09/04/2020
Mais um dia de quarentena se
passa, para nós, para todos os portugueses e para praticamente o resto de todo o
mundo. O mundo não imaginara há uns séculos que a solução para um dos seus
maiores problemas futuros viria a ser: não fazer nada, simplesmente ficar em
casa. Aparentemente seria uma solução fácil, pensariam eles, porém, o ser
humano é um ser que necessita de respirar, de ter interação social e de
caminhar pelo mundo. Deste modo, esta pandemia afeta-nos a todos os níveis,
quer a níveis físicos quer a níveis psicológicos – estes são mesmo os piores.
O mundo vive tão obcecado com o
ter mais e melhor que acaba por não aproveitar o que realmente tem, a sua vida
acaba por ser vivida numa corrida em que o prémio nunca realmente chega. Agora,
tivemos uma paragem forçada, infelizmente. No entanto, espero que para muita
gente sirva como um período de reflexão, um período para perceber o que
realmente fazemos, o que nós queremos e o que devíamos realmente fazer. Mas
como sabemos: a humanidade não se move de individualismos mas sim de
comunidades. Algumas pessoas pensam, umas agem, mas nada muda.
O esforço das pessoas em
regressar à normalidade, de forma generalizada, é bastante visível e,
felizmente, temos tido boas notícias, sendo que com isto quero dizer que temos
tido uma realidade mais positiva do que a prevista e do que a que é possível
observar noutros países. O pensar no final desta pandemia e na normalização das
nossas vidas traz-nos a todos esperança e motivação. Acredito que, para nós, os
dias mais negros já tenham passado, mas não podemos ficar relaxados quanto a
isso, temos que continuar atentos, pois uma pequena distração pode implicar
sérios riscos.
A humanidade tem no seu livro
mais um registo marcante (ainda não terminado) que espero que sirva como um
alerta mundial para nos prepararmos o melhor possível para este tipo de
problemas que podem surgir novamente. Mas por agora, mais um dia de quarentena
se passa.
Henrique Cunha (12.ºB)
Quinta-feira, 9 de abril de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no vigésimo quinto
dia de quarentena e vou falar-te sobre a importância de conhecer o nosso
passado.
Durante o ensino básico, História foi
uma das minhas disciplinas preferidas, porém, já não faz parte das disciplinas
que tenho no ensino secundário. Inicialmente, não entendia qual era a
necessidade de estudarmos o que aconteceu no passado, afinal, passado é
passado, e não há nada que se possa mudar nele. Com o tempo, fui entendendo
que, conhecendo o nosso passado, podemos entender as nossas origens (o que nos
dá cultura) e identificar erros nas sociedades anteriores à nossa, que possam
ser tomados como exemplo.
Por exemplo, crises que ocorreram
no passado podem ser estudadas e, depois de se entender as suas causas, pode
tentar evitar-se que se repitam. Também as epidemias do passado nos podem dar
alguma ajuda no combate às epidemias do presente – o que falhou no combate a
outras epidemias pode evitar-se, por exemplo, no combate ao coronavírus.
Todos devemos entender que o
passado também já foi o presente e não deve, nunca, ser desvalorizado.
Maria João Fontão (11ºC)
Dia 18 (9 de abril de 2020)
Querido diário,
Hoje foi um dia de decisões, decisões acerca daquilo com que
contaremos nos próximos dias…
Os nossos exames mantêm-se, embora em dias diferentes. As aulas
continuarão a ser à distância e a possibilidade de voltarmos às presenciais vai
depender da evolução da pandemia.
Bem, têm sido, de facto, dias diferentes. Continuarão a ser, mas
iremos ultrapassar esta situação para que em setembro os portões das escolas se
abram para um novo ano, dentro da normalidade.
Miguel
Almeida. (11ºC)
Querido diário,
O governo tomou a decisão. As
escolas vão, para já, manter-se fechadas e não haverá aulas presenciais.
Enquanto que do 1º ao 9º anos, o 3º período prosseguirá com o ensino à
distância, para mim e todos os alunos do 11º e 12º ano não vai ser bem assim.
Estes dois anos são mais
complicados para recuperar e para depois aceder à universidade. Deste modo,
assim que tudo estiver mais calmo e a evolução da pandemia o permitir,
retomaremos as aulas presenciais para as disciplinas a que vamos ter exame, em
maio previsivelmente. Quanto aos exames nacionais para o 11º e 12º anos foram
adiados.
É óbvio que estou com algum receio,
mas pelas informações que li, todos os agrupamentos irão tomar medidas adequadas
de distanciamento e higienização e todos iremos utilizar máscara de proteção no
interior. Tenho toda a noção que cada um, conscientemente, deve sempre respeitar
os restantes e tomar as devidas providências.
Marina Peixoto (11ºD)
Este tempo… dia 27
9.Abril.2020 – 5ª Feira Santa
Gosto de números. É verdade. Mas
as pessoas não são um número. E estatísticas e mais estatísticas reduzem a
pessoa a um número. É mais uma. Há pouco, pensava que seria bom se, em vez de
dizerem quantas pessoas faleceram, dissessem os seus nomes – talvez até o nome
lá de casa. Assim, devagarinho como que a entregar cada uma.
Hoje é 5ª Feira Santa. Seria dia
de lavar os pés a outros e, principalmente, de deixar que me lavassem os meus.
Com tudo o que esse gesto implica e tem de humildade. Só assim perceberei como
se faz este gesto. Como se faz este serviço. É sempre mais fácil chegar-me à
frente e lavar os pés. Já deixar que me lavem os meus… Hoje é dia de me sentar
à mesa e tentar aprender o que implica verdadeiramente o amor.
Margarida Corsino da Silva