domingo, 13 de junho de 2021


Descrever a vida de forma poética,

seja nos momentos em que rimos, 

seja naqueles em que choramos,

traz-nos um olhar novo sobre a realidade.

Aquela que nos é dada viver 

e aquela que aceitamos viver.

Hoje, temos um exemplo concreto disso... 


Este ano, a poesia deu-me voltas à cabeça! Se, por um lado, no início foi complicado entender Fernando Pessoa, depois, nasceu em mim um novo Pessoa (se calhar sou um heterónimo vivo). Sempre gostei de escrever, mas nunca me atrevi por caminhos poéticos. Contudo, descobri que tenho alma de poeta, desculpem o orgulho.

O que mais me impressiona é que eu sabia que os meus pais também tinham escrito vários poemas, essencialmente quadras soltas sobre o amor e, até onde eu tinha lido, de forma engraçada, como uma brincadeira, sempre cheias de rimas, mas só recentemente é que li aprofundadamente os cadernos onde se encontram preservadas essas relíquias poéticas e vim a descobrir que afinal eles tinham alma de poeta. Também escreveram poemas mais intimistas e rebuscados... Também sentiram amargamente cada palavra, cada verso... Também ouviram o seu coração e juntaram sentimento e razão. Acredito agora que este desejo de descrever a vida de uma forma poética é uma arte que me foi transmitida geneticamente sem ter a real noção disso.

Este poema, "Ser poeta", foi escrito pelo meu pai há mais de 25 anos, porém é tão atual e tão verdadeiro que deve ser partilhado. Ser poeta é ir ao mais profundo e tocar nos outros. Ser poeta é partilhar parte de nós. Ser poeta é falar de nós, das pessoas, do mundo, da vida, da natureza. Ser poeta é ser e sentir!


Ser Poeta

Ser Poeta é ser grande, ser sublime!

É possuir em si o mundo inteiro,

É ter só o real como verdadeiro;

Dizer à coisa morta que se anime.

 

Ser Poeta é dar, rime ou não rime,

O versejar ao povo verdadeiro,

É elegê-lo e pô-lo pegureiro

De Agnus Dei e flexível como vime.

 

Ser Poeta é sentir os infelizes,

Ser Anjo bom os seus juízes

Que lhe tiram o ar, o gesto, a luz.

 

Ser Porta é ver a alma ardente

A chorar de alegria e descontente

Erguer a rir de amor a sua cruz.

 

                                                                                 Marina Peixoto (12ºD) e António Peixoto