Quarta-feira, 12 de
maio de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
quinquagésimo oitavo dia de quarentena. Ultimamente, tenho-me dedicado bastante
à prática de desporto, dado que tenho estado “presa” em casa e, como tal, bem
mais parada.
Penso que,
frequentemente, a atividade desportiva seja desvalorizada. Quando se pensa numa
dieta, o que nos vem imediatamente à cabeça é uma mudança de hábitos
alimentares que, apesar de também ser importante, não é a única coisa que
define uma dieta – o desporto também é muito importante. E não é só neste caso
que o desporto é subvalorizado: por muito que possa não parecer, esta prática
ajuda bastante na estabilidade emocional – pessoalmente, quando acabo de
treinar, sinto me mais bem disposta.
A meu ver, o desporto devia ser
mais visto como uma solução para vários problemas, sejam eles físicos ou
psicológicos, e não só como uma forma de melhorar a nossa aparência.
Maria João Fontão (11ºC)
12/05/2020
Quando finalmente vemos as nuvens
a desaparecer... elas voltam, ainda mais negras.
Pois é, estávamos quase a
sair desta quarentena impunes, semanas mais tranquilas pareciam avizinhar-se,
até que algum ser vivo de uma espécie ainda desconhecida pelos cientistas
resolve assassinar a própria filha (filha esta que segundo ele era muito
ciumenta e tinha fugido de casa por ciúmes do irmão mais novo). Como se não
fosse suficiente matar a filha, colocou montes de pessoas expostas ao vírus com
as buscas e etc, até ser exposto por um dos filhos da mulher. Exatamente, o
nosso amigo, que pelos vistos bebe cerveja enquanto dezenas de polícias buscam
a filha, foi visto a entrar na casa de banho onde matou a pobre menina e isso
claro, levou à sua prisão.
Não era suposto a
seleção natural lidar com este tipo de problemas? Às vezes, torna-se
difícil acreditar que vivo no mesmo mundo que certas pessoas e que partilho
certas características com as mesmas.
Espero que esta seja a única
tempestade destes tempos. Estamos prestes a vivenciar algumas das semanas mais
importantes das nossas vidas e é imperativo que tudo seja feito de maneira
correta.
Temos que ler este
capitulo muito lentamente para não falhar em nenhum detalhe, pois se tal
acontecer, teremos que recomeçar.
Pedro Carvalho (11ºC)
Querido diário,
Hoje, depois de
realizar todas as tarefas, vi um filme muito comovente proposto pela professora
de filosofia. “Ensaio para a cegueira” retrata o caos que uma doença infeciosa,
a cegueira, causou no mundo. Todos aqueles que se infetavam ficavam cegos
instantaneamente. Inicialmente, um grupo de pessoas foi enviado para quarentena
num hospital abandonado e deixados por sua conta, sempre controlados por
guardas. Tudo ficou uma imundice apesar dos esforços de uma senhora, imune, que
tentou sempre liderar juntamente com o marido, cego, médico. Após várias
peripécias, todos aqueles que ali se amontoavam e tentavam sobreviver viram-se
livres. Mas pior ainda foi o que eles “viram” quando saíram. Quase ninguém via,
todos lutavam por viver mais um dia, as ruas estavam apilhadas de lixo e gente
desnorteada, cega, faminta, pobre, desalojada, suja, não havia luz, água, nem
comida suficiente, pela qual tentavam apoderar-se, roubando, dentro das suas
possibilidades e esperteza. Porém, o final é um voto de esperança no meio
daquela devastação.
É realmente um filme
muito tocante e com o qual podemos fazer um certo paralelismo com a vida atual.
Ninguém escapa à doença infeciosa. Contudo, penso que a COVID-19 é bem melhor.
Parece algo estúpido de se dizer, mas sim, parece-me melhor. Mesmo morrendo
muita gente, mesmo muitos serem infetados, mesmo a pobreza e o desemprego terem
aumento, mesmo cada país estar a entrar em recessão económica, onde se
avizinham anos complicados. Mesmo todos os aspetos negativos, nós temos tudo.
Comida, água potável, luz, gás, eletricidade, família, casa… Ninguém nos deixou
ao abandono (exceto alguns países, claro, que não conseguem dar conta de todos
os cidadãos), existem imensas pessoas a dedicar-se aos outros, as ruas
continuam limpas, organizadas, a vida não para e tudo rola dentro da
normalidade possível. Talvez só vendo o filme, o que recomendo, conseguirás
perceber.
A crueldade, a
frieza, a cobardia, o egoísmo, o lado animal do ser humano é profundamente
retratado, contrastando com a fragilidade, solidariedade, sacrifício, união,
compaixão, esperança das personagens principais. São duas realidades opostas
postas à prova num momento tão delicado e complicado como aquele ou este que
todos vivemos.
“Quanto mais forte for a nossa
união, mais poderosos seremos!”
Marina Peixoto (11ºD)
Hoje vivemos
um tempo difícil. Mas sabemos que não é tempo de desanimar nem desistir, mas da
procura do equilíbrio para o bem comum.
Tiago
Gonçalves (12ºB)
Ponho palavras em cima da mesa, e deixo
que se sirvam delas, que as partam em
fatias, sílaba a
sílaba, para as levarem à boca - onde as
palavras se
voltam a colar, para caírem sobre a
mesa.
Assim conversamos uns com os outros.
Trocamos
palavras, e roubamos outras palavras,
quando sabemos que estão
a mais. Em todas as conversas sobram as
palavras.
Mas há as palavras que ficam sobre a mesa
(...)
Nuno Júdice
Saibamos usar as palavras. Cada sílaba que as
(en)forma confere-lhe o sentido. E todo o sentido na nossa língua é muito.
Saibamos dar-lhe a importância que ela tem. Saibamos respeitá-la. Preservar a
nossa língua é garantir a nossa identidade.
Lurdes
Silva