Porque hoje é sábado (20 fevereiro)
Chuva, novamente muita chuva
neste penúltimo sábado de fevereiro, o mês dos afetos, das mimosas que ainda
não floriram, das camélias que vão caindo com o peso de tanta água, e das
magnólias, essas sim, sempre lindas, de pétalas brancas, rosa ou amarelas.
E continuamos confinados.
Confinamento que, com chuva e frio, convida a ler ou a jogar. Escolhi ler e
escrever precisamente para partilhar o que li sobre o lado bom dos jogos,
sobretudo dos videojogos e uma pequena reflexão.
Todos sabemos que passar
demasiado tempo em frente ao ecrã não é bom, que os jogos podem desencadear
dependência e até propiciar distúrbios que podem ser considerados doença.
Segundo a OMS, a partir de 2022, os distúrbios
com videojogos passam a ser classificados como doença mental, rara até ao
momento, pois para entrar na categoria de doença terá de comportar uma falta de
controlo crescente ao longo de um período superior a 12 meses, com falta de
sono e irritabilidade. Ou seja, quando os videojogos deixam de ajudar a fugir
ao stresse e passam a ser a sua causa.
Vários especialistas afirmam, a
partir de estudos com base em inquéritos a milhares de jogadores, que sentimentos de competência e conexão social
propiciados pelos jogos, ajudam a relaxar. Outros mostram que as pessoas que
mais se divertem, reportam níveis superiores de bem-estar.
Parece também poder concluir-se
que jogos online que juntam milhares de pessoas em simultâneo, como é o caso do
conhecido Fortnite, permitem aliviar sintomas de ansiedade.
Estudos mais antigos já relatavam
benefícios ao nível da memória e alívio da dor. Os videojogos têm sido, desde
2010, usados em programas de neuropsicologia para reduzir a ansiedade face à
dor crónica, para melhorar o défice de atenção dos jovens e de pacientes com alzheimer.
Claro que, sobretudo quando
falamos de jovens, é preciso saber usá-los com MODERAÇÃO e, da parte dos pais,
estarem atentos a sinais de dependência.
Mas em plena pandemia, os
videojogos são, muitas vezes, um escape aos desafios ou ao tédio do dia a dia.
E agora as minhas reflexões.
Foi com videojogos que os meus filhos
aprenderam inglês, geografia, matemática, artes, mitologia, cultura geral, no
fundo, com famosos CD-ROM como: Magic School Bus, SimCity, Hugo, Civilization,
Age of Empires, Myst, Lara Croft, entre tantos outros!
Agora, já
adultos, é um gosto ouvi-los a rir às gargalhadas ou a discutir calorosamente
opções/soluções, um em Paris, outro em Amesterdão ou na Ilha do Homem e, como
não pode deixar de ser, um ou outro “shit” à mistura!!
Também foi
graças aos videojogos que conseguimos
alguma tranquilidade no dia a dia de uma tia com alzheimer.
Ainda no mês
passado, recordo um grupo de alunos que, depois de uma manhã de aulas e antes
de regressar a casa, se juntavam na biblioteca para se distraírem e relaxarem
com uma espécie de Trivial nos seus smartphones.
E, mais
recentemente, soube de uma família em que pais, filhos e avó, se tornaram quase
viciados em jogos como o Cluedo e o Monopólio virtual!
Critica-se
frequentemente o facto de os jovens passarem muito tempo nos jogos, criarem
dependência e gostarem de jogos violentos, mas eu recordo que antigamente, na
minha aldeia, quantas vezes os homens não passavam horas e horas, noite dentro,
às vezes, nas tabernas e na “Casa Social” a bater a bisca na mesa, a beber,
gritar, insultar e oferecer porrada (o que não raro acontecia mesmo!).
O jogo sempre
fez parte da vida: na rua, no café, nas salas de jogos, na escola ou em casa,
usando as mãos, os pés, bolas, cartas, dados, tabuleiro, tablet, consola,
computador ou smartphone…
A procura do
gozo, do prazer, do desafio, é, como diz o poeta, “uma constante da vida”.
Vai um joguinho?