quarta-feira, 25 de março de 2020

aepl.estetempo 25.março.2020



Póvoa de Lanhoso, 25 de Março de 2020
Querido Diário,
É o meu décimo segundo dia de quarentena. Há já doze dias que não saio de casa, por isso, sim, não te vou mentir: estou cansada e desiludida com tudo o que nos está a acontecer.
À medida que os dias passam, vai-se intensificando toda esta dor. Aliás, chego mesmo a dizer: “Preferia estar na escola a estar em casa”. Mas o ficar isolada ainda não é o que me preocupa, mas sim os planos importantes que tinha em mente a realizar, visto que estou numa das fases mais complicadas da vida escolar, a transição para o ensino superior. E isto é algo que me assusta, assim como o meu futuro que agora se encontra um pouco balançado. Não sei o que virá, não sei quando regressarei ao meu modo de vida normal. Ainda ontem, diziam “ o mês de Abril está perdido”; “Não se sabe se as escolas reabrirão depois das férias”. Tudo isto parece irónico, já que nós jovens, ficamos fascinados quando nos dizem que não há aulas. Mas, sinceramente, agora tudo isto me faz pensar no que seria melhor: Não ter aulas e ficar isolada ou ter aulas e ter total liberdade? A resposta é clara. São, enfim, perguntas que nos podem fazer refletir como um simples dia de trabalho pode ser tão puro e tão legítimo.
É razão para dizer: somos mesmo egoístas. Só nestes dias, damos o verdadeiro valor à vida “normal”. Aquela que dizemos que não tem graça nenhuma e que existe apenas para nos dar dores de cabeça. É tempo de parar e escolher o caminho da felicidade.
Um beijinho,
              Ana Tinoco (12ºF)

26/03/2020
Meu diário,
Por vezes, é nos tempos negros que mais sentimos a necessidade de coisas que nunca demonstraram grande importância. Porquê sair de casa, se existem milhares de atividades para realizar dentro dela? Porém, é nestes momentos que temos saudades de ir às compras, de ir à escola, de praticar as atividades que praticávamos antigamente que, por vezes, detestávamos.
 Hoje, devido à escola, acordei muito cedo. Deste modo, fui capaz de realizar todas as atividades pretendidas para o dia de hoje, e ainda dedicar parte do tempo a mim próprio. Comecei a manhã com a realização de uma pequena ficha de matemática, a qual realizei em pouco tempo. Seguidamente, realizei alguma atividade física. Durante toda a tarde, basicamente ou estive no computador a jogar jogos ou a ver séries. Também, cozinhei pela segunda vez da minha vida, panquecas, e posso afirmar que, ao contrário da última vez, estavam comestíveis.
O tempo voou rápido, como um pequeno pássaro foge do seu predador. Quando dei por ela, já era hora de jantar e o dia estava praticamente acabado! No fim do dia, fui verificar o estado da pandemia no mundo, e reparei que o número de infetados de Itália está quase a ultrapassar do número do país de origem, China! “Que tudo isto acabe rápido” exclamei em voz alta.
 E foi isto o meu dia, velho amigo, até amanhã!
Fábio Rodrigues (11ºC)

Querido diário
Hoje faz doze dias que não saio de casa, doze dias de quarentena, doze dias nos quais não se sabe ao certo o que vai acontecer. A preocupação aumenta a cada dia, o medo de perder alguém também, todos os dias falo com familiares meus que estão fora, para saber como eles estão, mas mesmo assim nunca tenho certeza de nada e isso é o que mais me preocupa. Para além das incertezas, as coisas começam a apertar. Tantos dias em casa com as mesmas pessoas, a ouvir o meu irmão a queixar-se de tudo e isto começa a ser maçador e a tirar uma pessoa do sério.
Mas, sem dúvida, o pior de tudo é que mesmo com isto tudo enquanto nós estamos em casa em quarentena, continua a haver pessoas a sair de casa que ainda não entenderam a gravidade da situação. Ainda hoje a minha mãe contava que, enquanto foi às compras para esta semana, viu um grupo de pessoas que vinha do trabalho todas juntas a falar sem cuidado nenhum, nem preocupação nenhuma com o que está a acontecer, o que demonstra uma grande falta de respeito para com os outros.
Maria Coelho(10ºA)


