quinta-feira, 18 de março de 2021

 

O estatuto e o papel da Mulher:

do tempo de Amor de Perdição aos nossos dias


O estatuto e papel da mulher na sociedade nem sempre foram como os conhecemos hoje. De facto, a realidade das mulheres do século XIX era bastante diferente da realidade das mulheres do século XXI.

No século XIX, o papel das mulheres limitava-se, essencialmente, ao cuidado do lar e dos filhos, à ida à igreja e a festas e romarias, sempre acompanhadas quer pelo marido (quando casadas), quer pelos pais (quando solteiras). Pode até dizer-se que quando se nascia mulher, no século XIX, era quase como nascer com uma condição “inferior”, pois a mulher tinha que numa primeira fase da vida obedecer ao poder paternal e, posteriormente, ao poder do marido.

Esta situação é claramente retratada na obra que estudámos - Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, através da figura de Teresa de Albuquerque e de seu pai, Tadeu de Albuquerque. No capítulo IV, Tadeu de Albuquerque, com uma brandura planeada, tenta obrigar Teresa a aceitar casar-se com Baltazar Coutinho. O discurso de Tadeu de Albuquerque mostra bem como funcionava a sociedade naquela época:  era regida pela prepotência, pela submissão total da mulher ao pai e/ou marido. É precisamente esta sociedade que Camilo critica, através das personagens Teresa e Simão, que se manifestam e lutam contra estas injustiças sociais, movidos pela força magistral do amor.

Teresa mostra-se determinada na sua decisão de não se subjugar às decisões do pai, instalando definitivamente o conflito e desafiando as normas e convenções sociais, pois, na sociedade do século XIX, não era aceitável uma donzela desobedecer às ordens de seu pai, não aceitando o marido que ele lhe escolhia.

                É a força do amor que leva Teresa a enfrentar a sociedade da época e tornar-se numa heroína romântica. Por amor a Simão, Teresa revela-se irredutível e intransigente na recusa em submeter-se à vontade do pai, seja em que circunstância for. Teresa e Simão, valorizam a liberdade do coração- “A liberdade do coração é tudo”, cap. VII.

                Atualmente a mulher assume cada vez mais um papel de destaque nas várias valências da sociedade. Para tal, em muito contribuíram figuras históricas femininas nas suas lutas pela igualdade de género.

Ainda que algumas mentalidades pareçam ter parado nos séculos anteriores e continuem a ver a mulher como um ser inferior, a verdade é que o papel e estatuto da mulher mudaram, evoluíram e hoje não há diferenças, os papéis e os direitos são, hoje, iguais!

  Assim deveria ter sido, sempre!

 

Catarina Soares e Diogo Fernandes 11ºC