Um desafio
lançado pelos Serviços da Juventude da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e
que contou com a participação de estudantes de três escolas do concelho,
acompanhados pelos seus professores e ainda por membros de associações locais.
O grande
grupo de participantes foi dividido em três subgrupos de acordo com o grau de
confiança nas suas capacidades e a partir daí, entrou-se num processo de
decisões políticas a que se chamou Plano B, mas que tinha como objetivos, tomar
decisões em grupo em prol do bem da população da sua região e assim, contribuir
para o bem da população do país; avaliar as consequências dessas decisões e
refletir sobre elas, para que os jovens apliquem algumas destas reflexões nas
suas decisões presentes e futuras.
A Simone
expressa de forma sentida a sua visão da participação na atividade:
“Todos por todos ou só por alguns? O que farias numa situação de
catástrofe?
Nunca pensei
que uma simples simulação me fosse abalar tanto. Inscrevi-me para a atividade a
pensar que seria apenas mais uma experiência escolar, mas saí dela com os olhos
abertos para realidades duras, que antes só conhecia pelas notícias.
O meu grupo
tinha seis elementos, mas isso não nos poupou à marginalização. Ao longo da
manhã, sentimos na pele o que é ser ignorado, discriminado e desvalorizado,
tudo por parte da “Presidente” do nosso país, do “Mercado Internacional” e da
“Comissão de Representantes”. Todos aqueles, que devido às suas posições
esperávamos que fossem empáticos e imparciais, não o foram de facto. Perder 111
000 habitantes de um total de 200 000 foi devastador, especialmente por
sabermos que esta tragédia podia ter sido evitada com uma liderança mais justa
e solidária. Ainda bem que este era apenas o Plano B…
Não vou
mentir, senti impotência, revolta, ansiedade, curiosidade e até frustração, mas
também algo mais importante: empatia.
Adorei esta
experiência porque me fez perceber, de forma mais clara, como é viver nos
bairros mais desfavorecidos, onde milhares enfrentam todos os dias a desigualdade,
a corrupção e o esquecimento por parte das autoridades. Mas sobretudo, perceber
algumas das suas atitudes, as quais eu considerava antes como inaceitáveis. Não
é só uma questão de falta de recursos, mas sim de falta de respeito e de
dignidade.
Esta
experiência teve um impacto direto na minha forma de ver o mundo. Ajudou-me a
entender que, muitas vezes, as pessoas que mais precisam são as que têm menos
voz. E isso não acontece só em jogos ou simulações. É uma realidade diária para
milhões de pessoas, em Portugal e no mundo.
Na atualidade, perante tantas crises, sejam
elas naturais, económicas ou sociais, é essencial repensarmos a forma como
reconstruímos as comunidades. Não basta reconstruir casas, é preciso
reconstruir laços, justiça e oportunidades iguais para todos. Esta mudança
começa em pequenas coisas: em ouvir ativamente, na liderança ética e na
inclusão, mesmo dos que parecem ter menos força.
No final, esta experiência não foi só um
jogo. Foi uma lição de vida. E eu saí dela com a certeza de que, se algum dia
puder contribuir para um mundo mais justo, quero lembrar-me sempre do que senti
ali: que ninguém deve ser deixado para trás. Foi o que eu e o meu grupo
fizemos: era um dos grupos que tinha mais habitantes a defender, mas mesmo assim
aceitou os refugiados que foram recusados pelas outras regiões. A resposta da
Presidente foi a seguinte “A sério que sacrificaram a população nacional por
refugiados?” Nós optamos por ser fiéis aos nossos valores, no fim, é mais
importante do que “vencer” uma simulação. Mas deixo uma questão para reflexão:
Se uma catástrofe natural deixasse Portugal em ruínas, como reagirias se os
teus pais, avós, tios, irmãos, amigos e até mesmo tu fosses impedido de entrar
num país, porque a nação vem primeiro? Bem, não ficarias satisfeito, certo?
Apesar de termos tomado uma decisão com o bem comum em mente, fomos acusados de
genocídio consciente. No entanto, na minha perspetiva, o verdadeiro crime seria
recusar um único ser humano por puro preconceito.
Simone Marques 12.ºD