Boa noite diário,
É em tom bem carregado e pensativo que te falo.
Não… ainda não chegou aqui, não te preocupes. Mas hoje, neste dia quente e
abafado, fala-se em “guerra”, em “isolamento compulsivo”, em mais uma morte em
Portugal, em mais centenas de infetados, em “estado de emergência nacional”
(aprovado há pouco tempo), em crise mundial, em prejuízos e roturas
financeiras…
Pensei que seria um dia mais calmo e no qual me abstrairia desta catástrofe
quando… uma ligação de um familiar em quarentena por estar em contacto com uma
pessoa infetada… mais uma para perguntar se estava tudo bem e debater mais um
pouco este tema horrível… Por hoje deve chegar, mas… outra mensagem para termos
cuidado e seguirmos as indicações da Direção Geral de Saúde.
Já chega! – disse eu – Vou antes estudar o nosso amigo Os Maias de Eça de Queirós. Foi sem dúvida tempo bem
investido.
Ah! Já me ia esquecendo. Tive a primeira aula digital que foi sobre funções
contínuas.
Amanhã trarei mais novidades.
Marina Peixoto (11ºC)
18.março.2020
Acho que vou iniciar o diário da quarentena questionando se isto é
filme ou realidade?!
Se é filme, não gosto do género!!!!!
Bem, dito isto, este será o meu primeiro dia do diário da quarentena.
No final de cada dia, enviarei os meus relatos.
Fiquem bem, keep safe, stay at home!
Isabel Friande
18/03/2020
Olá querido diário!
Hoje o meu dia começou às 8:30h, mas antes de qualquer coisa, tomei o
pequeno-almoço enquanto que, ao mesmo tempo, verificava as notícias e novidades
no meu telemóvel, tentando organizar mentalmente o meu horário para o dia. O
mais importante é verificar o e-mail, algo que ultimamente tem sido um ponto
praticamente indispensável do meu dia. Recebi pedidos e indicações do trabalho
que deveria seguir, e fiz o meu melhor para cumprir com as orientações que me
foram solicitadas. De forma a tornar mais agradável o ambiente de trabalho,
coloquei a minha playlist a tocar. Ouvir música deixa-me sempre muito feliz.
Qualquer tipo de música. De facto o que me cativa na música é a história por
detrás dela, cada música tem uma história para contar. Após o meu período de
trabalho, decidi ler um livro. No caso estive a ler uma obra chamada “A coragem
de Cilka” de Heather Morris. O livro fala sobre a sobrevivência de uma jovem que
após o período do Holocausto foi enviada para um campo de trabalhos forçados na
Sibéria. Ainda não terminei o livro, de modo que não posso estabelecer uma
opinião em concreto, mas até ao momento estou a gostar da história, e estou a
aprender muito.
O relato de hoje chega ao fim, e poderia ser o relato de um dia
perfeitamente normal, não fosse o vírus que anda por aí e que de certa forma
condiciona a nossa liberdade. Penso naquilo que o dia de amanhã me reserva, e
em simultâneo aquilo que o dia de hoje me proporcionou. E penso também no dia
em que tudo voltar ao normal, onde a normalidade será mais bonita do que nunca.
Teoricamente somos feitos de átomos, mas gosto de acreditar que somos
principalmente feitos histórias. E este momento, apesar de não ser um dos
melhores, será certamente uma grande história para um dia contar.
Joana Faria (10ºA)
18/03/2020
Querido diário!
Hoje acordei cedo, como o faço diariamente. Depois do pequeno almoço, liguei o computador e vi os
mails para iniciar o trabalho. Teria um dia diferente dos anteriores... Uma experiência nova na minha aprendizagem: uma aula de matemática à distância. Até para a professora seria novo! Correu bem! Percebi os conteúdo lecionados e de seguida resolvi os exercícios propostos para solidificar a matéria.
Durante o almoço em família, tentei descontrair e falar de diversos assuntos e desligar-me um pouco das noticias para não me deixar abater. Vivemos dias de muita angústia por tudo o que ouvimos nas noticias e não somos indiferentes a esta realidade mas, teremos de fazer, de uma forma responsável, a nossa parte: manter o nosso afastamento social. Estes momentos servem também para refletir e valorizar aspetos que, por vezes, nos passam despercebidos.
