Deixamos o registo de dois
desses trabalhos ( outros serão posteriormente publicados)
Estranhas conversas
No domingo passado, estava eu com a minha mãe no centro comercial
quando, de repente, ouvi uma voz meiga e baixa. Parecia sussurrar, mas, quando
tudo observei à minha volta, não vi ninguém. Até pensei que fosse a minha mãe.
- Disseste alguma coisa, mãe? Falaste tão baixo que não te consegui
perceber.
- Não disse nada! Olha, vou ali ver as roupas de criança. Quero comprar
um casaco para o teu irmão.
Continuei a mexer aqui e ali para ver se algo me interessava. Repentinamente,
ouvi outra vez:
- Ó camisola, ninguém te quer comprar?
- Queria tanto ter alguém que me levasse e cuidasse bem de mim! –
respondeu uma camisola com ar triste por ainda estar na loja.
As calças azuis continuaram a conversa:
- Gosto muito de estar aqui. Temos sempre muitas visitas.
- Eu não! Quero sair num corpo jovem, esbelto e giro. Quero viajar! –
respondeu a camisola, já com voz zangada e impaciente por estar ali há muito
tempo.
Tinha vindo da China, fizera a viagem dentro de um camião, embalada com
outras peças. Umas já ali não estavam, outras continuavam penduradas e imóveis.
Por sua vez, as calças, com espírito nacionalista, diziam orgulhosamente que tinham
nascido em Portugal e ali gostariam de continuar.
Entretanto, uma jovem aproximou-se e pegou na camisola que esboçou um
grande sorriso e lá foi amassada nas mãos daquela estranha que, sem pensar
muito, a comprou.
As calças, com ar de enfado, lá continuaram na loja, agora silenciosas.
Ou teria eu imaginado esta
conversa?
Mariana Lopes e André Veloso, 5.ºB
Roupas Falantes
Certo dia, eu e a minha mãe decidimos ir ao centro
comercial para comprar algumas peças de roupa.
Quando chegámos, avistámos lojas com montras
repletas de roupas coloridas e modernas. A minha mãe, com um sorriso de orelha a
orelha, disse-me de imediato:
- Vamos ver aquela loja, filho!
E eu, não querendo contrariá-la, aceitei.
Dentro da loja, encantado com tudo, a minha mãe
reparou em duas camisolas muito bonitas. Afastou-se de mim para as vestir e eu
encostei-me a uma prateleira enquanto aguardava pela sua presença com as
camisolas novas. Foi então que comecei a ouvir murmúrios:
- Estou farto de estar aqui! Ninguém me escolhe! -
disse, com um ar zangado, uma camisola vermelha com bolas pretas.
- Eu também! - disse, com uma voz rouca, uns
calções amarelos fluorescentes.
Achando estar maluco, olhei e não vi qualquer ser
humano próximo de mim. Quem estaria a falar? Afastei-me e procurei a minha mãe
que mexia nalgumas peças de roupa. Aproximei-me e ouvi mais uma vez:
- Tenho a certeza que ela me vai escolher, pois sou
muito mais bonita do que tu. Sou fresca e jovem e tu tens um ar cansado e
aborrecido! – disse, muito vaidosa, uma camisola branca com detalhes pretos.
- Eu não teria assim tanta certeza, pois a senhora
parece gostar muito de mim. Já reparaste como me afaga? – respondeu-lhe, de
forma mais humilde, uma camisola azul.
E foi o que aconteceu. A minha mãe escolheu-a, o
que deixou a camisola branca com ar enfurecido. Eu continuava sem perceber o
que estava a acontecer. Tentei contar à minha mãe, mas ela disse que foi tudo
resultado da minha imaginação e do meu gosto por histórias bizarras. Era tudo
tão estranho. Será que realmente aconteceu?
Diogo Fernandes e Simão Silva, 6.º B