Carnet de voyage/ diário de bordo/
Diaryboard
É hoje o dia da apresentação do nosso projeto.
Estiveram muito bem o António e a Maria, assim como os alunos franceses que apresentaram as ofertas escolares deste estabelecimento e ainda uma aluna mais crescida que nos apresentou a região Haut-Jura Saint-Claude (fauna, flora, paisagens/monumentos, gastronomia e artesanato.)
Seguiu-se uma atividade
superinteressante que consistiu na criação de um animal a partir do desenho que
cada aluno tinha de fazer numa dobra de papel de uma das partes de um animal
desta região.
Como sempre, surpreenderam-nos com a
sua criatividade e as apresentações estiveram muito bem.
Retomámos as atividades às 13h para
votação do animal mais original usando o MENTIMER e, de seguida, uma atividade
de campo. Uns grupos fizeram montagem de abrigos para nidificação, outros
fizeram compostagem e outros ainda prepararam o terreno com folhas secas e
restos de troncos de árvores para futuras plantações de bolbos e sementes de
flores.
Mais espetacular, disseram os nossos
rapazes e os professores Ricardo e Wilfrid, foi a subida ao mont Frénois
e deslumbrante a paisagem que se avistava.
Depois de tanto esforço foi preciso
repor energias e lá fomos nós novamente subir o atalho que nos levou ao centro
para experimentar o sabor dos croissants e macarons de
Saint-Claude. Aproveitámos também para ir fixando os locais onde comprar os souvenirs.
Uns minutos antes do jantar demos um
salto ao pavilhão desportivo para apoiar alunos nossos e do professor Wilfrid
num jogo de futebol.
Com um sol tímido a esconder-se na
montanha, regressámos ao dormitório para o 1º convívio a sério com o grupo dos
italianos. Uns amores! Bravi ragazzi e ragazze!
No refeitório sensibilizou-nos a
forma delicada e sorridente como o Sandro, um jovem de Santa Maria da Feira e
Clara, uma jovem de Gondomar, se abeiraram dos nossos alunos para conversar. Há
já alguns anos nesta região, estão toda a semana na escola e só aos fins de
semana voltam a casa. São bons alunos e confessaram que gostam de falar com os
portugueses que cá vêm (e são poucos), assim como os portugueses que cá estudam
(e já são alguns).
4ªf, 6 de abril – Manhã
fabulosa com a apresentação do trabalho da professora Isabel Vincent,
responsável pelo ensino da língua francesa aos alunos vindos de países como
Marrocos, Costa do Marfim, Eritreia, Iraque, Ucrânia e Tunísia. Sendo filha de
mãe brasileira e pai português (do Porto), era uma “gostosura” ouvi-la falar e
mais ainda, a forma como comunicava com estes alunos.
Seguiram-se formalidades com os professores até às 11h, o
momento mais esperado por todos: a subida à serra e a experimentação de
patinagem no gelo.
Chegou a hora. Piquenique pronto. Todos no autocarro com destino
a Prémanon.
A paisagem até ao topo da serra era
de cortar a respiração: neve, cascatas de água, corvos e outras aves de grande
porte, casas de montanha, o rio bem lá em baixo e curvas apertadinhas…
Depois do piquenique, uns na rua,
outros num dos anexos do restaurante, passou-se às inevitáveis batalhas de neve
com alguns impropérios que fingimos não ouvir!!!
Retraídos e desconhecedores do
processo necessário para patinar, uma boa parte dos alunos começaram muito a
medo, mas cerca de meia hora depois, curiosamente, foi notória uma inter-ajuda
e uma alegria enorme estampada nos rostos. Houve alunos que, após uma ou duas
tentativas, já deslizavam com bastante agilidade e graciosidade. Outros houve
que precisaram de mais tempo e de muitas quedas… Cerca de 2h depois, praticamente
todos volteavam na pista.
Cansados e felizes, regressámos ao
dormitório para um duche rápido e um jantar reconfortante, morbiflette,
o prato típico da região, com queijo morbier, évidemment!
5ªf, 7 de abril – Amanheceu cinzento e a chuva já fizera a sua aparição
durante a noite. Prevê-se continuação de chuva nos próximos dias. A atividade
de hoje, construção de um hotel de insetos, teve de ser deslocada para uma sala
onde esta se fez com os habituais grupos de alunos aos quais foram destinadas
tarefas específicas até à montagem final do hotel. Na sala ao lado, os outros
grupos eram desafiados a fazer jogos de concentração e de movimento,
intercalados com explicações científicas sobre a biodiversidade e um Kahoot.
