Sexta-feira, 29 de maio
de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
septuagésimo quinto dia de quarentena. Tenho-me apercebido que vivemos numa
época de falsos moralismos. Hoje em dia, todos transmitem a ideia de que agem
segundo o “politicamente correto”, repreendendo e criticando todas as más
atitudes que vêem acontecer.
É relativamente fácil
(pelo menos para mim) estabelecer um ideal do que seria a forma mais correta de
agir face às diversas situações. Por isso, também é fácil transmitir esse
ideal, usando-o para repreender aqueles que agem de forma errada; difícil é reconhecer os nossos erros e modificar a nossa
mentalidade de forma a usar o ideal que nós próprios criamos. É claro que as
atitudes incorretas têm que ser evitadas e que nem sempre os “ideais” que
criamos são os mais corretos. O que quero dizer é que criticar algo que nós
próprios fazemos é uma forma de hipocrisia: repreender o que está mal é
necessário, para tentar ajudar as pessoas a reconhecerem o seu erro, porém,
quando nós próprios cometemos exatamente o mesmo erro, é difícil dar o exemplo.
Por esta razão, sempre
defendi que é necessário refletir frequentemente sobre as nossas atitudes, para
que não caiamos no erro de fazer o que nós próprios criticamos. Viver à base de
impulsos, sem pensar naquilo que fazemos e nas suas consequências, dá origem a
vários dos problemas morais / éticos da atualidade. Só refletindo é que podemos
melhorar o nosso eu e, consequentemente, o mundo ao nosso redor.
Maria João Fontão
(11ºC)
28 de maio de 2020
Já não me recordo tão bem da sensação de normalidade. Acordar
de manhã, seguir para a escola para um dia de aulas, aprender com gosto, sem a
pressão do tempo. Costumava estar este calor que aquecia as minhas manhãs
quando eu apenas desejava ir para a escola para estar com os meus amigos e
conversar. Mas agora nada é igual... O calor manteve-se, mas tornou-se um
desespero que me abafa com a máscara que tenho de colocar à entrada da escola.
Esta máscara protege-nos, mas arrancou-nos os nossos sorrisos. Já não vejo
expressão na face de quem me rodeia, apenas uma falta de brilho agoniante nos
seus olhos, que mostra a tristeza e o desejo de que as coisas voltem ao normal.
Vejo os meus amigos, mas estão mais distantes que nunca, já
não me lembro de os abraçar, e sinto falta desse afeto. As longas conversas no
intervalo tornaram-se apenas num rápido cumprimento, pois temos de preservar a
distância de segurança. Eu sentia-me segura perto dos meus colegas, agora
sinto-me sozinha longe deles.
Sinto saudades... Saudades da normalidade que
desesperadamente anseio.
Selma
Ferreira, 12.ºB
28 de maio de 2020
Vivo o presente sempre com um
olho no passado, porque já todos sentimos saudade da “normalidade”. Quem diria
que algum dia iria acontecer algo assim?
Aulas com a máscara colocada,
apenas 10 alunos e o professor na sala. Nada de grupos de amigos muito
próximos, barreiras no exterior dos pavilhões para nos indicarem como devemos
circular e não nos chocarmos com outras pessoas. Que mundo paralelo é este? Que
ilusão a minha… é o mesmo mundo. Por alguns tempos esta será a normalidade. Só
nos resta aceitar e cumprir para que tudo volte ao que era antes o mais rápido
possível.
Já dizia Fernando Pessoa, “O
homem é do tamanho do seu sonho”. Então, nós somos “enormes” porque não só
sonhamos como fazemos de tudo para que o nosso sonho seja realizado e se isso
implicar tudo isto durante algum tempo, assim o faremos.
Mónica 12.ºB