Querido
diário,
Estamos
assim há alguns dias desta quarentena e no primeiro dia que escrevo em ti.
Comecei a
escrever aqui por uma razão não muito feliz. No início, assim que vi a sugestão
de escrever um diário, não quis muito participar pelo simples facto do COVID-19
já ter uma presença enorme no meu dia-a-dia. Sempre que ligamos a televisão ou
vamos ao telemóvel lá está algo sobre o vírus. “Ele” já veio substituir as
habituais conversas que existiam cá em casa. Antes desta enorme propagação
falávamos sempre acerca do nosso dia, tudo o que se passou, se aconteceu algo
fora do vulgar. Neste momento o assunto é, na maioria das vezes, aquilo que
passa nos telejornais.
Apesar
disto, decidi arriscar e escrever qualquer coisa, pelo menos para libertar
aquilo que penso acerca de tudo isto. Tenho de confessar que nunca pensei que
chegaríamos até este ponto! Tudo aquilo que ouvíamos acerca de doenças que
assombraram as populações no passado, parecia um tempo tão distante! Mas não,
aqui estamos nós rodeados por esta pandemia. Por isso a atitude de ignorar este
vírus não deve ser mais tolerada, as famosas frases “só vou ali e já venho” e
“esse vírus não me pega” não devem ser mais pronunciadas. Vamos viver de
verdade esta quarentena! NÃO ESTAMOS DE FÉRIAS! Por mim, por ti, por todos nós!
A expressão “um por todos e todos por um” nunca fez tanto sentido como nestes últimos
dias.
Bárbara
(11ºB)
Olá, meu
diário.
O dia está
a acabar. Foi mais um dia deste tempo estranho, um tempo diferente e
difícil.
Hoje é
feriado na Póvoa de Lanhoso, o feriado municipal, dedicado ao Dia do Pai, a
todos os pais.
É
irónica esta vida!... Sempre fiz contas a este dia como um dia em que poderia
aproveitar sem ter de ir trabalhar e essa circunstância era agradável. Hoje
essa grata sensação de poder usufruir de um feriado não existiu.
Hoje, para além de já não ter a presença física do meu pai, também perdi a
agradabilidade de poder saborear um feriado…
Quem me
dera ter ido trabalhar, na terra em que se comemora com um feriado o dia de S.
José. Quem me dera!...
Ui,
parece-me que estou triste e pessimista!
Esquece
esses sentimentos, Rosa Maria! No próximo ano voltará a ser como dantes!
Usufruirás de um merecido descanso, neste mesmo dia. Voltarás a saborear a
grata sensação de poder usufruir de um feriado! Sorri, Rosa Maria!
Rosa Maria Martins
Dia 4 (19 de março de 2020)
Querido diário,
Hoje é um dia especial, é o dia daquele que está
sempre preocupado com o meu bem-estar, que me ajuda em tudo o que preciso e que
diz que a sua maior prenda é ter ao seu lado os filhos felizes e saudáveis. Essa
pessoa é o meu pai. Não há palavras para descrever o amor que sinto por ele e o
quão grato estou por tê-lo na minha vida. Todos os dias agradeço a oportunidade
de ter um pai como ele.
Neste dia, que é também o feriado local da Póvoa de
Lanhoso, costumo ir à procissão fardado de escuteiro. Como a procissão não
saiu, saí eu à rua para passear a minha cadela, logo após um belo almoço de
família onde a alegria reinou.
Certo de que para o ano será diferente, resta-nos ter
esperança de que tudo vai melhorar e a voltar a ser como dantes. Só depende de
nós.
A resposta manteve-se, embora, devido a outro mal que
não o COVID-19, tenha perdido uma tia-avó que me era muito querida. Vou ter
saudades daquelas tardes de domingo em que eu e os meus primos passávamos na casa
dela e nos oferecia bolachas e de todas as conversas que tínhamos… Até um dia.
Miguel Almeida.
(11ºC)
19 março 2020
Querido diário,
Hoje, como é feriado municipal na
Póvoa, decidi dar-me ao luxo de acordar mais tarde um bocado. Deste modo, dediquei
uma parte do meu dia ao estudo e à realização de alguns exercícios de
matemática e física e química.
