Camões, Leonor vai ao largo
Onde as praças não têm cântaros nem amigos.
A tua pena escreve agora os olhos da cor do limão
E as ninfas do Tejo clamam os teus poemas.
Camões, grande Camões, o teu coração
Não ficou nos mares da Índia
À procura da Dinamene.
Está em Portugal, entre sonhos e dilemas
Que fazem os povos maiores.
Está pelo mundo, sempre em debandada,
Com Helenas e Bárbaras em palácios e grutas,
Na calma dos sobreviventes das caravelas do Gama
E nas praias, nos mares, nos abraços e nas lutas.
Vénus e Baco espreitam as marés à procura do manuscrito.
Glória Pires de Lucena