Porque hoje é sábado (6
de fevereiro 2021)
Sábado frio, chuvoso e triste
como tem sido habitual.
Desta vez confinada em terra beirã
e para um dos atos mais dolorosos das nossas vidas…
Morrer faz parte da vida,
morrer é a única certeza que temos na vida, é verdade. Mas custa sempre tanto!
E tanto mais num tempo como este de restrições e de medos!…
Já não via o meu pai há meses
(aqui o Skype e o whatsapp não contam), mas ontem, ainda
que num espaço inabitual, pude vê-lo, chorar, conversar um pouco, rezar e
deixar-lhe na lapela umas palavras que, entre soluços e lágrimas, me brotaram
do coração a agradecer a vida que me deu, e tantos momentos felizes dos
difíceis 88 anos que, por aqui e no estrangeiro, viveu.
Sábado frio, chuvoso e mais
triste que o habitual…
Rosa Lopes
O exercício dos direitos só existe se
cumprirmos os deveres.
Pode parecer um lugar comum, mas se
existir um equilíbrio entre ambos
garantimos uma cidadania plena, o
“civismo”.
Hoje, somos muito mais que
"Narciso",
"apaixonamo-nos" pelo que queremos
e, pior que morrer ao contemplar-se,
é "matar" o outro porque só
olha para si.
Manifesto sobre
a falta de civismo
Nos dias que correm, seria de
esperar que as pessoas já tivessem evoluído e interiorizado conceitos como o
respeito pelo outro, a boa educação e o civismo em geral.
Nesta fase marcada pelo covid-19,
podemos observar todos os tipos de comportamentos, exceto aqueles que nos
tornam pessoas mais cívicas.
Uma grande parte dos portugueses
faz o que bem lhe convém, ignorando por completo o seu dever cívico e o
respeito pelo outro. Há pouca obediência em relação ao recolher obrigatório, às
quarentenas, ao distanciamento social e aos ajuntamentos familiares.
Um exemplo desta situação foi o
atenuar das regras na época natalícia. Toda a gente tinha fé que o nosso país
iria ter consciência e passar as festividades com o próprio agregado familiar,
mas tal não aconteceu. As famílias juntaram-se todas sem qualquer tipo de
precaução. O resultado verificou-se no início do mês de janeiro, quando foi anunciado
que Portugal era o segundo país do mundo com mais novos casos por milhão de habitantes.
Esta notícia foi alarmante!
Devido à falta de civismo dos
portugueses, o país teve de enfrentar uma nova vaga, o que implicou várias
alterações no quotidiano dos cidadãos.
Muitas das pessoas que cumpriram
todos os seus deveres, que passaram a época natalícia com restrições familiares,
que evitaram os centros comerciais e outros locais com multidões e que mantiveram
todas as recomendações possíveis, tiveram de se sujeitar novamente às regras
impostas pelo governo.
Os profissionais de saúde andam
há quase um ano na luta contra o vírus. Todos os dias veem a sua carga de
trabalho a aumentar e, muitas vezes, colocam-se eles mesmos e os seus agregados
familiares em perigo. No final de tanto esforço, não há reconhecimento por
parte do país. As pessoas continuam a agir como se nada estivesse a acontecer.
Um outro caso que retrata a falta
de civismo dos portugueses é o facto de as pessoas não obedecerem ao isolamento
e fazerem as suas vidas normais, como ir aos supermercados e andar na
rua como faziam habitualmente. Se não estão preocupados com a sua própria
saúde, pelo menos que respeitem o bem-estar dos que estão à sua volta.
Devido à imprudência de algumas
pessoas, os alunos vão voltar novamente às aulas online, o que não é a melhor forma de ensino. Os universitários vão
perder partes essenciais dos cursos, caso estes sejam mais práticos. Já estamos
a perceber as desvantagens evidentes das aulas à distância, por exemplo, de um
aluno de medicina ou de química, que são cursos que requerem materiais e
recursos próprios que só estão disponíveis nos recintos universitários.
Existem países que estabeleceram
medidas drásticas logo no início do ano passado e, neste momento, não têm casos
ativos, pois a população respeitou as regras e teve uma moral cívica que lhe
permitiu ultrapassar esta fase complicada.
Não podemos ter em conta apenas
os nossos desejos e vontades do momento, mas temos de ver que as decisões que
tomarmos hoje podem determinar o futuro de muita gente. Está na hora de nos
responsabilizarmos pelas nossas ações e de refletirmos sobre a importância
fulcral do civismo para uma sociedade desenvolvida e próspera.
Ainda vamos a tempo de alterar as
mentalidades do nosso país! Pouco a pouco as pessoas podem fazer a diferença e
ajudar os outros a perceber que o civismo é o alicerce de toda a humanidade.
Se ainda não mudamos, está na
altura de o fazermos!
Matilde Carvalho 12.ºC