sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

 Porque hoje é sábado.

Sábado, 5 dezembro de 2020, sem covid e em Braga

Lembrei-me do comentário de um leitor no jornal Público que questionava a pertinência da coluna diária de Miguel Esteves Cardoso que assenta em deambulações mentais, devaneios, banalidades.

Pois bem, também eu hoje vou escrever sobre a minha vivência matinal neste 2º sábado de recolher obrigatório. Uma banalidade.

Despertada pelo telemóvel a horas decentes para as compras de fim de semana, resolvi virar-me para o outro lado da cama e preguiçar só mais cinco ou dez minutos.

A mente e o corpo traíram-me e despertei passava do meio-dia. Higiene à gato, roupa leve e quente, um pequeno almoço engolido à pressa, dois lanços de escadas descidas também à pressa e eis-me na rua.

Compro 1º os jornais na bomba de gasolina, depois peço pão e um café na padaria ao virar da esquina, um saco de água quente na loja dos trezentos depois de caminhar vinte ou trinta metros, carne e fruta no talho mesmo em frente e, por fim, peixe e legumes, três portas mais à frente.

Quem precisa de super ou hipermercados ?

Há muitos anos que tenho esta rotina. Em apenas duas ruas consigo ter à mão quase tudo o que preciso.  Antes da pandemia, com mais calma e sem máscara!

Volto para casa mesmo em cima das 13h. Olho para ambos os lados da rua e reparo que todas as lojas estão já fechadas. Na estrada passa um carro onde dantes os autocarros se fartavam de buzinar por causa do estacionamento em segunda fila. À minha frente, uma senhora caminha com compras e atrasada como eu. Começa a chuviscar. Apresso o passo e dou comigo a pensar como estamos a cumprir tão bem as restrições!

 Até quando?

Até quando a tolerância? Até quando o medo?

Com medo de causar um mal maior e depois de muito refletir, acabo de decidir não viajar no Natal. O calor da consoada vai ser pelo Skype.

Haverá um lugar à mesa para uma máquina. Abençoada seja, malgré tout!

Rosa Sousa