Amigos!
Os amigos aparecem!...
As nossas vidas entrelaçam-se
Tão rápido…
Passam a pessoas de todas as horas!...
Os momentos ganham vida,
São memoráveis.
Trazem novidade, confiança, conselho…
Mas… os verdadeiros!
Mariana Pereira, 8.º A
Amizade
Era uma vez três adolescentes, a Maria, o Jorge e o Gustavo que adoravam uma bela aventura.
Num dia chuvoso, o Gustavo encontrou um mapa a caminho de casa e nem esperou até ao dia seguinte para contar aos amigos o que havia encontrado.
Quando a Maria e o Jorge ouviram aquilo disseram:
- Temos de desvendar este mapa.
- Amanhã, bem cedinho, vamos desvendá-lo. - Concordou o Gustavo.
No dia seguinte, os três amigos juntaram-se na casa do Gustavo e, durante várias horas, estudaram aquele mapa de todos os lados.
Após um já longuíssimo tempo de observação, descobriram que havia uma linha muito sinuosa no mapa que apontava para um baú.
- O que terá aquele baú? – Interrogaram-se os amigos.
- Talvez um tesouro… - acrescentou o Jorge.
Ficaram felizes.
O Gustavo, tão entusiasmado, disse:
- Não vamos descansar até encontrar o baú.
Os outros concordaram e deitaram mãos à tarefa. Passaram dias e noites à procura de mais informações, quer nas povoações quer no interior das casas. Até que um dia, depois de tanto porfiar, entraram numa casa velha, onde vivia um velho senhor. A Maria e o Gustavo, ao observarem aquele casebre, tiveram receio que que se esboroasse e não queriam entrar. O Jorge, como era mais decidido, ganhou coragem e, embora um pouco assustado, entrou no pardieiro, mas, à medida que ia caminhando pelo seu interior, a escuridão adensou as suas dúvidas e receios, mas não podia dar parte de fraco, por isso pé ante pé foi caminhando firme. De repente, atrás dele, aparece um senhor e grita:
- Quem és tu? Que fazes aqui, seu delinquente?
O Jorge, meio atordoado e assustado, pediu desculpa e, de seguida, pegou no mapa e interpelou o ancião.
- O senhor já viu este mapa ou sabe alguma coisa sobre ele?
O senhor, ao ver aquele mapa, sorriu e disse:
- Fui eu que fiz esse mapa.
O Jorge, agora já mais calmo e muito surpreendido, diz:
- O senhor está a falar a sério? Então, é mesmo verdade que rascunhou este mapa?
- Claro que sim. Não tinha nenhum motivo para fazer um mapa falso? - respondeu o senhor já um indignado com a desconfiança do jovem.
Mas, o Jorge, apesar de satisfeito com a descoberta, queria saber mais e, por isso perguntou novamente.
- Então, se não for incómodo, pode contar-me tudo acerca do mapa?
- Posso. - retorquiu o senhor agora já coma voz mais calma, fazendo, assim, desaparecer todo o medo do Jorge.
O senhor contou tudo e cada detalhe sobre aquele mapa.
O Jorge saiu daquela casa com um grande sorriso na cara porque sabia onde encontrar o baú e o tesouro que ele guardava.
No dia seguinte, o ancião e os três amigos partiram e foram até ao sítio onde se encontra o tesouro. Depois, de escavarem um pequeno buraco, lá apareceu um velho baú velho, que eles retiram e abriram com muito cuidado.
No interior do cofre, encontrava-se só um pergaminho. Maria pegou nele e leu a seguinte mensagem: “Pode não ter ouro aqui, mas vocês criaram uma coisa que é mais valioso do qualquer ouro no mundo a vossa amizade”.
Os três adolescentes não ficaram tristes e, olhando uns para os outros, apenas se riram, pois, sabiam que aquela mensagem era verdadeira.
A amizade é a coisa mais valiosa no mundo, por isso escolhe bem com quem a fazes e guarda-a contigo para a vida toda.
Gabriela Lopes, 8.º A
Um céu escuro e estrelado!
Acordo em Los Angeles pela terceira vez em menos de um mês. Já começo a cansar desta cidade. Sim, era o meu destino de sonho. mas isso era antes de ser diagnosticado com B.cepacia. Num momento desaparece e, de repente, reaparece e volta a atacar. De cada vez que ataca, mais uma viagem a Los Angeles! O que seria, sem dúvida, incrível se não tivesse de passar o tempo todo enfiado no interior do hospital. Posso ir muitas vezes a Los Angeles, mas não vejo mais nada a não ser paredes brancas.
Vou até ao parapeito da janela e fico a observar as luzes da cidade. Olho para baixo e vejo as pessoas a passar na rua. Se eu pudesse ao menos sair nem que fosse por um minuto, se eu pudesse descer as escadas do hospital, abrir a porta e sair para a rua… Não para entrar no carro mas sim para caminhar, caminhar pelas ruas da cidade. Pode até parecer estúpido, mas era o que eu mais queria…. É então que alguém bate na porta. Apenas com uma pancada na porta, nada mais. E por essa maneira pouco habitual de bater à porta já sei quem é.
- Entrem, antes que vos vejam! - respondo
A porta abre-se e lá estão eles, Camila e Nataniel. Apressam-se a fechar a porta para que ninguém os apanhe a entrar.
