sábado, 26 de outubro de 2024

Inspirados por Cesário

 Quando entro na escola...

Quando saio de casa para ir para a escola

 

São oito em ponto 

Verifico se deixei tudo pronto  

Caminho para a escola, lentamente  

Sinto a brisa fria no meu olhar ainda sonolento. 

 

Piso o elevador sempre com o pé direito 

Desço cada andar enquanto me olho ao espelho, imperfeito 

A porta finalmente abre-se e encontro uma vizinha  

Mulher bela, dócil, trabalhadora e pequenina. 

 

Sigo o meu caminho, sem olhar para trás  

Com os auriculares nos ouvidos, ouvindo a música que me traz paz  

E cada passo que dou sinto-me mais livre enquanto o sol me irradia  

Devo dizer que é nesse momento que começa verdadeiramente o meu dia. 

 

Passo por lojas e cafés 

Alguns fechados, outros abertos e, às vezes, ponho lá os pés  

Com a minha voz, um pouco rouca, exclamo: "Bom dia Senhor Zé! "  

E ele serve-me o delicioso pão com manteiga e um aconchegante café. 

 

Deparo-me com as horas, estou um pouco atrasada  

Deixo um pouco do café e despeço-me de forma rápida  

Retomo o meu caminho, já curto…  

Admiro as árvores e ouço o cantar dos pássaros. 

 

Finalmente chego, após esta longa, curta caminhada 

Vejo os meus amigos, entro bem focada  

Respiro fundo e ajeito a minha camisola  

E agradeço, por mais um dia de escola. 

 

 

Sara Pereira, 12.°A



 Um universo chamado escola

     São oito horas e trinta minutos de uma manhã de inverno, chuvosa e ventosa. A minha mãe deixa-me à porta da escola para que apanhe o mínimo de chuva possível. É como uma galinha a proteger o seu pintainho, com a sua grande asa toda ensopada.

    Entro na escola após passar o cartão, atravesso o pátio, e, olho em redor. As flores, que outrora tinham uma cor vibrante e que libertavam aromas deliciosos, estão agora despidas. O mesmo acontece com as árvores. Aquelas que nos abrigavam, com as suas enormes copas, do sol intenso, precisam agora de casacos para combaterem o inverno. É triste o inverno, e empresta essa tristeza à escola.

    Quando atinjo o átrio da escola, penso e acho que não tenho lugar para mim. Aquele átrio que em tempos solarengos estava vazio, pois toda a gente queria aproveitar ao máximo o exterior, está, agora, completamente lotado. Parecem sardinhas numa lata demasiado pequena. Conversas, gritos, sussurros, gargalhadas, criam melodias confusas e um pouco desafinadas.

    Mas o que mais me intriga numa chegada à escola é a variedade de expressões que podemos observar. A ansiedade estampada no rosto dos mais novos por entrarem numa escola nova. E a revolta dos “mais velhos” por ali estarem, logo de manhã, parece uma tortura. Mas há, ainda, a felicidade daqueles que sabem que vão aprender, que vão crescer!

Maria João Barros, 12.ºB


Cartão de entrada

   A caminho da escola instala-se um silêncio ensurdecedor durante um percurso curto, embora pareça demorar uma eternidade. À medida que este vai chegando ao fim, pelas janelas vejo uma profunda vontade de cá não estar, uma sensação de obrigação e tédio intenso entre os passeios desta querida escola. Saio, e o peso do ar esmaga! É um peso que cansa e abafa, sem qualquer hipótese de fugir. Uma entrada melancólica, morta e de certo modo depressiva. Ao passar pelo portão, intensificam-se os pequenos murmúrios fracos e baixinhos num tom lento e vagaroso e eu sou acompanhado pelos rostos fechados e sem emoção.

  O tempo para o toque começa a apertar e à medida que vou subindo, vejo, sinto e ouço um subtil, embora facilmente notável, aumento de vontade. Há vida entre  as paredes brancas, pálidas e entediantes que nos rodeiam. Há convívio, há diálogos e há sorrisos. Será esta a mudança de ares pela qual esperámos desesperadamente todas as manhãs? Diante de toda aquela soturnidade, vê-se esperança, uma brisa que refresca, ainda que o frio do inverno continue instalado.

Desaparece por completo o silêncio e bruscamente fixa-se um desejo verdadeiro de cá estar. Há caras cheias e com paixão, e de repente tudo muda. A tão perturbadora hora do toque finalmente chega. Aí vê-se a diferença. Uns mantêm o entusiasmo e a vida entre os seus, outros retornam à palidez dos muros. É essa a diferença que um professor de bom espírito faz.

 Rúben Amorim, 12.ºB