No âmbito do Dia do Departamento [de
Matemática e Ciências Experimentais], tivemos a oportunidade de conhecer quatro
personalidades ligadas às questões ambientais, entre as quais o Professor,
Doutor, Diamantino Ínsua Pereira, do Departamento de Ciências da Terra, da
Universidade do Minho. Ouvi-o atentamente e não pude deixar de reparar e
refletir sobre a sua posição relativamente aos impactes ambientais causados
pelo uso excessivo de recursos naturais. O Professor Diamantino quis deixar
assente o facto de que a população mundial é imensa e tende a aumentar cada vez
mais, o que provocará um défice de recursos para satisfazer as necessidades de
todos. Deixou também claro que não defende a abolição do plástico, algo que a
início me espantou. Afinal, se para ser produzido é utilizado petróleo, uma
matéria-prima de elevado custo de exploração e, muitas vezes, envolvida em
acidentes que poluem, por exemplo, oceanos, prejudicando o habitat de muitas
espécies marítimas, como pode o Professor, Doutor Diamantino defender a sua
utilização? Mas, como dizia Fernando Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois
entranha-se”, e, então, com a explicação do seu ponto de vista entendi-o e
concordei imediatamente.
De que nos vale agora decidirmos
ser todos ecológicos e gastar fortunas em carros que funcionam a energia
renovável se o nosso automóvel, que requereu imensos recursos, mão de obra e
dinheiro para ser construído, ainda tem um longo tempo de vida? Da mesma forma,
não faz sentido deixar de usar plástico se neste momento existem, já produzidos
e sem volta atrás, milhões de produtos com este polímero na sua constituição.
Deste modo, estaríamos a “remendar” um problema, talvez da forma mais fácil e
rápida, invés de o solucionar da forma mais racional e eficaz, através da
reutilização dos produtos já existentes, bem como a redução ou supressão da
produção dos mesmos e, por fim, proceder à sua reciclagem.
Todo este assunto fez-me
relembrar um poema pertencente à obra “Mensagem”, lecionado em aula: “O Quinto
Império”. Neste poema é abordada a ideia da felicidade patente nos
conformistas, que deixa o “eu” poético devastado, pois caracteriza este
comportamento como falta de ousadia, de vontade e de sonho, algo que faz a
sociedade estagnar, contentando-se com o que tem para si e para a sua
“aparente” felicidade e nunca perseguindo algo maior que abarque o melhor para
a Humanidade e, consequentemente, não evoluindo. Também aqui consegui ver um
ponto de contacto com a perspetiva defendida pelo Professor quando afirmava que
parar de utilizar plástico não é, de todo, solução.
Assim, quem vive por viver, sem
sonhos ou esperança num futuro melhor, unicamente “porque a vida dura”, nada
trará de positivo para contribuir para uma mudança global, para um mundo mais
verde, mais vivo. Para efetivamente vermos mudanças, evolução, não podemos
tomar atitudes conformistas, ou deixar que façam outras pessoas o que deveríamos
nós fazer. Como no poema em questão relata, devemos abrir espaço dentro de nós
para sonhar e sair da nossa zona de conforto, tomar iniciativa, marcar uma
posição, partindo para a ação e não ficar de braços cruzados perante um mundo
que grita todos os dias pela nossa ajuda. Devemos sempre sonhar: “Sonhar é
estar acordado por dentro.”, e acreditar que com esforço e colaboração em
massa, podemos ajudar a nossa “casa” a ficar limpa e saudável para gerações
futuras. Lutemos por nós, pois mais ninguém o fará. Afinal, como foi dito: “Uma
geração vai, uma geração vem, mas a Terra sempre permanece.”
Selma Ferreira, 12.ºB
“Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce”
Estes versos do poema “O INFANTE”, da obra “Mensagem”, de
Fernando Pessoa relacionam-se, em nossa opinião, com uma das maiores lutas da
Humanidade, as alterações climáticas. Nós, enquanto cidadãos do mundo, devemos
ser os impulsionadores da mudança para termos um futuro melhor, assim como o Infante
foi o impulsionador dos descobrimentos na ânsia de um mundo maior/melhor.
A palestra serviu para nos sensibilizar relativamente à
sociedade consumista em que estamos inseridos, aconselhando-nos a seguir
caminhos mais “amigos do ambiente”, sob pena de um dia não termos “solo” para
trilhar o caminho.
Bebiana Salgado, 12.ºC
Francisco Oliveira, 12.ºC
Daniel Teixeira, 12.ºC
Ernesto Pereira, 12.ºC
Leandro Gonçalves, 12.ºC
"Aquecer em lume brando.
Até quando?"
O aquecimento global foi tema da apresentação
da Professora Doutora Celestina Ançã e do Professor Doutor Diamantino Ínsua
Pereira.
