Terça-feira, 31 de março de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no décimo sexto dia de quarentena e resolvi escrever-te
sobre o que se tem vivido nestes últimos dias do mês, que terminou da pior
forma possível.
O tempo tem estado chuvoso e muito frio e o dia de hoje não escapou à
regra. O vento assobia violentamente e, em alguns locais, até nevou. Parece que
tudo se combina para que os dias fiquem cada vez mais melancólicos e as ruas
cada vez mais vazias. Pessoalmente, não sinto essa melancolia como muitas
pessoas dizem sentir – não gosto da ideia de estar constantemente fechada em
casa, sem poder contactar fisicamente com ninguém, mas já encaro esta rotina
como normal e tento adaptar-me ao máximo a ela.
As ruas estão, de facto, muito silenciosas - já não se ouvem os gritos
e risos das crianças lá fora, nem as conversas das pessoas que passam pela
minha rua. Ouvem-se apenas os automóveis a passar e, ocasionalmente, um carro
com altifalantes, que “pedem” às pessoas para se manterem em casa, protegidas.
E não são só os altifalantes desse carro que o fazem: em todas as redes
sociais, há anúncios que nos pedem para que fiquemos em casa, havendo, ainda,
os avisos da comunicação social ou da Direção Geral de Saúde, por exemplo. Nas
últimas 24 horas, registaram-se mais 1 015 infetados e 20 mortos, por
isso, estes números justificam os alertas que nos são constantemente feitos.
Todos nós queremos voltar aos hábitos da nossa rotina que, até aqui,
desvalorizávamos. Eu mantenho-me na esperança de que tudo voltará a ser como
antes.
Maria João Fontão (11ºC)
Dia 18 da quarentena,
31/03/2020
No início, ter um diário
pareceu-me uma boa ideia por estarmos numa situação que
não tínhamos nunca antes vivido.
Hoje, continuo a achar
que é uma atividade interessante, mas não só pela singularidade dos eventos,
mas também porque me faz refletir e ajuda-me a exprimir o que estou a
sentir.
Por vezes, sinto
dificuldade em pôr por palavras aquilo que estou a pensar embora os pensamentos
sejam eles próprios palavras.
Vejo-me, muitas vezes, a
pensar em algo que gostaria de simplesmente esquecer ou ultrapassar, mas, infelizmente,
parece que me persegue. Não importa o quão rápido eu tente correr, nunca chego
à meta antes de ser parado por esta ideia que tanto me faz sentir feliz como
destroçado. Desculpa teres de me ouvir a deprimir, mas por vezes é mesmo o que
tenho para te dar.
Espero que
amanhã tenha menos nuvens a pairar pela minha cabeça.
Até lá.
Pedro Carvalho (11ºC)
31 março 2020
Querido diário,
É a primeira semana de férias da
Páscoa. Se não fosse pela quarentena, por esta altura, já estaria a passear por
Lisboa com a minha irmã a aproveitar este tempo de interrupção letiva.
Infelizmente, a epidemia veio atrapalhar os planos de toda a gente e nós só
temos de esperar que as coisas melhorem.
Tenho aproveitado as minhas
férias a descansar bastante e a fazer atividades em família. Cá por casa, temos
estado um pouco preocupados com a minha madrinha, pois um elemento da sua equipa
no hospital de Braga foi diagnosticado com COVID-19. Por este motivo, tem de
ficar em isolamento profilático até chegar o resultado do seu teste. Estamos
diariamente em contacto com ela através de vídeo chamadas para lhe dar apoio.
Sinto uma grande revolta com esta situação uma vez que algumas profissões lutam
para que tudo corra bem enquanto outras pessoas continuam com a sua vida
normal, como temos assistido nos noticiários.
Bem, por hoje é tudo…
Matilde Carvalho (11ºC)
31/03/2020
Querido diário,
É a minha primeira vez a
escrever-te assim publicamente embora já faça tempo que escrevo num. Já
se passam muitos dias de quarentena (perdi-me na conta de dias), mas há sempre
algo de diferente/novo a cada dia que passa. Acabei por descobrir paixões e
certas coisas que me vi a gostar mais do que pensei, como observar as estrelas
no meu jardim enquanto ouço música, ou até mesmo ler sob a “luz” lunar. Hoje
comecei por acordar tarde e não tinha muita vontade de fazer nada, mas, mesmo
assim, fui comer e ler um pouco. Vi que o dia ia ser frio e nublado o que não
ajuda muito para melhorar o ânimo. Dei um jeito à casa e fui-me entreter no
telemóvel vendo algumas notícias sobre o coronavírus, navegar na internet e ouvir algumas músicas, pois
descobri que são a minha fonte de relaxamento. À tarde não fiz grande coisa,
fui para o computador assistir alguns vídeos e preparei-me para o meu treino
diário. É neste tempo onde eu penso, reflito sobre o que se passa no mundo,
comigo e com os meus pensamentos e problemas, deparo-me a fazer a mesma
pergunta de todos os dias, “Porquê?”, e nunca consigo obter a minha resposta.
Penso, penso e penso e nunca chego a uma sólida conclusão. A minha pergunta é
bastante abrangente, para mim, não sendo só um problema e sim vários. Cada
acontecimento acontece por uma razão e é esse o meu enigma todos os dias (Porquê?) de algumas coisas acontecerem. Agora à noite,
enquanto te escrevo, estou a ouvir e a ver um dos filmes da minha saga
favorita. É tudo por hoje....
Carolina Nogueira (10ºA)
Este tempo… dia 18
31.março.2020
Hoje, começaram a chegar vários
pedidos. Fazer o almoço para uma família na qual todos estão doentes. Um apoio
monetário para aquele Lar. Alguns bens alimentares para outro lado. Distribuir
algumas refeições.
Com o avançar do tempo, as coisas
tornar-se-ão ainda mais difíceis para muita gente. A cada pedido respondi, com
alegria: estou aqui. Vamos lá!
Margarida Corsino da Silva