11 de abril de 2020
Querido diário,
Poderia
dizer que o dia de hoje foi diferente de todos os outros, poderia dizer que foi
inovador e que fiz tudo o que gostaria de fazer... Poderia, mas não é esse o
caso.
A
vida impingiu-nos uma rotina de aborrecimento, stress e ansiedade. Os dias em
que vivemos são dias de incerteza... Incerteza da situação do presente e
incerteza do que estará por vir.
Não
vejo a hora de tudo isto passar... Sinto que não nos dedicamos o suficiente,
deixamos os nossos olhos egoístas verem algo que não era a realidade e, por
isso, não houve uma perceção rigorosa do que se estava a passar.
Vi
portugueses a ir às praias e aos bares, a agirem como se nada estivesse a
acontecer e isso foi-me corroendo de dentro para fora. Como é possível tanto
descuido? Como é possível pôr a vida de outros em risco? Milhares de seres
humanos estão a morrer por dia, corpos são empilhados como se fossem lixo,
pessoas estão a sofrer realmente com esta situação e pergunto-me: como é possível?
Todos
os dias os profissionais de saúde lutam para nos ajudar com a esperança de, no
fim do dia, receberem notícias daqueles que amam. Médicos, enfermeiros,
auxiliares de saúde e outros não são robôs. Para além de serem igualmente vulneráveis,
eles possuem sentimentos, sentimentos esses que, por vezes, são postos de parte
para nos ajudar a todos nós.
Termino
com poesia, um pequeno excerto do poema “A Vida”, de Nuno Júdice
[…]
a vida que traz consigo as emoções e os
acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; […]
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; […]
Nuno Júdice, in
"Teoria Geral do Sentimento"
Vou
à procura das emoções…
Até
amanhã.
Bárbara Fernandes (12.ºB)
Sábado, 11
de abril de 2020
Querido
diário,
Estamos,
hoje, no vigésimo sétimo dia de quarentena e vi, há alguns dias, uma notícia de
uma senhora de 90 anos, chamada Suzanne Hoylaerts, que faleceu, vítima do
coronavírus. Mas esta senhora faleceu de forma heróica: abdicou do seu
ventilador, pedindo para que esse fosse utilizado nos mais jovens.
Suzanne
Hoylaerts começou a manifestar sintomas de Covid-19 e foi hospitalizada. Os
testes deram positivo e a sua situação começou a piorar bastante. A senhora
precisava de um ventilador para que pudesse sobreviver, porém, pediu aos
médicos que o guardassem para os mais jovens, afirmando que a sua vida já tinha
sido bela. Suzanne acabou por falecer, dois dias depois de ter sido internada.
Mesmo no
meio de uma pandemia devastadora, atitudes destas são uma fonte de esperança. E
não me refiro exclusivamente à esperança de que tudo vai passar: há, ainda,
esperança de que a nossa sociedade não está condenada a atitudes fúteis e
egoístas.
Maria João Fontão (11ºC)
Este
tempo… dia 29
11.Abril.2020
– Sábado Santo
Vivi o dia em
silêncio. Num silêncio que é prenúncio de um grito de alegria. E, de repente, ele
aí está: um grito, a tantas vozes, rasga a noite. Ele está vivo! E acredito.
Porque são palavras e gestos cheios de força e convicção que falam de vidas que
enchem as histórias de esperança e devolvem o brilho ao olhar, prometendo Vida.
Porque viram que a lógica de Deus vence. Que Deus está (sempre) connosco. Seja
qual for a minha circunstância. E, nesta certeza, deixo-me adormecer.
Margarida Corsino da Silva