Embora o entusiasmo não tenha sido o mesmo do dia em que se fez jardinagem, o
dia foi interessante e produtivo.
6ªf, 8 de abril – Manhã chuvosa e dia cinzentão
contrastando com a luz e o calor do refeitório e do “bonjour” radioso
dos empregados (sobretudo Fredy, o cozinheiro, um homem de meia idade sempre
bem disposto e, como dizem os franceses ”rigolo.”)
Na biblioteca, espaço amplo e
luminoso, os alunos foram desfiados a fazer primeiramente um poster escolhendo
a atividade que mais gostaram. A proposta seguinte foi escrever um pequeno
texto em cada uma das línguas dos elementos do grupo para ser gravado um
podcast. A leitura de cada texto não deveria ocupar mais de um minuto.)
No caso do grupo que acompanhei, o
texto foi o seguinte:
Na 2ªf de manhã começámos por ouvir
os alunos franceses do clube europeu, que nos apresentaram os principais
animais desta região do Haut-Jura. Seguiu-se a atividade de icebreaking, que se
traduz em português por quebra-gelo e cujo objetivo era quebrar possíveis
barreiras e colocar todos os alunos a trabalhar em conjunto. No grupo havia,
além de nós os dois, Maria e José, dois italianos, Claudia e Andrea e dois
franceses, Fabio e Clémentine. Havia ainda eslovenos, mas não fizeram parte
deste grupo. Esta atividade serviu também para nos conhecermos melhor, no
sentido de competir saudavelmente com as outras equipas. A atividade chamada
marshmelon consistia em construir uma torre o mais alta possível com 20 paus de
esparguete, que podiam ser cortados, fio de algodão e fita-cola. A arquitetura
da torre teria de ter em conta a suspensão do marshmelon e para a realizar
dispúnhamos apenas de cerca de 20 min. O grupo foi unânime em considerar a
tarefa muito difícil, mas ao mesmo tempo muito desafiante e “bué da fixe”. Como
dizem os nossos amigos brasileiros, “amámos”.
A despedida dos alunos italianos
começou com abraços, troca de endereços, muita comoção e até umas lágrimas mal
contidas…
Desta vez o almoço foi do agrado de
todos e rápido, pois urgia rever os alunos italianos que já se encontravam no
autocarro prontos para partir.
E foi lindo de ver: na escadaria, os
que ainda ficavam faziam corações com as mãos e gritavam os seus nomes e “arrivederci”,
eles, em passo cadenciado, subiram um lanço das escadas e pararam fazendo o
mesmo gesto de carinho. Uma última foto de grupo e novamente em uníssono muitos
“arrivederci”!!!
Voltámos à mesma sala de trabalho do
1º dia, onde nos esperava a apreciação das atividades e do acolhimento durante
a semana. Usando o Mentimer, escolher uma palavra apenas para este fim, em língua
inglesa 1º e depois na língua de cada país. Interesting,
happy, special, grateful, cool, unforgettable, amazing, friendly, nice, funny,
foram as que mais se destacaram. Em português e francês foram semelhantes, embora os da casa
tenham brincado um pouco com as palavras.
Seguiu-se o incontornável momento da
entrega dos diplomas e da foto de grupo e, dispensados, uma corrida ao centro
para as compras finais.
Para preencher o resto da tarde,
houve ainda uma ida ao belíssimo ginásio para uns exercícios de musculação,
escalada…, o jantar volante no dormitório com desabafos, observações sobre o
comportamento, atitudes, formas de estar de si próprios e dos outros alunos. Os
pontos fortes suplantaram os fracos. Ficou a vontade de novos encontros e a
certeza de que trabalhar bem é compensador.
Sábado, 9 de abril – Malas prontas e partida às 8h em
ponto com os alunos eslovenos para o aeroporto de Lyon. Chuva em St-Claude e
após alguns quilómetros, flocos de neve que nos acompanharam durante quase uma
hora.
A despedida do grupo dos eslovenos
foi mais contida. Seguiu-se uma escapadinha ao centro de Lyon, pois o voo era
só às 17.35H da tarde.
Et voilà. Chegámos bem, contentes e
cheios de boas recordações do Jura e das pessoas que nos acolheram.
Rosa Sousa e Ricardo Rodrigues