As violências doméstica e no namoro albergam comportamentos utilizados num relacionamento, por uma das partes, sobretudo para controlar a outra.
Apesar de a violência ser, normalmente, associada a agressões, pode ser de vários tipos. A violência emocional refere-se a qualquer comportamento do(a) companheiro(a) que visa fazer o outro sentir medo ou inutilidade. Qualquer forma de violência física que um agressor(a) inflige ao companheiro(a) é violência física. A violência social corresponde a qualquer comportamento que intenta controlar a vida social do(a) companheiro(a). Algum comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a protagonizar actos sexuais que não deseja diz respeito a violência sexual. Comportamentos que intentem controlar o dinheiro do(a) companheiro(a) sem que este o deseje equivalem a violência financeira. A perseguição também é um tipo de violência, na qual se encaixa qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar o outro.
A violência em relacionamentos funciona como um ciclo circular: primeiramente, há um aumento de tensão - as tensões acumuladas no quotidiano, as injúrias e as ameaças tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo eminente; de seguida, ocorre um (ou mais) ataque violento - o agressor maltrata física e psicologicamente a vítima; estes maus-tratos tendem a aumentar na sua frequência e intensidade; após o conflito, há a “lua-de-mel” - o agressor envolve a vítima de carinho e atenções, desculpando-se pelas agressões e prometendo mudar. Todas estas fases repetem-se constantemente, até que a vítima resolva tomar alguma iniciativa para mudar esta situação.
As agressões podem ser continuadas ou não continuadas. Agressões continuadas mantêm-se durante longos períodos de tempo, enquanto agressões não continuadas acontecem apenas uma vez.
Estudos recentes desenvolvidos em Portugal e que reforçam indicadores já encontrados em outros países revelam que a violência em casais do mesmo sexo é tão frequente como a violência em relacionamentos entre pessoas de sexo diferente. As principais razões que levam à continuidade das agressões são a dependência económica, o medo de afetar os filhos com a separação dos pais (bem como os amigos e restantes familiares), cedência às promessas do agressor e vergonha das críticas que poderão surgir por parte da sociedade. Nos casais homossexuais, para além destes motivos, há ainda a cedência à intimidação através do outing (ameaçar revelar a sexualidade da vítima, caso esta ainda não o tenha feito), a culpabilização da violência pela sua orientação sexual e o medo de discriminação aquando da denúncia das agressões.
Para o ano de 2018 (e anos anteriores), a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) apresentou dados estatísticos relativos à violência. Neste ano, houve 9 334 vítimas de violência, aumentando 31% o número de atendimentos desde 2016, das quais 7 712 foram mulheres (83%) e 1 576 foram homens (17%). Relativamente aos agressores, houve apenas 1 511 mulheres (16%); 7 764 foram homens (80%). Desta forma, pode concluir-se que a maioria das vítimas são mulheres, sendo a maior parte dos agressores homens.
Das agressões registadas, 7 363 (76%) foram continuadas, sendo 1 072 (11%) não continuadas. Portanto, conclui-se que a maioria das agressões verifica o ciclo mencionado anteriormente.
Ao nível do distrito de Braga, registaram-se 298 vítimas, as quais foram apoiadas pelas diversas autoridades responsáveis por estes casos. No concelho da Póvoa de Lanhoso, 5 vítimas foram auxiliadas.
A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, bem como a família e os amigos, prestando-lhes serviços gratuitos e confidenciais, através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h).
Promove apoio jurídico, psicológico e social. O apoio jurídico tem como objetivo informar a vítima acerca dos seus direitos, elucidá-la acerca das várias etapas de determinados processos judiciais e auxiliá-la com a documentação. O apoio psicológico é prestado por profissionais devidamente qualificados, avaliando-se a situação de risco psicológico do utente, ajudando-o a reconhecer as competências que já possui e a encontrar formas de as pôr em prática e encaminhá-lo para o serviço de apoio adequado caso se verifiquem fatores de risco. O apoio social é prestado por profissionais de trabalho social devidamente qualificados, cujo objetivo é informar a vítima acerca dos vários recursos sociais existentes e encaminhá-la para outros serviços e instituições (locais, regionais ou nacionais).
Maria João Fontão – 11º C