terça-feira, 17 de março de 2020

Dia do Departamento de Matemática e Ciências Experimentais

No âmbito do Dia do Departamento [de Matemática e Ciências Experimentais], tivemos a oportunidade de conhecer quatro personalidades ligadas às questões ambientais, entre as quais o Professor, Doutor, Diamantino Ínsua Pereira, do Departamento de Ciências da Terra, da Universidade do Minho. Ouvi-o atentamente e não pude deixar de reparar e refletir sobre a sua posição relativamente aos impactes ambientais causados pelo uso excessivo de recursos naturais. O Professor Diamantino quis deixar assente o facto de que a população mundial é imensa e tende a aumentar cada vez mais, o que provocará um défice de recursos para satisfazer as necessidades de todos. Deixou também claro que não defende a abolição do plástico, algo que a início me espantou. Afinal, se para ser produzido é utilizado petróleo, uma matéria-prima de elevado custo de exploração e, muitas vezes, envolvida em acidentes que poluem, por exemplo, oceanos, prejudicando o habitat de muitas espécies marítimas, como pode o Professor, Doutor Diamantino defender a sua utilização? Mas, como dizia Fernando Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”, e, então, com a explicação do seu ponto de vista entendi-o e concordei imediatamente.
De que nos vale agora decidirmos ser todos ecológicos e gastar fortunas em carros que funcionam a energia renovável se o nosso automóvel, que requereu imensos recursos, mão de obra e dinheiro para ser construído, ainda tem um longo tempo de vida? Da mesma forma, não faz sentido deixar de usar plástico se neste momento existem, já produzidos e sem volta atrás, milhões de produtos com este polímero na sua constituição. Deste modo, estaríamos a “remendar” um problema, talvez da forma mais fácil e rápida, invés de o solucionar da forma mais racional e eficaz, através da reutilização dos produtos já existentes, bem como a redução ou supressão da produção dos mesmos e, por fim, proceder à sua reciclagem.
Todo este assunto fez-me relembrar um poema pertencente à obra “Mensagem”, lecionado em aula: “O Quinto Império”. Neste poema é abordada a ideia da felicidade patente nos conformistas, que deixa o “eu” poético devastado, pois caracteriza este comportamento como falta de ousadia, de vontade e de sonho, algo que faz a sociedade estagnar, contentando-se com o que tem para si e para a sua “aparente” felicidade e nunca perseguindo algo maior que abarque o melhor para a Humanidade e, consequentemente, não evoluindo. Também aqui consegui ver um ponto de contacto com a perspetiva defendida pelo Professor quando afirmava que parar de utilizar plástico não é, de todo, solução.
Assim, quem vive por viver, sem sonhos ou esperança num futuro melhor, unicamente “porque a vida dura”, nada trará de positivo para contribuir para uma mudança global, para um mundo mais verde, mais vivo. Para efetivamente vermos mudanças, evolução, não podemos tomar atitudes conformistas, ou deixar que façam outras pessoas o que deveríamos nós fazer. Como no poema em questão relata, devemos abrir espaço dentro de nós para sonhar e sair da nossa zona de conforto, tomar iniciativa, marcar uma posição, partindo para a ação e não ficar de braços cruzados perante um mundo que grita todos os dias pela nossa ajuda. Devemos sempre sonhar: “Sonhar é estar acordado por dentro.”, e acreditar que com esforço e colaboração em massa, podemos ajudar a nossa “casa” a ficar limpa e saudável para gerações futuras. Lutemos por nós, pois mais ninguém o fará. Afinal, como foi dito: “Uma geração vai, uma geração vem, mas a Terra sempre permanece.”

Selma Ferreira, 12.ºB                

     “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”
Estes versos do poema “O INFANTE”, da obra “Mensagem”, de Fernando Pessoa relacionam-se, em nossa opinião, com uma das maiores lutas da Humanidade, as alterações climáticas. Nós, enquanto cidadãos do mundo, devemos ser os impulsionadores da mudança para termos um futuro melhor, assim como o Infante foi o impulsionador dos descobrimentos na ânsia de um mundo maior/melhor.
A palestra serviu para nos sensibilizar relativamente à sociedade consumista em que estamos inseridos, aconselhando-nos a seguir caminhos mais “amigos do ambiente”, sob pena de um dia não termos “solo” para trilhar o caminho.

Bebiana Salgado, 12.ºC
Francisco Oliveira, 12.ºC
Daniel Teixeira, 12.ºC
Ernesto Pereira, 12.ºC
Leandro Gonçalves, 12.ºC

"Aquecer em lume brando. Até quando?"

