Querido,
diário
Começou
a 2ª semana de isolamento. Tenho a dizer-te, porém, que logo de manhã tive de
sair. Ainda não eram 8 da manhã e já estava a sair de casa para abastecer a
despensa. Os filhos e o marido não perguntam o que faz falta comprar! A questão
frequente é " O que vai ser o almoço/ jantar?" O trânsito, que num
dia normal, à hora que te disse, seria intenso, hoje era mais calmo do que num
vulgar domingo, bem de manhã. Como são tristes estes dias que estamos a viver.
Feito
o almoço, à tarde dediquei-me a ler e a enviar alguns emails. Segui para
a correção dos testes. Tarefa difícil, sobretudo quando há outros mil e um
trabalhos que esperam por ti. Já te tinha dito que a senhora que trabalha e me
ajuda com as lides domésticos também está em isolamento social. Acho que vou
ter que fazer uma escala de serviço para realização de tarefas domésticas. Mas
isto de mandar não é fácil!
Amigo,
diário não te vou maçar mais com as mundanices do meu dia de hoje. Ainda não vi
ou ouvi as notícias do dia, por isso vou pôr as panelas ao lume e preparar-me
para as resmunguices dos meus filhos que vão ter de comer sopa. Espero,
sinceramente, que comece a haver alguma luz neste túnel negro que estamos todos
a atravessar. Quem sabe se nos jornais da noite não há notícias mais
animadoras! Espero bem que sim.
Fica
bem, até amanhã
Isabel Friande
Segunda-feira, 23 de março de 2020
Querido diário,
Estamos hoje no oitavo dia de quarentena
e, a cada dia que passa, a pandemia agrava, agrava, e agrava; acho que estes
últimos dias não nos têm trazido felicidade. E é mesmo sobre isso que te vou
escrever hoje – será que sabemos mesmo o que é ser feliz?
Acho que todos procuram, ao longo da sua
vida, atingir a felicidade; uns de uma maneira, outros de outra – todos
queremos ser felizes. O que é certo é que ninguém sabe qual é a receita para a
felicidade – todos temos origens diferentes, objetivos diferentes,
responsabilidades diferentes; enfim, todos somos diferentes. Por isso, cada um
deve fazer o que acha que contribuirá para a sua felicidade.
É na procura da felicidade que está o
grande obstáculo. Como é óbvio, todos temos problemas, e nem tudo corre sempre
bem, mas isso não deve ser razão para nos tornarmos pessoas desmotivadas e
infelizes – muito pelo contrário! A verdade é que os problemas constituem
ensinamentos e permitem-nos estruturar a nossa vida, tendo em conta os erros /
objeções do passado e, por muito que esta seja uma frase cliché, ainda há quem
não a entenda totalmente. Os problemas têm uma grande carga emocional e,
certamente, não podemos controlar totalmente as nossas emoções de um momento
para o outro; como tal, devemos tentar desenvolver uma mentalidade aberta e
mais otimista, pois o contrário traz-nos diversos problemas psicológicos, que
claramente nos afastam bastante da tão desejada felicidade.
Também não sei como posso realmente ser
feliz mas, a meu ver, a base para a felicidade é a força de vontade, que nos
permite ultrapassar mais facilmente os nossos problemas. E não esquecer: a
felicidade também provém das nossas ações – ao contribuirmos para a felicidade
dos outros, sentimo-nos melhor connosco mesmos.
Maria João
Fontão (11ºC)
Dia
8 da quarentena, 23/03/2020
Começa uma nova semana e já temos novas tarefas. Pelo menos trabalho não falta.
É a
primeira vez que te escrevo duas vezes seguidas, acho que devíamos
celebrar.
Amanhã seria
dia de visita de estudo e hoje seria então dia de preparar o farnel. Com
certeza a minha mãe ir-me-ia obrigar a levar umas 3 mochilas, com rissóis,
bolinhos de bacalhau, sandes, e tudo o que fosse necessário para
sobreviver a um Apocalipse.
Hoje
demos banho à gata. Podes estar a pensar (sim, porque os diários pensam) “dar
banho a gatos? Que estupidez”, e eu digo-te, meu amigo, que concordo totalmente
contigo. Mas não há nada para fazer, e, tendo eu conhecimento do provérbio,
“vai dar banho ao cão”, fui dar banho ao gato, porque “quem não tem cão, caça
com gato”.
