Uma agulha na Ilha da Reunião
O mundo, na sua imensidão, é uma estrada sem fim que ansiamos percorrer. Eu sou apenas uma agulha que teve a oportunidade de sair do seu palheiro e vivenciar uma das semanas mais enriquecedoras da minha vida.
Depois de 14 horas a sobrevoar Espanha, França, Itália, alguns países africanos e, por fim, Madagáscar, chegamos ao tão desejado destino, a ilha da Reunião. Para os que não sabem, esta ilha, há muito tempo atrás, era o destino de condenados a longas penas de prisão em França. Contudo, devido à sua beleza natural, esses condenados decidiram torná-la em definitivo a sua casa. O mesmo quase aconteceu comigo.
Quando saímos do avião, o primeiro impacto foi com temperatura elevada, exótica, húmida, colante, depois pegamos na nossa bagagem e iniciamos a aventura. Estava prestes a conhecer a minha família que me iria receber em sua casa durante a estadia, mas antes, enquanto suava a potes num autocarro repleto de culturas diferentes, apreciava a beleza da natureza e pensava para mim: “estou a viver um sonho.” Quando chegamos ao ponto de encontro fui tão bem recebida pela família que me aguardava, que imediatamente me senti parte dela. Na manhã seguinte fomos para a escola, conheci os outros alunos enquanto nos desafiávamos com a matemática e exercícios da vida real. Foi uma semana curta, mas repleta de desafios, o primeiro foi conhecer a cidade de St. Pierre, e que desafio. A cidade não era muito grande, mas era completa, rodeada de múltiplas culturas, onde o respeito pelo outro se sentia à flor da pele. O nosso segundo desafio foi apresentar e aprender os jogos matemáticos feitos pelos alunos, desde o “Jogo do Peixinho” até ao “Escape room”, para isso usamos a matemática de uma forma divertida. Nesse mesmo dia fomos até à praia, fizemos mergulho, mas a cereja no topo do bolo foi o magnífico pôr de sol, digno de um filme de Hollywood. No dia seguinte, vesti umas três camadas de protetor solar e repelente de mosquito, e fui escalar um vulcão! 18 km depois, estávamos todos de rastos, mas a paisagem e o sentimento de conquista interior compensaram as dores de pernas e o escaldão nas orelhas. Chegámos ao nosso penúltimo dia, onde conseguimos deixar uma marca de Portugal na ilha, pintando a nossa bandeira nas suas paredes. Foi uma tarde emotiva, partilhamos o que mais gostamos nessa semana, dançamos ao som de música tradicional e internacional, rimos e choramos. Foi então que o último dia chegou, é impossível explicar o que sentia quando abraçava as pessoas a quem dei a conhecer um pouco de mim, as lágrimas caíam dos nossos olhos, e o medo de não voltar a vê-los crescia à medida que o autocarro se aproximava. Apesar de ter sido apenas uma semana, tive o privilégio de me sentir parte de uma família que vive no outro lado do mundo.
O mundo, na sua imensidão, é uma estrada sem fim, repleta de culturas, de paisagens deslumbrantes, mas sobretudo de pessoas que te fazem refletir e crescer com as suas histórias.
Obrigada, Erasmus, mal posso esperar pela próxima aventura!
Lara Cave, 12.ºA