Porque hoje é sábado.
Sábado, 5 dezembro de 2020, sem covid e em
Braga
Lembrei-me do comentário de um leitor no
jornal Público que questionava a pertinência da coluna diária de Miguel
Esteves Cardoso que assenta em deambulações mentais, devaneios, banalidades.
Pois bem, também eu hoje vou escrever
sobre a minha vivência matinal neste 2º sábado de recolher obrigatório. Uma
banalidade.
Despertada pelo telemóvel a horas decentes
para as compras de fim de semana, resolvi virar-me para o outro lado da cama e
preguiçar só mais cinco ou dez minutos.
A mente e o corpo traíram-me e despertei
passava do meio-dia. Higiene à gato, roupa leve e quente, um pequeno almoço
engolido à pressa, dois lanços de escadas descidas também à pressa e eis-me na
rua.
Compro 1º os jornais na bomba de gasolina,
depois peço pão e um café na padaria ao virar da esquina, um saco de água
quente na loja dos trezentos depois de caminhar vinte ou trinta metros, carne e
fruta no talho mesmo em frente e, por fim, peixe e legumes, três portas mais à
frente.
Quem precisa de super ou hipermercados ?
Há muitos anos que tenho esta rotina. Em
apenas duas ruas consigo ter à mão quase tudo o que preciso. Antes da pandemia, com mais calma e sem
máscara!
Volto para casa mesmo em cima das 13h.
Olho para ambos os lados da rua e reparo que todas as lojas estão já fechadas.
Na estrada passa um carro onde dantes os autocarros se fartavam de buzinar por
causa do estacionamento em segunda fila. À minha frente, uma senhora caminha
com compras e atrasada como eu. Começa a chuviscar. Apresso o passo e dou
comigo a pensar como estamos a cumprir tão bem as restrições!
Até
quando?
Até quando a tolerância? Até quando o
medo?
Com medo de causar um mal maior e depois
de muito refletir, acabo de decidir não viajar no Natal. O calor da consoada
vai ser pelo Skype.