25/04/2020
Querido diário,
Já faz tempo
desde a última vez que te escrevi. A confusão gerada à nossa volta, tem-me
deixado um pouco desnorteada e por vezes esqueço-me de parar para refletir
sobre os meus dias e sobre a vida. Sinto-me mais atarefada do que em tempo
normal, o que faz com que não tenha grande tempo para fazer algo de novo ou que
realmente goste. Mas hoje foi diferente, acordei e achei que estava na altura
de fazer algo melhor. Já desisti de contar os dias que passaram desde a última
vez que as nossas vidas estavam nos eixos, a certa altura já me sentia uma
louca a contar pelos dedos e a pensar se não teria sido mais o tempo em que
estamos nesta situação. Acabei também por deixar de ver tanto as notícias. Ainda
que ache ser bastante importante mantermo-nos informados em tempos como estes,
estavam a ter impactos negativos no meu dia-a-dia, pois estava constantemente
preocupada com o mundo lá fora e não conseguia ser tão produtiva e otimista
como gostava.
Os dias têm passado
sem que eu dê conta, talvez por parecer sempre segunda-feira, ou então domingo.
Não há quase nada de novo em cada um deles que me ajude a distingui-los. Queria
contar-te algo de interessante, mas eu não estou a conseguir ser criativa….
Começo as aulas bem cedo como de costume, ainda que de um método bem inovador. À
tarde continuo o trabalho da manhã, uma vez que aproveito para estudar e
compilar tudo o que foi dado em aula durante a manhã. Quando sobra um pouquinho
de tempo, obrigo-me a fazer exercício… sempre ouvi dizer, “mente sã, corpo são”
e acredito mesmo que esta tem sido a única forma de me manter ativa e mentalmente
saudável.
É incrível
percebermos como em tão pouco tempo o mundo parou sem que tenhamos o controlo
total sobre isso, como o Homem está habituado a ter. Resta-nos apenas
sermos pacientes e responsáveis, só assim conseguiremos chegar ao fim de dias
tão difíceis como estes. Mas tenho esperança.
Ana
Margarida Guimarães (12.ºA)
DIÁRIO1
Seja o que for
Será bom.
É tudo.
Hoje, quando lia o texto da Marina Peixoto no aepl.estetempo,
ocorreu-me, de imediato, a visão de Diário
de Daniel Faria. Também ela me foi dada a conhecer pela professora Margarida.
Quando contactei com poema a primeira vez não consegui ver o
alcance daquelas palavras. Hoje, tento bebê-las. São um néctar para os meus
dias. Baixo a guarda e a riqueza da mensagem faz-me num instantinho agradecer o
que tenho … e é tanto.
Lurdes Silva
Dia 23 (25 de abril de 2020)
Querido diário,
Hoje é
um dia muito especial, um dia que marcou, por completo, a história do nosso
país.
Um
feriado nacional, símbolo da liberdade, que hoje foi passado, ironicamente,
dentro de casa. No entanto, a liberdade não é só física. Felizmente, nos dias
de hoje temos liberdade para pensar, para falar e para sermos quem desejamos.
Há 5
décadas, tínhamos os heróis de abril a lutar pela quebra do estado ditatorial.
Agora, compete-nos a nós definirmos o rumo desta pandemia.
“É
importante que não deixemos murchar o cravo que abril floriu”.
Miguel Almeida (11ºC)
Sábado, 25 de abril de
2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
quadragésimo primeiro dia de quarentena, marcado pelo Dia da Liberdade,
bastante diferente do usual: celebra-se a liberdade em casa.
Há algum tempo,
falei-te da liberdade, e da importância dela. Hoje em dia, o regime político
português presa pela aplicação dos Direitos Humanos (havendo, mesmo assim, quem
fuja à “regra”). Mas nem sempre foi assim: de 1933 (este foi o ano em que o
regime do Estado Novo teve início, porém, a ditadura militar teve início em
1926) até 1974, Portugal viveu uma ditadura, marcada pela ausência de liberdade
e igualdade. Aqueles que se opunham ao governo eram punidos severamente; o
marido tinha total controlo sobre a mulher, podendo, legalmente, matá-la, em
caso de adultério (a violência doméstica não era crime); só quem tinha posses
económicas podia estudar; coisas tão banais como beber Coca-Cola ou dormir num
banco de jardim eram proibidas. Estas eram apenas algumas das restrições que o
regime salazarista impunha, as quais só tiveram fim após a Revolução do 25 de Abril.
Por muito que ainda não vivamos
numa sociedade em que haja total igualdade e justiça, devemos o nosso
livre-arbítrio a quem arriscou a vida por um golpe militar, com vista a
garantir um melhor futuro para o nosso país. Mesmo celebrando este dia em casa,
devemos sempre lembrar-nos destas pessoas, e nunca fazer com que esta data caia
no esquecimento.
Maria João Fontão (11ºC)
Querido diário,
Hoje é dia 25
de abril e esta é uma data muitíssimo importante para Portugal. Comemora-se a
Revolução dos Cravos com a qual se pôs fim à ditadura e se implantou a
democracia. O cravo vermelho é o grande símbolo da Revolução de Abril de 1974,
porque estes foram distribuídos pelos soldados que os colocaram nos canos das
espingardas.
Por este ato
revolucionário há 46 anos, agora, somos livres, nunca esquecendo os deveres que
temos enquanto cidadãos. Este ano, o país não pode celebrar esta data como
acontecia dantes. Não houve manifestações antifascistas nem uma grande
comemoração na Assembleia da República. Foi algo restrito, sem guardas de
honra, com poucos deputados e com meia dúzia de convidados, devidamente
espalhados pelo parlamento para manterem a distância de segurança.
Tenho pena
que em algumas partes do mundo existam ainda situações como aquela que os
portugueses viviam antes deste dia tão especial.
Viva a
liberdade!
Marina Peixoto (11ºD)
Este tempo… dia 43
25.Abril.2020
Não sou de lutas partidárias. Mas
sou de causas políticas. [São coisas diferentes – o homem é um animal político.] E luto e dou mesmo a cara por elas.
Hoje, 25 de Abril, acho que nos faltou liberdade para festejar a liberdade. Não
falo da liberdade em falta por causa do confinamento que nos foi imposto. Falo
da falta de liberdade criativa para festejarmos aquilo que nos é permitido
viver em cada dia (confinados ou não). Nos últimos tempos, têm-nos sido
pedidos, individual ou comunitariamente, gestos criativos e inesperados para
celebrar datas e momentos essenciais na nossa vida. Hoje, como país, a meu ver,
não fomos capazes de o fazer – como país, tivemos de celebrar como sempre o
fizemos. O que diz isto da forma como vivemos a liberdade que, entretanto, -
achamos nós - alcançámos? A liberdade define-nos. Não deixemos que nos
escravize.
Que a força e a beleza das
palavras cantadas então nos permitam ver, hoje, em cada rosto, sem idade, onde
quer que seja, um irmão. A igualdade. Mesmo!
Margarida Corsino da Silva