Pedro Carvalho (11ºC)
23
março 2020
Querido
diário,
Faz
hoje 10 dias desde que foi declarado o encerramento das escolas.
O
tempo vai passando e nós continuamos à espera de boas notícias que venham
alterar os acontecimentos!
Para
me distrair do meu dia cansativo passei parte da tarde com a minha família a divertir-me
com jogos de sociedade. Foi bastante engraçado! Toda a gente se riu e deu para
criar novas memórias.
Devido
a esta fase complicada que estamos a viver temos de fazer coisas diferentes
para não cairmos numa rotina aborrecida. Cabe a cada um de nós encontrar um
entretenimento para aliviar o stress
do dia-a-dia.
Bem,
por hoje é tudo…
Matilde Carvalho (11ºC)
Dia 8 (23 de março de
2020)
Querido diário,
Já passou uma semana desde que te comecei
a escrever.
A realidade é que o número de casos,
desde a segunda-feira passada, aumentou mais de 1500. É um número bastante
elevado e, para que não aumente mais, devemos ficar em casa e sair só quando
for mesmo necessário.
Hoje foi um dia como os outros. Depois de
tomar o pequeno-almoço, dediquei-me à escola com a resolução de exercícios. Ao
acabar o “turno da manhã” fui preparar o almoço para a minha família e logo a
seguir continuei a praticar e praticar.
Chegou o final do dia. É tempo de ver um
ou outro episódio das séries que mais tenho gostado de seguir e realizar a
atividade física para o dia de hoje.
São tempos de mudança, em que a incerteza
prevalece… A esperança de um futuro melhor é aquilo que nos permite viver estes
dias com mais alegria!
Miguel Almeida. (11ºC)
Segunda-feira, 23 de março de 2020
Querido diário,
Hoje começou mais uma semana em que não
vamos à escola, contando como o oitavo dia desta quarentena. Vê bem, no início
da semana passada, em Portugal, havia 331 casos de pessoas contaminadas e
nenhuma morte e no momento em que te escrevo já há 2060 casos confirmados e 22
mortes. Contudo, há países onde a situação está muito pior, como a Itália que
já conta com 50.418 pessoas infetadas pelo vírus e 6 mil mortos.
Esta quarentena, como os professores
dizem, não são férias e, por isso, eles mandam o trabalho que faríamos se
estivéssemos em tempo de aula e nós fazemos. Depois de os resolver, fui arrumar
a cozinha e por fim, relaxar com a minha mãe enquanto víamos algo na televisão.
Enquanto passava pelos canais, deparei-me outra vez com o problema que nos
prendeu em casa, porém não eram notícias, era um documentário no canal
Odisseia, no qual dava mais informações sobre o vírus e comparava o mesmo com a
situação que ocorreu em 2002 com o vírus SARS.
Acabei o dia confiante de que iremos
conseguir ultrapassar este momento de crise, porque se há 17 anos os médicos e
especialistas conseguiram encontrar uma vacina para o SARS, com a tecnologia
avançada que temos nos dias de hoje, não tardará a ser encontrada a cura para
este. Porém, este futuro não depende só dos especialistas mas também da
população comum que precisa se prevenir e ficar em casa o maior de tempo
possível, de modo a pararmos o alastramento.
Agora despeço-me, porque amanhã é outro
dia para trabalhar.
Lara Lima
(11ºC)
Póvoa de Lanhoso, 23 de Março de 2020
Querido Diário,
O fim de semana passou. É Segunda-feira e são 10h da manhã.
Estes dois últimos dias deram para esquecer um pouco, o ambiente arrebatador
que estamos a viver diariamente.
Mas sabes querido diário, li uma notícia em que os cientistas
preveem uma melhoria significativa para o início do mês de Maio. Nem sabes o
quanto fiquei feliz. Tu podes até julgar-me, dizendo: “Então, não é bom estar
em casa, dormir até tarde…?”, ao que eu te respondo: “ Claro que sim, mas não
desta forma. Não estamos de férias. Muito pelo contrário, parece que estamos a
jogar aos polícias e aos ladrões, já que estamos completamente inibidos de sair
de casa, e se o fizermos, estaremos a cometer um crime. É assustador”. Para
mim, isto não é liberdade. Não é democracia. Não é Portugal. Não é o meu mundo,
mas sim um lugar onde caí, literalmente, de paraquedas, sem ninguém me avisar e
sem saber o motivo pelo qual vim. Porém, a par de tudo isto, ontem andei pela
primeira vez deste ano, de bicicleta. Nem sabes o quanto foi libertador.