- Perderam o horário de visitas outra vez? - digo desviando o olhar para a roda gigante, lá ao fundo, longe do meu alcance…
Ambos reparam na forma como encaro a roda gigante e o Nataniel, com um pontinho de pena na voz, acrescenta:
- Alex…
- Sim?
- Ela não te vai deixar ir outra vez, pois não?
Baixo a cabeça, com as lágrimas a ameaçar. Porque que raio é que a minha mãe NUNCA me deixa sair?! Posso estar doente, e por mais complicações que a B.cepacia possa trazer, isso não é desculpa para eu ter de ficar SEMPRE em casa! Eu só queria viver…
- Ela só te quer proteger Alex… - diz a Camila.
É então que a minha tristeza se mistura com espécie de frustração. Sinto-me frustrado por aquelas palavras, pela minha mãe, pelo meu pai, que nunca se pronunciam, pelas pessoas, por todos, todos os que estão a viver enquanto eu fico aqui fechado!
- Só me quer proteger?! Pois, mas não há outras formas de o fazer?! Já estou farto disto! Há anos que eu não saio! A minha vida tornou-se a minha doença! Isto não é viver, é sobreviver! Nem sequer posso ir à escola, não posso sair, não posso fazer nada! Só queria sair pelo menos uma vez, era só uma noite…
- Eu sei que tu querias muito ir ao festival… Mas podemos festejar aqui! Nós ficamos contigo… - sugere Camila.
- Não!... Não têm de ficar aqui por minha causa. Não são vocês que têm de ficar aqui presos, não são vocês que têm B.cepacia, sou eu… É melhor irem… A enfermeira deve estar a chegar.
Abraçam-me antes de sair.
Fico a pensar no festival. The RISE festival. Provavelmente já o viram no filme de uma princesinha da Disney. Rapunzel, acho eu. Não é que eu queira ver as lanternas flutuantes, simplesmente quero passar um tempo com os meus amigos fora de casa ou do hospital, sem ser às escondidas ou com supervisão.
Pouco depois entram os meus pais.
- Como estás?
Encolho os ombros como resposta, ainda a olhar para a roda gigante. Acho que foi o último local onde eu fui sem ser o hospital.
- Eu sei que querias ir, mas não convém adoeceres. Qualquer complicação pode ser fatal. - diz a minha mãe.
- Não posso nem ir lá fora por um bocado? Por favor!
Olho para um e para o outro. A minha mãe acena em negação e o meu pai, calado como sempre, não diz nada, não se pronuncia. Como se dependesse só da minha mãe eu poder ou não sair. Nem sei qual dos dois consegue ser mais irritante. Reviro os olhos e sento-me na mesa no canto do quarto. Pego numa pequena caixa de aquarelas, ponho um pouco de água na tampa da garrafa, agarro num pincel e começo a pintar as lanternas. Um monte de lanternas a flutuar um céu escuro e estrelado. Em seguida, pego num lápis e desenho três pessoas à frente da paisagem. Imagino como seria realmente estar lá, com a Camila e o Nataniel. Acho que não teria sobrevivido os dias no hospital sem as suas visitas proibidas.
Acordo no dia seguinte e olho para a pintura do dia anterior. É hoje. É o dia. Vou até à janela e olho para baixo, como faço todos os dias. Ao longo da rua, há barraquinhas de algodão doce, cachorros quentes, pipocas, vejo também um carrossel ao fundo da rua. Chega o médico para me fazer alguns exames. Parece que desta vez recuperei bastante rápido. Já podia ir para casa no dia seguinte.
- Senhor…
- Passa-se alguma coisa, Alex?
- Bem… Logo á noite é o festival… Eu… Eu queria mesmo muito ir, será que…
- Oh Alex, claro que podes ir! Como é óbvio ainda tens a doença, mas, neste momento, não tens sintomas por isso podes ir à vontade.
- Pois… Mas a minha mãe não vai concordar.... Acha que pode falar com ela? Por favor!
- Vou ver o que posso fazer. - concluiu, piscando-me o olho e saindo do quarto.
Encostei-me à porta e consegui ouvir parte da conversa.
- Acho que seria bom, para ele, sair um pouco, minha senhora. Apanhar um pouco de ar, estar com os amigos…
- Mas e se lhe acontecer alguma coisa? Nem sei o que faria se lhe acontecesse algo.
- Eu entendo, mas ele precisa de viver a vida dele.
No final da tarde, estou sentado à beira da janela como de costume. Parece que a conversa não deu em nada. É então que uma lanterna aparece a subir, devagar em direção à minha janela. Quando se encosta ao meu vidro, consigo ler, com alguma dificuldade, as palavras escritas a letra grande “vens ou não vens?”. Olho para baixo e lá estão, os meus pais, a Camila e o Nataniel. Pego num casaco e desço a escadaria do hospital a toda a velocidade.
- Vamos? - pergunta a minha mãe com um sorriso estampado no rosto.
Caminhamos ao longo da rua. Que saudades que tinha disto, de caminhar numa rua que não fosse a da minha casa, de sentir o vento a bater-me na cara.
Chegamos ao grande campo, onde compramos uma grande lanterna e escrevemos os nossos nomes. Assim que escureceu, lançamo-la ao ar. As lanternas flutuavam e, no fundo, um céu escuro e estrelado, tal como eu havia pintado…
Mariana Fernandes, 8.ºA