Sábado, 16 de abril de
2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
sexagésimo segundo dia de quarentena.
O período de quarentena
“total” está quase a chegar ao fim. Apesar de tudo de mau que aconteceu (e
continua a acontecer, porém, o foco caótico deixou de ser a Europa), se
retirarmos o isolamento do contexto do coronavírus (que é o que o torna numa
fase tão negativa), penso que não tenha sido totalmente mau. É certo que nem
todos lidam com esta situação da mesma forma que eu mas, a meu ver, as últimas
semanas têm sido ótimas para explorar algumas das minhas capacidades, que não
são tão “utilizadas” normalmente. Claro, não foram os melhores dias da minha
vida: contudo, no geral, acho que eu, e todos nós, estamos, agora, preparados
para lidar com uma situação diferente do usual – e (espero que não), caso algo
deste género volte a acontecer, conseguiremos encarar a situação de forma mais
tranquila.
Mais uma vez: há sempre
algo de novo a aprender com todos os problemas. Com este, aprendemos a viver de
uma forma mais restringida; para além disso, pode ser que ganhemos novos
hábitos – tanto a nível de higiene, como da nossa vida, em geral, dado que esta
foi uma fase em que pudemos testar novas coisas (mesmo em casa), para as quais
não teríamos tempo nos dias atarefados da nossa rotina “normal”.
Maria João Fontão (11ºC)
Querido diário,
Cada pessoa à volta
do mundo nasceu num ambiente específico. Nasceu numa época, num contexto
histórico, cultural, religioso e numa sociedade propriamente organizada, com
regras, leis, deveres, direitos. Todos estes aspetos que nos envolvem são
imprescindíveis e são eles que fazem de nós, nós próprios. Crescemos no meio
duma cultura muito rica, independentemente de qual for, que nos oferece uma
educação característica com valores a seguir.
A própria língua é
muito importante, sendo uma marca diferenciadora, mas que não deve ser
exclusivista, embora se verifique o domínio do inglês ou espanhol, por exemplo.
A bandeira de um país também é um enorme emblema, no qual cada detalhe, cor,
forma, desenho, brasão, tem um significado particular. A forma de vestir diz
igualmente muito das pessoas. A gastronomia continua a ser algo muito diferente
nas diversas regiões e, quando alguém visita outra cidade, é sempre um ponto
fulcral do percurso encontrar um bom restaurante com comida tradicional. As
festas, as datas, as tradições marcam a vida de cada um, sendo quase impossível
fugir às mesmas.
Com isto quero dizer
que nós somos ricos, não em dinheiro, mas em termos de identidade. Esta
identidade, que não a do cartão do cidadão, tem um peso incomparável na nossa
vida e não devemos ignorá-la, mas sim explorá-la. Embora únicos e autênticos,
cada indivíduo pertence a uma esfera de pessoas ligadas pelo facto de
pertencerem à mesma realidade, cultura, história e com aspirações materiais e
espirituais comuns.
“Um povo sem conhecimento,
saliência de seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem
raízes!”
Marina Peixoto (11ºD)
Agora é - Quarto. Escritório.
Cozinha.
Círculo vicioso?
Quase. Não fosse a felicidade me
ter presenteado com um belo jardim e alguns campos em redor da minha casa.
Inês Fernandes, 12.ºA
Será que vamos voltar? Voltar ao
que éramos? Voltar ao que fazíamos? Voltar ao que vivíamos?
Estamos a viver uma altura má?
Sim, é verdade, mas temos de acreditar que vamos recuperar para poder
recomeçar.
Bruna Silva, 12.ºA
Ultrapassar o difícil custa a todos…
Sei, no entanto, que eu tenho de ser o primeiro a fazê-lo.
Higino Silva, 12.ºA
Este tempo… dia 64
16.Maio.2020
Esta semana foi
tempo de tanta coisa: 12 e 13 de Maio, a preparação da festa (à distância,
claro!) de despedida de um amigo que na próxima semana partirá para um novo tempo,
um texto para escrever, aulas, aulas e mais aulas. Os dias sucederam-se como se
fossem um só.
Tudo se fez com o toque. Mas o toque de um teclado e de um ecrã. Quão diferente é do toque de uma mão. De um abraço. De um beijo. De um olhar. Quão aquém fica destes.
Tudo se fez.
Tudo foi eficaz e eficiente. Tudo ficou bonito. Mas… Apesar disso, perdeu-se
muito.
‘Até quando?’ viveremos assim? ‘Até quando?’ perderemos a riqueza dos intervalos entre reuniões, aulas e trabalhos onde surgem aquelas ideias geniais entre um café ou dois dedos de conversa? A pergunta pode sugerir inquietação, mas é feita num tom esperançoso. Numa esperança de voltarmos à criatividade dos nossos espaço físicos que são tão mais vivos que estes virtuais que, entretanto, criamos por mais zoom que se faça neste tempo.
Margarida Corsino da Silva