02/04/2020
Estou há 20 dias em quarentena. Estes dias
que tenho passado em casa permitiram-me refletir sobre o quão incerta é a
vida e, hoje, especialmente, penso naquilo que mais tenho sentido falta. Tenho
saudades daquilo que sempre tomei como garantido. Em primeiro lugar, tenho
saudades da minha liberdade, de poder ir à praia, caminhar ou simplesmente
poder ir à escola. Em segundo lugar, tenho saudades dos afetos que o corona
vírus nos está a impedir de trocar com quem mais amamos.
A vida é assim... Improvável!
Estou certa que vamos todos sair disto muito diferentes e que a nossa
vida nunca será igual, mas isto não significa, necessariamente, que seremos
pessoas piores. “ Há males que vêm por bem” e, por isso, penso que depois desta
tempestade vamos voltar a dar valor aos verdadeiros prazeres que a vida nos
pode conceder enquanto passamos por uma metamorfose a nível pessoal e
interpessoal no que se refere ao nosso íntimo e aquilo que somos.
Costuma dizer-se que a mudança está em nós e nunca essa frase fez tanto
sentido. Cada um de nós tem de fazer a sua parte, temos de ficar em casa pra
evitar a propagação do vírus e, especialmente, agradecer e valorizar o esforço
dos profissionais de saúde que trabalham todos os dias longe dos seus, para nós
e por nós.
Mais que nunca a humanidade tem de estar unida. Não é uma guerra que se
ganhe com armas nem soldados e não há um vencedor. Este inimigo invisível
combate-se com compaixão e empatia com o próximo e quando vencermos, venceremos
todos. Vamos todos ficar bem.
Joana Marques
(12.ºB)
Querido diário,
Embora o coronavírus continue a
dominar, ainda não me conseguiu aprisionar de pânico, como está a acontecer com
algumas pessoas.
Hoje foi um dia solarengo muito
tranquilo e cheio de energias positivas. Sabe tão bem saber que para já os amigos
e familiares estão bem, sair ao terraço e receber os quentes e ternurentos
raios de sol primaveris, com temperaturas maravilhosas e convidativas.
Soube bastante bem praticar
exercício físico para manter a forma e respirar ar puro. Foi ainda mais hilariante
porque passei por um recinto que tem meia dúzia de vacas e elas ficaram a olhar
para mim, como se me admirassem ou quisessem vir correr comigo.
Além disto tudo, hoje também
pulei de alegria porque as avaliações do segundo período foram publicadas e
fiquei profunda e orgulhosamente feliz e em êxtase. Tenho-me esforçado muito e
valeu a pena, foi uma enorme recompensa. Estou imensamente grata.
P.S. Tenho-me surpreendido comigo
mesma por estar a adorar ler um livro. Ainda por cima Os Maias que, volumosamente, parecem uma Bíblia. Acho que a
quarentena está a fazer-me apreciar coisas novas, diferentes.
Marina Peixoto (11ºD)
Quinta-feira, 2 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no décimo oitavo dia de quarentena e, nestes últimos
dias, a existência de meios de comunicação tem sido uma grande ajuda. Resolvi,
portanto, falar-te sobre os meios de comunicação.
Os meios de comunicação à distância têm sido cada vez mais utilizados,
principalmente, pelas últimas gerações. Apesar disso, considero que a sua
utilização deva ser moderada, pois desprezar a comunicação cara-a-cara não é,
de todo, correto. Como tal, a meu ver, o problema dos meios de comunicação não
está nos meios de comunicação em si, mas antes na sociedade, que não controla a
forma como os utiliza.
Ainda assim, como é óbvio, este não é o melhor momento para evitar a
comunicação à distância pois, caso contrário, todos nós entraríamos num enorme
distanciamento de quem mais amamos (e, possivelmente, numa depressão). É,
apenas, necessário que os meios de comunicação à distância (como as redes
sociais) não nos tornem em pessoas sedentárias e incapazes de realizar
atividades necessárias para a convivência em sociedade.
Maria João Fontão (11ºC)
Dia 20 da quarentena,
02/04/2020
Para os alunos de
ciências, história deixou de estar disponível no horário escolar. No entanto,
existem maneiras de termos acesso a informações do nosso passado. Através de
vídeos, documentários ou até mesmo museus online,
podemos voltar no tempo e estudar as nossas origens.
Durante uma visita a
alguns museus online, comecei a
pensar na importância que a história tem para nós e na maneira como a
interpretamos.
Quando era mais novo,
ouvia os meus professores de HGP a dizer que numa certa batalha lutaram muitos
soldados, morreram outros milhares e muitas cidades foram destruídas. Mas o que
são realmente estes dados?
Como já te disse antes,
estou a ver Vikings, uma série sobre
a vida de Ragnar Lothbrok, um grande líder nórdico que se destaca pela sua
curiosidade nos costumes de outras culturas e pelas suas ambições. Muitos dos
episódios são verdadeiros massacres, morrem guerreiros aos montes num mar de
violência que só acaba quando um dos lados se dá por vencido. Neste mar de
violência, vejo-me de repente a pensar na maneira como nas aulas de história,
simplesmente dizemos e ouvimos quantos morreram e o que se sucedeu seguindo
logo para o próximo tema.
Não te sei dizer se isto
está errado, mas também não me parece certo... apesar de não concordar com
muitas das coisas que aconteciam no passado, foram essas mesmas que me
trouxeram até onde estou hoje. Se hoje posso viver pacificamente e sem medo, é
por estas pessoas que fizeram história. Por isso, ouvir apenas um número não é
para mim estudar história, se queremos realmente saber sobre o nosso passado,
devemos ser todos um pouco como Ragnar e procurar a fundo, não apenas por
números, mas por tradições, crenças, o que movia certos povos, e por fim,
tentar perceber o quanto isso influenciou no presente.
Pedro Carvalho (11ºC)
Este tempo… dia 20
2.abril.2020
Não. Não podes aproximar-te. Não podes
dar um beijo. Não podes dar um abraço. Não. Não. Não. Chega de nãos, não? Ou
melhor, o que é que este não me
permite? Hoje, aproximei-me. Hoje, abracei. Passei o dia a cozinhar. Muitas
refeições. E, há pouco, fui entregá-las. Em cada pedacinho do que entreguei, à
distância devida, foi o meu toque. Foi o meu abraço. Fui eu. E recebi mil vezes
mais abraços e toques do que aqueles que entreguei. Sobre uma rua estreita, há toda uma imensidão de céu azul…
Margarida Corsino da Silva