Pela exposição do professor
doutor Diamantino Pereira tomámos conhecimento que ao longo da história da
Terra é natural haver picos de temperatura, o que não é natural é que
sejam tão frequentes. Nós, população do século XXI, assustados por vivermos
tantas catástrofes “ambientais” por vezes, achamos que mudanças extremas são a
salvação do nosso planeta. Porém, pelo que percebemos da exposição do Geólogo
presente, Doutor Diamantino, não é bem assim... Por exemplo, mudar de um carro
a gasóleo/gasolina para um carro elétrico só será viável e sustentável se for
mesmo necessária a sua substituição. Caso contrário, só estaremos a gastar
recursos inutilmente.
Como
tivemos a oportunidade de ver, quando estudámos, a obra "Mensagem",
de Fernando Pessoa, muito particularmente o poema “D. Dinis”, as árvores que o
monarca mandara plantar constituíram a matéria prima para construir as naus que
nos levaram à Índia e nos conduziram ao progresso. Assim o façamos hoje.
Aprendamos a reutilizar e a poupar os recursos naturais, só dessa forma
conseguiremos evoluir. Impera termos em atenção que os recursos não são
inesgotáveis.
Por
outro lado, a Bióloga, Doutora Celestina Ançã alertou-nos para as medidas que
podemos tomar e que uma simples ação pode fazer muita diferença. Tentou demonstrar-nos
que, por vezes, muitos de nós não fazemos o suficiente. Alertou-nos para as
nossas opções, enquanto consumidores - não sejamos consumistas desenfreados,
mas consumidores atentos e responsáveis – esta pode ser a mudança.
Autoquestionando-nos sobre a real necessidade do que queremos adquirir
para não o fazermos levianamente e acabarmos por comprar o que não necessitamos
ou que que é substituível por outro produto com menos custos para o ambiente.
"Terá a Terra consciência
das pedras e plantas que tem?", perguntava Caeiro num dos seus poemas.
Questionemo-nos também. Só assim despertaremos para o "lume brando"
que nos está a queimar aos poucos.
Bruna Pereira 12ºB Nº4
Inês Lopes 12ºB Nº8
Mónica Silva 12ºB Nº13
Renata Tinoco 12ºB Nº14
Sofia Chen 12ºB Nº18
Artigo de
opinião
Ambiente
fechado, barulhento de início e algo cansativo quando a doutora Celestina Ançã
começa a sua “conferência”, apelando, de início, aos espectadores o que
despertou na plateia uma obrigação educacional de gerir os seus impulsos
perante uma atividade algo diferente do dia a dia. Fez-se silêncio no conjunto
presente. Agora tudo estava atento ou, pelo menos, a “olhar para a frente”
consciente da sua obrigação enquanto alunos.
Clima, poluição, comportamentos humanos… Tudo
estava interligado no discurso, novidades e informações básicas preencheram a
maioria da exposição.
Disperso
por momentos. A quantidade repetitiva e excessiva de informação ali veiculada e
já ouvida em vários meios de comunicação social e outros levou-me para “fora do
auditório”.
Seguiu-se
o professor, doutor Diamantino Ínsula Pereira. A partir do estudo das rochas,
da sua influência na vida social e o impacte que a sua exploração tinha na vida
humana, desde a exploração infantil à escassez de recursos. De início, a
exposição foi produtiva, mas como se alongou, foi difícil conseguir reter toda
a informação.
A palestra terminou com uma breve apreciação
crítica por parte do doutor José Paulo Silva a propósito da linguagem
jornalística “ao serviço da ciência “. Apesar do cansaço consegui perceber que
a imprensa nem sempre tem jornalistas nem “espaço nos jornais” para apresentar
informação científica.
João Pedro Rodrigues, 12.ºB
Convergência entre a preservação do ambiente e os ideais do universo
heteronímico de Pessoa
O Professor, Doutor,
Diamantino Ínsua Pereira, ao longo
da sua exposição defendeu a moderação do uso das tecnologias, nomeadamente dos
telemóveis e dos automóveis. Filosofia de vida impensável para Álvaro de
Campos, na sua fase futurista! A perspetiva do heterónimo pessoano, que possuía
um amor pelas máquinas, pelas novas tecnologias e por tudo o que o conduzia ao progresso,
levava-o a acreditar que era através das máquinas que a sociedade evoluiria.
Mas à medida que o discurso
do nosso palestrante emergia a filosofia de vida de outro heterónimo pessoano
surgia. Agora era a vez de Ricardo Reis visto que a defesa da moderação do
consumo, em vertentes como a tecnologia e até mesmo a alimentação tendiam para
os princípios epicuristas defendidos por Ricardo Reis.