Olá querido diário,
Já faz algum tempo que não escrevo nada. Não por falta de tempo, pois neste momento tenho mais tempo livre do que aquilo que julgava que ia ter. Não por falta de ânimo, pois tenho de admitir que até tinha bastantes saudades de escrever os meus pensamentos. Não escrevia simplesmente porque não tinha nada de novo para partilhar. Talvez dizer que não tinha nada de novo para contar possa soar um pouco triste, contudo não é. Dentro destes dias tão atípicos alguma rotina e normalidade fazem bem. Porém, hoje senti-me inspirada e venho discutir contigo um pensamento que hoje me veio à cabeça e que por algum motivo acho que vale a pena discutir.
Sabemos que nesta situação delicada a nossa vida mudou bastante de um momento para o outro. Penso que muito poucas pessoas foram capazes de imaginar que um vírus tomasse tamanhas proporções e que se apoderasse da nossa normalidade. E hoje percebemos que não é tão simples como uma “gripe”. Jogos de futebol foram cancelados em várias competições. Os Jogos Olímpicos de Tóquio também foram adiados e, com esse adiamento, também o sonho de imensos atletas que dedicam uma vida inteira a esta competição foi suspenso. Centros comerciais, restaurantes, escolas, cafés e muitos outros espaços públicos deixaram de estar abertos para acolher as pessoas, tudo por um bem maior. Os hospitais estão um caos, e os nossos pensamentos também. Permanecem várias incógnitas na nossa cabeça, sendo a principal dúvida a data em que isto vai acabar. Neste momento colocamos muitas coisas para segundo plano e estamos a aprender uma nova forma de estar.
Tudo isto me faz pensar que quando isto terminar, vamos olhar de uma forma diferente para a vida. Será que vamos todos entender aquilo que de verdade importa?
Neste período muitas pessoas redescobriram por exemplo o prazer da leitura e que os livros nos dão um lugar para ir quando temos de ficar no mesmo lugar. Acredito que vamos ter muito mais leitores a partir de agora. Vamos aprender a agradecer aos artistas? Sem filmes, sem livros, sem músicas, sem televisão estes tempos seriam bem piores, não seriam impossíveis, mas seriam extremamente complicados. Será que vamos perceber que o que importa é a nossa saúde, a simplicidade, o respeito?! E, mais importante, perceber que o dinheiro não paga a nossa felicidade e a nossa liberdade. Neste momento, somos todos iguais, ninguém está melhor ou pior. Está na altura de criar uma nova forma de vida, e durante este distanciamento repensar muitas coisas.
Quando isto vai terminar? Não sei e confesso que fico apavorada em pensar que talvez esse dia não esteja assim tão perto. De uma coisa eu sei: no dia em que isto terminar, algo melhor irá surgir.

Joana Faria (10ºA)

Querido diário,

Hoje acordei cedo para o que é habitual, nem quando ia para a escola acordava tão cedo. Mas, para ser sincera, adorei. Logo que abri os olhos, senti um ar fresco dentro de mim, como se estivesse a acordar no meio da natureza, não sei explicar.

Fui tomar o pequeno almoço e, depois, senti uma enorme vontade de praticar exercício físico. Como ainda tinha algum tempo antes das aulas começarem, assim o fiz.
Apesar de estarmos em quarentena, é necessário mantermos os nossos costumes, e exercitar é um deles. 
Quando pratico exercício físico, parece que deixo de pensar um pouco no que é tóxico.
Senti-me livre e pronta para enfrentar mais um dia cheio de desafios.

Seguidamente fui para as “aulas”.

As aulas terminaram e dediquei o meu tempo à minha família.
Sabes querido diário, hoje o meu pai faz anos, acho que devias ter-lhe dado os parabéns, mas entendo que sejas um pouco tímido.

À noite, festejamos o seu aniversário, apesar de toda a família não ter estado  presente, por causa destes tempos difíceis que se vive no nosso país, foi uma noite fantástica e cheia de alegria. Espero que o meu pai se tenha divertido ao máximo, pois era o seu dia.

O dia começou bem e acabou bem, por isso achei que te deveria contar.

Até amanhã, bons sonhos querido Diário.

Filipa Mota (10ºB)

Dia 10 (25 de março de 2020)
Querido diário,
É mais um dia que passa e, cada vez mais, ficamos familiarizados com a situação que temos vindo a viver. A verdade é que cada vez que um dia passa é menos um dia nesta contagem decrescente para a normalidade.
Se janeiro nos pareceu uma eternidade, 2020 pode bem ser o ano mais longo que podemos vir a passar. Para além do choque no nosso quotidiano que a pandemia provocou, o setor da economia tem vindo a ser afetado. Por um lado, é afetada a produção uma vez que as fábricas, e qualquer tipo de comércio, ao fecharem produz-se menos. Por outro, como as pessoas quando saem de casa para ir às compras só o fazem para adquirirem bens essenciais e para satisfazer as necessidades básicas, a procura é afetada.
É, por isso, mesmo necessário que fiquemos em casa, para que outros que precisam de sair para trabalhar o possam fazer com segurança e os trabalhadores afetados regressem à sua rotina habitual, o mais rápido possível, para poderem novamente proporcionar tudo de melhor às suas famílias.
Miguel Almeida. (11ºC)


