Querido diário,
Nós, os seres humanos, nascemos com
uma natural necessidade de viver em grupo e de estabelecer relações mais ou
menos profundas com os outros.
Contudo, com o passar dos anos e o
rápido desenvolvimento da sociedade, das mentalidades, das culturas, das
ciências, das tecnologias… verifica-se que os Homens são mais egocêntricos,
egoístas, solitários, indiferentes, individualistas e superficiais. A
empatia entre as pessoas vem a diminuir, tal como, o amor, a solidariedade, a
humildade, a gratidão.
Esta sociedade cada vez mais
fragmentada, onde multidões enchiam e partilhavam o mesmo espaço sem estarem
atentas aos que as rodeavam naquele momento que diziam ser tão importante e por
vezes marcante, sem perceberem que estava ali um pobre mendigo que realmente
necessitava de ajuda, sem verem uma criança que passava triste e sozinha, sem
se aperceberem da senhora idosa que passava a rua carregada com as suas
compras, sem que intervenham na violência entre um casal no meio da rua, sem se
importarem com a jovem grávida que ia em pé no autocarro, sem pensarem no outro
que estava mesmo ali ao lado, a um metro, a um passo, a um palmo ou a um
milímetro… sofreu um choque! O coronavírus disse: Ninguém se pode tocar, têm
que estar com uma distância mínima, têm que se isolar. Neste momento, o mundo
parece que acordou e achou que aquilo que nem existia era importante.
Agora, todos os indivíduos estão entediados porque estão sozinhos em casa, sem
os amigos e sem os familiares, sem poderem passear naquela rua onde não viam
nada, sem poderem frequentar os seus espaços favoritos onde ficavam muitas
vezes isolados.
Pois é… muitos aperceberam-se que
realmente NÓS é uma palavra onde estamos todos juntos e somos um só. Nós
precisamos de socializar e interagir. Nós não podemos viver sem o beijo, sem o
abraço, sem o carinho e afeto do outro. Todos nós não dispensamos a ajuda
mútua, a convivência, a caridade, a atenção. Somos seres sociais, limitados e
frágeis e estamos ligados sem mesmo darmos por isso.
Marina Peixoto (11ºD)
Segunda-feira, 20 de
abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
trigésimo sexto dia de quarentena e parei, um pouco, para pensar no que será a
vida depois do fim de tudo isto. Todos sentem falta da sua vida “antiga”,
quando podiam fazer quase tudo, sem todas estas restrições. Mas o problema é: o
que faremos quando acabarem todas as restrições?
Como já te disse, a vida
totalmente “normal” demorará o seu tempo para voltar. Ainda hoje, a OMS afirmou
que começar a levantar o confinamento poderá trazer perigo para o país. Mesmo
assim, algum dia, voltaremos a viver como antes. Ou será que voltaremos mesmo?
A meu ver, não será bem assim. Penso que a pandemia nos trará hábitos um pouco
diferentes nos próximos tempos, como higienizar as mãos com mais frequência,
por exemplo.
É certo que são hábitos
pouco significativos, mas deverão durar durante algum tempo. E digo algum
tempo, porque talvez voltem a ser esquecidos novamente: por muito que, por
vezes, tentemos evitar que determinadas coisas voltem a acontecer, acabamos por
nos esquecer de o fazer, depois de algum tempo. Tirando os hábitos diários que
passaremos a adotar, há ainda as consequências mais drásticas: as económicas,
que já começaram a destruir empresas e famílias.
Tento, sempre, tirar uma lição de todos os problemas - depois disto, pode ser que as pessoas entendam que uma pandemia não se trata apenas de ser ou não contaminado, mas de vários outros fatores que, de uma ou de outra forma,
destroem o mundo.
Maria João
Fontão (11ºC)
Querido diário,
Já fez um mês que estamos isolados do mundo, que
estamos preocupados pela nossa saúde e pela de quem amamos, mas parece que
passou muito mais tempo. Os dias parecem todos iguais, não fomos feitos para
ficar entre 4 paredes... As saudades da minha família e amigos são
insuportáveis e o facto de não saber quando os vou poder abraçar novamente
deixa-me muito desolada. Mas se este é o preço a pagar para que todos fiquemos
bem então não há outro remédio se não aceitar.
Hoje, decidi ir
dar um passeio pela freguesia, sentir o sol e a natureza ao meu redor. Foram 2
horas que me souberam a liberdade.
Em casa, tento
entreter-me com o que posso, ajudo a minha mãe nas tarefas domésticas e
aproveito o tempo livre para estudar também.
Temos de ter esperança em tempos como este,
pensar que não tarda muito tudo estará melhor e voltará ao normal. Já estive
mais nervosa com toda a situação, mas tendo lido as notícias sobre o que vai
acontecer relativamente à avaliação escolar e aos exames deixou-me mais
tranquila, penso que tudo vai correr bem. Assim o espero.
Também já
começou o 3º período, ainda não está tudo completamente definido mas sei que
irão ser tomadas decisões conscientes, com a finalidade de nos ajudar da melhor
maneira e sempre colocando a nossa saúde em primeiro lugar.
Por hoje é tudo,
mais um dia se passou. Amanhã o sol nasce outra vez e cá estaremos todos a
aguardar respostas.
Selma Ferreira (12.ºB)