Perante os conselhos dados,
lembramos os versos de Caeiro:” O que é preciso é ser-se natural e calmo/Na
felicidade ou na infelicidade, /Sentir como quem olha, / Pensar como quem
anda,”. Ideais de Alberto Caeiro, em “O guardador de rebanhos", visto dever
ser o propósito de todos nós defender a natureza e o ambiente para que possamos
viver com a “naturalidade” que devemos/merecemos.
Disse-nos também o Professor
que seria uma medida de bom senso, não se utilizarem automóveis dentro de uma
cidade, por isso, lembramos Bernardo Soares e Cesário Verde e sonhamos o deambular/andar
pela cidade, o que nos permitiria ver o que
nos rodeia com "outros olhos".
José Afonso Maior, 12.ºC
João Oliveira, 12.ºC
Marco Silva, 12.ºC
Rafael Peixoto, 12.ºA
A moderação
de Ricardo Reis
A
filosofia de Ricardo Reis leva-nos a pensar no constante, na vida vivida na
tranquilidade sem grandes “picos” de emoções, para não ter que sofrer ou lidar
com as consequências. No poema “Vem sentar-te comigo, Lídia” começa por pedir
para enlaçarem as mãos para poder saborear um pouco o momento “Que a vida
passa, e não estamos de mãos enlaçadas. / (Enlacemos as mãos)” (versos 3 e 4).
“Depois pensemos, crianças adultas, que a vida/ Passa e não fica, nada deixa e
nunca regressa,” (versos 5 e 6) “Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena
cansarmo-nos” (verso 9). Apercebemo-nos do carpe
diem, ou seja, o acolher o dia com tranquilidade e sem perturbação, “Quer
gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio” (verso 10), aprender a viver
com moderação “ Amemo-nos com tranquilidade, pensando que podíamos,/ Se
quiséssemos, trocar beijos e abraços e caricias,/ Mas mais vale estarmos ao pé
um do outro/ Ouvindo correr o rio e vendo-o.” (versos 17 a 20). Constatamos ao
longo do poema da procura de uma felicidade relativa, “E se antes do que eu
levares o óbolo ao barqueiro sombrio, / Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me
de ti. / Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim- à beira-rio, / Pagã
triste e com flores no regaço.” (versos 29 a 32) mas também a fuga às sensações
extremas (a dor).
Ao
contrário de Ricardo Reis nós pensamos que em vez de nos mantermos no
constante devemos ambicionar ter mais e não nos contentarmos apenas com o
que temos
. Tal como a Doutora Celestina
Ançã nos referiu devemos ambicionar mais para podermos fazer algo que ajude o
ambiente, não devemos, por isso, acomodarmo-nos. Assim, ter uma atitude
assertiva perante a vida e enquanto consumidores saibamos respeitar a casa (o
nosso planeta terra) que é de todos. Associemos ao "colher o dia” o “colher/aproveitar o ambiente” e
assim vivamos o momento e usufruamos da natureza aproveitando os prazeres que ela
nos oferece sem cairmos no exagero de a destruir, “tirando-lhe” mais do que o
que ela nos pode dar.
“Vivamos
a fazer de cada dia o melhor, mas com moderação”
Trabalho realizado por:
Ana Carvalho, 12.ºC
André Azevedo, 12.ºC
Diogo Ferreira, 12.ºC
Diogo Silva, 12.ºC
Um percurso, um pensar…
Saio da porta da minha casa e
deparo-me, com amargura, com uma enorme fila de carros e autocarros. Uma
buzinadela aqui, um “Sai da estrada, ó burro!”, acolá, mas o mais perturbador é
o cheiro tóxico a gasolina que paira no ar.
- É
engraçado que há alguns anos atrás jogava aqui à bola com uns colegas meus da
escola.
Caminhando
pela baixa sinto-me um pequeno parasita rodeado por muros de betão e cimento.
Pergunto-me se já escrevi num papel feito pelos carvalhos a que trepava e me
escondia para não ir à escola.
Passo
pela minha antiga escola a cair aos poucos. Junto a ela ainda se encontra um
pequeno lago mas a água agora é turva, recheada de garrafas e copos do McDonald´s.
Ao
longe, também a vista se transformou. Há fábricas com grandes chaminés que
lançam fumo das oito horas da manhã até às sete da tarde, todos os dias exceto
no dia de Natal e de Ano-Novo.
Bruscamente
paro. As pernas começam a balancear. Dentro do meu peito sinto uma revolta que
me deixa sem fôlego. As lágrimas escorrem-me pelo rosto.
- Não!
Não podemos viver assim! - gritava eu, no meio da rua.
As
pessoas que passavam olhavam-me pelo canto do olho e aceleravam o passo.
Volto
ao meu estado dito normal e apercebo-me de que pode já não haver
esperança para este Mundo Poluído.
Recomeço
a caminhar, “pseudo” indiferente.
João Frei,
12.ºB