Parecia um dia “normal”, apesar de aqui, ter visto apenas duas pessoas, quando
na realidade, moram cerca de vinte.
Enfim, a solução é mesmo a continuação deste duro caminho. Só
assim teremos o nosso país de volta e o convívio com os nossos entes queridos,
que tantas saudades tenho de os abraçar.
Um beijinho,
Ana Margarida. (12ºF)
COVID-19?
- Vírus super contagioso e perigoso…
Consequências? Mata todos os dias muitas pessoas por todo o mundo e obriga a
que fiquemos em casa fechados… Muito cruel, não é verdade? Mas será que todos
nós já paramos para pensar no que é que isto ter surgido pode mudar a nossa
forma de estar? Porquê ter surgido neste exato momento? Tantas e tantas
perguntas… O importante é pegarmos nessas questões e refletirmos… Pois estamos
em casa… Temos, pelo menos parece, mais tempo para parar e pensar.
Ah!
Ao menos algo de bom este vírus trará… Refletirmos sobre o nosso mundo, a nossa
vida, os nossos atos, será que podemos mudar alguma coisa? Sim, podemos. Há no mundo
gente malvada, corrupta, desumana, egoísta… Há tanto para mudar… Vale a pena
pararmos para refletir…
Este
vírus obriga-nos a pensar mais no nosso próximo … O facto de estarmos em casa
também nos obriga a esta reflexão.
Renata Tinoco (12.ºB)
Segunda-feira, 23
de março 2020
Querido diário
Hoje é o oitavo dia
de quarentena e parece que a população portuguesa não quer ajudar a acabar
com esta quarentena… Ontem vi uma notícia que referia que a polícia de
Braga foi obrigada a intervir no trânsito para o Bom Jesus.
Eu não percebo
também o que vai na cabeça das pessoas que querem adquirir tantos quilos
de arroz com medo da pandemia e depois vão passear…
Ernesto Pereira (12.ºC)
Segunda-feira,
23 de março de 2020
Querido diário,
Já há alguns dias que não te escrevo. Hoje, decidi deixar a
procrastinação de lado e finalmente voltar a dizer-te alguma coisa.
Nos últimos dias tem chovido, o que não tem ajudado muito na minha
inspiração. Adoro dias luminosos, cheios de Sol e vida. Como é o caso de hoje.
Hoje o Sol decidiu bater novamente à minha janela.
Aproveitei para me dedicar a algumas tarefas da escola e decidi que
hoje seria o dia certo para começar a ler um novo livro. Adoro ler, é realmente
uma das minhas grandes paixões. Como tal, quando possível, tento fazê-lo
diariamente. Na realidade há livros que me consomem. Quando são realmente bons
e o conteúdo de alguma maneira me faz ficar refém só descanso quando finalmente
acabo o livro. É soberbo entrar numa história que não é minha e sentir o que
não me pertence mas ler, ajuda-me a abrir a mente para novos horizontes e
possibilidades, a tentar perceber melhor o outro e é por esse motivo que gosto
tanto de o fazer.
A situação no país e no mundo está muito complicada e não consigo
encontrar palavras para designar aquilo que sinto relativamente a isto. Mas,
como sempre, faço questão que a esperança seja a palavra-chave da minha vida,
sempre. Estou a fazer aquilo que está ao meu alcance, estar em casa.
Deste modo e ainda com a caneta na mão, querido amigo, digo-te que
tenho a certeza que um dia será só uma lembrança e que olharei para trás com o
sentimento de batalha vencida.
Cristiana
Rodrigues (10ºB)
Querido diário,
Passou uma semana desde que este terror deixou
metade do mundo “preso” em casa, falo contigo em modo de desabafo porque com
tudo isto, não tenho outra forma de exprimir o que sinto. Não vejo a minha
família há 6 dias, não posso pôr em risco os que me são tanto, tenho de me
proteger para poder proteger os meus, passo os dias fechada em casa.
De
dia para dia o número de mortos aumenta, não se sabe como travar esta
realidade, que atinge ricos e pobres, que atinge todas raças e etnias sem
escolher favoritos.
Escolas
fechadas, ruas vazias, vidas paradas e como será o futuro? O medo torna-se
maior a cada dia, um medo impossível de controlar.
