Sábado, 28 de março de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no décimo terceiro
dia de quarentena e, nas notícias, vi o caso de dois paramédicos israelitas, de
religiões diferentes (um judeu e um muçulmano), que rezaram juntos durante uma
pausa no seu trabalho. Achei esta notícia bastante tocante pois, em muitos casos,
há intolerância entre pessoas de regiões diferentes e, portanto, é este o tema
de hoje - a união.
Desde sempre que a união entre os
seres humanos é importante, mas há fases em que toma uma maior importância,
sendo esta uma delas. Portanto, certamente, que a união de que te falo não é
física – é a união de ideais, união de forças, enfim, a união de todas as nossas
mentes, rumo a uma vitória sobre esta pandemia.
É importante relembrar que o
vírus não escolhe idade, género, religião ou raça – qualquer um de nós tem a
mesma probabilidade de ser infetado, pelo que a única coisa que podemos fazer é
cumprir o nosso dever enquanto cidadãos e seguir as regras ditadas pela
Organização Mundial de Saúde / Direção Geral de Saúde. Estamos, constantemente,
a ser relembrados disto mas, ainda assim, há quem não o entenda – em Espanha,
um autocarro que transportava idosos infetados foi apedrejado; é triste
depararmo-nos com notícias destas, pois a intolerância é a última coisa de que
precisamos nesta situação
Termino fazendo referência a um
outro acontecimento que se tornou viral – na Holanda, um grupo de médicos,
separado pelas portas do isolamento, cantou a música “You Will Never Walk Alone” (hino do Liverpool). Atitudes tão
simples como esta unem as pessoas, e mostram que ainda há esperança de que,
juntos, podemos ultrapassar esta situação.
Maria João Fontão (11ºC)
Querido diário,
Hoje é oficialmente o primeiro
dia de férias. Se tudo tivesse corrido como em anos anteriores, tinha sido um
belo sábado sem pensar mais em escola e a antecipar o que aconteceria nestes 15
dias e no dia Páscoa. Mas não, tornou-se apenas mais um dia banal de
quarentena.
Pela manhã, todos cá em casa
ajudamos a limpá-la, pois “quando todos ajudam nada custa”. De tarde, estive
algum tempo nas redes sociais, pratiquei exercício físico e fui apanhar pinhas,
enquanto a minha mãe e o meu irmão arrumavam lenha que tem secado com estes
belos dias de sol.
O coronavírus continua
impiedosamente a matar e a infetar milhares de pessoa. Cá em Portugal, os lares
de terceira idade têm sido profundamente afetados, o que é bastante preocupante
e triste, pois os idosos são muito vulneráveis, pertencendo ao grupo de risco.
De um modo geral, a situação do nosso país tem vindo a agravar-se, alcançando
os 100 mortos e os 5170 infetados de ontem para hoje, e prevê-se que o pico
seja apenas atingido no final do mês de maio. Eu nem consigo acreditar nisso
nem imaginar que ainda faltam cerca de dois meses para isso e que até lá o
número de cidadãos infetados e mortos vai sempre aumentar.
Contudo, depois disto tudo, dos
apelos da DGS e de toda a informação que existe, vemos notícias sobre filas de
acesso à ponte 25 de abril. É incompreensível e revoltante como estas pessoas
inconscientes e com falta de respeito desejam ir passear sem qualquer motivo
válido para isso, em momentos em que deviam ficar em casa em isolamento.
Cá eu estou a cumprir tudo com bastante rigor
para que as pessoas, o nosso país, o nosso mundo fique curado rapidamente.
Até amanhã.
Marina Peixoto (11ºD)
Dia 15 da quarentena,
28/03/2020
Passado algum tempo,
finalmente consigo tocar a primeira parte da música que te disse que iria
aprender. Estou bastante feliz, pois, mais uma vez, estou a ver que, com
trabalho, consigo chegar onde quero. Digo mais uma vez, porque, desde pequeno,
tive alguns desafios para superar, mas, sem dúvida, o que mais me fez
crescer foi o andebol.
No início, eu era apenas uma
criança com excesso de peso para a qual correr para acompanhar os amigos para o
treino já se mostrava impossível. Isto porque a escola acabava às 6:20h e o
treino era às 6:30h num pavilhão a cerca de 1 km da escola.
Nos jogos, ficava sempre no banco.
Se o jogo lá estivesse a correr bem, eu entrava durante uns 5 minutos, e os
meus pais ficavam todos orgulhosos por ver o pequeno Pedro a gastar a sola um
bocadito.
No entanto fui crescendo, não só
em tamanho, mas também em ambição. Os meu colegas eram muito bons. Então, eu
tinha alguém para quem olhar. E olhei, trabalhei e superei alguns
dos obstáculos que me impediam de ser melhor.
Passado algum tempo, eu era
jogador de campo. Finalmente, sentia-me parte da equipa e sentia também que a
equipa precisava de mim.
Infelizmente, isso passou rápido,
por causa de falta de atletas, vi a minha equipa desfazer-se neste último ano.
Vivo, agora, à espera de que, talvez um dia, possa voltar a pisar um
pavilhão fazendo parte de uma segunda família, que tanta falta me faz....
Pedro Carvalho (11ºC)
Dia 13 (28 de março de 2020)
Querido diário,
Hoje, comecei o dia a fazer um
bolo de coco. Foi um dia de descanso, tal como serão os que aí se avizinham.
Descansar de um período extenso em que dei o meu melhor e poder, assim, relaxar
com a consciência tranquila.
À tarde, vi alguns episódios das
minhas séries preferidas e ouvi música, a minha terapia para me abstrair da
realidade.
Depois disso, fui passear a minha
cadela e nunca vi as ruas tão desertas e, ainda bem, é sinal de que estamos a
cumprir o nosso dever: ficar em casa.
À noite, fiz crepes e tivemos um
bom momento de família, daqueles que nos fazem esquecer o mundo lá fora e
concentrarmo-nos naquilo que nos faz feliz: a união, que é imprescindível para
podermos ultrapassar esta fase complicada.
Miguel Almeida. (11ºC)
28 março 2020
Querido diário,
Ontem foi o fim das aulas do
segundo período. Estes últimos tempos têm sido um pouco estranhos. Tivemos
estas duas semanas anteriores em casa a ter aulas de uma forma diferente. Para
seguir esta metodologia de trabalho foi necessário um horário rigoroso e uma
grande motivação. Foi ao mesmo tempo uma experiência inovadora que permitiu
descobrir uma outra forma de aprendizagem. Por muito proveitosa que tenha sido
a nova forma de estudo, agora que penso nisso, continuo a preferir o método
tradicional de estar cara a cara, interagindo com os professores e os colegas
de turma.
Agora nesta fase de interrupção
letiva, pretendo dedicar uma parte do meu tempo ao estudo mas na sua maioria
quero descansar, desfrutar dos momentos em família e realizar algumas
atividades de lazer.
Bem, por hoje é tudo…
Matilde Carvalho (11ºC)
Este tempo… dia 15
28.Março.2020
A densidade do dia de ontem
prolongou-se por hoje. Aquele momento de oração pela humanidade do Papa
Francisco foi de uma profundidade que penso não ser capaz, ainda, de o alcançar
totalmente. A fragilidade daquele homem interpela-me na sua força. Nunca vai
pelo mais fácil, mas pelo mais justo.
E só mesmo o tempo que vivemos
permite que uma televisão esteja mais de 5 minutos em total silêncio. E, ainda
assim, nos mantém ali. Completos. Percebendo que, às vezes, as palavras são a
mais. E basta a Presença.
Margarida Corsino da Silva