 O aquecimento global foi tema da apresentação da Professora Doutora Celestina Ançã e do Professor Doutor Diamantino Ínsua Pereira.
Pela exposição do professor doutor Diamantino Pereira tomámos conhecimento que ao longo da história da Terra é natural haver picos de temperatura, o que não é natural é que sejam tão frequentes. Nós, população do século XXI, assustados por vivermos tantas catástrofes “ambientais” por vezes, achamos que mudanças extremas são a salvação do nosso planeta. Porém, pelo que percebemos da exposição do Geólogo presente, Doutor Diamantino, não é bem assim... Por exemplo, mudar de um carro a gasóleo/gasolina para um carro elétrico só será viável e sustentável se for mesmo necessária a sua substituição. Caso contrário, só estaremos a gastar recursos inutilmente.
            Como tivemos a oportunidade de ver, quando estudámos, a obra "Mensagem", de Fernando Pessoa, muito particularmente o poema “D. Dinis”, as árvores que o monarca mandara plantar constituíram a matéria prima para construir as naus que nos levaram à Índia e nos conduziram ao progresso. Assim o façamos hoje. Aprendamos a reutilizar e a poupar os recursos naturais, só dessa forma conseguiremos evoluir. Impera termos em atenção que os recursos não são inesgotáveis.
            Por outro lado, a Bióloga, Doutora Celestina Ançã alertou-nos para as medidas que podemos tomar e que uma simples ação pode fazer muita diferença. Tentou demonstrar-nos que, por vezes, muitos de nós não fazemos o suficiente. Alertou-nos para as nossas opções, enquanto consumidores - não sejamos consumistas desenfreados, mas consumidores atentos e responsáveis – esta pode ser a mudança. Autoquestionando-nos  sobre  a real necessidade do que queremos adquirir para não o fazermos levianamente e acabarmos por comprar o que não necessitamos ou que que é substituível por outro produto com menos custos para o ambiente.
"Terá a Terra consciência das pedras e plantas que tem?", perguntava Caeiro num dos seus poemas. Questionemo-nos também. Só assim despertaremos para o "lume brando" que nos está a queimar aos poucos.

Bruna Pereira 12ºB Nº4
Inês Lopes 12ºB Nº8
Mónica Silva 12ºB Nº13
Renata Tinoco 12ºB Nº14
Sofia Chen 12ºB Nº18

 Artigo de opinião

Ambiente fechado, barulhento de início e algo cansativo quando a doutora Celestina Ançã começa a sua “conferência”, apelando, de início, aos espectadores o que despertou na plateia uma obrigação educacional de gerir os seus impulsos perante uma atividade algo diferente do dia a dia. Fez-se silêncio no conjunto presente. Agora tudo estava atento ou, pelo menos, a “olhar para a frente” consciente da sua obrigação enquanto alunos.
  Clima, poluição, comportamentos humanos… Tudo estava interligado no discurso, novidades e informações básicas preencheram a maioria da exposição.
Disperso por momentos. A quantidade repetitiva e excessiva de informação ali veiculada e já ouvida em vários meios de comunicação social e outros levou-me para “fora do auditório”.
Seguiu-se o professor, doutor Diamantino Ínsula Pereira. A partir do estudo das rochas, da sua influência na vida social e o impacte que a sua exploração tinha na vida humana, desde a exploração infantil à escassez de recursos. De início, a exposição foi produtiva, mas como se alongou, foi difícil conseguir reter toda a informação.
  A palestra terminou com uma breve apreciação crítica por parte do doutor José Paulo Silva a propósito da linguagem jornalística “ao serviço da ciência “. Apesar do cansaço consegui perceber que a imprensa nem sempre tem jornalistas nem “espaço nos jornais” para apresentar informação científica.

João Pedro Rodrigues, 12.ºB

Convergência entre a preservação do ambiente e os ideais do universo heteronímico de Pessoa