No
último ano, andei quatro vezes de avião e agora não posso andar mais de 100
metros fora da minha casa, o mundo era para o conhecermos e dele usufruirmos,
mas esta chamada normalidade parece ter acabado, não sabemos quando as rotinas
voltarão e tudo isso me assusta! E é por isso que te escrevo, para me
encontrar, para me distrair e refletir!
Com
toda esta situação, querido diário, percebi que nenhum luxo importa se não
houver saúde, água potável, comida e amor, que estar em casa, por obrigação,
obriga-nos a sair da nossa zona de conforto e para além disso outra coisa, para
mim importante, estar com as pessoas é necessário para nos sentirmos acolhidos.
Tatiana Couto (12.ºB)
Diário 2 – 23 de março de 2020
Olá, meu
pensamento!
Parece que me tenho esquecido de ir ao
teu encontro... A verdade é que estes dias se têm revelado tão monótonos, que
parecem carecer de substância e matéria para estar contigo. Assim, agora, penso
sobre como estes últimos cinco dias em casa foram, em mim, momentos de
novidade.
Para além da rotina e de tudo aquilo que
estamos a viver de, infelizmente, extraordinário, ando a contrariar isso:
tenho-me deixado fascinar, desde o primeiro vídeo, por uma pianista
concertista, Tiffany Poon, cujo canal
no Youtube me encantou e prendeu. A
sua técnica, graciosidade e perfecionismo, o modo como torna acessível, a
qualquer pessoa, os ambientes musicais que frequenta, a descoberta do modo como
os pianos de uma das maiores, se não a maior, fabricantes de pianos são
produzidos (a gigante Steinway & Sons)
e o modo como Tiffany Poon leva os
seus espectadores consigo no seu dia a dia, quer seja na compra de um novo
piano ou nas viagens ao redor do mundo para participar em diversos concertos e
competições, quer dando a conhecer museus de génios da arte musical, como, por
exemplo, o Museu de Richard Wagner, na Suíça.
Com isto, tenho-me inundado de inspiração
para, no mínimo, praticar duas horas diárias de piano! Quem sabe, no futuro, me
aproximo da genialidade de Tiffany!...
Aliás, isto tem sido concretizado através da prática de exercícios técnicos,
como os do livro The Virtuoso Pianist,
elaborado por Hanon. Um livro com
sessenta exercícios, como escalas, por exemplo, que tem, como principal
objetivo, a obtenção de uma maior uniformidade entre os dedos da mão esquerda e
direita ou o melhoramento da precisão e rapidez dos movimentos de ambas as
mãos.
Sabes, pensamento, a música também nos
liberta desta “prisão” em que nos encontramos!... Leva-te, pensamento, para
lugares, paisagens, mundos diversos, onde se pode olhar a tristeza, a
melancolia, o amor, a felicidade, a euforia, ... a esperança!
Fernão Veloso (11ºC)
23/03/2020
Bom dia, companheiro.
Uma nova semana, uma nova etapa a vencer.
Começou a
primavera. Na minha rua já despontam flores aqui e ali. O sol brilha e
conforta. É tudo tão bonito, paradoxalmente parece ainda mais bonito! Será
porque as crianças colaram belos desenhos coloridos nas varandas? Será que é
por ouvir muito mais os pássaros ou por já ter conseguido saborear novos
silêncios? Ou será, tão simplesmente, porque a vida é e foi sempre bonita?!... Esta
é a resposta, simples e intuitiva. Todo o resto são etapas que vamos vencendo.
Esta é mais uma. Vamos ultrapassá-la, ainda que estes dias nos façam, por
vezes, lembrar a inquietante tarefa de Sísifo.
Sísifo!... O título do belíssimo poema de
Miguel Torga de que tanto gosto e que ecoa na
minha cabeça. Que a todos ensina que desistir nunca é opção. Hoje e sempre!
Sísifo
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, in Diário XIII
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, in Diário XIII
Rosa Martins
Dear diary,
It's today. It's definite. It's unavoidable. I deeply hate
this virus and I hope it doesn't mess with me. I'm very angry about everything
it is doing and about what it won't let me do. So I’m nothing satisfied with
the devastation it's causing in the world, in countries, in companies, in
families and in each of us.
I really hope tomorrow's a better day.
Stay fine.
Marina Peixoto (11ºD)