De seguida, voltei ao meu trabalho: enviei o trabalho de português à professora e estudei Física e Química e Biologia.
Após o jantar, parei para descansar... e aqui estou eu a escrever-te!
Inês Fernandes (10ºA)
Quarta-feira, 18 de março de 2020
Querido diário,
Hoje é um novo dia.
Através da janela do meu quarto observo o quão radiante está o sol. Começou
tímido no horizonte a lançar os seus primeiros raios, para depois perder toda a
sua vergonha e dar ao dia uma nova cor. Com o Sol trago também a inspiração
para o meu novo dia, que seja cheio de cor, apesar das circunstâncias.
Hoje assisti a três vídeo-aulas e resolvi alguns exercícios
matemáticos relativamente a essa mesma matéria. Depois decidi que haveria de
arrumar um armário cá de casa, onde costumo colocar as coisas que mais gosto.
Foi durante essa arrumação que encontrei algo que já havia esquecido que tinha
guardado precisamente naquele local. Era um CD que já tem alguns aninhos mas
devo dizer que, no seu interior carrega umas das minhas melhores recordações.
Este CD tem a data que corresponde ao ano letivo de 2008/2009, e sim, ainda
tinha apenas cerca de 5 anos. Ao ver as fotos presentes no CD reavivei memórias
e recordei pessoas, amigos e no fim de tudo senti que acabei mergulhada em
amizade e alma, vivacidade. É nestes momentos que me esqueço da catástrofe lá
fora.
Para terminar o meu dia queria deixar a ideia de que recordar é viver
e que a esperança tem que ser um companheiro de vida.
Cristiana Rodrigues (10ºB)
Quarta-feira, 18 de março de 2020
Querido diário,
Estamos hoje no terceiro dia de quarentena e resolvi, então, começar a
escrever-te. Como é expectável, a minha rotina diária foca-se principalmente em
estudar e tentar encontrar fontes de entretenimento, para fazer render o tempo
de isolamento; por essa razão, acho mais pertinente abordar temas / questões
que surjam ao longo do dia, e não necessariamente a minha rotina. E nada melhor
do que começar com o motivo desta quarentena: Covid-19.
Acho que é do conhecimento de todos que estamos a passar por uma fase
negra, a nível global, que não se cinge apenas à doença e às suas consequências
para o organismo humano, mas também à crise económica que tem vindo a crescer
nos últimos dias. É curioso pensar no quão rápido se globalizou o coronavírus –
em dezembro, confirmou-se o primeiro caso na China e, pouco tempo depois,
vários países registaram novos casos; hoje, 159 países lidam com o surto, cujo
foco está na Europa.
A comunicação social tem aproveitado para se debruçar quase unicamente
sobre esta doença, o que desencadeou uma onda de críticas, na medida em que
várias pessoas ficaram exageradamente alarmadas. Estamos, portanto, a ser
constantemente avisados do perigo iminente deste vírus, altamente contagioso:
devemos evitar ao máximo o contacto social e higienizar com frequência as mãos.
E é aqui que entra a faceta egoísta (e até mesmo ignorante) de algumas pessoas
que, mesmo estando ao corrente das medidas de prevenção desta pandemia, as
desprezam, mantendo a sua rotina habitual; ouvem-se entrevistas de pessoas que,
mesmo estando incluídas nos grupos de risco, afirmam que dificilmente serão
contaminadas – para além de se sujeitarem a um grande perigo, põem em risco a
saúde de outras pessoas.
Mas, como em tudo, há sempre um lado bom: a poluição a nível mundial
reduziu drasticamente desde que se estabeleceram as quarentenas. Temos, então,
a última prova que precisamos, de que os humanos são a causa de toda a poluição
e suas consequências. Talvez se possa, finalmente, entender que temos de por
rédeas a algumas atividades humanas, que são exaustivas para o ambiente.
Realço, por último, a necessidade de nos unirmos, para ultrapassarmos
conjuntamente esta situação.
Maria João Fontão (11ºC)
Querido diário,
A resposta ainda permanece negativa... ainda bem!
Hoje foi, mais uma vez, dia de fazer videochamada com os meus amigos e
de jogar Gartic®. Foi sem dúvida um momento para relaxar e esquecer, por
momentos, tudo aquilo que se tem passado à nossa volta.
