O professor José Viegas enviou para publicação os seguintes textos do género memorialístico:
O adeus do meu
fiel amigo
O dia 5 de novembro de 2019 ficou marcado para sempre
na minha memória pela perda do meu fiel amigo de quatro patas, o “Piloto”.
Na semana anterior à sua morte, a minha mãe levou-o à
veterinária, pois não estava bem de saúde. Encontrava-se muito inchado e o seu
organismo deixara de funcionar. Foi-lhe diagnosticado uma pancreatite. Cuidamos
dele como se fosse uma criança, demos-lhe carinho, medicação a horas certas,
mas de nada valeu.
Nessa semana já não era o mesmo, já não tinha forças
para nos esperar como sempre fazia, quando se sentava nas escadas, onde abanava
a sua cauda e latia alegre, sempre que nos via chegar. Nessa manhã do dia 5, a minha
mãe levantou-se e foi ver como ele tinha passado a noite. Levantou-se e abanou
a cauda pela última vez, caindo sobre o chão, sem ter mais forças para se
levantar. Com muito carinho e cuidado, a minha mãe transportou-o até à casa dos
meus avós, como fazia diariamente, enquanto os meus pais trabalhavam.
Fui para a escola com o coração apertado e, ao mesmo
tempo, com a esperança de que quando regressasse ele estivesse de pé, à minha
espera, como sempre fazia. Infelizmente, foi-me dada a pior notícia de sempre:
tinha falecido naquela manhã, depois de o deixarmos.
A dor foi tão grande que chorei de tristeza durante
algum tempo. A comida não descia, pois a dor era enorme. Na verdade, foram cinco
anos de uma grande amizade que nunca vou esquecer. Fez-me muita companhia,
brincamos muitas vezes, como se fôssemos duas crianças alegres.
Estejas onde estiveres, guardo os nossos melhores
momentos na minha mente, apesar de não seres um ser humano como eu, foste e
serás sempre o meu fiel e melhor amigo, apesar de teres quatro patas. Nunca te
vou esquecer, meu “Piloto”.
Diogo Sousa – 8º C
Página de diário
01.01
Todos os anos, celebramos o ano
novo com o intuito de nos tornarmos numa nova pessoa, uma melhor versão de nós
próprios, uma versão mais inteira, mais completa, mais “suficiente”, a nosso
ver. Mas o mais importante é que persistimos em passar essa linha de chegada,
com as pessoas importantes, ou que tiveram o mínimo impacto na nossa vida.
Era 01.01.21. Recordo-me da noite
estar mais estrelada do que o que era costume. Talvez fosse por causa dos fogos
de artifício lançados ao céu, mas, mesmo assim, gosto de pensar que seria por
causa do brilho de uma estrela que era mil vezes mais brilhante do que qualquer
outro astro ou fogo existente. Essa estrela, nessa mesma noite, nesse mesmo céu
compartilhado por outros 7 bilhões de pessoas e outros seres, teve um
significado diferente para cada um que a via. Para uns, uma esperança, após um
ano de deceções e luta; para alguns, simbolizava as pessoas que se foram
perdendo ao longo do caminho; e, para outros, era apenas uma estrela.
Hoje é o dia 01.01.22. Tornam-se a
fazer as mesmas promessas, a querer novamente a mesma mudança, torna-se a
querer “renascer e a estrela retorna, como em todos os anos. Para mim, o que a
torna tão especial esta data é o facto de ela ganhar um significado diferente, a cada ano
que passa, e que não importa quantas pessoas perdemos, pois essas ganharão o
seu nome e espaço naquela estrela.
E, no final, tal como a estrela, nunca desaparece, a memória dessas pessoas também não.
Letícia Gomes – 8º E