 O Professor, Doutor, Diamantino Ínsua Pereira, ao longo da sua exposição defendeu a moderação do uso das tecnologias, nomeadamente dos telemóveis e dos automóveis. Filosofia de vida impensável para Álvaro de Campos, na sua fase futurista! A perspetiva do heterónimo pessoano, que possuía um amor pelas máquinas, pelas novas tecnologias e por tudo o que o conduzia ao progresso, levava-o a acreditar que era através das máquinas que a sociedade evoluiria.
 Mas à medida que o discurso do nosso palestrante emergia a filosofia de vida de outro heterónimo pessoano surgia. Agora era a vez de Ricardo Reis visto que a defesa da moderação do consumo, em vertentes como a tecnologia e até mesmo a alimentação tendiam para os princípios epicuristas defendidos por Ricardo Reis.
 Perante os conselhos dados, lembramos os versos de Caeiro:” O que é preciso é ser-se natural e calmo/Na felicidade ou na infelicidade, /Sentir como quem olha, / Pensar como quem anda,”. Ideais de Alberto Caeiro, em “O guardador de rebanhos", visto dever ser o propósito de todos nós defender a natureza e o ambiente para que possamos viver com a “naturalidade” que devemos/merecemos.
 Disse-nos também o Professor que seria uma medida de bom senso, não se utilizarem automóveis dentro de uma cidade, por isso, lembramos Bernardo Soares e Cesário Verde e sonhamos o deambular/andar pela cidade, o que  nos permitiria ver o que nos rodeia com "outros olhos".

José Afonso Maior, 12.ºC
João Oliveira, 12.ºC
Marco Silva, 12.ºC
Rafael Peixoto, 12.ºA

A moderação de Ricardo Reis
                A filosofia de Ricardo Reis leva-nos a pensar no constante, na vida vivida na tranquilidade sem grandes “picos” de emoções, para não ter que sofrer ou lidar com as consequências. No poema “Vem sentar-te comigo, Lídia” começa por pedir para enlaçarem as mãos para poder saborear um pouco o momento “Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. / (Enlacemos as mãos)” (versos 3 e 4). “Depois pensemos, crianças adultas, que a vida/ Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,” (versos 5 e 6) “Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos” (verso 9). Apercebemo-nos do carpe diem, ou seja, o acolher o dia com tranquilidade e sem perturbação, “Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio” (verso 10), aprender a viver com moderação “ Amemo-nos com tranquilidade, pensando que podíamos,/ Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e caricias,/ Mas mais vale estarmos ao pé um do outro/ Ouvindo correr o rio e vendo-o.” (versos 17 a 20). Constatamos ao longo do poema da procura de uma felicidade relativa, “E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, / Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. / Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim- à beira-rio, / Pagã triste e com flores no regaço.” (versos 29 a 32) mas também a fuga às sensações extremas (a dor).
                Ao contrário de Ricardo Reis nós pensamos que em vez de nos mantermos no constante devemos ambicionar ter mais e não nos contentarmos apenas com o que temos
. Tal como a Doutora Celestina Ançã nos referiu devemos ambicionar mais para podermos fazer algo que ajude o ambiente, não devemos, por isso, acomodarmo-nos. Assim, ter uma atitude assertiva perante a vida e enquanto consumidores saibamos respeitar a casa (o nosso planeta terra) que é de todos. Associemos ao "colher o dia” o “colher/aproveitar o ambiente” e assim vivamos o momento e usufruamos da natureza aproveitando os prazeres que ela nos oferece sem cairmos no exagero de a destruir, “tirando-lhe” mais do que o que ela nos pode dar.
                “Vivamos a fazer de cada dia o melhor, mas com moderação”
Trabalho realizado por:
Ana Carvalho, 12.ºC
André Azevedo, 12.ºC
Diogo Ferreira, 12.ºC
Diogo Silva, 12.ºC

Um percurso, um pensar…
                Saio da porta da minha casa e deparo-me, com amargura, com uma enorme fila de carros e autocarros. Uma buzinadela aqui, um “Sai da estrada, ó burro!”, acolá, mas o mais perturbador é o cheiro tóxico a gasolina que paira no ar.
- É engraçado que há alguns anos atrás jogava aqui à bola com uns colegas meus da escola.
Caminhando pela baixa sinto-me um pequeno parasita rodeado por muros de betão e cimento. Pergunto-me se já escrevi num papel feito pelos carvalhos a que trepava e me escondia para não ir à escola.
Passo pela minha antiga escola a cair aos poucos. Junto a ela ainda se encontra um pequeno lago mas a água agora é turva, recheada de garrafas e copos do McDonald´s.
Ao longe, também a vista se transformou. Há fábricas com grandes chaminés que lançam fumo das oito horas da manhã até às sete da tarde, todos os dias exceto no dia de Natal e de Ano-Novo.
Bruscamente paro. As pernas começam a balancear. Dentro do meu peito sinto uma revolta que me deixa sem fôlego. As lágrimas escorrem-me pelo rosto.
- Não! Não podemos viver assim! - gritava eu, no meio da rua.
As pessoas que passavam olhavam-me pelo canto do olho e aceleravam o passo.
Volto ao meu estado dito normal e apercebo-me de que pode já não haver esperança para este Mundo Poluído.
Recomeço a caminhar, “pseudo” indiferente.
João Frei, 12.ºB