Neste dia, senti, especialmente, falta do teatro, uma peça
importantíssima do meu puzzle. Todas as quartas depois das aulas tenho uma
sessão de Teatro. E a verdade é que já não me consigo ver sem esse momento.
O teatro é uma segunda casa para mim, uma família que me apoia em
todos os momentos e que me permite viver momentos inesquecíveis, da qual me
orgulho muito. Já o faço há 7 anos, anos incríveis que me ajudaram a crescer e
a desenvolver um gosto enorme por esta arte.
Acabei de saber que o país entrou em estado de emergência. Para mim,
não fará muita diferença e só espero que se estas medidas, que afetam e muito a
vida dos portugueses, estão a ser aplicadas sejam para que possamos regressar à
nossa rotina habitual o quanto antes. Enquanto isso não acontece, vamos sendo
responsáveis e aproveitando este tempo para experimentarmos coisas novas, em
casa… Quem sabe não encontramos um novo hobby.
Miguel Almeida. (11ºC)
Diário, 18/03/2020
Querido Diário,
Acordei para mais um dia de trabalho, cheio de alegria, aprendizagem e
companheirismo.
Começo a pensar nas saudades que tenho dos meus amigos e no que faria
para estar com eles. É nestes momentos que descobrimos o quão necessária é a
liberdade. É tão mau quando no-la retiram e pior ainda quando nós próprios a
retiramos, mas claro que neste tempo, há coisas que nos obrigam a parar, a
“FILTRAR” e pensar no que realmente importa. E, neste momento, é a saúde. Sei
que estou a fazer tudo que está ao meu alcance para me proteger a mim e aos
outros.
Nestes dias, acabei por
descobrir coisas que nem passavam pela minha cabeça, porque estes dias de
quarentena, dá-me tempo para refletir sobre os valores. São tempos de mudança.
Mas só espero, que ela venha para o bem de todos, é o meu maior DESEJO de hoje.
Filipa Mota (10º B)
Dia 3 da quarentena,
18/03/2020
Passaram-se dois dias
desde o meu último vestígio neste diário. Senti-me pouco inspirado ontem e por
isso não escrevi. No entanto, hoje penso que valha a pena partilhar o meu dia
nestas páginas.
Começo já a habituar-me à
rotina da quarentena, acordar, tomar o pequeno almoço, que acabo enquanto vejo
algo que deixei por ver durante a noite, abrir o mail, e, finalmente, fazer as
tarefas e quando der por tudo concluído, usufruir do meu tempo comigo mesmo.
Hoje, vi-me movido pela
minha infância. No meio de uma pesquisa no Youtube, deparei-me com uma das
músicas que acompanhava uma das minhas animações favoritas, por curiosidade e
mesmo para satisfazer aquele meu sentimento nostálgico, decide escutar. No fim,
já com a magia nos ouvidos, decidi que queria aprender a tocar aquela música na
guitarra! Não tenho jeitinho nenhum com as cordas, mas tenho um mês inteiro
para treinar o meu dedilhado.
Nada corria mal, mas há
sempre certas esparrelas vestidas de anjos que acabam por nos fazer cair nas
suas graças. Realmente, a parte de cair é verdadeira, mas de graciosa a queda
não tem nada.
Estou neste momento na
terceira temporada de Vikings, uma série sugerida pelo meu colega e amigo
Fábio. Estou a adorar a série e está decerto no meu top 5. A mistura de ação,
mitologia, história e até, eventualmente, de alguns romances torna a
história muito envolvente e viciante.
Hoje, são confirmados 642
casos de infeção pelo vírus mais famoso da nossa geração e infelizmente 2
mortes são também confirmadas. Espero que o caso não se agrave muito
mais.
Pedro Carvalho (11ºC)
18 março
2020
Querido
diário,
Hoje, tal como
nos outros dias, tive de me levantar cedo para realizar todas as tarefas que
tinha previsto para o meu dia.
Pela
primeira vez tive uma aula em formato digital que, a meu ver, correu
lindamente. Consegui acompanhar bem a matéria lecionada e nem parecia que
estava em casa, mas sim numa sala da escola. No meio de toda esta confusão em
que vivemos, este é também um tempo em que podemos experienciar coisas novas
que, de outra forma, não teríamos oportunidade de fazer. Acredito que esta seja
a primeira novidade de muitas outras que ainda estão para vir.
