quinta-feira, 19 de maio de 2022

Oficina de escrita realizada no final do 2.º período com os alunos do 5.ºB e 6.B

 

Deixamos o registo de dois desses trabalhos ( outros serão posteriormente publicados)

 

Estranhas conversas

No domingo passado, estava eu com a minha mãe no centro comercial quando, de repente, ouvi uma voz meiga e baixa. Parecia sussurrar, mas, quando tudo observei à minha volta, não vi ninguém. Até pensei que fosse a minha mãe.

- Disseste alguma coisa, mãe? Falaste tão baixo que não te consegui perceber.

- Não disse nada! Olha, vou ali ver as roupas de criança. Quero comprar um casaco para o teu irmão.

Continuei a mexer aqui e ali para ver se algo me interessava. Repentinamente, ouvi outra vez:

- Ó camisola, ninguém te quer comprar? 

- Queria tanto ter alguém que me levasse e cuidasse bem de mim! – respondeu uma camisola com ar triste por ainda estar na loja.

As calças azuis continuaram a conversa:

- Gosto muito de estar aqui. Temos sempre muitas visitas.

- Eu não! Quero sair num corpo jovem, esbelto e giro. Quero viajar! – respondeu a camisola, já com voz zangada e impaciente por estar ali há muito tempo.

Tinha vindo da China, fizera a viagem dentro de um camião, embalada com outras peças. Umas já ali não estavam, outras continuavam penduradas e imóveis. Por sua vez, as calças, com espírito nacionalista, diziam orgulhosamente que tinham nascido em Portugal e ali gostariam de continuar.

Entretanto, uma jovem aproximou-se e pegou na camisola que esboçou um grande sorriso e lá foi amassada nas mãos daquela estranha que, sem pensar muito, a comprou.

As calças, com ar de enfado, lá continuaram na loja, agora silenciosas.

 Ou teria eu imaginado esta conversa?

 

Mariana Lopes e André Veloso, 5.ºB 

 

 

Roupas Falantes

Certo dia, eu e a minha mãe decidimos ir ao centro comercial para comprar algumas peças de roupa.

Quando chegámos, avistámos lojas com montras repletas de roupas coloridas e modernas. A minha mãe, com um sorriso de orelha a orelha, disse-me de imediato:

- Vamos ver aquela loja, filho!

E eu, não querendo contrariá-la, aceitei.

Dentro da loja, encantado com tudo, a minha mãe reparou em duas camisolas muito bonitas. Afastou-se de mim para as vestir e eu encostei-me a uma prateleira enquanto aguardava pela sua presença com as camisolas novas. Foi então que comecei a ouvir murmúrios:

- Estou farto de estar aqui! Ninguém me escolhe! - disse, com um ar zangado, uma camisola vermelha com bolas pretas.

- Eu também! - disse, com uma voz rouca, uns calções amarelos fluorescentes.

Achando estar maluco, olhei e não vi qualquer ser humano próximo de mim. Quem estaria a falar? Afastei-me e procurei a minha mãe que mexia nalgumas peças de roupa. Aproximei-me e ouvi mais uma vez:

 

- Tenho a certeza que ela me vai escolher, pois sou muito mais bonita do que tu. Sou fresca e jovem e tu tens um ar cansado e aborrecido! – disse, muito vaidosa, uma camisola branca com detalhes pretos.

- Eu não teria assim tanta certeza, pois a senhora parece gostar muito de mim. Já reparaste como me afaga? – respondeu-lhe, de forma mais humilde, uma camisola azul.

E foi o que aconteceu. A minha mãe escolheu-a, o que deixou a camisola branca com ar enfurecido. Eu continuava sem perceber o que estava a acontecer. Tentei contar à minha mãe, mas ela disse que foi tudo resultado da minha imaginação e do meu gosto por histórias bizarras. Era tudo tão estranho. Será que realmente aconteceu?

 

Diogo Fernandes e Simão Silva, 6.º B