Querido diário,
Hoje uma amiga minha jogou uma
cartada muito forte e pertinente sobre o meu futuro próximo. Pois… eu sou uma
excelente aluna, estou com uma média extraordinária e pretendo sem hesitar
entrar na universidade.
Ela disse-me então: “Tu com as
tuas notas de génio vais poder escolher o que tu quiseres. Já sabes o que vais
fazer?”. Sem pensar muito respondi logo que quero entrar no curso de economia,
para já é esse o foco.
Mas isto não é o mais importante,
sabes porquê? Porque eu tenho um sonho muito grande que é ir para a Nova School
of Business and Economics em Carcavelos, Lisboa. É a escola de topo de
Portugal, eu teria um ensino espetacular e uma grande abertura para o mercado
de trabalho, não só aqui, mas também fora do país. Além disso, gostava muito de
estudar um período numa escola no estrangeiro, provavelmente no Reino Unido.
Contudo, isto não vai passar
provavelmente de um sonho porque os meus pais não querem isso. Por um lado, sei
que vai ser muito dispendioso e, por outro, eles sabem que a Universidade do
Minho também tem um bom ensino e como é perto de casa, não há propósito de ir
para tão longe.
Ela deixou-me a pensar e um pouco
triste por saber que existem muitos jovens que dariam tudo para conseguir entrar
lá e não conseguem uma vez que não têm média; e eu, com média superior a 19,
não o poderei fazer.
Atualização da CIVID-19: 9886
infetados e 246 mortos a lamentar.
Marina Peixoto (11ºD)
Dia
19 da quarentena, 03/04/2020
É
em dias como este que não sei o que posso escrever...
Já
escrevi e apaguei a mesma frase no mínimo 3 vezes até agora.
Bem...
como o meu dia não foi nada de interessante vou-te falar de como anda o
mundo.
São
já mais de 1.000.000 os infetados. Morrem milhares de pessoas todos os dias e,
no entanto, temos presidentes, como o do Brasil, a dizer que isto é apenas uma
“gripezinha”.
Nos
EUA o número de infetados passou de 5000 para 250.000 em apenas 15 dias. Seria
este o nosso destino se não tivéssemos entrado em quarentena no momento em que
entramos?
Surpreendentemente,
a China mantem-se nos 80.000 infetados desde o início de março sendo o quinto
país com mais infetados.
Quanto
a nós, temos cerca de 10.000 infetados e 246 mortes a lamentar. Penso que a
população está já inteirada do problema que vivemos. Temos pessoas a sacrificar
o tempo e a proximidade com a família para que estes números não subam de forma
incontrolável, a estas, devo a minha gratidão e respeito.
Pedro
Carvalho (11ºC)
Sexta-feira, 3 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no décimo nono dia de
quarentena e não vou dar-te a minha opinião sobre nenhum tema, mas falar-te de
algo de que me apercebi.
E que “algo” foi esse? Bem, não sei se
isto se verifica em todo o lado mas, pelo menos por aqui, tenho reparado que há
mais movimentação do que havia há uns dias. Escusado será dizer que essa
atitude não tem sentido absolutamente nenhum, pois a pandemia tem vindo a
piorar, e não o contrário.
Talvez, agora, te estejas a perguntar
o porquê deste súbito aumento de movimento nas ruas (que não foi significativo
mas, de facto, aconteceu). A meu ver, algumas pessoas “habituaram-se” a este
problema. Como assim “habituaram-se”? Quando nos deparamos com uma situação
diferente e/ou grave, tendemos a ficar em choque, e este vírus não foi exceção:
no início, a maioria de nós entrou em pânico (uns mais do que outros) mas,
conforme nos fomos habituando a lidar com esta situação, o nosso foco
distanciou-se um pouco dela. E, apesar de as medidas de segurança serem cada
vez mais restritas (pois a doença tem piorado), parece que as pessoas encaram o
problema com a mesma preocupação ou de forma mais leve.
Como já referi várias vezes desde o
início da quarentena, este é um problema grave e, mais uma vez, todos nós
devemos seguir as regras que nos são dadas, para que o possamos ultrapassar.
Maria
João Fontão (11ºC)
3 de abril de 2020
Aceitei
o desafio com grande interesse e entusiasmo de escrever um texto da minha
autoria, para participar no Concurso Literário Escolar António Celestino. Mas,
infelizmente, o concurso foi cancelado, devido às circunstâncias em que todos
estamos a viver. Fiquei triste, é óbvio! Dediquei algum tempo a escrever o
texto e gostava muito de o poder partilhar …
O
título é “Um Planeta muito Estranho…” e retrata de uma forma simples o nosso
modo de vida e como a nossa Sociedade se comportava, antes de tudo isto…
Estranha coincidência!?! Pois… Nunca imaginaria que isto pudesse acontecer…
De
repente, ficamos privados de tantas coisas que faziam parte do nosso dia a dia,
tivemos de mudar o nosso modo de vida e dar mais valor ao que realmente é
importante! A nossa vida, a nossa família, os nossos amigos, a nossa segurança…
O
que, curiosamente, é a mensagem do meu texto! Por isso, espero que o leiam, que
reflitam e pensem no que realmente é importante…
Um planeta muito estranho…
Bem-Disposto era um extraterrestre que vivia no planeta
Felicidade, numa galáxia não muito distante da tão famosa Via Láctea. No seu
planeta eram todos muito felizes e Bem-Disposto não era exceção. Andava sempre muito
alegre e adorava o local onde vivia.
Mas, da mesma forma que era muito alegre, também era
excessivamente curioso e aventureiro.
