sábado, 16 de maio de 2020

aepl.estetempo 16.maio.2020



Sábado, 16 de abril de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no sexagésimo segundo dia de quarentena.
O período de quarentena “total” está quase a chegar ao fim. Apesar de tudo de mau que aconteceu (e continua a acontecer, porém, o foco caótico deixou de ser a Europa), se retirarmos o isolamento do contexto do coronavírus (que é o que o torna numa fase tão negativa), penso que não tenha sido totalmente mau. É certo que nem todos lidam com esta situação da mesma forma que eu mas, a meu ver, as últimas semanas têm sido ótimas para explorar algumas das minhas capacidades, que não são tão “utilizadas” normalmente. Claro, não foram os melhores dias da minha vida: contudo, no geral, acho que eu, e todos nós, estamos, agora, preparados para lidar com uma situação diferente do usual – e (espero que não), caso algo deste género volte a acontecer, conseguiremos encarar a situação de forma mais tranquila.
Mais uma vez: há sempre algo de novo a aprender com todos os problemas. Com este, aprendemos a viver de uma forma mais restringida; para além disso, pode ser que ganhemos novos hábitos – tanto a nível de higiene, como da nossa vida, em geral, dado que esta foi uma fase em que pudemos testar novas coisas (mesmo em casa), para as quais não teríamos tempo nos dias atarefados da nossa rotina “normal”.
Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Cada pessoa à volta do mundo nasceu num ambiente específico. Nasceu numa época, num contexto histórico, cultural, religioso e numa sociedade propriamente organizada, com regras, leis, deveres, direitos. Todos estes aspetos que nos envolvem são imprescindíveis e são eles que fazem de nós, nós próprios. Crescemos no meio duma cultura muito rica, independentemente de qual for, que nos oferece uma educação característica com valores a seguir.
A própria língua é muito importante, sendo uma marca diferenciadora, mas que não deve ser exclusivista, embora se verifique o domínio do inglês ou espanhol, por exemplo. A bandeira de um país também é um enorme emblema, no qual cada detalhe, cor, forma, desenho, brasão, tem um significado particular. A forma de vestir diz igualmente muito das pessoas. A gastronomia continua a ser algo muito diferente nas diversas regiões e, quando alguém visita outra cidade, é sempre um ponto fulcral do percurso encontrar um bom restaurante com comida tradicional. As festas, as datas, as tradições marcam a vida de cada um, sendo quase impossível fugir às mesmas.
Com isto quero dizer que nós somos ricos, não em dinheiro, mas em termos de identidade. Esta identidade, que não a do cartão do cidadão, tem um peso incomparável na nossa vida e não devemos ignorá-la, mas sim explorá-la. Embora únicos e autênticos, cada indivíduo pertence a uma esfera de pessoas ligadas pelo facto de pertencerem à mesma realidade, cultura, história e com aspirações materiais e espirituais comuns.
“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes!”

Marina Peixoto (11ºD)



Agora é - Quarto. Escritório. Cozinha.
Círculo vicioso?
Quase. Não fosse a felicidade me ter presenteado com um belo jardim e alguns campos em redor da minha casa.

Inês Fernandes, 12.ºA




Será que vamos voltar? Voltar ao que éramos? Voltar ao que fazíamos? Voltar ao que vivíamos? 
Estamos a viver uma altura má? Sim, é verdade, mas temos de acreditar que vamos recuperar para poder recomeçar.

Bruna Silva, 12.ºA



Ultrapassar o difícil custa a todos…
Sei, no entanto, que eu tenho de ser o primeiro a fazê-lo.

 Higino Silva, 12.ºA




Este tempo… dia 64
16.Maio.2020

Esta semana foi tempo de tanta coisa: 12 e 13 de Maio, a preparação da festa (à distância, claro!) de despedida de um amigo que na próxima semana partirá para um novo tempo, um texto para escrever, aulas, aulas e mais aulas. Os dias sucederam-se como se fossem um só.

Tudo se fez com o toque. Mas o toque de um teclado e de um ecrã. Quão diferente é do toque de uma mão. De um abraço. De um beijo. De um olhar. Quão aquém fica destes.
Tudo se fez. Tudo foi eficaz e eficiente. Tudo ficou bonito. Mas… Apesar disso, perdeu-se muito.

‘Até quando?’ viveremos assim? ‘Até quando?’ perderemos a riqueza dos intervalos entre reuniões, aulas e trabalhos onde surgem aquelas ideias geniais entre um café ou dois dedos de conversa? A pergunta pode sugerir inquietação, mas é feita num tom esperançoso. Numa esperança de voltarmos à criatividade dos nossos espaço físicos que são tão mais vivos que estes virtuais que, entretanto, criamos por mais zoom que se faça neste tempo.

Margarida Corsino da Silva