Cesário Verde a percorrer o
Treetop Walk no Parque de Serralves
Saio de casa. A beleza que me
rodeia estonteia-me. A cada passo que dou, sinto que o meu olhar se fixa em
cada folha, em cada galho, em cada árvore. Acabo por me sentar e ouvir a
liberdade que a Natureza me transmite, liberdade com que sempre sonhei. Levanto-me
e continuo, deambulando pelo jardim. Estranha sensação esta que me consome, “Não
se ouvem aves; nem o choro duma nora! /Tomam por outra parte os viandantes;/ E
o ferro e a pedra - que união sonora!”1. Continuo o percurso e a cidade lembra-me a liberdade que o
campo me consegue transmitir. Deparo-me com um Vortex de metal que, no meio de
toda aquela tranquilidade, se destaca e me prende. “Ah! Cheira-me o fogo, a
sílex, a ferragem;/ Sabe-me a campo, a lenha, a agricultura”2. Que destino é o meu…?
Tomo outro rumo e
sem rumo contemplo a grande biodiversidade que este lugar me reserva. A
singularidade da Natureza equipara-se à singularidade do Homem. Os carvalhos,
os sobreiros, as coníferas, os pinheiros, os bambus, os cedros e as sequoias,
cada um mais distinto do outro tal como cada um de nós. Para sentir toda a
pluralidade “Lavo, refresco, limpo os meus sentidos. / E tangem-me, excitados,
sacudidos, /O tato, a vista, o ouvido, o gosto, o olfato!”.
E absorvo com a
alegria de quem “No campo; [acha] a musa que [o] anima”3 e cada
passo que dou quando caminho à altura da copa das árvores, graças à construção
do Treetop Walk no Parque da Fundação de Serralves, dá-me vida.
Então, lembro o que
já diz Alberto Caeiro a meu respeito “Ele era um camponês/Que andava preso em
liberdade pela cidade”.
E assim termino
mais um dia, com um turbilhão de pensamentos que me consomem fruto de tudo que
vi, ouvi, senti… em Serralves.
Leonor Costa, Juliana
Gomes, Juliana Alves, Marta Ribeiro, Marta Castro, Hugo Gomes, Nuno Silva,
Sofia Marques, Matilde Fernandes, Margarida Guimarães e Catarina Vieira – 12.º
A
2 ibidem
Pensar Caeiro no
Treetop de Serralves
Deambulando pela copa das árvores sinto-me em
êxtase e com uma indomável vontade de escrever.
Sinto-me em paz. Inspiro-me nos
recortes das folhas, no cheiro do eucalipto, no chilrear harmonioso do chapim
real. Sinto-me tão grande como uma sequoia, tão delicado e sublime como um cisne.
Ah, Serralves! Como me fazes sonhar… e “ [e]u não tenho filosofia: tenho
sentidos…/ Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é/ Mas porque a
amo, e amo-a por isso,/Porque quem ama nunca sabe o que ama/Nem por que ama,
nem o que é amar.”
Enquanto percorro os trilhos
avisto de longe um prado e revejo-me como o guardador de rebanhos: não guardo
ovelhas, mas os meus pensamentos. Todos os meus pensamentos são sensações que
afloram em mim quando estou com a Natureza.
Ana Rita Oliveira, Joana Marques, Marlene
Carvalho, Sandra Freitas, 12.ºB