O principal
tema de conversa continua a ser esta epidemia que nos está a dificultar um
bocado a vida, impedindo-nos até de sair de casa e de estar com os nossos
amigos. Julgo que este é um momento que nos vai permitir refletir sobre as
nossas escolhas e decisões, dando-nos a possibilidade de pensar não só em nós,
mas sim em todos que estão a passar pela mesma situação.
Bem, por
hoje é tudo…
Matilde Carvalho (11ºC)
18/03/2020
Boa noite, Diário.
Hoje, acordei com a
incidência de inúmeros raios sobre o soalho do meu quarto. Exclamei em voz alta
“Que bela manhã! “. Comecei o novo dia a pensar no que iria fazer ao longo do
dia. Nada melhor para começar o dia com a realização dos trabalhos de
casa. Deste modo, ao realizar os trabalhos de manhã, tenho a oportunidade de
dedicar todo o tempo restante a outras atividades. Hoje, também, foi-nos
apresentada a primeira aula digital, a qual achei bastante interessante e
produtiva.
Sendo assim, durante a
tarde joguei video-jogos e também dediquei grande parte do meu tempo à prática
de atividade física, pois, apesar de ser obrigado a ficar em casa, isto não
implica a adoção de um estilo de vida totalmente sedentário, uma vez que o
desporto se revela como altamente benéfico ao ser humano. Para além de tudo
isto, decidi investir parte do meu tempo no desenvolvimento das minhas
capacidades literárias com a leitura do livro sugerido pela professora de
Português “Os Maias” escrito por Eça de Queirós.
Nos próximos dias,
começarei a realizar mais atividades no exterior e talvez comece a rever a
matéria dos anos anteriores como preparação para os exames nacionais. Conto-te
tudo nos próximos dias.
Fábio Rodrigues (11ºC)
este tempo… dia 5
18.Março.2020
Pouco passava das 6 horas, quando a mensagem caiu. Mais um amigo que
está doente… Que possa recuperar bem e rápido! Bom, mas vamos lá à vida –
pensei, logo de seguida, levantando-me.
O dia passou com muito trabalho (nunca imaginaria que isto fosse ser
assim! A este ritmo completamente louco…). Tantos mails. Tanto computador. Uma ida a correr à farmácia. Mas bem.
Quase todos os alunos responderam às propostas – espero que estejam a
aproveitar e a aprender.
De repente, uma ideia que chega do Líbano! Vamos gravar músicas para
embelezar as celebrações da Semana Santa e da Páscoa que os Jesuítas
proporcionarão pela internet? Que bom! Música (que não a do teclado do
computador)! Cada um faz as suas gravações em quarentena e, depois, juntamos
tudo. Que bom! Que bom!
Ah! O armário ali continua a olhar provocadoramente para mim à espera
que o arrume! Amanhã…
Margarida Corsino da Silva
Fragmentos do diário dos dias em construção
Segunda-feira, 16 de março de 2020
Já passa das 9h e o meu carro faz o percurso de sempre. Vou a caminho
da minha Escola e sinto uma tristeza nova e pesada…não há quase ninguém na
estrada, não estará quase ninguém na Escola. O quase total silêncio do percurso
e a minha absoluta solidão pesam e retiram ao tímido sol que desponta a luz e o
brilho.
Está frio lá fora. Cá dentro sou eu e o meu silêncio e uma inusitada
tristeza, a tal nova e pesada tristeza..
Chego ao meu destino. Os portões estão fechados. A pouca mas muito boa
gente com que me cruzo sorri e cumprimenta, com um “bom dia” que, em boa
verdade, é um triste dia. Não há vida na Escola. Está um silêncio igual à tal
tristeza.
Combinado o trabalho a fazer e enviados os e-mails urgentes,
despeço-me das pessoas e olho os espaços de uma casa que conheço tão bem com
olhar triste. Não vi os meus colegas de trabalho nem os alunos e era para lá
estarem. Deveriam lá estar, para tudo estar certo.
Falei com a Filipa e com a Paula. Disse-lhes que gosto muito delas. Em
troca recebi sorrisos.
Os dias são diferentes. Os dias são difíceis, mas continuam a ter
sorrisos.
Até já, querido diário.
Rosa Maria Martins