quinta-feira, 28 de maio de 2020

aepl.estetempo 28.maio.2020



Quinta-feira, 28 de maio de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo quarto dia de quarentena. Ontem falei-te de racismo, mas não te falei de uma história em particular, ocorrida na segunda-feira, em Minneapolis.
Como, infelizmente, é o mais comum, a vítima era de cor negra: George Floyd foi assassinado por um polícia (se é que lhe podemos chamar assim), cuja intenção era puramente maldosa e racista. George foi asfixiado, enquanto pedia ajuda ao agente, já sabendo qual seria o seu destino.
Não tenho palavras para esta situação. E se o assassinato já era suficientemente angustiante, saber que o assassino era um polícia, agrava a situação. A função de um polícia é ajudar, socorrer; não é rebaixar, nem agredir, muito menos matar.
Vivemos num mundo em que o desenvolvimento económico é muito mais valorizado do que o desenvolvimento de mentalidades, de ideais. É triste saber que num país como os EUA, tão desenvolvido em termos económicos, há tantas mentes retrógradas e ignorantes, que constantemente agem de maneira racista e preconceituosa. É claro que, infelizmente, várias pessoas agem desta forma, por todo o mundo, mas na história dos EUA estão várias pessoas, que lutaram e morreram pelo combate ao racismo; penso que já estaria na altura da população daquele país (generalizando) e, acima de tudo, o seu governo, reconhecerem que todas essas pessoas estavam /estão certas: a cor da pele não passa disso – uma cor.
Porquê odiar alguém apenas porque a sua cor de pele é diferente da nossa? Essa aversão não tem qualquer fundamento ou justificação válida – apenas maldade.

Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

A nossa sociedade quase que forçadamente impõe certos modelos que massivamente são apresentados à população como algo que esta deve seguir. Estou a falar da publicidade ou das publicações nas redes sociais que nos apresentam uma marca, um estilo de roupa, um produto ou uma forma do corpo. Isto faz com que as mentes fiquem muito restritas e que os leques de oferta nem sempre sejam diversificados. Tudo o que é produzido vai seguir essa moda e nós somos obrigados a seguir aquilo, independentemente da nossa opinião.
Quando falo em roupa, calçado ou acessórios, refiro-me concretamente a um estilo dominante que leva todo um conjunto de pessoas a adotar e a comprar compulsivamente, não porque precise, mas porque tem que estar atualizada, dentro do padrão e como este ou aquele influencer. Isto torna todos iguais e deixa de existir um espírito inovador, diferenciador, original e genuíno, muitas vezes visto com desdém. Ironicamente, quem não segue a moda é excluído, só porque tem uma opinião, porque não é consumista e porque quer ser livre e feliz.
Em termos de ideal corporal, existe um padrão de beleza bastante rígido. Constantemente, deparámo-nos com modelos, manequins, cartazes publicitários em que aparece alguém com um corpo fit. Acha-se que esse tipo é o ideal e que quem não é assim, é imperfeito. Algo absurdo e irracional.
Cada um é como é, e ninguém tem que criticar. Quer eu tenha roupa dos anos 90 (até estilosa), quer eu tenha um telemóvel de teclas (bem práticos e duradouros por acaso), quer eu seja plus size (um corpo lindo como qualquer outro), quer eu use os mesmos ténis há anos (porque estão perfeitamente bons), ninguém tem o direito de manipular o meu eu.
“Cuidado ao seguir os padrões impostos pela sociedade e esqueceres-te dos padrões que realmente te fazem feliz!”
Marina Peixoto (11ºD)



Póvoa de Lanhoso, 28 de maio de 2020

Cresci em liberdade. Liberdade de movimentos, de afetos. Nunca a questionei, pois era o nosso padrão de vida. O beijo e o abraço de saudação ou de despedida, a gargalhada solta e próxima, o toque amigo e fraterno, os almoços de família nos avós eram hábitos de uma normalidade inquestionável. Nem nos pesadelos mais soturnos, surgiu qualquer indício de que esta vida nos fosse roubada. Guerras. Sim! Epidemias. Sim! Desgraças também! Mas estavam lá longe! Na História, no papel do passado, num tempo longínquo, absolutamente irrepetível.
Chegou 2020! Mais um ano, ainda mais promissor, adivinhando grandes mudanças pessoais. E a mudança, esperada apenas no final do verão, chegou mais cedo, em março. Inesperada, abrupta, esmagadora! E o beijo e o abraço de saudação ou de despedida, a gargalhada solta e próxima, o toque amigo e fraterno, os almoços de família nos avós foram obrigatoriamente guardados na bagagem das lembranças sem data de entrega. Mergulhados no confinamento, estes atos emergiram com outras roupagens, e, na ausência física, as tecnologias foram os nossos coletes de salvação. Mantivemos o beijo e o abraço, a gargalhada, o toque, os almoços de família. Virtuais, sim, mas reais! Sofridos, sim, mas sentidos!
E, afinal, a liberdade, que achei perdida, nunca esteve em causa. Apenas assumiu outro rosto: porque “Continuamente vemos novidades”, temos de mudar o ser, temos de mudar a confiança.

Inês Lopes, nº8, 12.ºB


O Jornal. Nos dias de hoje, um pergaminho, uma relíquia em desuso, quer pelos mais jovens, agarrados aos pequenos e grandes ecrãs, quer pelos mais velhos, pois, a vista já não é o que era.
Espalhados pelas ruas em pequenos quiosques e cafés, vão tardando o seu final infeliz. A imprensa cor-de-rosa não! Essa ainda cativa um povo curioso, coscuvilheiro será o adjetivo mais certo, que anseia desvendar as vidas dos famosos e compará-las às suas vidas medíocres.
Já não estamos naquele tempo em que a pequena criança percorre as ruas, na sua bicicleta, deixando o jornal do dia à porta das casas. Bem, devo confessar que não tenho memória de algum dia a ter visto. Talvez seja mesmo apenas uma cena de um filme ou de uma peça de teatro.
As escolas bem tentam preservar esta arte. Algumas mensalmente, outras trimestralmente, oferecem aos seus alunos os seus próprios jornais. As atividades que existiram, alguns textos escritos pelos próprios alunos nas “aulas de línguas”… Contudo, a magia de escrever continua a ser realizada pelos professores, pois, quando pedem voluntários para o jornal da escola a resposta é um não. Ninguém deseja dispensar o “pouco” tempo livre que tem com mais trabalho.
Mas este tempo de confinamento que vivemos trouxe algo de bom. Páginas de diários escritos pelos alunos foram publicadas na plataforma virtual do nosso “Preto no Branco”. Diariamente podíamos ler o que os outros compartilhavam e inspirar-nos a escrever também. Afinal, tempo agora é o que nos sobra!
O que será necessário para trazer o jornal de volta ao nosso quotidiano?
A prática da escrita, sem dúvida!
Comecemos por escrever qualquer coisinha… uma página de diário… um simples comentário como este que estão a ler… uma frase por dia…
Com a prática surge o interesse e é nesse momento que dizemos sim! Sim, quando o professor pede para escrever uma composição de duzentas a trezentas palavras no teste ou em casa. E quando se sentirem confiantes o suficiente, participem no jornal da escola, tornem o “Preto no Branco” a vossa referência. Quem sabe se não será o início do vosso futuro.
Acreditem em mim, quando virem um trabalho vosso publicado no jornal vão sentir-se orgulhosos!

João Frei, 12.ºB