LER UMA VIDA...
Em qualquer altura
do ano, um livro é das melhores companhias que podemos ter. Acho que os livros
são aquilo que o ser humano tem mais próximo da magia. O livro fortalece o
nosso espírito e alimenta a nossa alma. Sobretudo em tempos de confinamento, os
livros são a minha companhia de eleição.
Neste
momento estou a ler “Uma educação”, o livro de memórias da historiadora
americana de 34 anos, Tara Westover. Apesar de muito jovem, tem um percurso sem
dúvida inspirador. Iniciei esta leitura, pois, na semana passada, na aula de
Português, a turma assistiu ao discurso sobre o direito à educação realizado
pela ativista Malala Yousafzai. Gostei muito de ouvir esse discurso e ele
suscitou em mim vontade de ler algo sobre esse mesmo tema. Deparei-me com este
livro ainda por ler na minha estante e achei que seria a altura certa para
pegar nele. Acredito que fiz uma excelente escolha pois estou a gostar
bastante.
Em
“Uma educação” somos confrontados com a história de vida de Tara e da sua
família. Esta jovem não existia aos olhos do governo, pois a sua certidão de
nascimento não foi registada. Durante muitos anos nunca colocou um pé numa sala
de aula nem num hospital, porque o seu pai não acreditava nem em escolas nem em
médicos. Devido às crenças radicais do seu pai, a vida de Tara foi durante
muito tempo limitada. Aos dezasseis anos, entendeu que precisava de sair de
casa, inscrever-se na escola e, dessa forma, ir contra tudo aquilo em que a sua
família acredita. Ao fazê-lo, acaba por descobrir o poder transformador da
educação e o leitor acompanha o processo de autodescoberta de Tara.
Este
livro está a ser deslumbrante, não só pela escrita tão bela e cuidada mas
também pela reflexão que a história proporciona. Algumas das situações às quais
a protagonista é sujeita são sufocantes e geram um grande sentimento de
revolta: a maneira como ela é manipulada a acreditar que a escola não é um
lugar bom, como a família recusa a utilização do hospital até nos casos mais
graves, a forma como um dos irmãos, Shawn, a humilha e maltrata durante a
adolescência e várias outras situações do antigo quotidiano de Tara. Apesar da
intensidade, a leitura é absorvente e muito enriquecedora. O facto de esta ser
uma história real oferece uma dimensão ainda maior ao livro. A minha personagem
favorita, até agora, é Tara dada a sua resiliência, bravura e determinação.
Também gosto muito de Tyler. Tyler é um dos vários irmãos da jovem, o primeiro
dos irmãos (e durante algum tempo o único) que se atreveu a realizar uma
inscrição na universidade. Admiro-o imenso pela sua bondade, sensatez,
sabedoria e pela forma como incentiva a irmã a lutar por uma educação. Tal como
Tyler, acredito profundamente na educação e julgo que esta é um alicerce
importantíssimo para o futuro de qualquer pessoa. Não imagino o que seria de
mim sem a oportunidade de ter uma educação. Para além de reconhecer a
escola como peça fundamental do meu desenvolvimento como pessoa, consigo olhar
para trás e lembrar vários momentos bons pelos quais sou grata e que não teria
experienciado sem ela.
Apesar
de ainda ter mais para ler sobre a vida de Tara, tenho a forte sensação de que
esta leitura será uma experiência a recordar.
Joana Faria 11ºA