Primeiro o testemunho
A escrita no “jogo do tempo”, em tempo de aula, num tempo que pede
mudanças…
Ouvir
um depoimento tão sofrido trouxe a angústia a um dia de sol, é inacreditável, atualmente depararmo-nos com
testemunhos como este, mas que nos trazem uma ideia da realidade de muitos, é uma
realidade que nos assusta e que deve acabar, pois ninguém merece sofrer desta maneira. Uma maneira
tão cruel e tão triste como ouvimos num discurso em primeira pessoa.
Fazermo-nos
ouvir para que haja lugar para a denúncia, para que outros também ganhem
coragem para o fazer. Para nós foi
importante, para percebermos como devemos ter cuidado na escolha que fazemos
das pessoas para estar ao nosso lado e como devemos estar atentos a todos os
sinais negativos. O que ouvimos tem de ser mais que um alerta, tem de ser o
princípio do fim da violência sobre as mulheres. Foi ainda muito importante
para não deixarmos que nos destruam a nossa vida e para que nos deem o valor
que merecemos. Ter ouvido este testemunho permitiu-nos acreditar que um
dia de sol poderá ser vivido sem
angústia.
Depois de ouvirmos o testemunho, iniciámos a marcha, com a esperança de acabar com a violência doméstica!
E num olhar sobre “Não fique calad@”, atentos ao
que somos, ao que vemos e ao que e ouvimos só podemos desejar que cada pessoa
viva com dignidade a ponto de poder dizer: eu sou eu, em liberdade. Que
seja capaz de viver plenamente a VIDA com verdade sem fingir nem mentir e não
se deixando iludir. Acreditando em si, defendendo os seus princípios e os seus
valores, a ponto de poder decidir o que quer e não o que o “outro” quer.
Acreditamos que esta iniciativa tenha contribuído
para que cada MULHER possa decidir o seu percurso de vida, o seu emprego, o que
vestir, com quem sair, como gastar dinheiro … o seu futuro.
Marchámos pela vida, marchámos pela mulher, marchámos
pela importância de denunciar, marchámos pela consciencialização de uma
realidade violenta, que não dignifica o ser humano. No fim, deixámos uma caixa para denunciar… uma
abertura para “remediar” alguns casos cuja violência vivida só permite silenciar,
até porque,
O silêncio só
raramente é vazio
diz alguma coisa
diz o que não é1
1José Tolentino Mendonça,
in A Papoila e o Monge; ed. Assírio & Alvim,
2013