Querido diário,
Amanhã inicia-se a segunda semana
de aulas digitais. Vai ser um novo desafio com novas aprendizagens. Estes dias
continuarão a testar as nossas capacidades de concentração, produtividade,
gestão, organização…
Estou especialmente satisfeita com
as ondas de solidariedade que vão surgindo para ajudar aqueles alunos que não
têm computador ou tablet e internet em casa e que assim não podiam ter acesso
aos conteúdos enviados pelos professores e presentes em diversas plataformas,
estando extremamente condicionados no seu estudo.
Marina Peixoto (11ºD)
19/04/2020
Querido diário,
Gostava
de te poder contar alguma novidade ou alguma coisa boa que me tenha acontecido,
mas lamento, não te posso contar nada disso. Há já um mês e alguns dias que me
encontro em casa, sempre com a mesma rotina, sempre a ver a mesma mobília,
sempre no mesmo espaço.
Nem
sei o que pensar, está tudo tão estranho. A escola foi obrigada a fechar duas
semanas mais cedo e esse fecho mudou tanta coisa. O que mais me custa, porque
era o que mais estava habituado a fazer, é não poder estar com os meus amigos,
pois com eles tudo se tornava simples e natural. Com eles podia falar de tudo
que eles compreendiam sempre, trocávamos ideias e ajudávamo-nos uns aos outros
quando fosse possível.
Agora como é pedido pelas autoridades
superiores temos que estar em casa, e é o estar em casa com tanto tempo
disponível que me apercebi o que realmente se passa “lá fora”. Apercebi-me de que
“lá fora” tudo está um caos, milhares de pessoas a ficarem doentes (desde os
mais jovens aos que já deram tanto à vida), milhares de famílias a ficam “sem
chão”, pois perdem os seus familiares mais queridos. Por outro lado, vemos
também milhares de heróis a sair de casa, a arriscar as suas vidas para salvar
as nossas, sim as nossas, pois ninguém está isento de precisar da ajuda
destes “hoje” heróis que nem sempre forma olhados com a dignidade que mereciam
e alguns nem o salário que lhes era devido recebiam…
Querido
diário despeço-me ti com uma frase de Fernando Pessoa que acaba por representar
o meu sentimento interior, pois eu gostava sinceramente de poder ajudar as
pessoas que mais estão a sofrer com esta pandemia, gostava de levar uma palavra
de gratidão a todas os heróis.
“Tenho
sentimentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade
às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens”
Tiago Gonçalves (12.ºB)
Domingo, 19
de abril de 2020
Querido
diário,
Estamos,
hoje, no trigésimo quinto dia de quarentena e, ultimamente, tenho reparado que
os laços entre as pessoas são subvalorizados. Sinto que a humanidade esteja, de
certa forma, separada, sem que haja aquele convívio e afeto que as pessoas das
gerações mais antigas descrevem.
Penso que,
mais uma vez, este afastamento se deva ao desenvolvimento tecnológico. Como já
te disse, a maior presença de tecnologia de ponta nas nossas vidas modifica a
forma como vivemos e, consequentemente, a forma como agimos. Parece que os
aparelhos tecnológicos roubam a nossa atenção, não restando nenhuma ao que é
mais importante. E aos aparelhos tecnológicos podemos acrescentar todos os
outros bens materiais que parecem ser o centro das atenções da sociedade de
hoje em dia.
Vemos cada
vez mais jovens a sentir-se tristes e depressivos, e talvez esta seja uma das
razões. Uma vida cujo foco são bens materiais e crescimento económico torna-se
tão vazia e fútil que deixa de haver motivo para a felicidade. As pessoas têm
que voltar a valorizar a importância do afeto e entreajuda pois, a meu ver,
isso é o que traz a felicidade; não os bens materiais.
Maria
João Fontão (11ºC)