de imediato para
valas inundadas de morte e de horror.
Nos
campos de concentração nazis, graças a estranhas engenharias, foram inventadas
formas diversificadas para matar seres humanos e, principalmente a partir da
Conferência de Wannsee em 20 de janeiro de 1942, foram criados os campos de
extermínio para aquilo a que os nazis chamaram “A solução final do problema
judaico”.
Nos
campos, alguns prisioneiros eram submetidos a experiências horrendas, como as
do doutor Mengel, conhecido como o “Anjo da morte” pelo sofrimento que infligia
às suas vítimas. Eram também os prisioneiros que eram obrigados a executar as mais
horríveis tarefas, na seleção, marcação com um número, gaseamento, cremação das
pessoas mortas.
Aos
prisioneiros era retirado tudo… liberdade, nome, roupa, dentes, cabelo,
dignidade e por fim… a vida…
Os prisioneiros
eram identificados com números tatuados na pele ou nos uniformes - os tristemente
conhecidos “pijamas às riscas” e eram amontoados em dormitórios apinhados e sem
condições mínimas de qualquer tipo ou então, eram deixados a morrer ao frio, à fome
e de doenças.
A 27
de janeiro de 1945, as tropas russas pertencentes aos Aliados, libertaram
Auschwitz-Birkenau, abrindo aos portas para o Mundo poder ver os vestígios da
atrocidade do que foi apelidado de “Solução final” pela máquina nazi. Um
cenário de horror até perder de vista…
De
Sobibor, Majdanek, Belzec, Treblinka, Chelmo, Mauthausen, Teresin, Auschwitz….
Temos as evidências que nos levam a questionar, como foi possível, tal
barbaridade?
Do passado vêm cerca de 10 milhões de gritos
de esperança!
Para
relembrar estes milhões de vítimas, a Assembleia Geral da ONU instituiu em
2005, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto e de Outros Genocídios,
que se relembra a cada ano a 27 de janeiro.
Podia
ser outro dia, mas algum dia tinha de ser… Pois a memória é curta se não for
renovada constantemente…Desaparece, é negada ou adulterada!
Pois,
não podemos desfazer a História, já aconteceu… Mas devemos conhecê-la, refletir
sobre ela e evitar que voltem a acontecer situações como esta, em nome do nosso
egoísmo e comodismo… Ou simples desconhecimento e indiferença!
Conhece,
ajuda a conhecer o que aconteceu e evita que tal se repita!
Não
alinhes em discursos de ódio, que te prometem o bem-estar em nome do não
respeito pelos outros, porque… Ontem foram eles… Hoje são eles… Mas, amanhã
podes ser tu…. E/ou os teus entes mais queridos!