Uma vez que a minha mãe hoje não
trabalhou, aproveitei para lhe preparar um lanche especial e fiz crepes. Foi um
dia para ela relaxar e recarregar baterias porque amanhã começa outra vez a
luta para ajudar quem mais precisa.
Como a atividade física é importante
nesta fase de isolamento e vários profissionais da área estão a disponibilizar
treinos em direto para quem se quiser juntar, a minha irmã e eu transformamos
este momento numa parte importante da nossa rotina! Este tempo, embora curto,
permite-nos abstrair do nosso dia e passar algum tempo de qualidade juntas.
Bem, por hoje é tudo…
Matilde Carvalho (11ºC)
19 março
Reflexões
sobre os dias da quarentena
O dia
começou solarengo. Nada como o rei Sol para nos animar nestes dias cinzentos e
cheios de tantas incertezas.
Fui para o
jardim, antes de começar a ler os mil emails que me aguardam. Com toda a gente
em casa, as tarefas multiplicam-se.
Testes para
corrigir! Não apetece mesmo nada. Bem, pode ser que a quarentena ajude!!! Qual
quê!!! Há que acordar os filhos que julgam que estão de férias e têm
trabalhos da escola que nunca mais acabam. O marido em teletrabalho, a casa
transformada num big office.
É gadgets
por todo o lado. Apetece fugir, mas para onde? Logo hoje que é feriado na Póvoa
de Lanhoso e teria um dia sossegado, com os filhos nas aulas, o marido na
empresa, iria tomar um café com os pais e dar um beijo ao melhor pai do mundo,
o MEU. Maldito vírus!!!
Ler os mails,
responder aos mails, estender a roupa, fazer o almoço, antes de almoço, voltar
a ler os mails, ler os whatsapps, enviar whatsapps...
Quero
voltar para a escola!!!! Quero que os filhos voltem para a escola. Quero a
minha old life de volta. Não quero mais globalização.
Bem, vou
parar de me queixar, tenho testes para corrigir e filhos para aturar e está
quase na hora de começar a fazer o jantar.
Amanhã volto
Eu sei que
isto é um diário, mas por favor, MANTENHAM-SE SEGUROS, FIQUEM EM CASA.
19 de março
2020
O mundo
está a passar por uma fase difícil.
A cada dia
que passa mais pessoas ficam infetadas com o Corona Vírus, basta ouvirmos as notícias
para sabermos que o número de infetados não para de crescer.
O governo pede para as pessoas ficarem em casa
e comprarem o essencial. E nós o que fazemos? Vamos para praias, ruas e
esvaziamos os supermercados como se estivesse a acontecer um apocalipse.
Portugal está doente. O mundo está doente.
Porém, uma
sensação prevalece no coração de cada um de nós, a esperança. Esperança de nos
conseguirmos controlar durante esta crise, esperança de conseguirmos salvar os
mais indefesos, esperança de podermos voltar a passear e voltar a ver pessoas.
Esperança de que tudo volte ao normal.
Marco Silva (12ºC)
19 de março de 2020
Há dias que trazem
a angústia no romper da aurora. Não pelas condições climáticas menos
apetecíveis, mas pela dor que nos recordam….
Hoje, o dia não
traz a angústia, ele próprio é angústia, dor, desespero, sofrimento.
O sofrimento dos
que estão presos em casa sem saúde, dos que estão presos em casa sem respostas,
dos que estão presos em casa sem condições, dos que desesperam, dos que não
conseguem ter uma palavra amiga, ainda que à distância.
Há dias que é tanto
o sofrer para viver…
Lurdes Silva
Quinta-feira, 19 de março de 2020
Querido diário,
O quarto dia de quarentena está marcado por um motivo diferente: é o
dia do pai. Escusado será dizer que este foi completamente estragado pelo
isolamento (agora da maioria do país), pois não podemos sair de casa. Ainda
assim, o tema que mais se adequa ao dia de hoje é o da paternidade.
Cada um de nós tem experiências (e, consequentemente, perspetivas)
diferentes no que se refere aos progenitores. Mesmo assim, são bastantes as
pessoas que estabelecem a imagem de “pai” como alguém distante, cujo amor pelos
filhos é insignificante e bastante menor que o das mães, o qual é considerado
como a mais pura forma de amor.
