sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

 

LER UMA VIDA...

 

Em qualquer altura do ano, um livro é das melhores companhias que podemos ter. Acho que os livros são aquilo que o ser humano tem mais próximo da magia. O livro fortalece o nosso espírito e alimenta a nossa alma. Sobretudo em tempos de confinamento, os livros são a minha companhia de eleição.


Neste momento estou a ler “Uma educação”, o livro de memórias da historiadora americana de 34 anos, Tara Westover. Apesar de muito jovem, tem um percurso sem dúvida inspirador. Iniciei esta leitura, pois, na semana passada, na aula de Português, a turma assistiu ao discurso sobre o direito à educação realizado pela ativista Malala Yousafzai. Gostei muito de ouvir esse discurso e ele suscitou em mim vontade de ler algo sobre esse mesmo tema. Deparei-me com este livro ainda por ler na minha estante e achei que seria a altura certa para pegar nele. Acredito que fiz uma excelente escolha pois estou a gostar bastante.


Em “Uma educação” somos confrontados com a história de vida de Tara e da sua família. Esta jovem não existia aos olhos do governo, pois a sua certidão de nascimento não foi registada. Durante muitos anos nunca colocou um pé numa sala de aula nem num hospital, porque o seu pai não acreditava nem em escolas nem em médicos. Devido às crenças radicais do seu pai, a vida de Tara foi durante muito tempo limitada. Aos dezasseis anos, entendeu que precisava de sair de casa, inscrever-se na escola e, dessa forma, ir contra tudo aquilo em que a sua família acredita. Ao fazê-lo, acaba por descobrir o poder transformador da educação e o leitor acompanha o processo de autodescoberta de Tara.


Este livro está a ser deslumbrante, não só pela escrita tão bela e cuidada mas também pela reflexão que a história proporciona. Algumas das situações às quais a protagonista é sujeita são sufocantes e geram um grande sentimento de revolta: a maneira como ela é manipulada a acreditar que a escola não é um lugar bom, como a família recusa a utilização do hospital até nos casos mais graves, a forma como um dos irmãos, Shawn, a humilha e maltrata durante a adolescência e várias outras situações do antigo quotidiano de Tara. Apesar da intensidade, a leitura é absorvente e muito enriquecedora. O facto de esta ser uma história real oferece uma dimensão ainda maior ao livro. A minha personagem favorita, até agora, é Tara dada a sua resiliência, bravura e determinação. Também gosto muito de Tyler. Tyler é um dos vários irmãos da jovem, o primeiro dos irmãos (e durante algum tempo o único) que se atreveu a realizar uma inscrição na universidade. Admiro-o imenso pela sua bondade, sensatez, sabedoria e pela forma como incentiva a irmã a lutar por uma educação. Tal como Tyler, acredito profundamente na educação e julgo que esta é um alicerce importantíssimo para o futuro de qualquer pessoa. Não imagino o que seria de mim sem a oportunidade de ter uma educação. Para além de reconhecer a escola como peça fundamental do meu desenvolvimento como pessoa, consigo olhar para trás e lembrar vários momentos bons pelos quais sou grata e que não teria experienciado sem ela.


Apesar de ainda ter mais para ler sobre a vida de Tara, tenho a forte sensação de que esta leitura será uma experiência a recordar. 

Joana Faria 11ºA