sexta-feira, 10 de abril de 2020

aepl.estetempo 10.abril.2020




10-04-2020

Querido diário,                                                                                                        

Pandemia mundial. Passaram-se alguns meses desde o seu início e o medo continua a atormentar aqueles que lutam todos os dias para se salvarem e salvarem os outros.
Eu estou em casa há cerca de três semanas, sem ver a minha família, os meus amigos, começo a não ter noção em que dia da semana estou. Todos os dias são iguais. Vejo as notícias e fico desesperada. Há países que não conseguem lidar com a quantidade de mortos que todos os dias crescem mais e mais. Quando acabará este morrer assim tão só? Quando sairemos à rua sem medos? Quando voltaremos à normalidade? Quando teremos “remédio/vacina” para este vírus? Quando…? Quando…?
Não. Não tenho respostas. E, para me apoiar e desabafar, só te tenho a ti. Tu tens estado ao meu lado todos os dias, “ouvindo-me”, e por isso agradeço-te por neste poço de desespero teres sido o meu amparo.
Resta-me esperar que dias melhores aconteçam e tragam de volta o quotidiano a que estávamos habituados.
Oh! mais uma página sem boas notícias, mas com uma esperança enorme que me faz acreditar que será possível concretizar o que todos desejamos.

Tatiana Couto (12.ºB)




Sexta feira santa, 10 de abril de 2020,

Passaram quatro semanas sobre a minha última saída dos portões do meu quintal… Confinada, com os meus filhos, à presença quase constante frente a um computador, a um telemóvel e por vezes à televisão… Porque é através deles que trabalho e que contacto com os meus familiares, amigos, alunos e colegas à distância. A relação com o exterior foi, até aqui, feita pelo meu marido, que como tem de ir trabalhar presencialmente alguns dias por semana acaba por providenciar os bens necessários à nossa sobrevivência.
Considero-me uma privilegiada! Porque tenho dentro dos meus portões, alguns metros de natureza para fazer os meus intervalos e habito numa zona calma, onde posso dar os meus passeios de reflexão…
Passou março, mas as folhas despontaram, as rosas apareceram, os pássaros fazem os seus ninhos! É a inevitabilidade da natureza!
São os ciclos que se renovam numa espiral de harmonia onde se entrecruzam o persistente e o novo! O eterno e o efémero, a morte a e vida, são as dualidades transformadoras!
E a Humanidade? Essa está isolada, apavorada, enclausurada nas teias que ela própria construiu! Numa ânsia de dominar a natureza em seu proveito, distraiu-se e foi ultrapassada…
Uma pandemia! Afinal há muita coisa que nos liga! Somos todos seres humanos, independentemente do lugar ou dos lugares que ocupamos neste planeta! Independentemente da riqueza que conseguimos acumular, independentemente do cargo politico que conseguimos granjear, independentemente da função que desempenhamos no mecanismo social, independentemente do conhecimento que conseguimos construir ou do sistema de crenças que nos faz acreditar, somos todos frágeis...Todos fazemos parte da mesma inevitabilidade transformadora da natureza!
Um vírus! Desta vez real e não virtual… Um ser silencioso! Mas não invisível… Um ser maléfico! Mais para uns que para outros… Um desafio! Sim… e como todos os desafios, com riscos, mas que transporta consigo os elementos do sucesso na sua superação!
Culpas? Sem dúvida que faz parte da essência do Ser Humano, procurar explicar, interpretar para poder compreender! E nessa busca procura as origens, procura os agentes, procura os contextos, mas longe de si… Pois afinal, o conhecimento é considerado mais fiável se conseguirmos garantir as explicações com o maior distanciamento possível! Também aqui, são sempre os outros, porque o eu tem que estar fora da minha opinião…da minha interpretação.
Números… e mais números… enquanto continuar por estes seres abstratos, nós vamos vivendo, as coisas tornam-se bem piores quando cada número assume um rosto de um ente que nos está próximo… ou até o nosso próprio rosto… É nestes casos que passamos a acreditar que fazemos parte da inevitabilidade transformadora da natureza e da própria História!

Paula Dias



Querido diário,

É Sexta-feira Santa e isso quer dizer que se recorda a morte de Jesus. Tenho pena que não se possa celebrar este dia muito especial posterior à caminhada da quaresma, onde pudemos refletir sobre quem somos e compreender como podemos ser melhores (é uma limpeza do coração). Todos os anos, à noite, eu ia à celebração da Via Sacra que se realizava pelas ruas da minha freguesia, com 14 cruzes representativas de cada estação, e assim meditávamos sobre a Paixão de Cristo. 
Hoje foi dia de limpezas e arrumações aqui em casa, todos ajudamos um pouco, e no meio disto voltei a ver o meu velhinho Magalhães. Pois é… ainda tenho o meu primeiro computador oferecido pelo Ministério da Educação. E não é que vai dar jeito. Ele está um pouco lento, mas ainda funciona, e o computador do meu irmão ficou com vírus poucos dias antes de entrarmos em isolamento social e não o pode arranjar. Então hoje ao vê-lo ali arrumado num canto, inutilizado, lembrei-me que ele podia usá-lo enquanto o dele não dá. Quem diria que ainda ia ser necessário.
“Na vida há coisas simples e importantes... Simples como eu e importantes como você...!”

Marina Peixoto (11ºD)



Sexta-feira, 10 de abril de 2020

Querido diário,
Estamos, hoje, no vigésimo sexto dia de quarentena, Sexta-feira Santa.
Estes dias têm mudado várias coisas nas nossas rotinas, até mesmo aquelas às quais mais damos valor e priorizamos e, como tal, a Páscoa não foi exceção.
Em dias “normais”, todos nós estaríamos preocupados com os preparativos para as celebrações Pascais, contudo, estes dias não estão a receber a importância que recebiam nos restantes anos. Agora, todas as atenções caem sobre o avanço da pandemia e, para além disso, passar a Páscoa em família (e, com “família”, quero dizer juntar pessoas de várias casas, digamos assim) não deve, de todo, ser uma opção a considerar.
O importante é que tentemos fazer as coisas à nossa maneira e, mesmo que de uma forma bastante diferente, não estamos impedidos de celebrar a Páscoa. O que realmente importa é a vontade que temos de fazer as coisas, e não as condições a que estamos sujeitos.

Maria João Fontão (11ºC)



Este tempo… dia 28
10.Abril.2020 – 6ª Feira Santa

Hoje é dia de fazer silêncio. Por isso, as palavras custam mais a sair. Será um silêncio fecundo que (pres)sente que a resposta para as dores do mundo, para a morte, para as perguntas desesperadas e para a sede insaciável de vida não pode ser dada por “este mundo”, pois não se pode encontrar nenhuma resposta satisfatória dentro dos seus limites.

Margarida Corsino da Silva