Dia 15 (4 de abril de 2020)
Querido diário,
Estes dias têm sido muito repetitivos: ver séries, passear a Cuca,
ler, fazer exercício físico, arrumações… Hoje, para além do habitual, fiz
bolachas para quebrar um pouco a rotina.
Quinta-feira foi renovado o estado de emergência por mais quinze
dias e dia 9 de abril serão divulgadas as medidas relativamente ao
funcionamento do 3º período letivo. Até ao 9º ano o ensino será assegurado pela
telescola e será uma oportunidade de reviver os tempos do século passado. A nós,
alunos do secundário, resta-nos esperar…
Esta semana, deixamos o mês de março para trás, o mês em que foi
detetado o primeiro caso infetado pelo novo coronavírus em Portugal, um mês em
que nos divertimos muito, trabalhamos, nos abraçamos pela última vez e nem
sabíamos, e vimos, pela primeira vez em tempos de democracia, decretado o
estado de emergência. Entramos, assim, no mês de abril, o mês da revolução.
Desta vez, não vamos derrubar a ditadura mas sim a pandemia do COVID-19, por
isso, este mês é mesmo crucial para alterarmos o rumo dos acontecimentos que se
têm vivido.
Miguel
Almeida. (11ºC)
Sábado, 4 de
abril de 2020
Esta é a
terceira semana em casa e hoje, ainda mais que nos outros dias, sinto-me em
baixo. Era suposto estar a caminho das férias pelas quais esperei o ano
inteiro. Se a nossa vida ainda fosse normal, estaria, com as malas feitas, a
caminho da Póvoa de Varzim para passar o fim de semana com os meus avós e ver
todos os meus amigos que tenho lá.
A palavra que
se encaixa melhor neste momento é saudade. Tenho saudades de quando podia ver
quem amo quando me apetecia, tenho saudades dos abraços, dos carinhos e dos
beijinhos. Queria poder acordar e dar um beijo de bom dia aos avós, queria dar
um passeio matinal pela praia e acabar o dia no café do costume, na mesa do
costume, rodeada pelos amigos do costume que me fazem tão bem… Tenho saudades
de quem me amacia o coração e me acalma a alma, tenho até saudades dos momentos
que não pude viver.
Viver
enclausurada num T4 não é fácil para ninguém, os dias são passados entre estudo
e séries na Netflix… O medo que a incerteza do futuro nos oferece rouba o sono
a qualquer um.
Mas vamos
vivendo todos, um dia de cada vez (que por acaso são todos iguais).
Anseio por
sentir uma carícia ou poder abraçar quem tanto amo. Nunca fui de grandes
afetos, mas aprendi a valorizá-los.
Ana Rita Oliveira (12.ºB)
Querido diário,
Hoje é dia quatro de abril e estamos há três semanas
em isolamento. Três semanas sem sair de casa, sem ir à escola, sem conviver com
a nossa família e amigos.
Estes dias estão a permitir-me refletir. O mundo
parou, estando a sobreviver com o estritamente necessário. Se pensarmos bem,
apercebemo-nos que, rapidamente, todos os nossos objetivos e prioridades são
obrigados a ficar para segundo plano, pois algo maior aparece. “Um bicho da
terra tão pequeno” torna-se uma marioneta de um “Mostrengo” invisível e
omnipotente, incapaz de se render. Por isso, pergunto: seremos assim tão
poderosos como nos achamos ou não passaremos de um ser vivo subjugado à
soberana Natureza?
Deste modo, é nosso dever, em prol da nossa saúde,
regermo-nos ao seu comando para que, todos juntos, no final, consigamos erguer-nos
mais fortes, mais conscientes e mais atentos ao outro.
Uma boa noite!
Inês Vieira Lopes (12.ºB)
Sábado, 4 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no vigésimo dia de
quarentena e decidi falar-te de uma coisa sobre a qual sempre pensei muito – a
importância da palavra.
Este tema pode soar-te um pouco cliché mas a verdade é que sempre me
intrigou. Do meu ponto de vista, as palavras são muito mais do que uma forma de
nos compreendermos uns aos outros – são a forma como expressamos o que
sentimos. E, apesar de esta ser uma limitação, uma vez que há bastantes sensações
que não conseguimos traduzir em palavras, não deixa de ter muita importância.
Mas o que realmente acho curioso
é o facto de, com um simples conjunto de letras, conseguirmos fazer uma grande
diferença na vida de alguém. Uma palavra (ou um grupo delas) pode deixar marcas
na mente de uma pessoa por toda a sua vida, tanto pela positiva, como pela
negativa. Por isso, por muito banais que as palavras possam soar, é necessário
saber usá-las.
Maria João Fontão (11ºC)
Querido diário,
Estes dias têm sido uma constante
repetição de ações. Acordar, tomar o pequeno-almoço, ler, almoçar, ver séries,
fazer exercícios físico, lanchar, ler ou estudar, jantar, escrever-te e ver
mais séries.
Uma rotina normal para quem está
de quarentena. Mas sobra sempre tempo para refletir sobre toda esta situação e
a minha vida em geral.
No início, quando o vírus ainda
estava em território chinês, ninguém se importou com a gravidade desta moléstia,
ou quase ninguém, porque eu conheço apenas uma pessoa que demonstrou estar
preocupada. Pois, é verdade, uma pessoa. A minha professora de matemática foi a
pessoa que nos disse que tinha passado imenso tempo a tentar encontrar
informação sobre se o vírus já tinha saído da China ou não.
Para ser sincera naquela altura
eu própria desvalorizei em parte este vírus e, como muitos, estava focada na
minha vida e rotina. Mas como já sabes, ele espalhou-se como uma mancha de
sangue pelo mundo inteiro e agora estamos nesta situação caótica.
Contudo, apesar do mundo estar em
suspenso, a Humanidade está mais unida do que nunca por uma grande causa. Estou
confiante que juntos vamos vencer este combate doloroso e cansativo e algumas
armas importantes são a solidariedade, o respeito pelo próximo, a benevolência,
a paciência e a calma.
Marina Peixoto (11ºD)
Este tempo… dia 22
4.abril.2020
Comecei a preparar o cantinho
onde celebrarei esta Semana Maior. Ficou bonito. Enquanto o preparava, tantas
imagens e tantos sons passaram pela minha memória. Canto e linhos. Mãos e pés. Gestos
e palavras. Velas e trevas. Cruz. Fogo e Luz. A Semana Santa e o Tríduo Pascal
são dos momentos que mais marcam o meu ano. Por todo o sentido que têm. Por
todo o sentido que dão.
Enquanto isso, pensava em quem
serão aqueles que primeiro quero abraçar quando terminar este tempo. Pensava,
afinal, naqueles com quem me relaciono e como essas relações que se entrelaçam
são vitais. Agradeci-os. Um a um. Desejando não esquecer como os desejo
abraçar.
Margarida Corsino da Silva