Mas será que é correto generalizar as coisas desta forma? Como é
óbvio, a resposta é não. Tal como há visões bastante negativas em relação aos
pais, também há visões positivas sobre os mesmos: ser pai significa ser
corajoso, trabalhador, carinhoso, lutador, enfim, herói – esta definição
adequa-se perfeitamente ao meu pai. Como é óbvio, sendo humano, o meu pai tem
defeitos, mas sempre me tentou educar dentro daquilo que acha certo, para que
eu cresça e tenha o melhor futuro possível.
Nem todos podemos ser pais, mas todos somos fruto de um. Portanto, se
ainda têm os vossos pais convosco, valorizem-nos.
Maria João Fontão (11ºC)
Este tempo… dia 6
19.Março.2020
Venço a tentação de não escrever hoje. Não era suposto o dia ser
assim. Seria um dia de presença. De abraços. De beijos. De agradecer tanto.
Tanto. Tanto.
Ontem, teria saído da escola ao som de música, de gargalhadas, dos carrinhos de choque e do carrossel. Com cheiros e sons de alegria! Tudo teria o sabor a festa. Tudo estaria vestido de festa. Era o S. José na Póvoa. E, hoje, estaria com o meu pai. Agradecendo a vida que me foi entregue por ele. A sua presença. O ser filha. É certo que estive. Várias vezes, até. Pelo telemóvel. Pelo skype. Pelo whatsapp. Mas gostava que tivesse sido de outro modo… [Famoso vírus, é oficial: estou mesmo zangada contigo!]
Agora, a fechar o dia, olho para S. José. Vejo-o, retirado, a segurar uma luz na gruta escura. Uma luz que a ilumina. Vejo-o a cuidar de Maria e do Menino. E digo-lhe: que o meu olhar e o meu coração se fixem, hoje, em Ti, José, e que eu cante contigo. Sem palavras. No silêncio. Na gruta escura. Iluminando-a.
Margarida
Corsino da Silva
19/03/2020
Dear diary,
Today, as you know, it is Father´s day.
Usually, in this day, I go to Póvoa de Lanhoso with some of my friends because
there are a lot of carrousels, as for instance the bumper cars, the kangaroo,
the spider that are the ones that I like the most and also some music playing. I
can even say that this day, normally, is the happiest day of all year. However,
due to quarantine, I could not celebrate this local holiday and as a result I
didn’t like so much this day. So, thank you Corona Virus!
I stayed all day in home playing some computer
games, cooking, playing some piano songs. I was going to study some subjects,
though I did not feel so motivated. Maybe, after writing this diary I can read
a book, just to don´t feel a lazy guy and don’t have a guilty conscience. This
is it; I don’t have anything interesting to tell you. I hope tomorrow will be a
better day.
Good bye my old friend.
Fábio Rodrigues
(11ºC)
Reflexão de uma Pandemia
Passaram se alguns dias desde que a OMS declarou que o novo
coronavírus se configura como uma pandemia. Os números de casos não param de
aumentar e o medo também não…
Já são mais de 242 000 casos no mundo, quase 800 em
Portugal e o coração aperta, aperta… e faz-nos refletir sobre a situação: Será
esta pandemia uma espécie de sistema de autodefesa do planeta Terra? De facto,
segundo a Agência Internacional de Energia, o mundo está a emitir menos um
milhão de toneladas de Co2. Para além disso, os canais de Veneza nunca estiveram
tão limpos. Não traz apenas desvantagens, há que ter isso em conta.
Portugal decidiu encerrar as escolas e neste momento somos um
país stressado e a meio gás. Há quem pense que os alimentos e afins se irão
esgotar e gastam balúrdios nos hipermercados sem motivo aparente. A ignorância
chega a ser preocupante. Haja discernimento.
Encontro-me em quarentena com os restantes milhares de
estudantes portugueses, impotentes e limitados a um espaço.
"Aos vossos avós foi-lhes pedido para irem à guerra, a vocês pedem-vos para ficar no sofá.” Foi uma frase não da autoria
de Rodrigo Guedes de Carvalho, mas que chegou a mim através dele, que dá no
mínimo que pensar.
Apesar da insegurança e medo vividos, há uma coisa que
permanece em nós: a esperança. A esperança de que vamos poder voltar a ter uma
vida normal com tudo o que ela tem direito.
João Oliveira (12º C)