Uma tarde para recordar e repetir mais vezes
Este ano letivo, na EB do Ave,
decidimos dar continuidade ao projeto que iniciámos durante a pandemia e a que
chamámos “companhia das cartas”. Com um pequeno grupo de alunos do 1º ciclo, começámos
por escrever cartas aos senhores e senhoras do Centro Paroquial e Social de
Taíde, que fica a poucos metros da nossa escola. Os alunos apresentaram-se,
fizeram perguntas e pediram resposta. E elas vieram. Com uma caligrafia linda e
textos muito emotivos e paternalistas.
Foi assim no Natal, na Páscoa e no fim do ano.
Depois, e já com as portas
abertas, a comunicação alargou-se aos 7º e 8º anos, com pelo menos uma visita
por período.
Tem sido uma experiência
gratificante, tanto para nós, como para eles, que nos recebem sempre com um
sorriso.
Porém, este ano mudámos o nome
para “Memórias”, pois é nossa intenção interagir mais no sentido de reavivar as
suas memórias e aprender com as suas vivências passadas.
E foi o que aconteceu no dia 15
de dezembro com a turma do 8º B, as professoras Natália Almeida, Rosa Sousa e a
educadora social Catarina Lopes.
Com uns quantos postais de Natal
(previamente elaborados nas aulas de Educação Visual), alguns poemas e canções
recolhidos em livros e na net, descemos a ladeira para passar um pedaço da
tarde com os nossos anciãos.
E à pergunta “como era vivido o
Natal na sua infância”, , os mais faladores lá foram enumerando as tradições,
os hábitos, sobretudo recordando como eram felizes com o pouco que tinham,
contrastando com a abundância dos nossos dias.
Impressionante mesmo foi a
conversa com a sra Eva Maria de Matos, de 94 anos, que nos contou, com grande
desenvoltura, pormenores da sua infância com os pais e 6 irmãos e dos 70 anos
de casamento. Contou-nos que o pai, naquele tempo, proporcionou a todos os
filhos a 4ª classe e orgulha-se, também ela, de ter colocado o seu filho num
colégio interno. Gosta de ler e ainda o faz sem dificuldade. Ficou a promessa
de lhe levarmos, na próxima visita, alguns livros, sobretudo do escritor local,
Cunha da Leiradela, de quem não tem notícias há muitos anos e nos disse ser seu
primo.
A terminar a visita e instigados pela
professora Rosa para partilharem connosco cantigas de Natal, uma voz se fez
ouvir e, mesmo à capela e sem a clareza de outros tempos (em que cantava em
grupo pelas ruas da aldeia onde vivia),os versos saíram cadenciados e o rosto,
os gestos irradiavam satisfação.
Gostaram eles. Gostámos nós.
Vamos voltar. Em fevereiro.
Adivinham qual será o tema de conversa?
Rosa Sousa – Coordenadora da
Biblioteca
Impressões dos alunos:
"Gostei muito de conversar com os mais idosos,
têm muitas histórias engraçadas para contar", Pedro