Terça-feira, 21 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no trigésimo sétimo
dia de quarentena. Neste tempo, para além das ondas de solidariedade, vêem-se
ondas de furtos. Entre muitas outras notícias, li uma que dizia que, em Santa
Cruz, algumas pessoas ligam a idosos, fazendo-se passar por funcionários da
Câmara Municipal, pedindo para ir a casa destes entregar-lhes máscaras e
explicar-lhes como usá-las.
Por muito que coisas deste género
(mas noutros contextos) sejam bastante comuns, ainda me admira a maldade de
algumas pessoas, que se aproveitam de outras mais frágeis para subir na vida,
digamos assim. Ainda que as boas atitudes tenham abafado as más, estas ainda ocorrem,
o que desilude, pois espera-se que, nesta altura, a humanidade se sensibilize
com a fragilidade a que estamos sujeitos.
Como já repeti inúmeras vezes desde
que te comecei a escrever, as atitudes solidárias e de união são aquelas que
nos podem salvar desta situação, e não o contrário. Mas parece que a maldade
humana (generalizando) se mantém praticamente intocável, independentemente da
situação pela qual o mundo esteja a passar.
Maria João Fontão (11ºC)
Querido diário,
As aulas
digitais continuam sem nenhum percalço. Temos tido tarefas de todas as
disciplinas e estou a conseguir dar conta do trabalho. Mas eu sinto que, apesar
de todos os esforços, a matéria fica menos aprofundada e acabam por nos passar pormenores
por vezes importantes. Estamos bastante focados em fazer e entregar a tempo que
provavelmente esquecemo-nos de ler atentamente e tentar perceber. Hoje parei e
apercebi-me disso, então reservei um pouco de tempo para organizar melhor o meu
estudo e examinar a matéria já lecionada neste tempo.
Tenho sentido
uma grande ocupação do meu dia que já não leio Os Maias há pelo menos cinco dias. Isso deixa-me estressada porque
eu quero e sei que tenho mesmo que lê-lo, mas não encontro um furinho para o
fazer. Além disso, eu leio bem devagar para tentar captar tudo e ainda faço
alguns apontamentos, demorando o dobro daquilo que em média necessitaria.
Apesar disto,
tento manter-me positiva, dinâmica, ativa, atenta, informada, focada.
Marina Peixoto (11ºD)
Este tempo… dia 39
21.Abril.2020
Há uns minutos, lembrei-me da entrada de 22 de Setembro de 1942 de um diário ao qual volto
muitas vezes: o Diário de Etty Hillesum. As suas palavras: Gostaria muito de viver como os lírios do
campo. Se as pessoas entendessem esta época, seriam capazes de aprender com ela
a viver como os lírios do campo., hoje, tornaram-se as minhas.
Margarida
Corsino da Silva