Certo dia, e há não muito tempo, a curiosidade de conhecer
outros planetas tomou conta dele. Tirou a licença de piloto de naves espaciais
com distinção e aventurou-se nas suas descobertas…
Viajou muito, conheceu muitos lugares distantes, mas nenhum o
cativou… A conclusão a que sempre chegava é que a nossa casa é sempre a nossa
casa… E a dele era realmente fantástica!
Mas, nem tudo lhe correu bem… Numa das suas viagens a sua
nave avariou e teve de aterrar num planeta, não muito distante do seu, chamado
planeta Terra. Passou por lá uma grande temporada e não gostou nada do que viu…
Era um planeta muito estranho!
Ao contrário do seu, esse planeta era habitado por criaturas
que se diziam civilizadas, mas que se comportavam de forma muito esquisita…
Andavam sempre cabisbaixos, tristes e stressados. Eram
completamente obcecados pelos seus empregos e trabalhavam praticamente todos os
dias! E mais esquisito de tudo, é que dependiam de um aparelhinho que
carregavam nas mãos o tempo todo. Às vezes utilizavam-no para falar uns com os
outros, outras para registar tudo o que faziam fotograficamente e a maior parte
para dedilhar freneticamente na sua tela luminosa. Bem-Disposto não entendeu
exatamente para que serviam aqueles aparelhos. Mas, pareceu-lhe fazerem parte
de uma espécie de ritual, pois enquanto os utilizavam ficam como que
hipnotizados, não dando atenção a nada, nem a ninguém.
Depois, viviam em constante disputa para serem melhores uns
que os outros. Para isso, utilizavam qualquer meio, cujo objetivo principal,
quase sempre, era juntar uma coisa a que chamavam dinheiro. Alguns possuíam em
demasia, enquanto outros só em quantidade reduzida e até existiam muitos que
nem possuíam algum. Esse tal dinheiro servia para ser trocado por outras
coisas, inclusive por aquilo que utilizavam como alimento. Por isso,
Bem-Disposto viu alguns habitantes desse planeta demasiadamente largos, arredondados
e outros que eram tão finos que quase se podia ver a sua estrutura interna.
A governação do planeta era feita por líderes muito
caricatos. Um dos principais, e que mais admirou Bem-Disposto, era uma criatura
alta e loira, com um ar de alucinado, que é difícil de descrever. Governava um
dos maiores países daquele planeta e ditava as principais regras. Tinha ar de
quem queria dominar tudo e todos! Provocava guerras e conflitos, onde lutavam e
se matavam uns aos outros … Causando muito sofrimento e devastação, tudo isso,
quase sempre, motivado por aquela coisa a que chamavam dinheiro!
E como cuidavam do planeta deles? Era uma coisa indescritível…
Provocavam incêndios que destruíam as lindas paisagens que tinham; arruinavam
as grandes florestas que existiam, cortando árvores desalmadamente, acabando
com a maior parte dos habitats dos outros seres vivos; poluíam os rios, os
oceanos e tudo o que os rodeava; gastavam desmesuradamente os escassos recursos
naturais que tinham… Enfim, era um verdadeiro atentado que Bem-Disposto jamais
imaginaria que pudesse acontecer!
Mas, o pior de tudo, eram aquelas pobres crianças!
Bem-Disposto, nem conseguia acreditar… Tinham uma vida muito complicada!
Levantavam-se, logo pela manhã, muito cedo, saíam de casa a correr, com os pais
stressados para cumprir os seus horários e eram rapidamente “depositadas” num
local a que chamavam escola. Local esse, onde deviam gostar de estar, de
conviver e de aprender.
Mas não!? A maioria ia contrariada e não gostava de lá estar.
E por isso, aquele local era o espelho daquela Sociedade! As crianças, a quem
chamavam alunos, andavam sempre em guerras e confusões umas com as outras, e
achavam piada em arranjar conflitos. Existiam também os professores, que eram
adultos que deveriam ser acarinhados e respeitados, mas ao contrário do que
deveria acontecer, não só não eram respeitados, como eram muitas vezes
agredidos, verbal e fisicamente. Bem-Disposto viu professores contra alunos,
alunos contra professores e alunos contra alunos.
E os professores, desgraçados… Eram seres desanimados e
assombrados pelo trabalho burocrático, que mal tinham tempo para si próprios.
Tinham muito mais de vinte alunos numa pequena sala, amontoados em pequenas
mesas, em grandes algazarras, sem interesse nenhum em escutar o que o professor
lhes queria ensinar. Ser professor naquele planeta era considerada uma
profissão de risco e em extinção!
A educação daquelas crianças desvanecia a cada dia, o
respeito pelos outros perdia-se cada vez mais e a falta de valores era enorme…
No pouco tempo livre que tinham, aquelas crianças não
brincavam com os amigos na rua como Bem-Disposto. Tinham amigos virtuais! Sim,
amigos que estavam dentro daquele aparelho, que Bem-Disposto achava muito
estranho!? Passavam o tempo todo agarrados àquela coisa… Jogavam jogos violentos,
com tiros, guerras e lutas e achavam aquilo extraordinário e extremamente
divertido!
Bem-Disposto ficou muito triste com tudo o que tinha visto… Mas
que criaturas eram aquelas? Não percebiam que se estavam a destruir a elas
próprios e ao planeta que era delas!
Aquelas criaturas estavam completamente confusas e
desorientadas... Precisavam de acalmar, de descomplicar a vida e de usufruir do
direito à felicidade que deveriam ter…
Precisavam urgentemente de ajuda! E, apesar
de parecer tarefa impossível, Bem-Disposto prometeu a si mesmo que os iria
ajudar…
Manuel Feliz / Pedro Pereira (6.ºB)