Querido diário,
Hoje estou muito feliz! O dia correu-me bastante bem.
De manhã cedo dediquei-me à matemática e depois vi um filme e um episódio da série Elite. Mas foi a meio da manhã que recebi um mail que me deixou muito contente. Sabes… aquele texto de que te falei ontem sobre a família, a professora de português leu-o e achou que estava maravilhoso. Sinceramente, fiquei muito orgulhosa, mas antes disso não estava assim tão confiante de que o texto estivesse bem redigido. Sempre tive algumas dificuldades em estruturar as composições com todas as ideias que iam surgindo, então às vezes ficavam uma “salada russa”.
 De tarde, dei-me à preguiça em termos de escola e não rendi nada. Então para acordar fui correr cerca de 18 minutos e depois fiz três séries de um circuito proposto pela minha professora de atletismo.
No meio disto tudo deves estar-te a perguntar: E aquele maldito vírus que tanto te atormentava? Tens razão… é verdade que me atormentava e ainda continua a atormentar. Em Portugal, de ontem para hoje, o número de infetados subiu aproximadamente 27% e, com isto, refiro-me que chegamos aos 2995 infetados infelizmente. O coronavírus continua a espalhar-se pelo mundo todo e pensasse que dentro de pouco tempo os Estado Unidos possam ser o novo foco mundial e não a Europa.
 Porquê? – perguntas tu. (como se falasses kkkkk)
Porque as pessoas não estão a tomar as devidas providências, saem à rua, juntam-se em parques, querem aproveitar os dias de sol e o presidente também não parece muito preocupado com toda esta situação.
No entanto, eu continuo em casa a fazer tudo o que posso para não ser infetada.
Cuida-te!
Marina Peixoto (11ºD)


Dia 10 da quarentena, 25/03/2020 

Hoje foi particularmente difícil de acordar. 
Comecei a fazer exercício físico. Já devia ter começado mais cedo, mas a preguiça venceu desta vez....  Parti para uma corrida pela minha freguesia. Estava um dia bom, mas o terreno é muito irregular, é dos bons para uma queda. 
Amanhã espero acordar com mais vontade de trabalhar.    
Pedro Carvalho (11ºC)

Este tempo… dia 12
25.Março.2020

Hoje, olhei, demoradamente, as minhas mãos. À minha memória vieram tantas mãos. Mãos que libertam e mãos que prendem. Mãos que entregam e mãos que se fecham. Mãos que acariciam e mãos que magoam. Nas nossas mãos (literalmente!) está, também, este tempo.

Pensei nas mãos de tantas pessoas que morreram, em todo o mundo, neste tempo que vivemos. Mãos que escreveram cartas de amor e bilhetes aos filhos ou pais. Mãos que cozinharam com todo o amor um grande banquete ou uma simples sopa. Mãos que embalaram. Mãos que cultivaram os campos. Mãos que colheram flores e, com elas, levaram beleza. Mãos que ofereceram música. Mãos que guiaram. Mãos que afagaram lágrimas e mãos que esconderam sorrisos tímidos. Mãos que pegaram noutras, mais pequeninas, para ensinar a escrever. Mãos que nos seguraram quando estávamos a cair ou que nos levantaram quando caímos mesmo. Mãos que entregaram pequeninos desenhos, como sendo o mais precioso presente do mundo! Mãos que entregaram a beleza numa obra de arte.

Hoje, meu Deus, entrego-Te as minhas mãos. Para que elas possam continuar a Tua criação. E peço-Te que acolhas estas mãos que vão ter contigo.

Margarida Corsino da Silva



Quarta-feira, 25 de março de 2020
Querido diário,
Estamos hoje no décimo dia de quarentena e faz hoje uma semana desde que te comecei a escrever. Por isso, resolvi fazer-te um ponto da situação do Covid-19.
O que mudou desde há uma semana? Hoje foram oficializados 2 995 infetados e 43 óbitos – como os números dizem, a pandemia tem piorado bastante e, a partir da meia-noite de amanhã, o estado de mitigação (nível de alerta mais grave) será declarado no país, que consiste no estabelecimento de medidas mais drásticas, que visam combater a doença no país, agora com cadeias de contágio dentro do mesmo.
Um dos aspetos mais graves é o da contaminação de lares de idosos que, sendo o grupo etário mais suscetível a esta pandemia, os submete a um grande risco de vida, agravando-se a situação do nosso país. É de salientar a solidariedade de quem se voluntaria para cuidar destas pessoas pois, como ouvi no noticiário, “se não cuidarmos deles, quem cuidará?”.
As consequências que são previstas para o fim da pandemia são bastante assustadoras: ouvi um especialista em economia (já não me recordo do seu nome) dizer que passaremos pela pior crise da história, a nível mundial, pelo que as corridas aos supermercados são totalmente inconscientes e desnecessárias, pois essas sim, podem levar ao esgotamento dos stocks, caso se proceda ao encerramento da maioria das fábricas.
Perante tudo isto, devemos sempre apelar ao bem de todos nós, preservando-se a saúde pública e cumprindo-se as normas ditadas pelas Direção Geral de Saúde e Organização Mundial de Saúde. Agora, mais do que nunca, devemos unir-nos (não fisicamente, é claro), visto que atitudes egoístas são impensáveis durante esta fase.


Maria João Fontão (11ºC)